"Noam Chomsky elogia Brasil no enfrentamento aos golpistas de Honduras. Agora é que a Míriam vai travar!
Como todos sabem, a Míriam Leitão, principal porta-voz das Organizações Serra (Globo, Folha, Estadão e Veja, entre outros), tem sido uma mal humorada e debochada crítica da posição do presidente Lula, no enfrentamento ao governo golpista de Honduras.
No G1, de agora cedo (o Serra só vai ler lá para as 13 h), o linguísta e professor do MIT, uma das maiores "cabeças" dos séculos XX e XXI, elogia a atuação brasileira nesse enfrentamento e critíca o governo dos EUA.
O título da matéria é "Noam Chomsky critica os EUA e elogia o papel do Brasil na crise de Honduras"
"Ter apoiado o presidente deposto de Honduras e ter dado abrigo a ele em sua Embaixada, fez com que o Brasil assumisse uma posição de destaque no confronto de Manuel Zelaya com o governo interino hondurenho.
"Um papel admirável", avaliou o linguista e teórico Noam Chomsky, em entrevista exclusiva ao G1, por telefone.
O professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT) criticou a "fraca" ação norte-americana na crise da América Central."
O que dirá a Míriam disso tudo?
Escreverá besteira ou travará??
Como bem diz o Jabor, "Fazer sucesso no Brasil é um insulto".
Eu completaria, 'ainda mais no exterior e, pior de tudo, se for o Lula fazendo sucesso!' "
FONTE: Postado hoje (30/09) de manhã por Augusto da Fonseca em seu blog "Festival de besteiras da imprensa"
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
ONU FORÇA O RECUO DOS GOLPISTAS
"A volta de Arias e o recuo dos golpistas
As palavras do secretário geral da ONU, Ban Ki-moon podem ter contribuído para a decisão do presidente da Costa Rica, Oscar Arias, de voltar à mediação. “As ameaças à embaixada do Brasil em Honduras são inaceitáveis”, repetiu. “O direito internacional é claro: a imunidade soberana não pode ser violada. As ameaças ao pessoal da embaixada e suas dependências são intoleráveis. O Conselho de Segurança condenou tais atos de intimidação. Eu o faço também - e nos termos mais vigorosos”.
O artigo é de Argemiro Ferreira.
"Profundamente preocupado, o secretário geral Ban Ki-moon voltou à carga, em entrevista terça-feira na ONU, contra o estado de emergência decretado pelo regime golpista que agravou a tensão em Honduras. Ele exaltou ainda a decisão do Congresso de rejeitar a suspensão das liberdades civis e defendeu o “respeito pleno às garantias constitucionais, inclusive a liberdade de associação e de expressão”.
Suas palavras podem ter contribuído para a decisão do presidente Oscar Arias de voltar à mediação. “As ameaças à embaixada do Brasil em Honduras são inaceitáveis”, repetiu. “O direito internacional é claro: a imunidade soberana não pode ser violada. As ameaças ao pessoal da embaixada e suas dependências são intoleráveis. O Conselho de Segurança condenou tais atos de intimidação. Eu o faço também - e nos termos mais vigorosos”.
O secretário geral reafirmou, ao mesmo tempo, a disposição das Nações Unidas de dar assistência de todas as formas e voltou a fazer apelo em favor da segurança do presidente constitucional hondurenho, Manuel Zelaya. E conclamou “todos os atores políticos a se comprometerem seriamente com o diálogo e o esforço de mediação regional” - a cargo de Árias, antes repudiado pelos golpistas.
Aquele guardião da doutrina da fé
Não poderia ser mais eloquente o respaldo à sensatez do Brasil, que tem o respeito de todos mas não de nossa mídia corporativa, obcecada em abandonar o raciocínio simples e linear para assumir a insanidade golpista de Roberto Micheletti, agora forçado a recuar no desafio à ONU, à OEA e à comunidade internacional. Até porque golpe é golpe - mesmo se o presidente legítimo não tivesse sido, como foi, arrancado da cama de pijama.
O batalhão de jornalistas enviado a Honduras pela mídia brasileira após o refúgio de Zelaya na embaixada parecia menos motivado pela gravidade da situação do que pela obsessão de provar que o Brasil errou ao abrigar o presidente e garantir-lhe a vida. A obsessão dela, do primeiro dia até este momento, tem sido condenar o governo Lula e defender os golpistas como “democratas”.
Juristas do golpe foram chamados a desfilar diante das câmaras e dos repórteres para dizer que pau é pedra - e golpe não é golpe. Missão impossível - e cômica. Era comovente, em especial, o esforço do império Globo de mídia - jornal, TV & penduricalhos, juntos e em coro, na tentativa de cumprir uma pauta unificada do ideólogo da casa, Ali Kamel, no seu papel de guardião zeloso da doutrina da fé.
De posse previamente das respostas golpistas coincidentes, de Kamel-Micheletti, a Rede Globo investiu contra o ministro Celso Amorim enquanto o Brasil e o governo Lula ganhavam o apoio da comunidade internacional - da ONU, da OEA, do presidente Árias, o mediador costarriquenho, e do resto do mundo. Isso permitiu à repórter Heloisa Villela, sem o viés da Globo, impor a cobertura da concorrente Record.
Depois de uma diplomacia covarde
A partir das declarações feitas no Brasil à mídia golpista por diplomatas aposentados que serviram ao governo FHC, ficou claro que a crise de Honduras, na qual o Brasil foi empurrado para um papel que teria preferido evitar mas do qual não podia fugir, expôs o contraste entre a diplomacia covarde do passado (da omissão e da submissão) e a mudança de qualidade do Itamaraty no atual governo.
“O Globo” recolheu até o palpite infeliz do governador José Serra (ele achou “tremenda trapalhada” o Brasil fazer o possível para salvar a vida do presidente legítimo de Honduras), mas o feito maior do jornal foi a sessão nostalgia com o ex-ministro Luiz Felipe Lampreia. Alguém terá saudade do tempo dele à frente do Itamaraty, quase todo o período de dois mandatos de FHC?
Acho difícil. Mas ele disse, em entrevista, que considera inédito o caso de agora em Honduras e não acredita que a posição brasileira contribuirá para solucionar a crise. “Ela traz um problema para o Brasil, que não estava envolvido no conflito”, opinou. Opinião judiciosa, na certa considerada como tal por “O Globo”. Me fez lembrar uma entrevista com Lampreia de que participei uma vez no hotel Waldorf Astoria.
De um grupo de jornalistas, só uns quatro tivemos paciência de esperar a saída dele de reunião com a então secretária de Estado Madeleine Albright. O da Rede Globo pediu-nos que o deixasse ser o primeiro a perguntar, devido a horário de transmissão de satélite. Concordamos. Lampreia chegou, ouviu e respondeu à pergunta dele. Mas fechou a boca e foi embora ao ver apagar-se a luz da Globo.
Alguém poderia achar grosseria e despreparo, preferi julgar aquilo um caso extremo de fidelidade aos refletores. No fundo Lampreia nunca teve nada relevante a dizer mas adorava dizê-lo sob a luz da Globo. Junto com o sucessor Celso Lafer, aquele que achava uma honra tirar os sapatos para policiais nos aeroportos dos EUA, ele conduziu uma política externa de submissão.
De joelhos diante de Bolton
O Itamaraty de FHC, com os Lampreia e Lafer, ainda chegaria ao servilismo extremo - ao tentar cumprir estranha ordem do extremista neoconservador John Bolton, então no terceiro escalão do Departamento de Estado. Sub-secretário para controle de armas, ele viajou em 2002 à Europa e exigiu a renúncia do brasileiro José Bustani, diretor da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ).
Bustani, embaixador de carreira no Brasil, licenciara-se no Itamaraty para ser candidato na OPAQ - cargo para o qual se reelegeu por unanimidade, com o voto dos EUA (o próprio secretário de Estado Colin Powell, chefe de Bolton, elogiara a gestão e a liderança dele em 2001). Mas Bolton indignou-se com o brasileiro por ter atraído o Iraque, que se submeteria, como membro da OPAQ, às inspeções regulares de armas químicas.
FHC e o ministro Lafer entraram em pânico - sabe-se lá porque. Disseram então a Bustani para fazer a vontade do império e sair. O embaixador explicou o óbvio: não devia obediência ao Itamaraty e sim aos que o elegeram na OPAQ. Restou a Bolton intimidar e subornar outros até forçar a queda de Bustani - que, encostado no Itamaraty, só seria reabilitado no governo Lula, que o nomeou embaixador em Londres."
FONTE: publicado no Blog de Argemiro Ferreira e reproduzido no site "Carta Maior".
As palavras do secretário geral da ONU, Ban Ki-moon podem ter contribuído para a decisão do presidente da Costa Rica, Oscar Arias, de voltar à mediação. “As ameaças à embaixada do Brasil em Honduras são inaceitáveis”, repetiu. “O direito internacional é claro: a imunidade soberana não pode ser violada. As ameaças ao pessoal da embaixada e suas dependências são intoleráveis. O Conselho de Segurança condenou tais atos de intimidação. Eu o faço também - e nos termos mais vigorosos”.
O artigo é de Argemiro Ferreira.
"Profundamente preocupado, o secretário geral Ban Ki-moon voltou à carga, em entrevista terça-feira na ONU, contra o estado de emergência decretado pelo regime golpista que agravou a tensão em Honduras. Ele exaltou ainda a decisão do Congresso de rejeitar a suspensão das liberdades civis e defendeu o “respeito pleno às garantias constitucionais, inclusive a liberdade de associação e de expressão”.
Suas palavras podem ter contribuído para a decisão do presidente Oscar Arias de voltar à mediação. “As ameaças à embaixada do Brasil em Honduras são inaceitáveis”, repetiu. “O direito internacional é claro: a imunidade soberana não pode ser violada. As ameaças ao pessoal da embaixada e suas dependências são intoleráveis. O Conselho de Segurança condenou tais atos de intimidação. Eu o faço também - e nos termos mais vigorosos”.
O secretário geral reafirmou, ao mesmo tempo, a disposição das Nações Unidas de dar assistência de todas as formas e voltou a fazer apelo em favor da segurança do presidente constitucional hondurenho, Manuel Zelaya. E conclamou “todos os atores políticos a se comprometerem seriamente com o diálogo e o esforço de mediação regional” - a cargo de Árias, antes repudiado pelos golpistas.
Aquele guardião da doutrina da fé
Não poderia ser mais eloquente o respaldo à sensatez do Brasil, que tem o respeito de todos mas não de nossa mídia corporativa, obcecada em abandonar o raciocínio simples e linear para assumir a insanidade golpista de Roberto Micheletti, agora forçado a recuar no desafio à ONU, à OEA e à comunidade internacional. Até porque golpe é golpe - mesmo se o presidente legítimo não tivesse sido, como foi, arrancado da cama de pijama.
O batalhão de jornalistas enviado a Honduras pela mídia brasileira após o refúgio de Zelaya na embaixada parecia menos motivado pela gravidade da situação do que pela obsessão de provar que o Brasil errou ao abrigar o presidente e garantir-lhe a vida. A obsessão dela, do primeiro dia até este momento, tem sido condenar o governo Lula e defender os golpistas como “democratas”.
Juristas do golpe foram chamados a desfilar diante das câmaras e dos repórteres para dizer que pau é pedra - e golpe não é golpe. Missão impossível - e cômica. Era comovente, em especial, o esforço do império Globo de mídia - jornal, TV & penduricalhos, juntos e em coro, na tentativa de cumprir uma pauta unificada do ideólogo da casa, Ali Kamel, no seu papel de guardião zeloso da doutrina da fé.
De posse previamente das respostas golpistas coincidentes, de Kamel-Micheletti, a Rede Globo investiu contra o ministro Celso Amorim enquanto o Brasil e o governo Lula ganhavam o apoio da comunidade internacional - da ONU, da OEA, do presidente Árias, o mediador costarriquenho, e do resto do mundo. Isso permitiu à repórter Heloisa Villela, sem o viés da Globo, impor a cobertura da concorrente Record.
Depois de uma diplomacia covarde
A partir das declarações feitas no Brasil à mídia golpista por diplomatas aposentados que serviram ao governo FHC, ficou claro que a crise de Honduras, na qual o Brasil foi empurrado para um papel que teria preferido evitar mas do qual não podia fugir, expôs o contraste entre a diplomacia covarde do passado (da omissão e da submissão) e a mudança de qualidade do Itamaraty no atual governo.
“O Globo” recolheu até o palpite infeliz do governador José Serra (ele achou “tremenda trapalhada” o Brasil fazer o possível para salvar a vida do presidente legítimo de Honduras), mas o feito maior do jornal foi a sessão nostalgia com o ex-ministro Luiz Felipe Lampreia. Alguém terá saudade do tempo dele à frente do Itamaraty, quase todo o período de dois mandatos de FHC?
Acho difícil. Mas ele disse, em entrevista, que considera inédito o caso de agora em Honduras e não acredita que a posição brasileira contribuirá para solucionar a crise. “Ela traz um problema para o Brasil, que não estava envolvido no conflito”, opinou. Opinião judiciosa, na certa considerada como tal por “O Globo”. Me fez lembrar uma entrevista com Lampreia de que participei uma vez no hotel Waldorf Astoria.
De um grupo de jornalistas, só uns quatro tivemos paciência de esperar a saída dele de reunião com a então secretária de Estado Madeleine Albright. O da Rede Globo pediu-nos que o deixasse ser o primeiro a perguntar, devido a horário de transmissão de satélite. Concordamos. Lampreia chegou, ouviu e respondeu à pergunta dele. Mas fechou a boca e foi embora ao ver apagar-se a luz da Globo.
Alguém poderia achar grosseria e despreparo, preferi julgar aquilo um caso extremo de fidelidade aos refletores. No fundo Lampreia nunca teve nada relevante a dizer mas adorava dizê-lo sob a luz da Globo. Junto com o sucessor Celso Lafer, aquele que achava uma honra tirar os sapatos para policiais nos aeroportos dos EUA, ele conduziu uma política externa de submissão.
De joelhos diante de Bolton
O Itamaraty de FHC, com os Lampreia e Lafer, ainda chegaria ao servilismo extremo - ao tentar cumprir estranha ordem do extremista neoconservador John Bolton, então no terceiro escalão do Departamento de Estado. Sub-secretário para controle de armas, ele viajou em 2002 à Europa e exigiu a renúncia do brasileiro José Bustani, diretor da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ).
Bustani, embaixador de carreira no Brasil, licenciara-se no Itamaraty para ser candidato na OPAQ - cargo para o qual se reelegeu por unanimidade, com o voto dos EUA (o próprio secretário de Estado Colin Powell, chefe de Bolton, elogiara a gestão e a liderança dele em 2001). Mas Bolton indignou-se com o brasileiro por ter atraído o Iraque, que se submeteria, como membro da OPAQ, às inspeções regulares de armas químicas.
FHC e o ministro Lafer entraram em pânico - sabe-se lá porque. Disseram então a Bustani para fazer a vontade do império e sair. O embaixador explicou o óbvio: não devia obediência ao Itamaraty e sim aos que o elegeram na OPAQ. Restou a Bolton intimidar e subornar outros até forçar a queda de Bustani - que, encostado no Itamaraty, só seria reabilitado no governo Lula, que o nomeou embaixador em Londres."
FONTE: publicado no Blog de Argemiro Ferreira e reproduzido no site "Carta Maior".
ÁPICE DO RIDÍCULO: "VEJA", DESESPERADA, PEDE IMPEACHMENTE DE AMORIM E DE LULA!...
"Veja: sem limites para o ridículo
Por Reis
"Atenção Nassif
Acabei de dar uma passada no site da “veja.com” e tem uma chamada grande pedindo o impeachment de Celso Amorim. Curioso que sou, cliquei e fui parar no blog.
Agora senta Nassif, ele acaba de pedir o impeachment do Lula também, a “veja” acaba de pedir o impeachment do Lula.
Nos seus devaneios ele manda um recado para o doutor Cezar Britto, dizendo que chegou a hora de agir.
Brada que é em defesa da Constituição do Brasil!
Perderam totalmente a noção do ridículo."
FONTE: publicado hoje (30/09) no portal do jornalista Luis Nassif.
Por Reis
"Atenção Nassif
Acabei de dar uma passada no site da “veja.com” e tem uma chamada grande pedindo o impeachment de Celso Amorim. Curioso que sou, cliquei e fui parar no blog.
Agora senta Nassif, ele acaba de pedir o impeachment do Lula também, a “veja” acaba de pedir o impeachment do Lula.
Nos seus devaneios ele manda um recado para o doutor Cezar Britto, dizendo que chegou a hora de agir.
Brada que é em defesa da Constituição do Brasil!
Perderam totalmente a noção do ridículo."
FONTE: publicado hoje (30/09) no portal do jornalista Luis Nassif.
DENÚNCIA: JUNGMANN (do PPS, "laranja" do PSDB) EM HONDURAS A SERVIÇO DA GLOBO
"Denúncia: Jungmann vai a Honduras pela Globo. É isso ? O PiG(*) já chegou a esse ponto ?
Jungmann não faz qualquer papel. Ele faz todos os papéis
O Conversa Afiada recebeu a seguinte denúncia de amigo navegante:
Meu caro, uma informação passada de dentro da TV Globo: Raul Jungmann teve e tem relação muito estreita com a redação da Globo em Brasília.
Durante a CPI dos Grampos, alguns jornalistas da Globo chegaram a reclamar da obrigatoriedade de se ouvir Jungmann e colocá-lo no ar em todas as matérias nas quais o alvo era o delegado Protógenes Queiroz (estratégia, aliás, para lá de idiota).
Hoje, soltaram fogos na TV Globo de Brasília, para qual Jungmann vai trabalhar, informalmente, em Tegucigalpa, ao passar informações internas da Embaixada do Brasil para desmoralizar a diplomacia brasileira.
Ele já avisou que vai obrigar os diplomatas brasileiros a abrirem todas as informações internas, inclusive troca de e-mails, para determinar qual foi a participação brasileira na operação que levou Manuel Zelaya de volta à capital hondurenha.
Um produtor e um repórter do Jornal Nacional ficarão à disposição, com exclusividade, para produzir matérias especificamente com Jungmann em Honduras.
Esse é o estado a que chegamos: a terceirização jornalística por meio de um deputado federal que priva da intimidade da TV Globo na capital do país.
*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista."
FONTE: postado hoje (30/09) no portal "Conversa Afiada", do jornalista Paulo Henrique Amorim.
Jungmann não faz qualquer papel. Ele faz todos os papéis
O Conversa Afiada recebeu a seguinte denúncia de amigo navegante:
Meu caro, uma informação passada de dentro da TV Globo: Raul Jungmann teve e tem relação muito estreita com a redação da Globo em Brasília.
Durante a CPI dos Grampos, alguns jornalistas da Globo chegaram a reclamar da obrigatoriedade de se ouvir Jungmann e colocá-lo no ar em todas as matérias nas quais o alvo era o delegado Protógenes Queiroz (estratégia, aliás, para lá de idiota).
Hoje, soltaram fogos na TV Globo de Brasília, para qual Jungmann vai trabalhar, informalmente, em Tegucigalpa, ao passar informações internas da Embaixada do Brasil para desmoralizar a diplomacia brasileira.
Ele já avisou que vai obrigar os diplomatas brasileiros a abrirem todas as informações internas, inclusive troca de e-mails, para determinar qual foi a participação brasileira na operação que levou Manuel Zelaya de volta à capital hondurenha.
Um produtor e um repórter do Jornal Nacional ficarão à disposição, com exclusividade, para produzir matérias especificamente com Jungmann em Honduras.
Esse é o estado a que chegamos: a terceirização jornalística por meio de um deputado federal que priva da intimidade da TV Globo na capital do país.
*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista."
