POR TODO O SEU PASSADO DE AÇÕES E INTERVENÇÕES EM OUTROS PAÍSES, SE DEPREENDIA QUE OS EUA APOIAVAM O GOVERNO GOLPISTA DIREITISTA DE HONDURAS. ESSA DEPREENSÃO SE TORNA REALIDADE A CADA DIA. A "MEDIAÇÃO BEM-SUCEDIDA" (sic) DOS EUA NO CONFRONTO GOVERNO ELEITO DEPOSTO (ZELAYA) x GOVERNO GOLPISTA (MICHELETTI), TÃO ENDEUSADA PELA NOSSA 'GRANDE' MÍDIA, DEMONSTRA QUE FOI UMA TRAMA PARA LEGALIZAR A VOLTA DA DIREITA AO PODER.
Vejamos a seguinte notícia da 'Folha' de hoje:
"Impasse hondurenho causa divisão na OEA
Apoiado por maioria, secretário-geral diz que situação atual inibe até envio de missão para monitorar eleições do dia 29
Representante dos EUA, por sua vez, insiste em pleito como fim para crise; país envia diplomata a Honduras para reimpulsionar diálogo
A divisão de ânimos entre a maior parte dos países-membros da OEA (Organização dos Estados Americanos) e de um grupo menor liderado pelos EUA ficou mais clara ontem.
Após relato pessimista que destoou de suas mais recentes intervenções, o secretário-geral da entidade, José Miguel Insulza, disse que considerava impossível neste momento enviar uma missão eleitoral para monitorar o pleito presidencial hondurenho, como reza acordo assinado em 30 de outubro.
A decisão foi defendida pela maioria, Brasil incluído, mas sofreu críticas da delegação americana. No mesmo dia, os EUA anunciaram que enviavam o número 2 do Departamento de Estado para a América Latina, Craig Kelly, para novo esforço diplomático entre o grupo do presidente deposto Manuel Zelaya e do líder do regime golpista, Roberto Micheletti, cujas negociações desandaram nos últimos dias.
Washington insiste em que a saída para a crise hondurenha é a realização das eleições presidenciais hondurenhas, marcadas para o dia 29; a maior parte da OEA acredita que não há legitimidade no pleito sem que Zelaya seja restituído. Acordo firmado entre as duas partes sob o guarda-chuva do então número 1 da Chancelaria dos EUA para a América Latina, Thomas Shannon, prevê a formação de um governo de união nacional e deixa a decisão sobre a volta ou não de Zelaya para o Congresso hondurenho.
Em sua intervenção inicial na reunião extraordinária do Conselho Permanente da OEA, Insulza disse que achava difícil que o diálogo político fosse retomado em Honduras.
Neste momento, o impasse se dá em torno da formação do gabinete do tal governo de união nacional, que deveria ter sido constituído no dia 5: Micheletti indicou seus nomes, mas Zelaya se recusou a fazê-lo antes de o Congresso se pronunciar sobre sua restituição.
Insulza defendeu o líder deposto e disse que "o presidente Zelaya não tem nenhuma disposição de voltar a conversar com o governo "de facto" [eufemismo para "golpista"], portanto qualquer solução terá de ser unilateral". Concluiu: "Do ponto de vista político, não existe nenhuma condição para enviar uma missão eleitoral".
Em sua intervenção sobre o assunto, o embaixador do Brasil na OEA, Ruy Casaes, chamou o novo desdobramento da crise de "uma telenovela muito mal-escrita", com "personagens sinistros" e atores principais "péssimos", que "atuam com a mais deslavada má-fé". "Não estou seguro ao que comparar essa crise. Ao mito de Sísifo? Da fênix? O povo hondurenho merece melhor sorte." [bonitas e diplomáticas sutilezas irônicas sobre o papel escuso dos 'mediadores' norte-americanos].
A manhã foi rica em metáforas. O representante da Venezuela, Roy Chaderton, disse que a coisa toda lembrava a fábula da Cinderela, com Micheletti "no papel do rato".
Em sua segunda intervenção, o representante interino americano, W. Lewis Amselem, que havia defendido o reconhecimento dos resultados das eleições, recorreu à literatura. "Ouvimos que alguns não vão reconhecer as eleições. O que isso significa no mundo real? Não no mundo do realismo mágico, mas no real?"
FONTE: reportagem de Sérgio Dávila, de Washington, publicada na Folha de São Paulo de hoje (11/11) [exceto o título, o 1º parágrafo e pequenas inserções entre colchetes e em itálico, colocadas por este blog].
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