O jornal Folha de São Paulo de 25 dez publicou o seguinte texto de Kennedy Alencar:
“O fim do bloqueio americano a Cuba é parte da estratégia brasileira para fortalecer sua liderança na América Latina. Ao fazer apelos a Barack Obama para encerrar o embargo à ilha caribenha, Lula mira, sobretudo, vizinhos do barulho, como o boliviano Evo Morales, o equatoriano Rafael Corrêa e o venezuelano Hugo Chávez.
Um gesto do novo presidente americano em relação a Cuba desarmaria espíritos. Tiraria gás do espírito antiamericano turbinado pelos oito anos de George W. Bush. Daí a aposta do governo brasileiro, vista por muitos como uma injustificada defesa de uma ditadura.
Para início de conversa, convém cobrar que Cuba pare de desrespeitar direitos humanos, libertando presos políticos e deixando de sufocar a oposição. Lula tem dado conselhos reservados para que Raúl Castro, sucessor do irmão Fidel, caminhe nessa direção. No entanto, a falta de liberdade em Cuba não é motivo razoável para sustentar um embargo criado em 1962.
Os EUA mantêm em Guantánamo uma máquina de tortura que afronta todo o sistema jurídico internacional. Afronta valores fundamentais do grande país que os EUA são.
A doutrina de combate ao terror de Bush, além de equivocada, porque invadiu um país errado pelos motivos errados, é tão recriminável sob a ótica dos direitos humanos quanto a ditadura castrista.
Sustentar o bloqueio reforça o discurso Davi contra Golias que o regime usa para estimular a "resistência psicológica" da população. O fim do embargo reduziria a dependência dos petrodólares de Chávez e geraria uma prosperidade eficaz para democratizar Cuba.
O fim do embargo não é esquerdismo romântico. Obama tomaria um decisão de estadista, acabando com algo que prejudica mais o povo do que o governo. Fortaleceria na América Latina a liderança do Brasil, um aliado maduro. Começaria 2009 à altura de seus desafios.”
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
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