FONTE: postado hoje (30/09) no portal "Conversa Afiada", do jornalista Paulo Henrique Amorim.
VENDAS DOS SUPERMERCADOS CRESCEM 4,12% EM AGOSTO
"As vendas dos supermercados cresceram 4,12% em agosto em relação ao mesmo mês de 2008, de acordo com a Abras (Associação Brasileira de Supermercados).
Na comparação com julho de 2009, houve alta de 0,80%. No acumulado dos oito primeiros meses de 2009, em comparação com o mesmo período do ano anterior, o resultado chega a 5,30%. Os índices já foram deflacionados pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
Em agosto, o AbrasMercado, cesta de 35 produtos de largo consumo, caiu 2,90%, em relação ao mês anterior. Já na comparação com agosto de 2008, o índice subiu 2,25%."
FONTE: informação divulgada hoje (30/09) pela FOLHA ONLINE.
Na comparação com julho de 2009, houve alta de 0,80%. No acumulado dos oito primeiros meses de 2009, em comparação com o mesmo período do ano anterior, o resultado chega a 5,30%. Os índices já foram deflacionados pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
Em agosto, o AbrasMercado, cesta de 35 produtos de largo consumo, caiu 2,90%, em relação ao mês anterior. Já na comparação com agosto de 2008, o índice subiu 2,25%."
FONTE: informação divulgada hoje (30/09) pela FOLHA ONLINE.
CONSTITUIÇÃO HONDURENHA NÃO JUSTIFICA O GOLPE
"O golpe em Honduras, que destituiu do exercício de seu mandato pelas armas um presidente eleito pelo voto, tem sido duramente repudiado pela comunidade internacional. Os golpistas usaram como justificativa o apoio da Corte Suprema e do Legislativo à deposição de Manuel Zelaya, fundando-se no artigo 374 da Constituição, que torna inválido qualquer plebiscito ou referendo que possibilite a renovação do mandato presidencial.
A partir dessa justificativa, alguns articulistas têm adotado como verdade uma suposta juridicidade do golpe, que teria, assim, um caráter universal de defesa da Constituição.
Tal conclusão, contudo, não resiste a uma leitura minimamente sistemática do texto constitucional de Honduras. O artigo 374 da Carta Magna hondurenha efetivamente impossibilita reforma constitucional que altere o mandato presidencial ou possibilite a reeleição do titular do respectivo mandato. Em verdade, tal dispositivo é clausula pétrea da Carta.
A clausula torna inválida qualquer alteração constitucional com tal objeto, mas não tem por si o condão de gerar a perda de mandato do presidente e muito menos dispensa o devido processo legal para tal sanção. O artigo 5º da Constituição impossibilita referendos ou plebiscitos que tenham por objeto a recondução do presidente ao mesmo mandato, sendo que o artigo 4º considera como obrigatória a alternância do exercício da Presidência, tornando crime de traição contra a pátria sua não observância.
Ora, a simples proposta de reeleição por um mandato do presidente da República não implica atentado contra o princípio da alternância, apenas altera o lapso de tempo pelo qual se dará tal alternância.
O único dispositivo no texto que poderia servir de fundamento à possível perda do mandato do presidente seria, provavelmente, a alínea 5 do artigo 42 da Carta, que torna passível da perda dos direitos de cidadania, entendida como a capacidade de votar e ser votado, a pessoa que "incitar, promover ou apoiar o continuísmo ou a reeleição do presidente".
Primeiro, a afirmação que a proposta de reforma constitucional de Zelaya implica inobservância de tal dispositivo merece algum reparo. O dispositivo pretende evitar o apoio e o incitamento ao continuísmo do detentor do mandato de presidente na época dos fatos. Zelaya tem afirmado que sua proposta é de possibilitar a reeleição de futuros presidentes, e não dele próprio. Assim, ele não teria apoiado, promovido ou incitado o continuísmo do atual presidente -ele próprio.
E, de qualquer forma, a alínea 6 do artigo 42 e diversos outros dispositivos da Constituição hondurenha determinam que a perda da cidadania deve ser aplicada em processo judicial contencioso e com direito a ampla defesa, observado o devido processo legal, o que não ocorreu de modo algum no procedimento adotado pelos golpistas e seus apoiadores.
Ainda que se considerasse que Zelaya cometeu crime ao ter formulado uma proposta de consulta popular contrariamente à Constituição, que o devido processo legal seria desnecessário por não previsão de procedimento específico de cassação de seu mandato na Carta hondurenha, que a Corte maior daquele país sancionou a decisão golpista de detê-lo, a forma de execução dessa decisão foi integralmente atentatória a dispositivos expressos da Constituição de Honduras.
O artigo 102 estabelece expressamente que nenhum hondurenho pode ser expatriado nem entregue pelas autoridades a um Estado estrangeiro. Ter detido Zelaya ainda de pijamas e tê-lo posto para fora do país de imediato atenta gravemente contra tal dispositivo.
A conduta golpista tratou-se de um cipoal de inconstitucionalidades, ao contrário do que postularam articulistas apressados, mais animados pela simpatia ao golpe de direita que por qualquer avaliação mais precisa e sistemática da Constituição hondurenha. Os atos praticados formam um atentado grave a diversos dispositivos da Carta Magna daquele país.
Em verdade, a conduta dos golpistas e dos que os apoiaram é que, clara e cristalinamente, constitui crime conforme o disposto no artigo 2º da Carta hondurenha, que tipifica como delito de traição da pátria a usurpação da soberania popular e dos poderes constituídos.
Podem querer alegar que, mesmo inconstitucional, toda a conduta golpista foi sustentada pela Corte maior. À Corte constitucional cabe o papel de interpretar a Constituição e não de usurpá-la às abertas. Sua autoridade é exercida não em nome próprio, mas como intérprete da Constituição, cabendo-lhe defendê-la, não destruí-la.
Ao agir como agiu, a Corte hondurenha realizou o que no âmbito jurídico tem-se como "poder constituinte originário", ou seja, uma conduta política e não jurídica, originária, de fundação de uma nova ordem constitucional. Uma ordem imposta, de polícia e não democrática. Na ciência política, o mesmo fenômeno tem outro nome: golpe de Estado."
FONTE: artigo de PEDRO ESTEVAM SERRANO, mestre e doutor em direito do Estado, professor de direito constitucional da PUC-SP. Publicado hoje (30/09) na Folha de São Paulo.
A partir dessa justificativa, alguns articulistas têm adotado como verdade uma suposta juridicidade do golpe, que teria, assim, um caráter universal de defesa da Constituição.
Tal conclusão, contudo, não resiste a uma leitura minimamente sistemática do texto constitucional de Honduras. O artigo 374 da Carta Magna hondurenha efetivamente impossibilita reforma constitucional que altere o mandato presidencial ou possibilite a reeleição do titular do respectivo mandato. Em verdade, tal dispositivo é clausula pétrea da Carta.
A clausula torna inválida qualquer alteração constitucional com tal objeto, mas não tem por si o condão de gerar a perda de mandato do presidente e muito menos dispensa o devido processo legal para tal sanção. O artigo 5º da Constituição impossibilita referendos ou plebiscitos que tenham por objeto a recondução do presidente ao mesmo mandato, sendo que o artigo 4º considera como obrigatória a alternância do exercício da Presidência, tornando crime de traição contra a pátria sua não observância.
Ora, a simples proposta de reeleição por um mandato do presidente da República não implica atentado contra o princípio da alternância, apenas altera o lapso de tempo pelo qual se dará tal alternância.
O único dispositivo no texto que poderia servir de fundamento à possível perda do mandato do presidente seria, provavelmente, a alínea 5 do artigo 42 da Carta, que torna passível da perda dos direitos de cidadania, entendida como a capacidade de votar e ser votado, a pessoa que "incitar, promover ou apoiar o continuísmo ou a reeleição do presidente".
Primeiro, a afirmação que a proposta de reforma constitucional de Zelaya implica inobservância de tal dispositivo merece algum reparo. O dispositivo pretende evitar o apoio e o incitamento ao continuísmo do detentor do mandato de presidente na época dos fatos. Zelaya tem afirmado que sua proposta é de possibilitar a reeleição de futuros presidentes, e não dele próprio. Assim, ele não teria apoiado, promovido ou incitado o continuísmo do atual presidente -ele próprio.
E, de qualquer forma, a alínea 6 do artigo 42 e diversos outros dispositivos da Constituição hondurenha determinam que a perda da cidadania deve ser aplicada em processo judicial contencioso e com direito a ampla defesa, observado o devido processo legal, o que não ocorreu de modo algum no procedimento adotado pelos golpistas e seus apoiadores.
Ainda que se considerasse que Zelaya cometeu crime ao ter formulado uma proposta de consulta popular contrariamente à Constituição, que o devido processo legal seria desnecessário por não previsão de procedimento específico de cassação de seu mandato na Carta hondurenha, que a Corte maior daquele país sancionou a decisão golpista de detê-lo, a forma de execução dessa decisão foi integralmente atentatória a dispositivos expressos da Constituição de Honduras.
O artigo 102 estabelece expressamente que nenhum hondurenho pode ser expatriado nem entregue pelas autoridades a um Estado estrangeiro. Ter detido Zelaya ainda de pijamas e tê-lo posto para fora do país de imediato atenta gravemente contra tal dispositivo.
A conduta golpista tratou-se de um cipoal de inconstitucionalidades, ao contrário do que postularam articulistas apressados, mais animados pela simpatia ao golpe de direita que por qualquer avaliação mais precisa e sistemática da Constituição hondurenha. Os atos praticados formam um atentado grave a diversos dispositivos da Carta Magna daquele país.
Em verdade, a conduta dos golpistas e dos que os apoiaram é que, clara e cristalinamente, constitui crime conforme o disposto no artigo 2º da Carta hondurenha, que tipifica como delito de traição da pátria a usurpação da soberania popular e dos poderes constituídos.
Podem querer alegar que, mesmo inconstitucional, toda a conduta golpista foi sustentada pela Corte maior. À Corte constitucional cabe o papel de interpretar a Constituição e não de usurpá-la às abertas. Sua autoridade é exercida não em nome próprio, mas como intérprete da Constituição, cabendo-lhe defendê-la, não destruí-la.
Ao agir como agiu, a Corte hondurenha realizou o que no âmbito jurídico tem-se como "poder constituinte originário", ou seja, uma conduta política e não jurídica, originária, de fundação de uma nova ordem constitucional. Uma ordem imposta, de polícia e não democrática. Na ciência política, o mesmo fenômeno tem outro nome: golpe de Estado."
FONTE: artigo de PEDRO ESTEVAM SERRANO, mestre e doutor em direito do Estado, professor de direito constitucional da PUC-SP. Publicado hoje (30/09) na Folha de São Paulo.
TUCANOS COLABORAM COM A POLÍTICA EXTERNA DOS EUA CONTRA O MERCOSUL
Para os EUA, não interessa a criação de grupos de países que possam ser mais resistentes aos interesses norte-americanos. A ALCA e a NAFTA, por eles comandados, devem ser fortalecidos. O MERCOSUL, com grande influência do Brasil, deve ser enfraquecido.
Os demotucanos, em coerência com a política antinacional implantada nos anos 90, continuam a obedecer aos interesses norte-americanos e tudo fazem para diminuir o peso do MERCOSUL. Vejamos a seguinte nota da FOLHA:
TASSO JEREISSATI (PSDB) VOTA CONTRA ADESÃO DA VENEZUELA
"Em parecer protocolado ontem na Comissão de Relações Exteriores do Senado, o senador tucano alega que "o que assistimos na Venezuela é um processo acelerado de desmonte das liberdades democráticas, objetivando a perpetuação do presidente Chávez no poder". O parecer será lido amanhã, mas só deve ser votado na semana que vem."
FONTE: com base em informação da Folha de São Paulo de hoje (30/09).
Os demotucanos, em coerência com a política antinacional implantada nos anos 90, continuam a obedecer aos interesses norte-americanos e tudo fazem para diminuir o peso do MERCOSUL. Vejamos a seguinte nota da FOLHA:
TASSO JEREISSATI (PSDB) VOTA CONTRA ADESÃO DA VENEZUELA
"Em parecer protocolado ontem na Comissão de Relações Exteriores do Senado, o senador tucano alega que "o que assistimos na Venezuela é um processo acelerado de desmonte das liberdades democráticas, objetivando a perpetuação do presidente Chávez no poder". O parecer será lido amanhã, mas só deve ser votado na semana que vem."
FONTE: com base em informação da Folha de São Paulo de hoje (30/09).
ATÉ ELIO GASPARI APÓIA LULA
A Folha de São Paulo e seu colunista Elio Gaspari, típicos colaboradores da direita internacional e nacional (PSDB, DEM e seus "laranjas" PPS e PV), mesmo querendo ser contra Lula e sua diplomacia para assim favorecerem a oposição, hoje reconheceram a posição acertada do governo Lula na crise de Honduras. Vejamos:
ELIO GASPARI
O Brasil de Lula é inimigo do golpismo
Nosso Guia fez o certo, a praga das 300 quarteladas do século passado precisa de uma vacina
LULA DISSE bem: "O Brasil não acata ultimato de governo golpista. E nem o reconheço como um governo interino (...) O Brasil não tem o que conversar com esses senhores que usurparam o poder".
Os golpistas hondurenhos depuseram um presidente remetendo-o, de pijama, para outro país, preservam-se à custa de choques de toque de recolher e invadiram emissoras.
Eles encarnam praga golpista que infelicitou a América Latina por quase um século.
Foram mais de 300 as quarteladas, uma dúzia das quais no Brasil, que resultaram em 29 anos de ditaduras. Na essência, destinaram-se a colocar no poder interesses políticos e econômicos que não tinham votos nem disposição para respeitar o jogo democrático.
Decide-se em Honduras se a praga ressurge ou se foi para o lixo da história. Nesse sentido, o governo de Nosso Guia tem sido um fator de estabilidade para governos eleitos democraticamente. Se o Brasil deixasse, os secessionistas de Santa Cruz de La Sierra já teriam defenestrado Evo Morales. Lula inibiu a ação do lobby golpista venezuelano em Washington. Se o Planalto soprasse ventos de contrariedade, o mandato do presidente paraguaio Fernando Lugo estaria a perigo.
Para quem acredita que a intervenção diplomática é uma heresia, no Paraguai persiste a gratidão a Fernando Henrique Cardoso por ter conjurado um golpe contra Juan Carlos Wasmosy em 1996. Em todos os casos, a ação do Brasil buscou a preservação de governos eleitos pela vontade popular.
No século do golpismo dava-se o contrário. Em 1964, o governo brasileiro impediu o retorno de Juan Perón a Buenos Aires obrigando-o a voltar para a Europa quando seu avião pousou para uma escala no Galeão.
A ditadura militar ajudou generais uruguaios, bolivianos e chilenos a sufocar as liberdades públicas em seus países. (Fazendo-se justiça, em 1982 o general João Figueiredo meteu-se nos assuntos do Suriname, evitando uma invasão americana. Ele convenceu o presidente Ronald Reagan a botar o revólver no coldre. Nas suas memórias, Reagan registrou a sabedoria da diplomacia brasileira.)
O "abrigo" dado ao presidente Manuel Zelaya pelo governo brasileiro ofende as normas do direito de asilo. Pior: a transformação da Embaixada do Brasil em palanque é um ato de desrespeito explícito. Já o cerco militar de uma representação diplomática é um ato de hostilidade. Fechar a fronteira para impedir a entrada no país de uma delegação da OEA é coisa de aloprados. A essência do problema continua a mesma: o presidente de Honduras, deportado no meio da noite, deve retornar ao cargo, como pedem a ONU e a OEA.
Lula não deve ter azia com os ataques que sofre por conta de sua ação.
Juscelino Kubitschek comeu o pão que Asmodeu amassou porque deu asilo ao general português Humberto Delgado. Amaciou sua relação com a ditadura salazarista e, com isso, o Brasil tornou-se um baluarte do fascismo português. Ernesto Geisel foi acusado de ter um viés socialista porque restabeleceu as relações do Brasil com a China e reconheceu o governo do MPLA em Angola.
As cartas que estão na mesa são duas: o Brasil pode ser um elemento ativo para a dissuasão de golpismo, ou não. Nosso Guia escolheu a carta certa."
FONTE: artigo de Elio Gaspari publicado hoje (30/09) na Folha de São Paulo.
ELIO GASPARI
O Brasil de Lula é inimigo do golpismo
Nosso Guia fez o certo, a praga das 300 quarteladas do século passado precisa de uma vacina
LULA DISSE bem: "O Brasil não acata ultimato de governo golpista. E nem o reconheço como um governo interino (...) O Brasil não tem o que conversar com esses senhores que usurparam o poder".
Os golpistas hondurenhos depuseram um presidente remetendo-o, de pijama, para outro país, preservam-se à custa de choques de toque de recolher e invadiram emissoras.
Eles encarnam praga golpista que infelicitou a América Latina por quase um século.
Foram mais de 300 as quarteladas, uma dúzia das quais no Brasil, que resultaram em 29 anos de ditaduras. Na essência, destinaram-se a colocar no poder interesses políticos e econômicos que não tinham votos nem disposição para respeitar o jogo democrático.
Decide-se em Honduras se a praga ressurge ou se foi para o lixo da história. Nesse sentido, o governo de Nosso Guia tem sido um fator de estabilidade para governos eleitos democraticamente. Se o Brasil deixasse, os secessionistas de Santa Cruz de La Sierra já teriam defenestrado Evo Morales. Lula inibiu a ação do lobby golpista venezuelano em Washington. Se o Planalto soprasse ventos de contrariedade, o mandato do presidente paraguaio Fernando Lugo estaria a perigo.
Para quem acredita que a intervenção diplomática é uma heresia, no Paraguai persiste a gratidão a Fernando Henrique Cardoso por ter conjurado um golpe contra Juan Carlos Wasmosy em 1996. Em todos os casos, a ação do Brasil buscou a preservação de governos eleitos pela vontade popular.
No século do golpismo dava-se o contrário. Em 1964, o governo brasileiro impediu o retorno de Juan Perón a Buenos Aires obrigando-o a voltar para a Europa quando seu avião pousou para uma escala no Galeão.
A ditadura militar ajudou generais uruguaios, bolivianos e chilenos a sufocar as liberdades públicas em seus países. (Fazendo-se justiça, em 1982 o general João Figueiredo meteu-se nos assuntos do Suriname, evitando uma invasão americana. Ele convenceu o presidente Ronald Reagan a botar o revólver no coldre. Nas suas memórias, Reagan registrou a sabedoria da diplomacia brasileira.)
O "abrigo" dado ao presidente Manuel Zelaya pelo governo brasileiro ofende as normas do direito de asilo. Pior: a transformação da Embaixada do Brasil em palanque é um ato de desrespeito explícito. Já o cerco militar de uma representação diplomática é um ato de hostilidade. Fechar a fronteira para impedir a entrada no país de uma delegação da OEA é coisa de aloprados. A essência do problema continua a mesma: o presidente de Honduras, deportado no meio da noite, deve retornar ao cargo, como pedem a ONU e a OEA.
Lula não deve ter azia com os ataques que sofre por conta de sua ação.
Juscelino Kubitschek comeu o pão que Asmodeu amassou porque deu asilo ao general português Humberto Delgado. Amaciou sua relação com a ditadura salazarista e, com isso, o Brasil tornou-se um baluarte do fascismo português. Ernesto Geisel foi acusado de ter um viés socialista porque restabeleceu as relações do Brasil com a China e reconheceu o governo do MPLA em Angola.
As cartas que estão na mesa são duas: o Brasil pode ser um elemento ativo para a dissuasão de golpismo, ou não. Nosso Guia escolheu a carta certa."
FONTE: artigo de Elio Gaspari publicado hoje (30/09) na Folha de São Paulo.
FGV: CONFIANÇA DA INDÚSTRIA E USO DA CAPACIDADE SOBEM EM SETEMBRO
"Confiança industrial melhora, uso da capacidade sobe, diz FGV
"SÃO PAULO (Reuters) - A confiança da indústria brasileira melhorou em setembro e atingiu o maior patamar em um ano.
A Fundação Getúlio Vargas (FGV) informou nesta quarta-feira que seu índice subiu 3,6 por cento sobre agosto, para 109,5 pontos, com ajuste sazonal. Foi a leitura mais alta desde setembro de 2008.
O componente de situação atual aumentou 2 por cento em setembro ante agosto, também para 109,5 pontos. O de expectativas teve elevação de 5,2 por cento, para 109,4 pontos.
A pesquisa mostrou também que o nível de utilização da capacidade instalada na indústria, com ajuste sazonal, cresceu para 81,9 por cento em setembro, ante 81,3 por cento em agosto.
Sem ajuste, a utilização aumentou para 82,8 por cento, contra 81,6 por cento no mês anterior.
Os industriais mostraram-se mais otimistas sobre os negócios nos próximos seis meses, com 52,1 por cento dos participantes dizendo esperar melhora, ante 46,2 por cento em agosto.
A FGV atrasou a divulgação do dado devido a problemas em seu site."
FONTE: reportagem de Vanessa Stelzer divulgada hoje (30/09) pela agência norte-americana de notícias Reuters e postada no portal UOL.
"SÃO PAULO (Reuters) - A confiança da indústria brasileira melhorou em setembro e atingiu o maior patamar em um ano.
A Fundação Getúlio Vargas (FGV) informou nesta quarta-feira que seu índice subiu 3,6 por cento sobre agosto, para 109,5 pontos, com ajuste sazonal. Foi a leitura mais alta desde setembro de 2008.
O componente de situação atual aumentou 2 por cento em setembro ante agosto, também para 109,5 pontos. O de expectativas teve elevação de 5,2 por cento, para 109,4 pontos.
A pesquisa mostrou também que o nível de utilização da capacidade instalada na indústria, com ajuste sazonal, cresceu para 81,9 por cento em setembro, ante 81,3 por cento em agosto.
Sem ajuste, a utilização aumentou para 82,8 por cento, contra 81,6 por cento no mês anterior.
Os industriais mostraram-se mais otimistas sobre os negócios nos próximos seis meses, com 52,1 por cento dos participantes dizendo esperar melhora, ante 46,2 por cento em agosto.
A FGV atrasou a divulgação do dado devido a problemas em seu site."
FONTE: reportagem de Vanessa Stelzer divulgada hoje (30/09) pela agência norte-americana de notícias Reuters e postada no portal UOL.
"TIME" (EUA): "BRASIL É O CONTRAPESO REAL AOS EUA NO OCIDENTE"
Para 'Time', Brasil é 'primeiro contrapeso real aos EUA no Ocidente'
"Uma reportagem publicada nesta quarta-feira na edição online da revista americana "Time" diz que, ao mediar a crise hondurenha, o Brasil se tornou "o primeiro contrapeso real" à influência americana "no hemisfério ocidental".
Considerando que o Brasil foi "trazido" para o coração do imbróglio pelos vizinhos, mais especificamente pela Venezuela do presidente Hugo Chávez, a revista diz que "Brasília se vê no tipo de centro das atenções diplomático do qual no passado procurou se afastar".
Entretanto, diz a "Time", o país "não deveria se surpreender" com o fato de ser chamado a assumir tal responsabilidade.
Para a publicação americana, "nos últimos anos, a potência sul-americana tem sido reconhecida como o primeiro contrapeso real aos EUA no hemisfério ocidental - e isto significa, pelo menos para outros países nas Américas, assumir um papel maior e mais pró-ativo em ajudar a resolver distúrbios políticos do Novo Mundo, como Honduras".
"Lula e Obama são colegas e almas gêmeas de centro-esquerda, mas quando Obama disse, no mês passado, que aqueles que questionam sua resolução em Honduras são hipócritas, porque são 'os mesmos que dizem que nós estamos sempre intervindo na América Latina'", recorda a reportagem, "ele estava incluindo o Brasil, que expressou sua preocupação em relação aos esforços dos Estados Unidos".
Diplomacia ativa
Citando a participação brasileira em crises regionais, como os conflitos diplomáticos envolvendo Colômbia e Venezuela, e a liderança das tropas do país no Haiti, a revista nota que a diplomacia brasileira é "dificilmente ociosa" na América Latina. "E Lula, um dos mais populares chefes de Estado do mundo, se tornou talvez o mais efetivo intermediário entre Washington e a ressurgente esquerda antiamericana latino-americana".
A reportagem discute a preferência da diplomacia brasileira por atuar nos bastidores, e sua autodefinição como sendo "decididamente não-intervencionista".
"Ao mesmo tempo, Lula está em uma cruzada para tornar o Brasil, que tem a quinta maior população mundial e a nona economia do mundo, um ator internacional sério", diz o texto.
"É difícil manter uma tradição não-intervencionista pristina com ambições como estas - e, cada vez, o hemisfério está dizendo ao Brasil que é um tanto ingênuo insistir que é possível fazer as duas coisas." Para a "Times", "goste ou não, agora o Brasil está enfiado até o pescoço em Honduras, e o hemisfério está esperançoso de que isto signifique melhores prospectos para um acordo negociado entre Zelaya e os líderes golpistas".
'Porque acreditam que o golpe hondurenho envia um recado perigoso para as nascentes democracias da região, muitos analistas acham que ter o peso do Brasil jogado mais diretamente na situação pode ajudar as negociações'."
FONTE: texto divulgado hoje (30/09) pela agência britânica de notícias BBC e reproduzido no portal UOL.
"Uma reportagem publicada nesta quarta-feira na edição online da revista americana "Time" diz que, ao mediar a crise hondurenha, o Brasil se tornou "o primeiro contrapeso real" à influência americana "no hemisfério ocidental".
Considerando que o Brasil foi "trazido" para o coração do imbróglio pelos vizinhos, mais especificamente pela Venezuela do presidente Hugo Chávez, a revista diz que "Brasília se vê no tipo de centro das atenções diplomático do qual no passado procurou se afastar".
Entretanto, diz a "Time", o país "não deveria se surpreender" com o fato de ser chamado a assumir tal responsabilidade.
Para a publicação americana, "nos últimos anos, a potência sul-americana tem sido reconhecida como o primeiro contrapeso real aos EUA no hemisfério ocidental - e isto significa, pelo menos para outros países nas Américas, assumir um papel maior e mais pró-ativo em ajudar a resolver distúrbios políticos do Novo Mundo, como Honduras".
"Lula e Obama são colegas e almas gêmeas de centro-esquerda, mas quando Obama disse, no mês passado, que aqueles que questionam sua resolução em Honduras são hipócritas, porque são 'os mesmos que dizem que nós estamos sempre intervindo na América Latina'", recorda a reportagem, "ele estava incluindo o Brasil, que expressou sua preocupação em relação aos esforços dos Estados Unidos".
Diplomacia ativa
Citando a participação brasileira em crises regionais, como os conflitos diplomáticos envolvendo Colômbia e Venezuela, e a liderança das tropas do país no Haiti, a revista nota que a diplomacia brasileira é "dificilmente ociosa" na América Latina. "E Lula, um dos mais populares chefes de Estado do mundo, se tornou talvez o mais efetivo intermediário entre Washington e a ressurgente esquerda antiamericana latino-americana".
A reportagem discute a preferência da diplomacia brasileira por atuar nos bastidores, e sua autodefinição como sendo "decididamente não-intervencionista".
"Ao mesmo tempo, Lula está em uma cruzada para tornar o Brasil, que tem a quinta maior população mundial e a nona economia do mundo, um ator internacional sério", diz o texto.
"É difícil manter uma tradição não-intervencionista pristina com ambições como estas - e, cada vez, o hemisfério está dizendo ao Brasil que é um tanto ingênuo insistir que é possível fazer as duas coisas." Para a "Times", "goste ou não, agora o Brasil está enfiado até o pescoço em Honduras, e o hemisfério está esperançoso de que isto signifique melhores prospectos para um acordo negociado entre Zelaya e os líderes golpistas".
'Porque acreditam que o golpe hondurenho envia um recado perigoso para as nascentes democracias da região, muitos analistas acham que ter o peso do Brasil jogado mais diretamente na situação pode ajudar as negociações'."
FONTE: texto divulgado hoje (30/09) pela agência britânica de notícias BBC e reproduzido no portal UOL.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
EMIR SADER: "O QUE É BOM PARA O LULA É RUIM PARA O BRASIL?"
"A mídia mercantil (melhor do que privada) tem um critério: o que for bom para o Lula, deve ser propagado como ruim para o Brasil. A reunião de mandatários sulamericanos em Bariloche – que o povo brasileiro não pôde ver, salvo pela Telesul, e teve que aceitar as versões da mídia – foi julgada não na perspectiva de um acordo de paz para a região, mas na ótica de se o Lula saiu fortalecido ou não.
O golpe militar e a ditadura em Honduras (chamados de “governo de fato”, expressão similar à de “ditabranda”) são julgados na ótica não de se ação brasileira favorece o que a comunidade internacional unanimemente pede – o retorno do presidente eleito, Mel Zelaya -, mas de saber se o governo brasileiro e Lula se fortalecem ou não. Danem-se a democracia e o povo hondurenho.
A mesma atitude têm essa mídia comercial e venal diante da possibilidade de o Brasil sediar as Olimpíadas. Primeiro, tentaram ridicularizar a proposta brasileira, a audácia destes terceiromundistas de concorrer com Tóquio, com Madri, com Chicago de Obama e Michelle. Depois, passaram a centrar as matérias nas supostas irregularidades que se cometeriam com os recursos, quando viram – mesmo sem destacar nos seus noticiários – que o Rio tinha passado de azarão a um dos favoritos, graças à excelente apresentação da proposta e ao apoio total do governo. Agora se preparam para, caso o Rio de Janeiro não seja escolhido, anunciar que se gastou muito dinheiro, se viajou muito, para nada. Torcem por Chicago ou outra sede qualquer, que não o Rio, porque acreditam que seria uma vitória de Lula, não do Brasil.
São pequenos, mesquinhos, só veem pela frente as eleições do ano que vem, quando tentarão ter de novo um governo com que voltarão a ter as relações promíscuas que sempre tiveram com os governos, especialmente com os 8 anos de FHC. Não existe o Brasil, só os interesses menores, de que fazem parte as 4 famílias – Frias, Marinho, Civitas, Mesquita – que pretendem falar em nome do povo brasileiro.
O povo brasileiro vive melhor com as políticas sociais do governo Lula? Danem-se as condições de vida do povo. Interessa a popularidade que isso dá ao governo Lula e as dificuldades que representa para uma eventual vitória da oposição. A imagem do Brasil no exterior nunca foi melhor? A mídia ranzinza e agourenta não reflete isso, porque representa também a extraordinária imagem de Lula pelo mundo afora, em contraposição à de FHC, e isto é bom para o Brasil, mas ruim para a oposição.
O que querem para o Brasil? Um Estado fraco, frágil diante das investidas do capital especulativo internacional, que provocou três crises no governo FHC? Um país sem defesa ou dependente do armamento norteamericano, como ocorreu sempre? Menos gastos sociais e menos impostos para ter menos políticas sociais e menos direitos do povo atendidos? Um povo sem autoestima, envergonhado de viver em um país que eles pintam como um país fracassado, com complexo de inferioridade diante das “potências”, que provocaram a maior crise econômica mundial em 80 anos, que é superada pelos países emergentes, enquanto eles seguem na recessão?
São expressões das elites brancas, ricas, de setores da classe média alta egoísta, que odeia o povo e o Brasil e odeia Lula por isso. Adoram quem se opõem a Lula – Heloísa Helena, Marina, Micheletti -, não importa o que digam e representem. Sua obsessão é derrotar Lula nas eleições de 2010. O resto, que se dane: o povo brasileiro, o país, a situação de vida da população pobre, da imagem do país no mundo, da economia e do desenvolvimento econômico do Brasil.
O que é bom para o Lula é ruim para eles e tentam fazer passar que é ruim para o Brasil. É ruim para eles, as minorias, os 5% de rejeição do governo, mas é muito bom para os 82% de apoio ao Lula."
FONTE: texto do filósofo e cientista político Emir Sader publicado hoje (29/09) no portal "Carta Maior".
O golpe militar e a ditadura em Honduras (chamados de “governo de fato”, expressão similar à de “ditabranda”) são julgados na ótica não de se ação brasileira favorece o que a comunidade internacional unanimemente pede – o retorno do presidente eleito, Mel Zelaya -, mas de saber se o governo brasileiro e Lula se fortalecem ou não. Danem-se a democracia e o povo hondurenho.
A mesma atitude têm essa mídia comercial e venal diante da possibilidade de o Brasil sediar as Olimpíadas. Primeiro, tentaram ridicularizar a proposta brasileira, a audácia destes terceiromundistas de concorrer com Tóquio, com Madri, com Chicago de Obama e Michelle. Depois, passaram a centrar as matérias nas supostas irregularidades que se cometeriam com os recursos, quando viram – mesmo sem destacar nos seus noticiários – que o Rio tinha passado de azarão a um dos favoritos, graças à excelente apresentação da proposta e ao apoio total do governo. Agora se preparam para, caso o Rio de Janeiro não seja escolhido, anunciar que se gastou muito dinheiro, se viajou muito, para nada. Torcem por Chicago ou outra sede qualquer, que não o Rio, porque acreditam que seria uma vitória de Lula, não do Brasil.
São pequenos, mesquinhos, só veem pela frente as eleições do ano que vem, quando tentarão ter de novo um governo com que voltarão a ter as relações promíscuas que sempre tiveram com os governos, especialmente com os 8 anos de FHC. Não existe o Brasil, só os interesses menores, de que fazem parte as 4 famílias – Frias, Marinho, Civitas, Mesquita – que pretendem falar em nome do povo brasileiro.
O povo brasileiro vive melhor com as políticas sociais do governo Lula? Danem-se as condições de vida do povo. Interessa a popularidade que isso dá ao governo Lula e as dificuldades que representa para uma eventual vitória da oposição. A imagem do Brasil no exterior nunca foi melhor? A mídia ranzinza e agourenta não reflete isso, porque representa também a extraordinária imagem de Lula pelo mundo afora, em contraposição à de FHC, e isto é bom para o Brasil, mas ruim para a oposição.
O que querem para o Brasil? Um Estado fraco, frágil diante das investidas do capital especulativo internacional, que provocou três crises no governo FHC? Um país sem defesa ou dependente do armamento norteamericano, como ocorreu sempre? Menos gastos sociais e menos impostos para ter menos políticas sociais e menos direitos do povo atendidos? Um povo sem autoestima, envergonhado de viver em um país que eles pintam como um país fracassado, com complexo de inferioridade diante das “potências”, que provocaram a maior crise econômica mundial em 80 anos, que é superada pelos países emergentes, enquanto eles seguem na recessão?
São expressões das elites brancas, ricas, de setores da classe média alta egoísta, que odeia o povo e o Brasil e odeia Lula por isso. Adoram quem se opõem a Lula – Heloísa Helena, Marina, Micheletti -, não importa o que digam e representem. Sua obsessão é derrotar Lula nas eleições de 2010. O resto, que se dane: o povo brasileiro, o país, a situação de vida da população pobre, da imagem do país no mundo, da economia e do desenvolvimento econômico do Brasil.
O que é bom para o Lula é ruim para eles e tentam fazer passar que é ruim para o Brasil. É ruim para eles, as minorias, os 5% de rejeição do governo, mas é muito bom para os 82% de apoio ao Lula."
FONTE: texto do filósofo e cientista político Emir Sader publicado hoje (29/09) no portal "Carta Maior".
ANTINACIONALISMO, UMA PRAGA GENUINAMENTE NACIONAL
"A imprensa brasileira vende e revende, sem parar, um costume nacional algo psicótico, a mania do brasileiro de ser antinacional. Em qualquer situação que não envolva dinheiro, devemos sempre pensar no interesse financeiro e comercial do empresariado antes de pensar em valores “ultrapassados” como a honra e a dignidade da nação.
Há alguns meses, minha filha que estuda na Austrália falou-me dessa praga que tanto constatei em minhas viagens pelo mundo. Ela acabara de iniciar um curso de inglês. No primeiro dia de aula, tendo colegas de todas as partes do mundo, disse ter sentido muita vergonha de seu país.
O professor instou os alunos das diversas nacionalidades a falarem sobre seus países. O francês, o italiano, o japonês ou o árabe, entre tantos numa classe de quase 40 pessoas, falaram maravilhas de suas pátrias. Os únicos que falaram mal do próprio país foram os colegas brasileiros de minha filha.
Fora o Brasil, conheço 15 países (ou mais, agora não estou certo) entre os das Américas, da África e da Europa. Em nenhum deles conheci um povo que faz tanta propaganda negativa de si mesmo como o nosso e que não tenha nem o mínimo do mínimo de patriotismo, palavra que, neste país, é considerada maldita.
Sempre quis saber de onde vinha isso, e agora, nesse episódio da crise em Honduras, começo a entender. O antinacionalismo histérico do brasileiro vem das classes sociais mais altas, que detêm meios de comunicação para venderem suas idiossincrasias de todos os tipos, sobretudo as mais exóticas como o nosso antinacionalismo renitente.
Temos uma elite ignorante como uma porta, neste país. Acha que está abafando ao usar palavras em inglês e em outros idiomas que considera “chique” afetar que conhece. Acha que contar ao mundo como nosso povo é inculto e cafona a torna parte de povos aos quais não pertence. Acha que depreciar o Brasil o tempo todo é prova de sei lá o quê.
Um país pequeno e paupérrimo como Honduras, que, por ação de uma elite que infesta a América Latina, também é atrasado e injusto, decide violar todas as normas do direito internacional e pisotear nosso território na forma de uma representação diplomática enquanto nossa imprensa se dedica a apoiar os ataques dessa potência ao inverso.
Um povo que não ama sua pátria é um povo sem pátria, e quando não se tem pátria não se tem valores, e quando um povo não tem valores só lhe restam a perversão, a corrupção moral, o egoísmo e a futilidade. E o pior é que esses contra-valores vêm das classes sociais que deveriam dar exemplos positivos, em vez de negativos."
FONTE: escrito por Eduardo Guimarães e postado hoje (29/09) em seu blog "Cidadania.com"
Há alguns meses, minha filha que estuda na Austrália falou-me dessa praga que tanto constatei em minhas viagens pelo mundo. Ela acabara de iniciar um curso de inglês. No primeiro dia de aula, tendo colegas de todas as partes do mundo, disse ter sentido muita vergonha de seu país.
O professor instou os alunos das diversas nacionalidades a falarem sobre seus países. O francês, o italiano, o japonês ou o árabe, entre tantos numa classe de quase 40 pessoas, falaram maravilhas de suas pátrias. Os únicos que falaram mal do próprio país foram os colegas brasileiros de minha filha.
Fora o Brasil, conheço 15 países (ou mais, agora não estou certo) entre os das Américas, da África e da Europa. Em nenhum deles conheci um povo que faz tanta propaganda negativa de si mesmo como o nosso e que não tenha nem o mínimo do mínimo de patriotismo, palavra que, neste país, é considerada maldita.
Sempre quis saber de onde vinha isso, e agora, nesse episódio da crise em Honduras, começo a entender. O antinacionalismo histérico do brasileiro vem das classes sociais mais altas, que detêm meios de comunicação para venderem suas idiossincrasias de todos os tipos, sobretudo as mais exóticas como o nosso antinacionalismo renitente.
Temos uma elite ignorante como uma porta, neste país. Acha que está abafando ao usar palavras em inglês e em outros idiomas que considera “chique” afetar que conhece. Acha que contar ao mundo como nosso povo é inculto e cafona a torna parte de povos aos quais não pertence. Acha que depreciar o Brasil o tempo todo é prova de sei lá o quê.
Um país pequeno e paupérrimo como Honduras, que, por ação de uma elite que infesta a América Latina, também é atrasado e injusto, decide violar todas as normas do direito internacional e pisotear nosso território na forma de uma representação diplomática enquanto nossa imprensa se dedica a apoiar os ataques dessa potência ao inverso.
Um povo que não ama sua pátria é um povo sem pátria, e quando não se tem pátria não se tem valores, e quando um povo não tem valores só lhe restam a perversão, a corrupção moral, o egoísmo e a futilidade. E o pior é que esses contra-valores vêm das classes sociais que deveriam dar exemplos positivos, em vez de negativos."
FONTE: escrito por Eduardo Guimarães e postado hoje (29/09) em seu blog "Cidadania.com"
A QUEM INTERESSA DERROTAR O BRASIL?
"O protagonismo do Brasil em Honduras modifica sua tradição
Reorientação do Itamaraty. Além de liderar a Unasul, o presidente Lula projeta seu país como protagonista crucial da crise centro-americana
A decisão do governo do Brasil de abrir sua embaixada em Tegucigalpa para o derrubado presidente Manuel Zelaya a utilize em seu retorno como posto de ação é sem dúvida um acontecimento maior -- tão importante quanto o regresso do mandatário hondurenho -- que modifica uma das políticas fundamentais do Itamaraty nos últimos cem anos.
Essa política, estabelecida pelo barão de Rio Branco (1902-1912) ao largo de quatro mandatos sucessivos (Rodrigues Alves, Afonso Pena, Nilo Peçanha e Hermes da Fonseca) e continuada durante os cem anos posteriores, com governos de distinta orientação política e ideológica, estabelecia que, na América Central e no Caribe, o Brasil reconhecia a primazia dos Estados Unidos na resolução diplomática ou pela força das crises e conflitos na região. Rio Branco transferiu o eixo da política externa brasileira de Londres a Washington; e Joaquim Nabuco, primeiro embaixador brasileiro na capital norte-americana, foi o executor dessa mudança estratégica primordial, que decidiu a inserção do Brasil no mundo.
Rio Branco foi o primeiro estadista sul-americano que compreendeu que o triunfo dos Estados Unidos na guerra de Cuba (1898) e sua posterior e decisiva mediação no Extremo Oriente, que pôs fim à guerra da Manchúria entre Rússia e Japão (1905), convertia a nação americana em uma potência global e modificava, ao mesmo tempo e para sempre, o sistema de poder internacional, que adquiria uma escala irreversivelmente mundial.
Assim, a "aliança não escrita" com os Estados Unidos se converteu na viga central da política externa do Brasil; e Rio Branco incorporou a potência norte-americana no equilíbrio de poder da América do Sul, com o objetivo -- que conquistou -- de somá-la à disputa com a Argentina pela supremacia sul-americana.
Rio Branco deu respaldo ao "corolário Roosevelt" à Doutrina Monroe, pelo qual o mandatário norte-americano Theodore Roosevelt (1901-09) legitimou a utilização do poder militar (fuzileiros navais americanos) para restabelecer a ordem ou derrubar governos não confiáveis na América Central e no Caribe. Este é o antecedente direto do reconhecimento da primazia norte-americana na América Central e no Caribe, que tem sido uma constante da política externa brasileira até segunda-feira desta semana.
A "aliança não escrita" com os Estados Unidos alcançou um segundo momento de apogeu com Getúlio Vargas, durante o governo de Franklin Delano Roosevelt (1933-45), com a instalação no Nordeste de três bases militares norte-americanas (Belém, Natal e Recife), a declaração de guerra ao Eixo (31 de agosto de 1942) e o envio de um contingente militar para combater na Europa (Força Expedicionária Brasileira), como parte do Quinto Exército estadunidense.
A política exterior do Itamaraty -- desde Fernando Henrique Cardoso a Lula -- tem como prioridade readquirir relevância internacional e resulta numa estratégia de aproximação indireta ao poder mundial (Estados Unidos-G7), fundada na construção na América do Sul de uma plataforma de projeção ao mundo. Neste período, a premissa dessa política exterior tem sido que, na América Latina, há uma fratura profunda entre a América Latina do Norte e a do Sul. Por isso a política impulsionou a criação da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL).
Agora o Brasil saiu do Sul e se tornou um protagonista fundamental da principal crise da América Latina do Norte. Está no centro dos acontecimentos em Honduras. Não atua de forma compartilhada ou multilateral, mas individualmente, como grande potência.
É uma novidade histórica. O Brasil é hoje a representação da comunidade internacional em uma crise que se aprofunda, se polariza e se amplia."
FONTE: escrito por Jorge Castro, publicado no diário argentino El Clarin; reproduzido hoje (29/09) no portal "Vi o mundo", do jornalista Luiz Carlos Azenha.
Reorientação do Itamaraty. Além de liderar a Unasul, o presidente Lula projeta seu país como protagonista crucial da crise centro-americana
A decisão do governo do Brasil de abrir sua embaixada em Tegucigalpa para o derrubado presidente Manuel Zelaya a utilize em seu retorno como posto de ação é sem dúvida um acontecimento maior -- tão importante quanto o regresso do mandatário hondurenho -- que modifica uma das políticas fundamentais do Itamaraty nos últimos cem anos.
Essa política, estabelecida pelo barão de Rio Branco (1902-1912) ao largo de quatro mandatos sucessivos (Rodrigues Alves, Afonso Pena, Nilo Peçanha e Hermes da Fonseca) e continuada durante os cem anos posteriores, com governos de distinta orientação política e ideológica, estabelecia que, na América Central e no Caribe, o Brasil reconhecia a primazia dos Estados Unidos na resolução diplomática ou pela força das crises e conflitos na região. Rio Branco transferiu o eixo da política externa brasileira de Londres a Washington; e Joaquim Nabuco, primeiro embaixador brasileiro na capital norte-americana, foi o executor dessa mudança estratégica primordial, que decidiu a inserção do Brasil no mundo.
Rio Branco foi o primeiro estadista sul-americano que compreendeu que o triunfo dos Estados Unidos na guerra de Cuba (1898) e sua posterior e decisiva mediação no Extremo Oriente, que pôs fim à guerra da Manchúria entre Rússia e Japão (1905), convertia a nação americana em uma potência global e modificava, ao mesmo tempo e para sempre, o sistema de poder internacional, que adquiria uma escala irreversivelmente mundial.
Assim, a "aliança não escrita" com os Estados Unidos se converteu na viga central da política externa do Brasil; e Rio Branco incorporou a potência norte-americana no equilíbrio de poder da América do Sul, com o objetivo -- que conquistou -- de somá-la à disputa com a Argentina pela supremacia sul-americana.
Rio Branco deu respaldo ao "corolário Roosevelt" à Doutrina Monroe, pelo qual o mandatário norte-americano Theodore Roosevelt (1901-09) legitimou a utilização do poder militar (fuzileiros navais americanos) para restabelecer a ordem ou derrubar governos não confiáveis na América Central e no Caribe. Este é o antecedente direto do reconhecimento da primazia norte-americana na América Central e no Caribe, que tem sido uma constante da política externa brasileira até segunda-feira desta semana.
A "aliança não escrita" com os Estados Unidos alcançou um segundo momento de apogeu com Getúlio Vargas, durante o governo de Franklin Delano Roosevelt (1933-45), com a instalação no Nordeste de três bases militares norte-americanas (Belém, Natal e Recife), a declaração de guerra ao Eixo (31 de agosto de 1942) e o envio de um contingente militar para combater na Europa (Força Expedicionária Brasileira), como parte do Quinto Exército estadunidense.
A política exterior do Itamaraty -- desde Fernando Henrique Cardoso a Lula -- tem como prioridade readquirir relevância internacional e resulta numa estratégia de aproximação indireta ao poder mundial (Estados Unidos-G7), fundada na construção na América do Sul de uma plataforma de projeção ao mundo. Neste período, a premissa dessa política exterior tem sido que, na América Latina, há uma fratura profunda entre a América Latina do Norte e a do Sul. Por isso a política impulsionou a criação da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL).
Agora o Brasil saiu do Sul e se tornou um protagonista fundamental da principal crise da América Latina do Norte. Está no centro dos acontecimentos em Honduras. Não atua de forma compartilhada ou multilateral, mas individualmente, como grande potência.
É uma novidade histórica. O Brasil é hoje a representação da comunidade internacional em uma crise que se aprofunda, se polariza e se amplia."
FONTE: escrito por Jorge Castro, publicado no diário argentino El Clarin; reproduzido hoje (29/09) no portal "Vi o mundo", do jornalista Luiz Carlos Azenha.
MAIS UM PRÊMIO PARA LULA: ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE RADIODIFUSÃO
PRÊMIO PELA DEFESA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO
"Lula recebe prêmio pelo trabalho de defesa da liberdade de expressão
O Presidente Lula recebeu uma homenagem da Associação Internacional de Radiodifusão pelo trabalho em defesa da liberdade de expressão. A associação representa 17 mil emissoras de rádio e TV na Europa e nas três Américas. Lula recebeu uma placa, como exemplo para América Latina.
A Associação Internacional de Radiodifusão entregou uma placa ao Presidente Lula porque o considera um exemplo para todos governantes. Um político, um democrata que mantém esse espírito de conviver com uma imprensa independente, com o contraditório, e não manifestou em nenhum momento nenhuma iniciativa crítica contra os veículos de rádio e televisão, especialmente”, discursou Daniel Pimentel Slavieiro, presidente da Abert, Associação Brasileira de Rádio e Televisão."
FONTE: publicado hoje (29/09) no blog "Os amigos do Presidente Lula".
"Lula recebe prêmio pelo trabalho de defesa da liberdade de expressão
O Presidente Lula recebeu uma homenagem da Associação Internacional de Radiodifusão pelo trabalho em defesa da liberdade de expressão. A associação representa 17 mil emissoras de rádio e TV na Europa e nas três Américas. Lula recebeu uma placa, como exemplo para América Latina.
A Associação Internacional de Radiodifusão entregou uma placa ao Presidente Lula porque o considera um exemplo para todos governantes. Um político, um democrata que mantém esse espírito de conviver com uma imprensa independente, com o contraditório, e não manifestou em nenhum momento nenhuma iniciativa crítica contra os veículos de rádio e televisão, especialmente”, discursou Daniel Pimentel Slavieiro, presidente da Abert, Associação Brasileira de Rádio e Televisão."
FONTE: publicado hoje (29/09) no blog "Os amigos do Presidente Lula".
POLÍTICAS SOCIAIS DE LULA MANTÊM MERCADO AQUECIDO
Lula e Dilma lançam "Minha Casa, Minha Vida", programa que mantém mercado interno aquecido, segundo Almeida
Terra Magazine
A Perspectiva do Mercado Interno Consumidor
"No período mais grave da crise internacional, vale dizer, entre setembro do ano passado até o primeiro trimestre desse ano, o comportamento do emprego no Brasil favoreceu a sustentação de um nível mínimo do mercado interno consumidor. Não tivesse sido esse o desempenho do emprego, seguramente a economia brasileira ainda não mostraria sinais de que está saindo da recessão que teve lugar entre os meses finais de 2008 e os meses iniciais desse ano.
Isso não significa dizer que o emprego não foi afetado pela crise. Entre novembro e janeiro as demissões no setor industrial foram muito elevadas, mas a isto não se seguiu uma onda de demissões em outros setores da economia, o que evitou que se desenvolvesse um processo cumulativo a partir da indústria.
Desemprego gerando desemprego é um encadeamento perverso para qualquer economia que não conta com estabilizadores, ao contrário do caso do Brasil. Aqui, um gasto público com um certo valor mínimo constitui um instrumento desse tipo, o qual seria de eficácia maior se em sua composição o investimento tivesse uma dimensão maior relativamente aos gastos de custeio.
As políticas de rendas, como a Bolsa Família e o aumento do salário mínimo são, em particular, os mais nobres "escudos" dessa rede de proteção já que têm um enorme efeito social. Mas, contamos com outros, tais como:
a) os bancos públicos, cuja participação no crédito chega a 40% do total, o que permite que nessa área seja também aplicada uma política anticíclica;
b) os programas de investimentos do PAC; e
c) o programa lançado pelo governo em meio à crise para a área de habitação, o "Minha Casa Minha Vida".
Por isso, o desemprego mais grave ficou restrito à indústria não se espalhando para o resto da economia. Pois bem, a novidade dos últimos resultados da pesquisa que mensalmente o IBGE divulga sobre o emprego nas grandes regiões metropolitanas é que a indústria em agosto voltou a colaborar para a melhora do emprego.
Nesse mês o número de pessoas ocupadas no setor cresceu 3,9% com relação a julho. Como é um fato novo, esse resultado deve ser acompanhado nos próximos meses. Sendo confirmado, abrirá melhores perspectivas para o mercado de trabalho no último trimestre do ano.
A propósito ainda dos mais novos dados do emprego, o leve aumento da taxa de desocupação ocorrido de julho para agosto, de 8,0% para 8,1%, não é, por si só, um resultado preocupante, já que esse desempenho foi freqüentemente observado entre esses meses em anos anteriores. O que poderia ter sido melhor em agosto é o crescimento do pessoal ocupado total com relação a julho. A variação foi pequena, 0,5%, após aumentos de 0,8% e 0,9%, respectivamente, em junho e julho.
Mas, em termos do poder de compra global da população, o baixo crescimento do emprego foi compensado por uma evolução mais expressiva do rendimento real médio das pessoas ocupadas. Frente a julho, o rendimento real em agosto aumentou 0,9% e com relação a agosto de 2008 a expansão chegou a 2,2%.
Isso significa dizer que o mercado interno continua crescendo de forma significativa, muito embora ultimamente isto seja uma derivação mais da evolução do rendimento médio das pessoas ocupadas do que do aumento da ocupação.
Tem sido o mercado consumidor um esteio do crescimento econômico brasileiro, um papel que se revestiu de maior relevância com o agravamento da crise internacional.
A perspectiva de que a indústria volte a empregar dá sustentação a uma projeção otimista do crescimento do mercado interno consumidor e da manutenção de sua posição na dinâmica da economia em 2010."
FONTE: texto de Júlio Gomes de Almeida, professor da Unicamp e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Publicado hoje (29/09) no portal Terra Magazine, do jornalista Bob Fernandes. [título acrescentado por este blog]
FMI: "BATALHA APENAS COMEÇOU", DIZ NOGUEIRA BATISTA
Paulo Nogueira Batista Jr., colunista da Folha e representante do Brasil e de outros oito países latino-americanos no FMI (Fundo Monetário Internacional), foi um dos negociadores da reforma da instituição em que trabalha para dar mais cotas aos países emergentes e em desenvolvimento, tirando-as do mundo rico.
Sobre a "guerra", ele disse à Folha que, embora o resultado tenha "sido bom" para o Brasil e importante para o Bric, "a batalha apenas começou".
Nogueira Batista, feroz crítico do próprio Fundo e do que chama de "turma da bufunfa", em alusão ao pessoal dos mercados financeiros, faz uma leve autocrítica: "A turma da bufunfa nem sempre erra", em alusão ao que considera acerto da Goldman Sachs em inventar a sigla Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), parceiros de Nogueira Batista na "batalha do FMI".
A seguir, os principais trechos da entrevista, feita por e-mail.
FOLHA - A "batalha pelo FMI" foi o grande impasse da cúpula do G20. A forma como foi resolvida é satisfatória para o Brasil, mesmo não tendo sido alcançados os números propostos inicialmente pelo Bric?
PAULO NOGUEIRA BATISTA JR. - O resultado foi bom para o Brasil e importante para os Bric. Também fortaleceu o G20 como instância negociadora. Acertou-se que na próxima revisão de cotas do FMI, que deve ser concluída até janeiro de 2011, haverá uma transferência de pelo menos cinco pontos percentuais em favor dos países emergentes e em desenvolvimento. Se chegarmos a bom termo nessa negociação, será a maior transferência de poder decisório na história do FMI. A batalha apenas começou. Mas começou bem para nós, com um compromisso importante no nível político mais alto.
FOLHA - A segunda grande decisão da cúpula, confirmando o G20 como o fórum para a discussão da economia global, não acaba deixando o FMI em posição secundária? O G20 não tem nenhuma estrutura técnica-operacional, ao contrário do FMI. Como você, com a sua experiência de funcionário internacional, acha que se poderia organizar o grupo para uma atuação mais efetiva, que vá além de um fórum de debates?
NOGUEIRA BATISTA - O G20 não é mais apenas um fórum de debates. Transformou-se na principal instância para definir a coordenação das políticas econômicas e a agenda de instituições multilaterais como o FMI. Antes, esse papel era do G7.
Não é que o FMI tenha ficado em posição secundária. É que agora as linhas gerais da agenda do Fundo são negociadas em uma instância mais ampla do que o G7, instância da qual o Brasil e diversos outros países em desenvolvimento fazem parte. Desde o final do ano passado, o G20 ficou mais importante do que o G7. Na cúpula de Pittsburgh, isso foi reconhecido formalmente pelos líderes do G20. Como todos os membros do G7 fazem parte do G20, a assinatura desse compromisso representa a passagem do bastão. Mas não há dúvida de que é preciso organizar melhor o G20, estabelecer algumas regras e procedimentos que protejam os participantes contra manobras e manipulações.
FOLHA - Que papel devem ter ou estão tendo os Bric nesse rearranjo?
NOGUEIRA BATISTA - Os Bric têm tido um papel cada vez mais importante. Por exemplo, em Pittsburgh, o acordo na parte do FMI só saiu porque os Bric atuaram em conjunto, antes e durante a reunião. A resistência europeia era feroz. No final da noite de quarta-feira, antevéspera da cúpula, o impasse era total. Na manhã de quinta, em vez de retomar a plenária dos 20 membros (mais convidados), os EUA propuseram um formato diferente. Ficamos então os Bric numa sala e os europeus em outra. E os delegados americanos ficavam indo de uma sala a outra, tentando mediar um acordo. Os demais países esperando. Isso durou mais ou menos seis horas. Seis horas para um parágrafo. Parece kafkiano, mas era talvez o parágrafo mais importante da declaração. Era um dos pontos que provavelmente definiriam o fracasso ou o sucesso da Cúpula de Pittsburgh.
FOLHA - Por falar em Bric, não é paradoxal que você, crítico contumaz do que chama de "turma da bufunfa", tenha se entusiasmado com um grupo que só existe porque foi inventado por um ícone da "turma da bufunfa", a Goldman Sachs?
NOGUEIRA BATISTA - Sim, é paradoxal. Diria que a "turma da bufunfa" nem sempre erra. O economista da Goldman Sachs que lançou a sigla percebeu algo importante: Brasil, Rússia, Índia e China, apesar de todas as diferenças históricas, políticas e culturais, têm traços comuns: dimensão geográfica, econômica e populacional. Seu peso econômico e político está aumentando rapidamente. Os Bric são os países de mercado emergente que se mostram capazes de atuar de forma independente. Quando se unem, a alavanca é poderosa. Foi o que vimos em Pittsburgh.
FOLHA - Você foi apresentado ao FMI, pelo ministro Guido Mantega, como "o maior crítico da instituição". Continua crítico, amansou as feras ou foi domesticado por elas?
NOGUEIRA BATISTA - O ministro Mantega disse ao então diretor-gerente do FMI, Rodrigo de Rato: "O que estão dizendo na imprensa brasileira sobre o Paulo não é verdade. É muito pior". Continuo crítico. O FMI começou a mudar com a crise mundial, com a gestão do Dominique Strauss-Kahn [atual diretor-gerente] e com a pressão dos Bric e de outros países em desenvolvimento. Mas ainda falta muito para que o Fundo seja uma instituição legítima, aceita no mundo inteiro.
Amansar as feras vai além da minha capacidade. Mas não creio que estejam conseguindo me domesticar. De qualquer maneira, para o brasileiro, apesar do progresso que fizemos, a luta contra o complexo de vira-lata é uma luta quase diária.
FOLHA - Quais são as chances de haver realmente um reequilíbrio na economia global, o tema de que se ocupará doravante o G20? É realmente necessário? E o Brasil, como entra nele?
NOGUEIRA BATISTA - Em Pittsburgh, foi lançado, por proposta dos Estados Unidos, um modelo de consultas multilaterais em nível ministerial do G20 a ser alimentado por análises do FMI. Veremos se será útil e bem conduzido. A discussão de como isso funcionará está apenas começando. A própria maneira como o Fundo participará terá de ser discutida na diretoria executiva da instituição."
FONTE: reportagem de Clóvis Rossi publicada hoje (29/09) na Folha de São Paulo.
Sobre a "guerra", ele disse à Folha que, embora o resultado tenha "sido bom" para o Brasil e importante para o Bric, "a batalha apenas começou".
Nogueira Batista, feroz crítico do próprio Fundo e do que chama de "turma da bufunfa", em alusão ao pessoal dos mercados financeiros, faz uma leve autocrítica: "A turma da bufunfa nem sempre erra", em alusão ao que considera acerto da Goldman Sachs em inventar a sigla Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), parceiros de Nogueira Batista na "batalha do FMI".
A seguir, os principais trechos da entrevista, feita por e-mail.
FOLHA - A "batalha pelo FMI" foi o grande impasse da cúpula do G20. A forma como foi resolvida é satisfatória para o Brasil, mesmo não tendo sido alcançados os números propostos inicialmente pelo Bric?
PAULO NOGUEIRA BATISTA JR. - O resultado foi bom para o Brasil e importante para os Bric. Também fortaleceu o G20 como instância negociadora. Acertou-se que na próxima revisão de cotas do FMI, que deve ser concluída até janeiro de 2011, haverá uma transferência de pelo menos cinco pontos percentuais em favor dos países emergentes e em desenvolvimento. Se chegarmos a bom termo nessa negociação, será a maior transferência de poder decisório na história do FMI. A batalha apenas começou. Mas começou bem para nós, com um compromisso importante no nível político mais alto.
FOLHA - A segunda grande decisão da cúpula, confirmando o G20 como o fórum para a discussão da economia global, não acaba deixando o FMI em posição secundária? O G20 não tem nenhuma estrutura técnica-operacional, ao contrário do FMI. Como você, com a sua experiência de funcionário internacional, acha que se poderia organizar o grupo para uma atuação mais efetiva, que vá além de um fórum de debates?
NOGUEIRA BATISTA - O G20 não é mais apenas um fórum de debates. Transformou-se na principal instância para definir a coordenação das políticas econômicas e a agenda de instituições multilaterais como o FMI. Antes, esse papel era do G7.
Não é que o FMI tenha ficado em posição secundária. É que agora as linhas gerais da agenda do Fundo são negociadas em uma instância mais ampla do que o G7, instância da qual o Brasil e diversos outros países em desenvolvimento fazem parte. Desde o final do ano passado, o G20 ficou mais importante do que o G7. Na cúpula de Pittsburgh, isso foi reconhecido formalmente pelos líderes do G20. Como todos os membros do G7 fazem parte do G20, a assinatura desse compromisso representa a passagem do bastão. Mas não há dúvida de que é preciso organizar melhor o G20, estabelecer algumas regras e procedimentos que protejam os participantes contra manobras e manipulações.
FOLHA - Que papel devem ter ou estão tendo os Bric nesse rearranjo?
NOGUEIRA BATISTA - Os Bric têm tido um papel cada vez mais importante. Por exemplo, em Pittsburgh, o acordo na parte do FMI só saiu porque os Bric atuaram em conjunto, antes e durante a reunião. A resistência europeia era feroz. No final da noite de quarta-feira, antevéspera da cúpula, o impasse era total. Na manhã de quinta, em vez de retomar a plenária dos 20 membros (mais convidados), os EUA propuseram um formato diferente. Ficamos então os Bric numa sala e os europeus em outra. E os delegados americanos ficavam indo de uma sala a outra, tentando mediar um acordo. Os demais países esperando. Isso durou mais ou menos seis horas. Seis horas para um parágrafo. Parece kafkiano, mas era talvez o parágrafo mais importante da declaração. Era um dos pontos que provavelmente definiriam o fracasso ou o sucesso da Cúpula de Pittsburgh.
FOLHA - Por falar em Bric, não é paradoxal que você, crítico contumaz do que chama de "turma da bufunfa", tenha se entusiasmado com um grupo que só existe porque foi inventado por um ícone da "turma da bufunfa", a Goldman Sachs?
NOGUEIRA BATISTA - Sim, é paradoxal. Diria que a "turma da bufunfa" nem sempre erra. O economista da Goldman Sachs que lançou a sigla percebeu algo importante: Brasil, Rússia, Índia e China, apesar de todas as diferenças históricas, políticas e culturais, têm traços comuns: dimensão geográfica, econômica e populacional. Seu peso econômico e político está aumentando rapidamente. Os Bric são os países de mercado emergente que se mostram capazes de atuar de forma independente. Quando se unem, a alavanca é poderosa. Foi o que vimos em Pittsburgh.
FOLHA - Você foi apresentado ao FMI, pelo ministro Guido Mantega, como "o maior crítico da instituição". Continua crítico, amansou as feras ou foi domesticado por elas?
NOGUEIRA BATISTA - O ministro Mantega disse ao então diretor-gerente do FMI, Rodrigo de Rato: "O que estão dizendo na imprensa brasileira sobre o Paulo não é verdade. É muito pior". Continuo crítico. O FMI começou a mudar com a crise mundial, com a gestão do Dominique Strauss-Kahn [atual diretor-gerente] e com a pressão dos Bric e de outros países em desenvolvimento. Mas ainda falta muito para que o Fundo seja uma instituição legítima, aceita no mundo inteiro.
Amansar as feras vai além da minha capacidade. Mas não creio que estejam conseguindo me domesticar. De qualquer maneira, para o brasileiro, apesar do progresso que fizemos, a luta contra o complexo de vira-lata é uma luta quase diária.
FOLHA - Quais são as chances de haver realmente um reequilíbrio na economia global, o tema de que se ocupará doravante o G20? É realmente necessário? E o Brasil, como entra nele?
NOGUEIRA BATISTA - Em Pittsburgh, foi lançado, por proposta dos Estados Unidos, um modelo de consultas multilaterais em nível ministerial do G20 a ser alimentado por análises do FMI. Veremos se será útil e bem conduzido. A discussão de como isso funcionará está apenas começando. A própria maneira como o Fundo participará terá de ser discutida na diretoria executiva da instituição."
FONTE: reportagem de Clóvis Rossi publicada hoje (29/09) na Folha de São Paulo.
NYT: A OLIMPÍADA NO RIO E A NOVA IMPORTÂNCIA GLOBAL DO BRASIL
O presidente Lula durante a apresentação do mascote dos Jogos Pan-Americanos de 2007. O jornal americano "The New York Times" afirmou, na semana passada, que o líder brasileiro não terá dificuldade para promover a candidatura do Rio de Janeiro para as Olimpíadas de 2016: "Tudo que Lula tem que dizer é que 'o Rio tem as praias mais bonitas do mundo' e consegue audiência imediata"
"Para o Brasil, candidatura olímpica trata de sua importância global
Em uma cintilante praia de Copacabana, onde os moradores conscientes do corpo do Rio jogam futebol e vôlei, telões estão sendo preparados para a transmissão ao vivo da votação que determinará se a cidade entrará para a história como a primeira na América do Sul a sediar os Jogos Olímpicos.
Nas ruas e nos lábios dos locutores de rádio e apresentadores de televisão, os brasileiros estão empolgados com o assunto olímpico, e há uma sensação clara de que esta famosa cidade festeira está pronta para explodir na sexta-feira, com um delírio equivalente às famosas comemorações de Ano Novo e Carnaval, caso o Rio seja escolhido para os Jogos de 2016.
Os líderes dizem que receber as Olimpíadas seria um momento transformador para o Brasil, uma afirmação de sua importância ascendente no mundo e um estímulo à autoestima dos cariocas, 85% dos quais apóiam a candidatura olímpica, segundo uma recente pesquisa do Comitê Olímpico Internacional (COI).
"Seria maravilhoso para nossa cidade, nossos cidadãos e para o Brasil", disse Carlos Osório, o secretário-geral do Comitê Olímpico da Rio 2016.
Apesar de três outras finalistas -Chicago, Madri e Tóquio- terem apresentado fortes candidaturas, o Rio conquistou apoio fora das fronteiras do Brasil. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, que está negociando acordos militares com o Brasil, disse que apoia "100%" a candidatura do Rio. O rei Juan Carlos da Espanha disse que apoiará o Rio caso Madri seja eliminada na primeira rodada de votação.
E alguns membros do COI teriam dito que apreciam a ideia de corrigir a negligência histórica dos Jogos com a América do Sul.
Os brasileiros também acreditam que têm uma vantagem na disputa presidencial. Apesar do presidente Barack Obama, um morador de Chicago de longa data, apoiar a candidatura da cidade, ele disse que não estará presente na votação em Copenhague, citando a atenção exigida pela reforma da saúde. Depois, voltou atrás e prometeu viajar. Sua esposa, Michelle, nascida em Chicago, estará presente.
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, por outro lado, está apoiando plenamente a candidatura do Rio e certamente fará a viagem para Copenhague. Ele fez lobby junto aos membros do COI sempre que pôde e chamava Osório e outros do comitê olímpico brasileiro para atualizações regulares.
Ele esteve presente na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim no ano passado e ofereceu um jantar para os membros do COI lá. Ele permaneceu um dia a mais em Londres após as reuniões do G-20 em abril, para visitar o Parque Olímpico que está sendo preparado para os Jogos de 2012.
A votação dos cerca de 100 membros do comitê poderá adicionar um ponto de exclamação ao seu legado como um dos presidentes mais populares do Brasil neste século, abrindo o caminho para seu retorno ao poder em 2014, disseram analistas políticos.
Por outro lado, a ascensão do Brasil como espaço para esportes de classe mundial é uma bênção ambígua. O Brasil receberá a Copa do Mundo de 2014 e já tem projetos em andamento para reformar seus aeroportos internacionais no Rio e em São Paulo, além da construção de um sistema de trem de alta velocidade em preparação para o evento, pontos que funcionam a favor do Rio.
Mas o fato de ter recebido os Jogos Panamericanos de 2007 não contribui. Os políticos do Rio prometeram uma série de projetos de infraestrutura urbana para os Jogos, incluindo uma nova linha do metrô, que não foi concluída.
O prefeito Eduardo Paes, que era o secretário de Esportes do Rio durante os Jogos Panamericanos mas não esteve envolvido na candidatura original, reconheceu que as autoridades prometeram demais. "Era óbvio que a proposta continha exageros que claramente não podiam ser cumpridos", ele disse.
Mas ele disse que desta vez o Rio cumprirá.
O Rio está buscando ser a próxima Barcelona, Espanha, uma cidade que usou os Jogos Olímpicos de 1992 para melhorar sua infraestrutura e transformar a si mesma em um destino mais popular para o turismo e eventos internacionais. As autoridades daqui disseram que as Olimpíadas do Rio poderiam ajudar a ampliar o apelo dos Jogos para um público sul-americano maior e mais jovem, dando ao Rio e ao Brasil um selo de aprovação internacional.
"O Rio tem muito a ganhar com a realização dos jogos", disse Paes. "E o movimento olímpico tem muito a ganhar com o Rio."
No passado, o COI concedeu seu selo de aprovação a regiões não mapeadas em momentos propícios em suas histórias. Tóquio sediou os Jogos de 1964 enquanto o Japão ainda estava saindo das sombras da Segunda Guerra Mundial e a economia do país estava decolando. Os Jogos de Seul em 1988 ajudaram a promover a "marca Coreia", enquanto as autoridades chineses originalmente queriam os Jogos de 2008 para escapar de seu isolamento global.
Para o Brasil, que já se candidatou três vezes antes -o Rio duas vezes e Brasília uma- a votação de sexta-feira ocorre após vários anos de crescimento econômico e ascensão do país como líder diplomático e econômico no continente. Os Jogos Olímpicos, disse Osório, seria "um alinhamento claro com a estratégia de longo prazo do país de se apresentar ao mundo".
Para o Rio, as Olimpíadas poderiam erguer uma cidade que, apesar de toda sua beleza natural e encanto turístico, tem lutado para se redefinir desde que foi substituída por Brasília como a capital do país em 1960. Nas últimas décadas, bancos e alguns de seus profissionais mais talentosos foram atraídos pela crescente megalópole de São Paulo. O Rio desenvolveu uma reputação de decadente e tomada pela criminalidade.
"O Rio está necessitando reforçar sua autoestima", disse Ruy Castro, um escritor brasileiro que escreveu um livro sobre o Rio. Mas, ele disse, o Rio anda recentemente em boa fase, lembrando que a cidade foi escolhida como cenário para um filme de Woody Allen e foi citada como a cidade mais feliz do mundo pela revista "Forbes".
Felicidade, de fato, faz parte da argumentação do Rio.
A cidade prometeu uma praia privada para os atletas, em frente à reserva natural na Barra da Tijuca que, fiel ao espírito do Rio, estaria disponível 24 horas. A Vila Olímpica contaria com uma Rua Carioca, uma rua típica do Rio com cafés, bares e o som de samba e bossa nova.
Se os atletas pudessem votar, disse Osório, 'seria uma lavada'."
FONTE: reportagem de Alexei Barrionuevo, do jornal norte-americano "The New York Times", publicada hoje e reproduzida no portal UOL em tradução de George El Khouri Andolfato. Mery Galanternick contribuiu com reportagem.
SUPER TUCANOS VENDIDOS PARA OS EUA?
SERÁ VERDADE?
EUA COMPRAM SUPER TUCANOS
O colunista social Gilberto Amaral divulgou a seguinte notícia:
Tucanos voam para os States
"Nesta guerra econômica que se trava entre empresas aéreas estrangeiras e brasileiras, a Embraer acaba de vender para os EUA, nada mais nada menos, que 100 tucanos. E não para por aí. Uma nova remessa de tucanos será vendida para aquele país. A informação foi dada a este colunista pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim.
E em relação ao "blá blá blá" sobre a compra dos jatos supersônicos, ainda não há nada de concreto. Como eu disse, não passa de um 'blá blá blá'."
FONTE: nota do colunista social Gilberto Amaral em sua coluna de hoje (29/09) no Diário de Notícias em São Paulo.
PETRÓLEO: PSDB e DEM LUTAM PARA BENEFICIAR GRUPOS ESTRANGEIROS
EMENDAS DOS DEMOS E TUCANOS SÃO A FAVOR DA MANUTENÇÃO DO MODELO DE FHC/PSDB QUE FAVORECE AS PETROLÍFERAS ESTRANGEIRAS
Quem é quem nas emendas aos projetos do pré-sal
"Reportagem do jornal "Valor Econômico" desta segunda-feira (28/9) aborda os posicionamentos dos partidos em relação aos projetos de lei do novo marco regulatório, que estão em tramitação no Congresso Nacional.
Segundo a matéria, “o bloco PSDB-DEM concentrou suas forças na proposta que trata da troca do modelo de concessão pelo regime de partilha na exploração do óleo. Foram 271 emendas do total de 836 apresentadas aos quatro projetos.
O PT e o PMDB apresentaram, somadas, 230 emendas. Mas suas prioridades foram o Fundo Social.“
FONTE: publicado hoje (29/09) no blog "Fatos e Dados", da Petrobras.
Quem é quem nas emendas aos projetos do pré-sal
"Reportagem do jornal "Valor Econômico" desta segunda-feira (28/9) aborda os posicionamentos dos partidos em relação aos projetos de lei do novo marco regulatório, que estão em tramitação no Congresso Nacional.
Segundo a matéria, “o bloco PSDB-DEM concentrou suas forças na proposta que trata da troca do modelo de concessão pelo regime de partilha na exploração do óleo. Foram 271 emendas do total de 836 apresentadas aos quatro projetos.
O PT e o PMDB apresentaram, somadas, 230 emendas. Mas suas prioridades foram o Fundo Social.“
FONTE: publicado hoje (29/09) no blog "Fatos e Dados", da Petrobras.
IPEA: PRODUÇÃO INDUSTRIAL EM FORTE RECUPERAÇÃO
"A previsão da produção industrial do mês de agosto, se comparada com igual período do ano passado, apresenta queda de 7,8%. No entanto, os números mostram sinais de recuperação do setor, conforme dados divulgados ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômicas Aplicadas (Ipea).
Dentre os indicadores setoriais, o destaque positivo ficou por conta da produção de autoveículos. O Indicador Ipea de Produção Industrial Mensal é elaborado pela Diretoria de Estudos Macroeconômicos do instituto. O coordenador do Indicador Ipea de Produção Industrial Mensal, Leonardo Mello de Carvalho, frisou que, após a pequena queda verificada no mês anterior, o setor voltou a registrar crescimento na margem, avançando 5,4% na comparação frente a julho, na série com ajuste sazonal.
O mês de agosto também registrou, segundo ele, importante recuperação das exportações, que totalizaram 45.358 milhões de unidades, refletindo, em parte, a pequena melhora apresentada por algumas montadoras norte-americanas. A produção de papel e papelão foi outro setor que contabilizou crescimento na comparação dessazonalizada e avançou 1,6% em relação a julho. Já o fluxo de veículos pesados em rodovias cresceu 0,4% frente a julho, na série com ajuste sazonal, caindo 3,9% na comparação interanual.
Avanço
A produção industrial em julho registrou expansão de 2,2%, na comparação com o mês imediatamente anterior, na série livre de influências sazonais. Este resultado representou uma forte aceleração, uma vez que a produção cresceu, em média, 1,5% nos primeiros seis meses do ano. Com relação a dezembro de 2008, a indústria já acumula um avanço de 12%, igualando o patamar de fevereiro de 2007. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a queda de 9,9% foi a menor desde o mês de março.
O resultado positivo na margem se refletiu em todos os setores, com destaque para a produção de bens de consumo duráveis, com crescimento de 4,6% sobre junho. Vale citar também a categoria de intermediários, que registrou variação positiva pelo sétimo mês seguido. O avanço de 2% representou uma aceleração sobre o crescimento médio do primeiro semestre, que foi de 1,3%."
FONTE: publicado no portal "Vermelho".
Dentre os indicadores setoriais, o destaque positivo ficou por conta da produção de autoveículos. O Indicador Ipea de Produção Industrial Mensal é elaborado pela Diretoria de Estudos Macroeconômicos do instituto. O coordenador do Indicador Ipea de Produção Industrial Mensal, Leonardo Mello de Carvalho, frisou que, após a pequena queda verificada no mês anterior, o setor voltou a registrar crescimento na margem, avançando 5,4% na comparação frente a julho, na série com ajuste sazonal.
O mês de agosto também registrou, segundo ele, importante recuperação das exportações, que totalizaram 45.358 milhões de unidades, refletindo, em parte, a pequena melhora apresentada por algumas montadoras norte-americanas. A produção de papel e papelão foi outro setor que contabilizou crescimento na comparação dessazonalizada e avançou 1,6% em relação a julho. Já o fluxo de veículos pesados em rodovias cresceu 0,4% frente a julho, na série com ajuste sazonal, caindo 3,9% na comparação interanual.
Avanço
A produção industrial em julho registrou expansão de 2,2%, na comparação com o mês imediatamente anterior, na série livre de influências sazonais. Este resultado representou uma forte aceleração, uma vez que a produção cresceu, em média, 1,5% nos primeiros seis meses do ano. Com relação a dezembro de 2008, a indústria já acumula um avanço de 12%, igualando o patamar de fevereiro de 2007. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a queda de 9,9% foi a menor desde o mês de março.
O resultado positivo na margem se refletiu em todos os setores, com destaque para a produção de bens de consumo duráveis, com crescimento de 4,6% sobre junho. Vale citar também a categoria de intermediários, que registrou variação positiva pelo sétimo mês seguido. O avanço de 2% representou uma aceleração sobre o crescimento médio do primeiro semestre, que foi de 1,3%."
FONTE: publicado no portal "Vermelho".
LULA É VISTO COMO HERÓI PELOS NÃO-GOLPISTAS
"Lula se transforma em herói para apoiadores de Zelaya em Honduras
Uma centena de pessoas subia um morro em cortejo fúnebre, no último domingo, em Tegucigalpa, capital de Honduras. Dentro do caixão, uma jovem que teria morrido por complicações pulmonares após inspirar gás lacrimogêneo lançado por policiais - o que fazia do cortejo também uma marcha política contra o governo.
De repente, chega a notícia de que o presidente Lula tinha desafiado um ultimato do presidente golpista. A marcha grita, ainda em luto: "Viva o Brasil!". Para essas pessoas, Lula é um herói e o Brasil é o melhor país do mundo.Veja a cronologia da crise
Desde que foi eleito, em 2005, Manuel Zelaya se aproximou cada vez mais dos governos de esquerda da América Latina, promovendo políticas sociais no país. Ao mesmo tempo, seus críticos argumentam que Zelaya teria se tornado um fantoche do líder venezuelano Hugo Chávez e acabou sendo deposto porque estava promovendo uma tentativa ilegal de reformar a constituição
A reação é a mesma sempre que se menciona o Brasil entre os apoiadores do presidente deposto Manuel Zelaya: agradecimentos, euforia e vivas.
Desde que o país aceitou acolhê-lo em sua embaixada, não se encontra um zelaysta que não queira mandar um "recado" ao nosso presidente.
"Se me está escutando o presidente do Brasil, gostaria que mandasse o exército aqui, para que os militares de Honduras aprendessem que o nosso presidente é Manuel Zelaya Rosales, a quem nós demos o voto para que fosse chefe da nação", disse, com uma escopeta na mão, German Flores Vallejo, que trabalha de segurança em um McDonalds da capital hondurenha.
O apoio de Lula não é de ontem. O Brasil foi um dos primeiros países a condenar o golpe de Estado que destituiu e expatriou Zelaya em 28 de junho, quando este colocava em marcha seu projeto de reformar a constituição. Lula e a chancelaria brasileira mantiveram o discurso durante os três meses em que o presidente deposto esteve fora do país, e Zelaya chegou a ser recebido em Brasília, onde discursou no Congresso Nacional para alertar sobre a ilegalidade do governo de Roberto Micheletti.Nas ruas de Tegucigalpa, vivas a Lula e ao Brasil durante uma manifestação pró-Zelaya.
A última e definitiva prova de apoio chegou na última semana, quando Zelaya retornou escondido ao país e, ao bater nas portas da embaixada brasileira, foi recebido como hóspede e "presidente legítimo".O chanceler Celso Amorim contou mais tarde que ele mesmo falou com Zelaya por telefone para lhe dar "as boas vindas ao território brasileiro".
Depois disso, Lula ainda se levantou para defender o presidente deposto em um discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas - e foi aplaudido.
"O respaldo que está dando o presidente Lula e o povo do Brasil ao povo de Honduras é extraordinário. Que bom que emprestou sua embaixada para que esteja aí o presidente Zelaya", afirmou ao UOL Notícias, em Tegucigalpa, Rafael Alegria, um dos coordenadores do grupo de resistência ao golpe de Estado. "Da embaixada do Brasil, nós vamos levá-lo à casa presidencial, e pronto!"
É evidente que essa não é uma posição unânime. O "governo Micheletti" alega que as ações do Brasil caracterizam uma indevida "ingerência
externa" em Honduras e em mais de uma ocasião pediu que o governo brasileiro anunciasse em definitivo que status recebe Zelaya: se é um exilado político, como poderia parecer, então que seja enviado ao exterior de uma vez, pede o governo golpista.
Esses não parecem ser os planos do Brasil. Nesta segunda-feira, Amorim classificou o governo brasileiro como "guardião" de Zelaya e acrescentou que seria "covardia" mudar de postura agora.
"Seria muito fácil para nós simplesmente retirar os dois diplomatas que estão lá e o oficial de administração e o problema de segurança, do ponto de vista do Brasil, terminaria", disse o chanceler.
"Mas nós não podemos fazer isso, porque seria, primeiro, um gesto de covardia e, segundo, um gesto de desrespeito à própria democracia e um incentivo a outros golpes de Estado no continente, coisa que não podemos fazer."
A resistência agradece."
FONTE: reportagem de Thiago Scarelli, enviado especial do UOL Notícias em Tegucigalpa (Honduras). Publicada hoje (29/09) no portal UOL.
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
AGORA, PELO MENOS O UOL (FOLHA/PSDB) RECONHECE: GOVERNO DE HONDURAS É GOLPISTA
SERÁ QUE A MUDANÇA É DEVIDA À CENSURA À IMPRENSA?
JORNAIS DA TV GLOBO E TV BAND AINDA PREFEREM DEFENDER MICHELETTI, NA ESPERANÇA DE ASSIM DENEGRIR A POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA E FAVORECER A DIREITA (PSDB/DEM/PPS/PV).
Vejamos o texto do portal UOL:
Governo de Honduras é golpista e não interino, dizem especialistas
"A falta de devido processo legal, a inexistência de apoio da comunidade internacional e a origem em um levante para remover um chefe de Estado legitimamente eleito só permitem chamar o governo de Honduras de golpista, não de interino, afirmam especialistas consultados pelo UOL Notícias. A atual administração do país centro-americano acusa o presidente deposto, Manuel Zelaya, de tentar violar a Constituição para buscar a renovação de seu mandato presidencial.
A administração liderada por Roberto Micheletti afirma que Zelaya está sujeito a ser preso se deixar a Embaixada do Brasil por ter violado a 4ª Cláusula da Constituição hondurenha, segundo a qual tentativas de mudar a Carta implicam perda imediata do cargo público. Os golpistas acusam o presidente deposto de abuso de poder e de traição à pátria.
Para os analistas, ainda que Zelaya tenha tentado promover um referendo para mudar a Constituição hondurenha, nada nela prevê que o mandatário seria expulso do país, o que reforça os contornos de golpe de Estado na ação promovida pelo grupo de Micheletti. Além disso, dizem eles, pesa contra o regime de Tegucigalpa a ausência de reconhecimento não apenas por outros países, mas também pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização dos Estados Americanos (OEA).
Os especialistas ouvidos foram unânimes ao considerar que chamar o governo de Micheletti de interino seria uma concessão a uma gestão com traços autoritários - inclusive com suspensão de direitos constitucionais e censura à imprensa - e que carece de respaldo globalmente. Nenhum governo do mundo até o momento reconheceu o regime estabelecido em Tegucigalpa após a deposição de Zelaya, que desde a semana passada está abrigado na Embaixada do Brasil na capital do país.
"Honduras faz parte da Convenção Americana dos Direitos Humanos e ali está claro que em todo processo legal deve haver direito ao contraditório. Mesmo uma pessoa acusada de um crime tem o direito de defesa. Isso não foi observado e diante de uma suposta violação decidiu-se simplesmente tirar o presidente do país e instituir outro regime. Isso permite dizer que há lá um governo golpista", afirmou Pedro Dallari, professor de Direito Internacional da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).
Especialista em questões latino-americanas, o venezuelano Rafael Villa diz que a administração de Micheletti não pode ser chamada de ditadura porque mal acabou de se instalar no poder, mas afirma que se trata de um governo golpista, que também pode ser chamado de regime de fato. "A linha divisória entre governo de fato e governo golpista não existe. Ambos emergem fora das regras estabelecidas e que dão legitimidade. Ambos supõem governo fora de legalidade e carentes de legitimidade. É esse o caso de Honduras", afirmou.
Exemplos internacionais
O professor da USP diz que a falta de reconhecimento internacional é um grande elemento que reforça o caráter golpista do grupo hondurenho. Ele lembrou a situação do Haiti, que afastou o então presidente Jean-Bertrand Aristide em meio a uma revolta popular e o isolou na África do Sul, em 2004. Depois de chegar ao continente africano, ele alegou que não tinha renunciado e que os Estados Unidos o tinham sequestrado.
"No caso do Haiti houve uma espécie de acordo entre países da comunidade internacional, um reconhecimento da situação de fato que se deu contra Aristide.
Enquanto no caso do governo golpista de Honduras, em maior ou menor intensidade há apenas condenação. Tanto é que o governo golpista está desamparado nessa crise e está tomando medidas que reforçam esse caráter, como impedir a entrada de diplomatas da Organização dos Estados Americanos (OEA). Não é possível chamar de interino um governo que não aceita organizações internacionais", disse.
Para Gilberto Sarfati, professor das Faculdades Rio Branco e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o momento decisivo para o regime de Micheletti ganhar a alcunha de golpista é o sequestro de Zelaya e sua retirada do país. "Qualquer legitimidade foi perdida aí. Se o presidente estava aprontando e havia uma previsão institucional de que poderia perder o cargo se tentasse violar a Carta Magna, poderia haver alguma legitimação. Mas o que aconteceu não foi isso, foi uma remoção forçosa do poder. Isso só pode ter o nome de golpe de Estado", afirmou.
Além disso, diz o professor, se a Constituição hondurenha previsse todos esses passos - incluindo a expulsão de Zelaya do país - haveria mais justificativa para o afastamento de Zelaya do poder. Como isso não existe no texto, a ordem institucional de Honduras foi rompida.
"Na Turquia a Constituição prevê que se um partido muçulmano chegar ao poder e quiser aplicar algo da sharia [lei islâmica] pode ser removido. Isso aconteceu em 1997, os militares governaram um ano até chegarem as eleições. O movimento que aos nossos olhos ocidentais se assemelha a um golpe foi considerado legítimo, porque a ordem institucional foi mantida. Não foi o caso de Honduras", completou."
FONTE: reportagem de Maurício Savarese, do UOL Notícias, em São Paulo, postada esta noite (28/09) no portal UOL.
JORNAIS DA TV GLOBO E TV BAND AINDA PREFEREM DEFENDER MICHELETTI, NA ESPERANÇA DE ASSIM DENEGRIR A POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA E FAVORECER A DIREITA (PSDB/DEM/PPS/PV).
Vejamos o texto do portal UOL:
Governo de Honduras é golpista e não interino, dizem especialistas
"A falta de devido processo legal, a inexistência de apoio da comunidade internacional e a origem em um levante para remover um chefe de Estado legitimamente eleito só permitem chamar o governo de Honduras de golpista, não de interino, afirmam especialistas consultados pelo UOL Notícias. A atual administração do país centro-americano acusa o presidente deposto, Manuel Zelaya, de tentar violar a Constituição para buscar a renovação de seu mandato presidencial.
A administração liderada por Roberto Micheletti afirma que Zelaya está sujeito a ser preso se deixar a Embaixada do Brasil por ter violado a 4ª Cláusula da Constituição hondurenha, segundo a qual tentativas de mudar a Carta implicam perda imediata do cargo público. Os golpistas acusam o presidente deposto de abuso de poder e de traição à pátria.
Para os analistas, ainda que Zelaya tenha tentado promover um referendo para mudar a Constituição hondurenha, nada nela prevê que o mandatário seria expulso do país, o que reforça os contornos de golpe de Estado na ação promovida pelo grupo de Micheletti. Além disso, dizem eles, pesa contra o regime de Tegucigalpa a ausência de reconhecimento não apenas por outros países, mas também pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização dos Estados Americanos (OEA).
Os especialistas ouvidos foram unânimes ao considerar que chamar o governo de Micheletti de interino seria uma concessão a uma gestão com traços autoritários - inclusive com suspensão de direitos constitucionais e censura à imprensa - e que carece de respaldo globalmente. Nenhum governo do mundo até o momento reconheceu o regime estabelecido em Tegucigalpa após a deposição de Zelaya, que desde a semana passada está abrigado na Embaixada do Brasil na capital do país.
"Honduras faz parte da Convenção Americana dos Direitos Humanos e ali está claro que em todo processo legal deve haver direito ao contraditório. Mesmo uma pessoa acusada de um crime tem o direito de defesa. Isso não foi observado e diante de uma suposta violação decidiu-se simplesmente tirar o presidente do país e instituir outro regime. Isso permite dizer que há lá um governo golpista", afirmou Pedro Dallari, professor de Direito Internacional da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).
Especialista em questões latino-americanas, o venezuelano Rafael Villa diz que a administração de Micheletti não pode ser chamada de ditadura porque mal acabou de se instalar no poder, mas afirma que se trata de um governo golpista, que também pode ser chamado de regime de fato. "A linha divisória entre governo de fato e governo golpista não existe. Ambos emergem fora das regras estabelecidas e que dão legitimidade. Ambos supõem governo fora de legalidade e carentes de legitimidade. É esse o caso de Honduras", afirmou.
Exemplos internacionais
O professor da USP diz que a falta de reconhecimento internacional é um grande elemento que reforça o caráter golpista do grupo hondurenho. Ele lembrou a situação do Haiti, que afastou o então presidente Jean-Bertrand Aristide em meio a uma revolta popular e o isolou na África do Sul, em 2004. Depois de chegar ao continente africano, ele alegou que não tinha renunciado e que os Estados Unidos o tinham sequestrado.
"No caso do Haiti houve uma espécie de acordo entre países da comunidade internacional, um reconhecimento da situação de fato que se deu contra Aristide.
Enquanto no caso do governo golpista de Honduras, em maior ou menor intensidade há apenas condenação. Tanto é que o governo golpista está desamparado nessa crise e está tomando medidas que reforçam esse caráter, como impedir a entrada de diplomatas da Organização dos Estados Americanos (OEA). Não é possível chamar de interino um governo que não aceita organizações internacionais", disse.
Para Gilberto Sarfati, professor das Faculdades Rio Branco e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o momento decisivo para o regime de Micheletti ganhar a alcunha de golpista é o sequestro de Zelaya e sua retirada do país. "Qualquer legitimidade foi perdida aí. Se o presidente estava aprontando e havia uma previsão institucional de que poderia perder o cargo se tentasse violar a Carta Magna, poderia haver alguma legitimação. Mas o que aconteceu não foi isso, foi uma remoção forçosa do poder. Isso só pode ter o nome de golpe de Estado", afirmou.
Além disso, diz o professor, se a Constituição hondurenha previsse todos esses passos - incluindo a expulsão de Zelaya do país - haveria mais justificativa para o afastamento de Zelaya do poder. Como isso não existe no texto, a ordem institucional de Honduras foi rompida.
"Na Turquia a Constituição prevê que se um partido muçulmano chegar ao poder e quiser aplicar algo da sharia [lei islâmica] pode ser removido. Isso aconteceu em 1997, os militares governaram um ano até chegarem as eleições. O movimento que aos nossos olhos ocidentais se assemelha a um golpe foi considerado legítimo, porque a ordem institucional foi mantida. Não foi o caso de Honduras", completou."
FONTE: reportagem de Maurício Savarese, do UOL Notícias, em São Paulo, postada esta noite (28/09) no portal UOL.
GARCIA: EUA PODERIAM ATUAR MAIS EM HONDURAS
por Diego Salmen, em Terra Magazine
"A crise em Honduras poderia ter um desfecho diferente caso os Estados Unidos decidissem aplicar "constrangimentos maiores" ao governo golpista. A avaliação é de Marco Aurélio Garcia, assessor da Presidência da República para Assuntos Internacionais.
- Se os Estados Unidos decidissem aplicar constrangimentos maiores a Honduras, isso teria um impacto muito mais forte.
Em entrevista a Terra Magazine, o professor Marco Aurélio nega que o Brasil tenha agido deliberadamente ao abrigar o presidente destituído de Honduras, Manuel Zelaya, em sua embaixada no país centro-americano.
Nega, também, que a motivação por trás dessa postura seja a tentativa de garantir uma vaga no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). "A evolução dos acontecimentos é que levou o Brasil a ter um protagonismo e uma visibilidade maiores", diz.
Confira a entrevista.
Terra Magazine - O presidente Lula diz que o Brasil não vai aceitar "ultimato de golpistas". Mas como lidar com essa ameaça sabendo que Michelleti tem o poder de fato no país?
Marco Aurélio - Ele tem o poder de fato, mas se ele... Ele já declarou que não pretende invadir a embaixada. E se invadir ou realizar qualquer ato de hostilidade maior, evidentemente que ele estará exposto às sanções do Conselho de Segurança da ONU.
O Brasil retaliaria unilateralmente, caso isso ocorresse?
Nós já retaliamos, não unilateralmente, mas multilateralmente. Nós suspendemos financiamentos, toda a ajuda financeira, passamos a exigir vistos para eles... É claro que aí nós procurariamos acentuar sanções multilaterais, e é um país que não tem condições de se sustentar por muito tempo sozinho. Ele já está numa situação bastante difícil.
Até por isso o senhor não acha que os EUA, por terem mais poder, poderiam ter uma participação maior na restituição de Zelaya?
Sem dúvida nenhuma. Se os Estados Unidos decidissem aplicar constrangimentos maiores a Honduras, isso teria um impacto muito mais forte.
O Brasil tem alguma preocupação com as declarações de Zelaya incitando à desobediência civil no país?
Não, o governo brasileiro já pediu para o Zelaya se abster de fazer declarações, evidentemente para não criar uma situação constrangedora para ele mesmo. Nós não queremos transformar a embaixada brasileira num escritório político, mas eu acho que ele vai seguir essa orientação.
Neste fim de semana o presidente Lula se reuniu, na Cúpula América do Sul-África, com personalidades como Muammar Kadafi (presidente da Líbia) e Robert Mugabe (presidente do Zimbábue), consideradas ditadores pela comunidade internacional. Isso não enfraquece a postura pró-democracia do Brasil em relação a Honduras?
Não... Veja bem: nós estamos observando na África e de uma maneira geral um movimento muito forte não só de recuperação econômica, mas também de recuperação da democracia. Nossa posição não é de nos imiscuir em questões políticas internas de outros países.
E em Honduras?
No caso de Honduras, foi um recurso internacional, generalizado e o tema foi tratado em primeiro lugar na OEA. Nós tratamos inclusive com muito cuidado; em um primeiro momento, havia alguns dizendo que o Brasil não estava fazendo o suficiente, estavam querendo que nós tivéssemos uma atitude mais adequada para o momento. De maneira geral, nós temos uma política, diante desses fenômenos, sobretudo em áreas mais distantes da nossa, de não pregar políticas de isolamento e constrangimento, muito pelo contrário: buscamos, pela persuasão, fazer com que essas situações melhorem.
Mesmo no caso de Mugabe, o ministro Celso Amorim já havia estado lá há alguns meses, manteve contatos com ele e com a oposição, e hoje há uma situação um pouco diferente. Há um acordo (de Mugabe) com a oposição. É um processo de caráter mais democratizante no país.
O senhor acredita que essa postura do Brasil na crise em Honduras ajudará o país a pleitear uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU?
Em primeiro lugar, não é isso que está nos movendo. O pessoal tem que perder a mania de achar que é isso o que está nos movendo, de maneira nenhuma. Não é essa a preocupação. Nós tinhamos uma atitude muito moderada no caso de Honduras, e até discreta. Isso ganhou uma visibilidade a partir do momento em que o Zelaya, o presidente constitucional, bateu às portas da embaixada brasileira pedindo proteção.
E evidentemente o Brasil não poderia deixar de oferecer essa proteção, sobretudo se tratando do presidente constitucional. Se fosse outro caso, nós poderíamos adotar uma norma mais estrita de asilo. A evolução dos acontecimentos é que levou o Brasil a ter um protagonismo e uma visibilidade maiores, e não uma ação deliberada da nossa parte."
FONTE: publicado hoje (28/09) pelo portal Terra Magazine, do jornalista Bob Fernandes. Reproduzido, também, no portal "Vi o mundo".
"A crise em Honduras poderia ter um desfecho diferente caso os Estados Unidos decidissem aplicar "constrangimentos maiores" ao governo golpista. A avaliação é de Marco Aurélio Garcia, assessor da Presidência da República para Assuntos Internacionais.
- Se os Estados Unidos decidissem aplicar constrangimentos maiores a Honduras, isso teria um impacto muito mais forte.
Em entrevista a Terra Magazine, o professor Marco Aurélio nega que o Brasil tenha agido deliberadamente ao abrigar o presidente destituído de Honduras, Manuel Zelaya, em sua embaixada no país centro-americano.
Nega, também, que a motivação por trás dessa postura seja a tentativa de garantir uma vaga no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). "A evolução dos acontecimentos é que levou o Brasil a ter um protagonismo e uma visibilidade maiores", diz.
Confira a entrevista.
Terra Magazine - O presidente Lula diz que o Brasil não vai aceitar "ultimato de golpistas". Mas como lidar com essa ameaça sabendo que Michelleti tem o poder de fato no país?
Marco Aurélio - Ele tem o poder de fato, mas se ele... Ele já declarou que não pretende invadir a embaixada. E se invadir ou realizar qualquer ato de hostilidade maior, evidentemente que ele estará exposto às sanções do Conselho de Segurança da ONU.
O Brasil retaliaria unilateralmente, caso isso ocorresse?
Nós já retaliamos, não unilateralmente, mas multilateralmente. Nós suspendemos financiamentos, toda a ajuda financeira, passamos a exigir vistos para eles... É claro que aí nós procurariamos acentuar sanções multilaterais, e é um país que não tem condições de se sustentar por muito tempo sozinho. Ele já está numa situação bastante difícil.
Até por isso o senhor não acha que os EUA, por terem mais poder, poderiam ter uma participação maior na restituição de Zelaya?
Sem dúvida nenhuma. Se os Estados Unidos decidissem aplicar constrangimentos maiores a Honduras, isso teria um impacto muito mais forte.
O Brasil tem alguma preocupação com as declarações de Zelaya incitando à desobediência civil no país?
Não, o governo brasileiro já pediu para o Zelaya se abster de fazer declarações, evidentemente para não criar uma situação constrangedora para ele mesmo. Nós não queremos transformar a embaixada brasileira num escritório político, mas eu acho que ele vai seguir essa orientação.
Neste fim de semana o presidente Lula se reuniu, na Cúpula América do Sul-África, com personalidades como Muammar Kadafi (presidente da Líbia) e Robert Mugabe (presidente do Zimbábue), consideradas ditadores pela comunidade internacional. Isso não enfraquece a postura pró-democracia do Brasil em relação a Honduras?
Não... Veja bem: nós estamos observando na África e de uma maneira geral um movimento muito forte não só de recuperação econômica, mas também de recuperação da democracia. Nossa posição não é de nos imiscuir em questões políticas internas de outros países.
E em Honduras?
No caso de Honduras, foi um recurso internacional, generalizado e o tema foi tratado em primeiro lugar na OEA. Nós tratamos inclusive com muito cuidado; em um primeiro momento, havia alguns dizendo que o Brasil não estava fazendo o suficiente, estavam querendo que nós tivéssemos uma atitude mais adequada para o momento. De maneira geral, nós temos uma política, diante desses fenômenos, sobretudo em áreas mais distantes da nossa, de não pregar políticas de isolamento e constrangimento, muito pelo contrário: buscamos, pela persuasão, fazer com que essas situações melhorem.
Mesmo no caso de Mugabe, o ministro Celso Amorim já havia estado lá há alguns meses, manteve contatos com ele e com a oposição, e hoje há uma situação um pouco diferente. Há um acordo (de Mugabe) com a oposição. É um processo de caráter mais democratizante no país.
O senhor acredita que essa postura do Brasil na crise em Honduras ajudará o país a pleitear uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU?
Em primeiro lugar, não é isso que está nos movendo. O pessoal tem que perder a mania de achar que é isso o que está nos movendo, de maneira nenhuma. Não é essa a preocupação. Nós tinhamos uma atitude muito moderada no caso de Honduras, e até discreta. Isso ganhou uma visibilidade a partir do momento em que o Zelaya, o presidente constitucional, bateu às portas da embaixada brasileira pedindo proteção.
E evidentemente o Brasil não poderia deixar de oferecer essa proteção, sobretudo se tratando do presidente constitucional. Se fosse outro caso, nós poderíamos adotar uma norma mais estrita de asilo. A evolução dos acontecimentos é que levou o Brasil a ter um protagonismo e uma visibilidade maiores, e não uma ação deliberada da nossa parte."
FONTE: publicado hoje (28/09) pelo portal Terra Magazine, do jornalista Bob Fernandes. Reproduzido, também, no portal "Vi o mundo".
DIPLOMATA: PRESSÃO DE GOLPISTAS PODE FUNCIONAR
Terra Magazine
"O diplomata brasileiro Lineu de Paula, representante brasileiro na embaixada em Tegucigalpa (Honduras), conta a Terra Magazine como está a situação dentro do local: os abrigados ainda têm comida, água e internet; Zelaya está cansado, e o Exército pressiona. "Isso é típico de lugares sitiados: pressão, pressão, pressão. E acredito que com o passar do tempo isto pode funcionar", admite.
- Sair daqui derrotado será humilhante para Zelaya e o País continuará num limbo jurídico e diplomático - diz.
Lineu Pupo de Paula é diplomata há 28 anos. Já foi assessor do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e hoje responde diretamente a ele. Sua tarefa é manter a ordem na embaixada e garantir que não sejam feitas reuniões políticas.
- Zelaya andou se excedendo na hora de falar e soltar alguns comunicados. O ministro Celso Amorim me ligou, pediu para que eu falasse com Zelaya. O fiz ainda ontem. Zelaya já está mais comedido. É difícil ser comedido, mas ele entendeu o recado, sabe que está aqui como convidado.
O governo Michelletti emitiu um decreto no qual suspende por 45 dias as garantias constitucionais; a emissora local Rádio Globo foi invadida e fechada por militares. "Acredito que isso foi uma endurecida bastante significativa", diz Lineu.
Nesta segunda, 28, o golpe faz três meses. Segundo o diplomata, isso deixou o Exército hondurenho particularmente mais preocupado. No dia 28 de junho passado, o presidente Manuel Zelaya foi deposto por uma junta militar. De pijamas, foi deportado para a Costa Rica.
O presidente do Congresso de Honduras, Roberto Micheletti, assumiu a Presidência, dizendo não se tratar de um golpe de Estado. Zelaya, então, foi proibido de retornar ao país.
Após sucessivas ameaças de atravessar as fronteiras, Zelaya finalmente o fez em 21 de setembro. Ele se encontra refugiado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.
Leia abaixo a íntegra da entrevista:
Terra Magazine - O senhor acredita que será possível manter a ordem na embaixada? Existe alguma mobilização atípica das tropas?
Lineu de Paula - Hoje, umas cinco da manhã, os helicópteros não pararam. Aqui conseguimos ver mais Exército. Mas eles não vão invadir. Não há nenhuma possibilidade. Isto é, na verdade, uma pressão psicológica sobre as pessoas que estão aqui há mais de uma semana e que estão ficando cansadas. Isso é típico de lugares sitiados: pressão, pressão, pressão. E acredito que com o passar do tempo isto pode funcionar.
Como Zelaya vem reagindo a essa pressão?
Ele aparenta estar muito cansado. Eu olho para ele e vejo uma pessoa cansada.
O senhor acredita que isso facilite um entendimento com Micheletti?
Ele está disposto a encontrar um acordo. Quem está inflexível é o Micheletti. Zelaya está aguardando. Sair daqui derrotado será humilhante para Zelaya e o país continuará num limbo jurídico e diplomático.
O governo de fato de Honduras emitiu um decreto no qual suspende por 45 dias as garantias constitucionais; a rádio Globo também foi fechada. O senhor acredita que isso enfraqueça a resistência ao golpe?
Acredito que isso foi uma endurecida bastante significativa. A preocupação do governo de fato é que hoje faz três meses da realização do golpe. Eles estavam muito preocupados com o que poderia acontecer hoje e estão particularmente mais preocupados.
Uma comissão de parlamentares brasileiros quer ir até Honduras. O que o senhor acha da iniciativa?
Imagino que tenham combinado com o Congresso hondurenho, porque sem ter combinado previamente é difícil até de entrar no país. Acredito que a ajuda do Congresso brasileiro é importante.
Como o senhor avalia que esta crise em Honduras possa ter contribuído para o Brasil se afirmar como uma liderança pacificadora do continente?
Boa pergunta. Por que ele escolheu o Brasil? Não sei. Acredito que tenha escolhido o Brasil porque sempre tivemos uma diplomacia confiável. Nós não sabíamos que ele viria e, se soubéssemos, isto aqui estaria muito mais organizado, com telefones, camas e água quente.
Só tem água gelada?
Nem me fale (risos).
Qual é, no geral, a situação dentro da embaixada?
Aqui dentro estamos fechados, cercados. Não acontece muita coisa. O caos está na cidade. Zelaya acorda tarde. Ainda não o vi hoje. A tensão é muito grande, precisamos descansar. Aqui é muito grande, o andar de cima é bem organizado e limpo. Temos o mínimo de conforto.
E privacidade?
Eu tenho um quarto, que era a sala do ministro conselheiro. Durmo em um colchão de ar. Mas a minha privacidade está mais do que respeitada. Na sala ao lado, que é maior, fica Zelaya com sua esposa, filho, namorada do filho e mais dois assessores.
Os alimentos estão chegando?
Sim, temos muito alimento, recebemos muitas doações. Não falta nada em matéria de comida. O problema de estar aqui é o fato de estarmos presos, sem poder sair e com tensão constante. É isso o que mais cansa. Eu, como diplomata encarregado de controlar a ocupação do espaço aqui dentro, cuido para que eles não ocupem todo o espaço, não estraguem nada e nem façam política daqui de dentro. Essa é a principal: não permitir que se faça política.
O senhor acredita que é possível controlar isso?
Zelaya andou se excedendo na hora de falar e soltar alguns comunicados. O ministro Celso Amorim me ligou, pediu para que eu falasse com Zelaya. O fiz ainda ontem. Zelaya já está mais comedido. É difícil ser comedido, mas ele entendeu o recado, sabe que está aqui como convidado, eles são muito educados e o lugar está impressionantemente organizado. Hoje, talvez, eu saia e o Francisco Cantunda (NR: encarregado de negócios da embaixada em Honduras) assuma aqui.
A nossa ligação não para de cair. Esta é a terceira vez...
Eu acredito que haja algum bloqueador de celular. As ligações não estão durando.
Há corte de energia?
Olha, eu tenho luz, água, internet.
Wireless?
A cabo. Tenho também telefone fixo.
(Atende outra ligação)
Olha, eu não paro de atender telefone. Tem 20 jornalistas lá fora tentando entrar."
FONTE: reportagem de Marcela Rocha publicada hoje (28/09) no portal Terra Magazine, do jornalista Bob Fernandes.
"O diplomata brasileiro Lineu de Paula, representante brasileiro na embaixada em Tegucigalpa (Honduras), conta a Terra Magazine como está a situação dentro do local: os abrigados ainda têm comida, água e internet; Zelaya está cansado, e o Exército pressiona. "Isso é típico de lugares sitiados: pressão, pressão, pressão. E acredito que com o passar do tempo isto pode funcionar", admite.
- Sair daqui derrotado será humilhante para Zelaya e o País continuará num limbo jurídico e diplomático - diz.
Lineu Pupo de Paula é diplomata há 28 anos. Já foi assessor do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e hoje responde diretamente a ele. Sua tarefa é manter a ordem na embaixada e garantir que não sejam feitas reuniões políticas.
- Zelaya andou se excedendo na hora de falar e soltar alguns comunicados. O ministro Celso Amorim me ligou, pediu para que eu falasse com Zelaya. O fiz ainda ontem. Zelaya já está mais comedido. É difícil ser comedido, mas ele entendeu o recado, sabe que está aqui como convidado.
O governo Michelletti emitiu um decreto no qual suspende por 45 dias as garantias constitucionais; a emissora local Rádio Globo foi invadida e fechada por militares. "Acredito que isso foi uma endurecida bastante significativa", diz Lineu.
Nesta segunda, 28, o golpe faz três meses. Segundo o diplomata, isso deixou o Exército hondurenho particularmente mais preocupado. No dia 28 de junho passado, o presidente Manuel Zelaya foi deposto por uma junta militar. De pijamas, foi deportado para a Costa Rica.
O presidente do Congresso de Honduras, Roberto Micheletti, assumiu a Presidência, dizendo não se tratar de um golpe de Estado. Zelaya, então, foi proibido de retornar ao país.
Após sucessivas ameaças de atravessar as fronteiras, Zelaya finalmente o fez em 21 de setembro. Ele se encontra refugiado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.
Leia abaixo a íntegra da entrevista:
Terra Magazine - O senhor acredita que será possível manter a ordem na embaixada? Existe alguma mobilização atípica das tropas?
Lineu de Paula - Hoje, umas cinco da manhã, os helicópteros não pararam. Aqui conseguimos ver mais Exército. Mas eles não vão invadir. Não há nenhuma possibilidade. Isto é, na verdade, uma pressão psicológica sobre as pessoas que estão aqui há mais de uma semana e que estão ficando cansadas. Isso é típico de lugares sitiados: pressão, pressão, pressão. E acredito que com o passar do tempo isto pode funcionar.
Como Zelaya vem reagindo a essa pressão?
Ele aparenta estar muito cansado. Eu olho para ele e vejo uma pessoa cansada.
O senhor acredita que isso facilite um entendimento com Micheletti?
Ele está disposto a encontrar um acordo. Quem está inflexível é o Micheletti. Zelaya está aguardando. Sair daqui derrotado será humilhante para Zelaya e o país continuará num limbo jurídico e diplomático.
O governo de fato de Honduras emitiu um decreto no qual suspende por 45 dias as garantias constitucionais; a rádio Globo também foi fechada. O senhor acredita que isso enfraqueça a resistência ao golpe?
Acredito que isso foi uma endurecida bastante significativa. A preocupação do governo de fato é que hoje faz três meses da realização do golpe. Eles estavam muito preocupados com o que poderia acontecer hoje e estão particularmente mais preocupados.
Uma comissão de parlamentares brasileiros quer ir até Honduras. O que o senhor acha da iniciativa?
Imagino que tenham combinado com o Congresso hondurenho, porque sem ter combinado previamente é difícil até de entrar no país. Acredito que a ajuda do Congresso brasileiro é importante.
Como o senhor avalia que esta crise em Honduras possa ter contribuído para o Brasil se afirmar como uma liderança pacificadora do continente?
Boa pergunta. Por que ele escolheu o Brasil? Não sei. Acredito que tenha escolhido o Brasil porque sempre tivemos uma diplomacia confiável. Nós não sabíamos que ele viria e, se soubéssemos, isto aqui estaria muito mais organizado, com telefones, camas e água quente.
Só tem água gelada?
Nem me fale (risos).
Qual é, no geral, a situação dentro da embaixada?
Aqui dentro estamos fechados, cercados. Não acontece muita coisa. O caos está na cidade. Zelaya acorda tarde. Ainda não o vi hoje. A tensão é muito grande, precisamos descansar. Aqui é muito grande, o andar de cima é bem organizado e limpo. Temos o mínimo de conforto.
E privacidade?
Eu tenho um quarto, que era a sala do ministro conselheiro. Durmo em um colchão de ar. Mas a minha privacidade está mais do que respeitada. Na sala ao lado, que é maior, fica Zelaya com sua esposa, filho, namorada do filho e mais dois assessores.
Os alimentos estão chegando?
Sim, temos muito alimento, recebemos muitas doações. Não falta nada em matéria de comida. O problema de estar aqui é o fato de estarmos presos, sem poder sair e com tensão constante. É isso o que mais cansa. Eu, como diplomata encarregado de controlar a ocupação do espaço aqui dentro, cuido para que eles não ocupem todo o espaço, não estraguem nada e nem façam política daqui de dentro. Essa é a principal: não permitir que se faça política.
O senhor acredita que é possível controlar isso?
Zelaya andou se excedendo na hora de falar e soltar alguns comunicados. O ministro Celso Amorim me ligou, pediu para que eu falasse com Zelaya. O fiz ainda ontem. Zelaya já está mais comedido. É difícil ser comedido, mas ele entendeu o recado, sabe que está aqui como convidado, eles são muito educados e o lugar está impressionantemente organizado. Hoje, talvez, eu saia e o Francisco Cantunda (NR: encarregado de negócios da embaixada em Honduras) assuma aqui.
A nossa ligação não para de cair. Esta é a terceira vez...
Eu acredito que haja algum bloqueador de celular. As ligações não estão durando.
Há corte de energia?
Olha, eu tenho luz, água, internet.
Wireless?
A cabo. Tenho também telefone fixo.
(Atende outra ligação)
Olha, eu não paro de atender telefone. Tem 20 jornalistas lá fora tentando entrar."
FONTE: reportagem de Marcela Rocha publicada hoje (28/09) no portal Terra Magazine, do jornalista Bob Fernandes.
CLINTON DENUNCIA CONSPIRAÇÃO DE DIREITA CONTRA OBAMA
"O ex-presidente norte-americano Bill Clinton denunciou ontem (27 de setembro), em Washington, que uma “imensa conspiração de direita”, que também o vitimou durante seu governo, ameaça o governo Barack Obama.
O ex-mandatário deu tais declarações em entrevista concedida à rede NBC, no programa “Meet the press”, durante o qual Clinton foi inquirido sobre o episódio envolvendo a ex-estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky há cerca de uma década.
Há poucos dias, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, aludiu à mesma “imensa conspiração direitista” para explicar como os inimigos políticos de seu marido tentaram destruir sua presidência.
Perguntado, no programa supra mencionado, se considerava que a conspiração de direita prossegue, agora contra Obama, Clinton respondeu: postado por Eduardo Gui
'É claro que sim. Com certeza. Não é uma conspiração tão forte quanto na minha época porque os Estados Unidos mudaram demograficamente, mas [a conspiração] continua tão virulenta quanto antes'."
FONTE: postado hoje (28/09) por Eduardo Guimarães em seu blog "Cidadania.com"
O ex-mandatário deu tais declarações em entrevista concedida à rede NBC, no programa “Meet the press”, durante o qual Clinton foi inquirido sobre o episódio envolvendo a ex-estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky há cerca de uma década.
Há poucos dias, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, aludiu à mesma “imensa conspiração direitista” para explicar como os inimigos políticos de seu marido tentaram destruir sua presidência.
Perguntado, no programa supra mencionado, se considerava que a conspiração de direita prossegue, agora contra Obama, Clinton respondeu: postado por Eduardo Gui
'É claro que sim. Com certeza. Não é uma conspiração tão forte quanto na minha época porque os Estados Unidos mudaram demograficamente, mas [a conspiração] continua tão virulenta quanto antes'."
FONTE: postado hoje (28/09) por Eduardo Guimarães em seu blog "Cidadania.com"
ENTREVISTA COM DILMA ROUSSEFF
Lula não quer fazer o sucessor por capricho. É que o Brasil vai ter uma revolução ainda maior, que nós iniciamos
"Ministra Dilma diz que não é nem pré-candidata ainda, e que, se for escolhida outra pessoa, vai trabalhar pelo projeto do presidente Lula: “por acreditar nele, vou fazê-lo com paixão”.
R7 – A senhora vai buscar mais aproximação com os políticos do PMDB?
Dilma Rousseff - Acredito que tenho uma aproximação razoável com os políticos do PMDB. Eu não sou uma pessoa da articulação política, mas eu convivo muito porque há por parte dos deputados e senadores uma preocupação com os principais problemas do governo. Vira e mexe, eles pedem explicação, querem saber. Eu dou, perfeitamente. Acho importante. Eles são da base do governo e quanto mais consciente a base for do que está ocorrendo, melhor, nos ajuda.
Essa relação é muito importante, porque [os projetos e obras] são lá na região dele [parlamentar], no Estado dele. Ele é que sabe porque está atrasado. E não é só gente da base [de apoio ao governo], não. É de todo o Brasil, incluindo a oposição. Tem muitos Estados que quando chega um [parlamentar], chegam todos. O que é normal.
A mesma coisa acontece na forma como nós estruturamos no PAC Saneamento e Habitação. No passado, a gente sabe que era assim: o prefeito ou governador ganhava mais obras quanto mais próximo do governo ele estivesse, do ponto de vista do apoio político.
Se tem uma coisa ultrapassada, clientelista e velha, é isso! Eu acho que um grande mérito do presidente Lula foi acabar com esta prática. Nós não olhamos a origem nem do deputado, nem do senador. Da mesma forma no caso do prefeito e do governador. Pode olhar a distribuição! Muitas vezes aparece nos jornais: estão dando mais dinheiro para prefeitos do PT. Não é verdade! Se fosse, nós não teríamos o reconhecimento dos prefeitos que nós temos. Acho que isso é uma modernizada boa no Brasil.
R7 – Como a senhora vai administrar a pressão por se declarar candidata, que vai aumentar daqui para frente, principalmente com a divulgação de pesquisas de intenção de voto?
Dilma - A pesquisa é o retrato do momento para o bem e para o mal, tanto quando você que está lá em cima, quanto para quem está lá em baixo. Nenhum candidato desconhece isso. No meu caso específico, como não sou ainda nem pré-candidata – sei que sou eu quem o presidente considera uma possível candidata -, mas sequer fui aprovada ainda em instância política partidária. Não estou falando em convenção. Mas num congresso ou outra reunião. Quando isso acontecer, e se acontecer, e se for eu, vou tomar minhas medidas.
Se for outra pessoa, vou trabalhar intensamente, porque acho que o projeto do presidente Lula é um legado para este país. Então, por acreditar nele, vou fazê-lo com paixão. E por acreditar que, só se consegue ver quanta coisa há por fazer, porque fizemos muito. Temos um convívio muito grande com o que ainda resta fazer. Nosso presidente tem perfeita consciência do que é o futuro. Não quer fazer o sucessor por capricho. É pelo fato de saber que com um terceiro mandato – que ele não pode exercer porque é um democrata – o Brasil vai ter uma revolução ainda maior, que nós iniciamos.
Tenho certeza que, com o passar do tempo, o presidente vai ser visto como um dos maiores do país. Não só do ponto de vista internacional, que hoje pouca gente é capaz de negar. Antes negavam o dia inteiro, né? Achavam que a gente era um horror em política externa. Uma porção de bem-pensantes dizia assim: “Olha lá, estão eles indo para a África e para a América Latina, fazendo esta política terceiro mundista. Aí depois falaram: “O que eles estão fazendo no Oriente Médio?” E torceram um pouco o nariz para a China. Quando nós chegamos nos Estados Unidos e o presidente virou “o cara”, aí a coisa mudou. Mas não foi só com o Obama, foi um boa relação também com o governo Bush. E tivemos relação qualificada com a União Européia, com o Japão.
Do ponto de vista internacional, nós fizemos muita coisa. Eu acho fundamental ter provado que é possível desenvolver este país com inclusão social: 190 milhões de brasileiros e brasileiros são a nossa riqueza. O mercado interno, num país continental, com esta quantidade de recursos naturais, é como se fosse a nossa âncora, o nosso centro, aquilo que nos fortalece e nos dá energia, nos permite sair para o mundo e batalhar. E ter o que oferecer: 190 milhões de brasileiros consumindo, com casa própria, com educação de qualidade, com oportunidades.
“O contato com o povo é transformador. As pessoas são fatores de transformação nas suas comunidades. Ao contrário do que se pensa, são bem informadas.”
R7 – Como a senhora avalia hoje seu contato com o povo?
Dilma - É transformador! Quando você começa a ter contato com a população de forma mais intensa você descobre a imensa importância que é prestar contas à população. As pessoas são fatores de transformação nas suas comunidades, no seu Estado. E elas, ao contrário do que muita gente pensa, são bem informadas. Mesmo num ato público, você percebe as respostas, seja pelo aplauso, pelo jeito de olhar… Depois destes atos, o presidente vai junto ao alambrado falar com o pessoal. O que o povo diz é muito interessante. As pessoas não só fazem perguntas como apresentam sugestões, têm reivindicações, apontam o que está errado. É uma relação muito rica.
Tenho me esforçado muito para conseguir me comunicar cada vez melhor. Dentro do gabinete a gente fica tendo uma fala muito técnica, até sem cor, que não cria um vínculo de compreensão e de emoção entre as pessoas. E todo mundo é muito movido à emoção. E tem uma coisa muito interessante… É muito generoso o nosso povo. Atualmente ficam me olhando para ver se eu estou bem. E depois dizem: “Você está bem, você melhorou! Agora o pior passou, você vai ver!” É uma maneira muito direta. É uma experiência, viu?!
R7 – Carisma é uma coisa importante?
Dilma – Sem dúvida nenhuma, é muito relevante. Se se conquista, não tenho a menor idéia. Espero que sim! (risos)
R7 – Os resultados desta última pesquisa de opinião, que indicam rejeição de 40%, vão fazer a senhora mudar de comportamento de alguma maneira?
Dilma – Olha, eu era uma pessoa anônima, do ponto-de-vista do conhecimento popular. Comecei com 3%. As pesquisas foram me elevando. Então, as pessoas me perguntavam o que eu acho disso. Eu digo: “Acho que é espuma, é um retrato do momento”. Continuo achando. Acho que ainda sou muito desconhecida, acho que outras pessoas também são muito desconhecidas da população.
A campanha eleitoral não chegou ainda. O que eu defino como campanha eleitoral? É quando as pessoas têm igualdade de condições. Ou não está pesando o recall ou todo mundo tem acesso às mesmas mídias. As idéias estão sendo contrastadas. Caso eu venha a ser candidata, isso é outro momento, não é agora! Agora eu tenho ainda de dar conta de muita coisa dentro da Casa Civil e seguir trabalhando. Está aí meu presidente que não me deixa descansar. Mas também me protege. Não posso me queixar."
FONTE: entrevista realizada e postada pelo Portal R7 e reproduzida no blog "Por um novo Brasil", de Jussara Seixas.
A GUERRA PELOS SEMICONDUTORES
Texto publicado hoje (28/09) no portal do jornalista Luis Nassif:
"Por Miguel Menasche
Prezado Luis Nassif,
Encontrei, na Folha de S. Paulo de Domingo, 27 de setembro, o seguinte artigo que acredito mereceria um pouco da nossa atenção:
País entra na "guerra fiscal" mundial por semicondutores
Brasil oferece pacote de incentivos e negocia a instalação de cinco fábricas do setor
Complexo eletroeletrônico teve deficit de US$ 15 bi em 2008, sendo US$ 4 bi só com a compra de semicondutores (visores ou displays e chips)
AGNALDO BRITO, DA REPORTAGEM LOCAL [da Folha de São Paulo]
A indústria de componentes eletrônicos (que inclui dispositivos top como chips e displays, inseridos cada vez mais em produtos de consumo de massa) está a um passo de renascer no país. Um pacote de incentivos fiscais, financiamentos a juros módicos e oferta de participação pública em investimentos fabris foi anunciado pelo Brasil para todo o mundo e parece que começa a funcionar.
O BNDES negocia a instalação de cinco fábricas de semicondutores e displays no país, um grupo que pode trazer para cá até US$ 1 bilhão em investimento direto, algo que se configura como o ressurgimento de um setor industrial atropelado pelos asiáticos.
O pacote inclui até isenção de Imposto de Renda para as indústrias de semicondutores e displays.
A negociação está entregue a uma equipe de negociadores do BNDES. A meta é viabilizar a instalação de elos da cadeia de semicondutores e remontar uma rede de fornecedores para o atendimento dos mercados brasileiro e mundial, com ênfase na América Latina. A iniciativa pode recolocar o país no mapa dessa indústria que fatura US$ 200 bilhões anuais.
Além da estratégia de dar mais independência ao parque industrial brasileiro no acesso a dispositivos só disponíveis no mercado internacional, a instalação dessas empresas pode ajudar a reduzir o deficit comercial do país, uma conta que fica ano após ano mais salgada.
A explicação? O Brasil já tem um mercado anual de 15 milhões de computadores, mais de 40 milhões de celulares e 12 milhões de televisores. E os componentes essenciais são, em sua maioria, importados.
Em 2008, o deficit da balança comercial do complexo eletroeletrônico foi de US$ 15 bilhões, sendo US$ 4 bilhões só com a compra de semicondutores (visores ou displays e chips). Esta é uma conta que só cresce. Basta olhar o que ocorre com os displays.
Em 2012, o Brasil será o terceiro maior consumidor de displays, atrás de China e EUA. Se não atrair nenhuma indústria, será um contumaz importador.
No ano passado, o país comprou US$ 1 bilhão em displays (tecnologia de plasma e LCD), e esta despesa vai crescer neste ano, diz o governo. A crise reduzirá a venda de TVs no Brasil a menos de 12 milhões, mas há uma rápida substituição do velho cinescópio (os tubos de TV) por tecnologias consolidadas de displays, o plasma e o LCD.
Segundo Maurício Neves, chefe do departamento de indústria eletrônica do BNDES, além das cinco propostas firmes já dentro do banco, há ao menos cinco conversas em andamento, resultado da publicidade que o Itamaraty fez dos incentivos concedidos a quem quiser incluir o Brasil no mapa da indústria microeletrônica.
O banco tem mandato do governo para fechar acordos, o que inclui a participação do BNDESPar no negócio. As negociações estão protegidas por sigilo, mas já se sabe que as cinco indústrias que discutem a instalação de fábricas no Brasil cobrem os elos do setor de semicondutores e displays. Envolvem empresas com tecnologia para a produção de chips, encapsuladores (responsáveis pela proteção dos circuitos integrados dos chips e finalização do dispositivo) e displays."
FONTE: portal de Luis Nassif (em 28/09).
"Por Miguel Menasche
Prezado Luis Nassif,
Encontrei, na Folha de S. Paulo de Domingo, 27 de setembro, o seguinte artigo que acredito mereceria um pouco da nossa atenção:
País entra na "guerra fiscal" mundial por semicondutores
Brasil oferece pacote de incentivos e negocia a instalação de cinco fábricas do setor
Complexo eletroeletrônico teve deficit de US$ 15 bi em 2008, sendo US$ 4 bi só com a compra de semicondutores (visores ou displays e chips)
AGNALDO BRITO, DA REPORTAGEM LOCAL [da Folha de São Paulo]
A indústria de componentes eletrônicos (que inclui dispositivos top como chips e displays, inseridos cada vez mais em produtos de consumo de massa) está a um passo de renascer no país. Um pacote de incentivos fiscais, financiamentos a juros módicos e oferta de participação pública em investimentos fabris foi anunciado pelo Brasil para todo o mundo e parece que começa a funcionar.
O BNDES negocia a instalação de cinco fábricas de semicondutores e displays no país, um grupo que pode trazer para cá até US$ 1 bilhão em investimento direto, algo que se configura como o ressurgimento de um setor industrial atropelado pelos asiáticos.
O pacote inclui até isenção de Imposto de Renda para as indústrias de semicondutores e displays.
A negociação está entregue a uma equipe de negociadores do BNDES. A meta é viabilizar a instalação de elos da cadeia de semicondutores e remontar uma rede de fornecedores para o atendimento dos mercados brasileiro e mundial, com ênfase na América Latina. A iniciativa pode recolocar o país no mapa dessa indústria que fatura US$ 200 bilhões anuais.
Além da estratégia de dar mais independência ao parque industrial brasileiro no acesso a dispositivos só disponíveis no mercado internacional, a instalação dessas empresas pode ajudar a reduzir o deficit comercial do país, uma conta que fica ano após ano mais salgada.
A explicação? O Brasil já tem um mercado anual de 15 milhões de computadores, mais de 40 milhões de celulares e 12 milhões de televisores. E os componentes essenciais são, em sua maioria, importados.
Em 2008, o deficit da balança comercial do complexo eletroeletrônico foi de US$ 15 bilhões, sendo US$ 4 bilhões só com a compra de semicondutores (visores ou displays e chips). Esta é uma conta que só cresce. Basta olhar o que ocorre com os displays.
Em 2012, o Brasil será o terceiro maior consumidor de displays, atrás de China e EUA. Se não atrair nenhuma indústria, será um contumaz importador.
No ano passado, o país comprou US$ 1 bilhão em displays (tecnologia de plasma e LCD), e esta despesa vai crescer neste ano, diz o governo. A crise reduzirá a venda de TVs no Brasil a menos de 12 milhões, mas há uma rápida substituição do velho cinescópio (os tubos de TV) por tecnologias consolidadas de displays, o plasma e o LCD.
Segundo Maurício Neves, chefe do departamento de indústria eletrônica do BNDES, além das cinco propostas firmes já dentro do banco, há ao menos cinco conversas em andamento, resultado da publicidade que o Itamaraty fez dos incentivos concedidos a quem quiser incluir o Brasil no mapa da indústria microeletrônica.
O banco tem mandato do governo para fechar acordos, o que inclui a participação do BNDESPar no negócio. As negociações estão protegidas por sigilo, mas já se sabe que as cinco indústrias que discutem a instalação de fábricas no Brasil cobrem os elos do setor de semicondutores e displays. Envolvem empresas com tecnologia para a produção de chips, encapsuladores (responsáveis pela proteção dos circuitos integrados dos chips e finalização do dispositivo) e displays."
FONTE: portal de Luis Nassif (em 28/09).
A SUSPEITA RELAÇÃO DA MÍDIA BRASILEIRA COM OS GOLPISTAS
"A grande imprensa brasileira deve explicações sobre sua atuação nessa crise político-institucional em Honduras. Escandaliza sua evidente preocupação de reproduzir os argumentos dos golpistas hondurenhos, o que explica a facilidade de acesso de uma Globo a sítios em Tegucigalpa que poucos meios de comunicação estão tendo.
É imperativo que se investigue os contatos dos grandes meios de comunicação brasileiros com o regime golpista de Honduras e uma eventual aliança desses meios com aquele regime, o que o tom quinta-coluna do noticiário deles sugere com cada vez maior contundência que pode estar acontecendo.
A “solução” militar
Estou cada vez mais convencido de que a crise político-institucional em Honduras pode degringolar para um conflito armado entre o evidentemente bem montado exército golpista e uma força internacional de paz, provavelmente da ONU.
Como se sabe, as forças de repressão hondurenhas foram treinadas pela Escola das Américas, instituição mantida pelos EUA que ministra “cursos” sobre assuntos militares à outros países, entre os quais está Honduras, que, inclusive, tem efetivos militares norte-americanos em seu território.
A despeito do governo Barack Obama, a história da ingerência militar americana na América Central vem de décadas e mais décadas e as forças armadas da superpotência, como se sabe, identificam-se e atuam no mesmo tom que a ultra-direita americana, que tem defendido o golpe hondurenho.
Vejo que a comunidade internacional ainda reluta em tratar do assunto e entendo ser compreensível, mesmo sendo inaceitável.
No Brasil, fustigado por uma imprensa que vem apoiando os golpistas hondurenhos, o governo Lula hesita em cogitar reação que poucos países deixariam de cogitar ao se verem esbofeteados por um regime ilegal, ditatorial e que já dá passos como censura, tortura e assassínio indiscriminado.
A meu juízo, enfim, o regime hondurenho pode estar disposto a ir muito mais longe do que simplesmente violar a liberdade de imprensa e os direitos humanos. Vejo possibilidade crescente de esse regime se confrontar militarmente com países vizinhos, sobretudo com a Nicarágua e com a Venezuela.
SIP ignora censura em Honduras
A SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), organização que se diz preocupada com a liberdade de imprensa nas Américas, está praticamente ignorando as medidas todas que o regime golpista de Roberto Michelleti está tomando para censurar a mesmíssima liberdade de imprensa que a organização diz defender.
Neste momento, no site da entidade, ao listar as notícias ali veiculadas por ordem cronológica, aparecem notícias sobre supostas “ameaças” à liberdade de imprensa no Equador, na Bolívia, na Venezuela e até no Brasil, ao passo que a censura estabelecida pelo regime de facto de Honduras é solenemente ignorada.
Detalhe: ao listar as notícias do site da SIP por país, a última notícia que aparece sobre Honduras é de 2007."
FONTE: texto de Eduardo Guimarães publicado hoje (28/09) no seu blog "Cidadania.com".
É imperativo que se investigue os contatos dos grandes meios de comunicação brasileiros com o regime golpista de Honduras e uma eventual aliança desses meios com aquele regime, o que o tom quinta-coluna do noticiário deles sugere com cada vez maior contundência que pode estar acontecendo.
A “solução” militar
Estou cada vez mais convencido de que a crise político-institucional em Honduras pode degringolar para um conflito armado entre o evidentemente bem montado exército golpista e uma força internacional de paz, provavelmente da ONU.
Como se sabe, as forças de repressão hondurenhas foram treinadas pela Escola das Américas, instituição mantida pelos EUA que ministra “cursos” sobre assuntos militares à outros países, entre os quais está Honduras, que, inclusive, tem efetivos militares norte-americanos em seu território.
A despeito do governo Barack Obama, a história da ingerência militar americana na América Central vem de décadas e mais décadas e as forças armadas da superpotência, como se sabe, identificam-se e atuam no mesmo tom que a ultra-direita americana, que tem defendido o golpe hondurenho.
Vejo que a comunidade internacional ainda reluta em tratar do assunto e entendo ser compreensível, mesmo sendo inaceitável.
No Brasil, fustigado por uma imprensa que vem apoiando os golpistas hondurenhos, o governo Lula hesita em cogitar reação que poucos países deixariam de cogitar ao se verem esbofeteados por um regime ilegal, ditatorial e que já dá passos como censura, tortura e assassínio indiscriminado.
A meu juízo, enfim, o regime hondurenho pode estar disposto a ir muito mais longe do que simplesmente violar a liberdade de imprensa e os direitos humanos. Vejo possibilidade crescente de esse regime se confrontar militarmente com países vizinhos, sobretudo com a Nicarágua e com a Venezuela.
SIP ignora censura em Honduras
A SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), organização que se diz preocupada com a liberdade de imprensa nas Américas, está praticamente ignorando as medidas todas que o regime golpista de Roberto Michelleti está tomando para censurar a mesmíssima liberdade de imprensa que a organização diz defender.
Neste momento, no site da entidade, ao listar as notícias ali veiculadas por ordem cronológica, aparecem notícias sobre supostas “ameaças” à liberdade de imprensa no Equador, na Bolívia, na Venezuela e até no Brasil, ao passo que a censura estabelecida pelo regime de facto de Honduras é solenemente ignorada.
Detalhe: ao listar as notícias do site da SIP por país, a última notícia que aparece sobre Honduras é de 2007."
FONTE: texto de Eduardo Guimarães publicado hoje (28/09) no seu blog "Cidadania.com".
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