Do blog do Rui Daher, no “Terra Magazine”
“Voltemos
aos trilhos e trilhas agropecuários de 2013, embora, sabem todos, assim não
corre o calendário das lavouras e criações em nosso clima subtropical, aliás,
em certas regiões quase nada sub.
Produziremos
de tudo muito e um pouco. Mais do que nossos recursos naturais, clima e espaço
territorial, nisto mandam o mercado, aí entendidos consumo e preços.
Para a
próxima safra, o bom e velho mercado de produtos, que este é mercado, o resto é
escrituração, será bastante favorável. Até mesmo o clima promete poucas
surpresas desagradáveis.
No plano
interno, a garantia vem do crescimento do PIB, reflexos positivos nos
empregos, renda e consumo e uma boa pitada de política. Afinal, a economia em
2013 ajudará muito a campanha eleitoral de 2014.
No plano
externo, ajudam demanda voltando a crescer, preços estáveis em patamares altos
e câmbio pouco mais ajustado.
Assim, ano a
ano, o campo vai variando suas escolhas, movendo vocações regionais, tomando um
gol contra aqui, dando uma goleada acolá.
Grãos,
cana-de-açúcar, café e, infelizmente se esvaindo, laranja, juntos, ocupam 93%
da área plantada com lavouras.
Segundo a
CONAB, “Companhia Nacional de Abastecimento”, o Brasil terá plantado 52 milhões
de hectares (+2%) para colher, em 2013, 180 milhões de toneladas de grãos
(+8%). Um recorde.
Entram aí,
desde os expressivos, na ordem, soja, milho (duas safras), arroz, trigo,
algodão e feijão (três safras), que representam 99% da produção, até sorgo,
aveia, cevada, amendoim, triticale, girassol, mamona, canola e centeio, também
na ordem.
Viram?
Fazemos quase tudo. Inclusive, talvez, o que não se deveria, caso houvesse
planejamento agrícola.
Deles,
apenas o algodão passará por horrores, com os preços em dramática queda. Tanto
que seu plantio já caiu quase 30%.
Os demais
grãos, sobretudo soja e milho, voltados também para o mercado externo, com o
aperto dos estoques mundiais, manterão bons preços, ainda que abaixo do
pico.
Para a
cana-de-açúcar, na safra 2012/13, entregamos 8,5 milhões de hectares de terra
(+2%) para produzir 600 milhões de toneladas do produto (+6%).
Um clima
melhor do que nas duas safras anteriores fez aumentar a produtividade média
para 70 t/ha. Ainda é muito baixa. Há regiões com alta aplicação de tecnologia
que alcançam 100 t/ha.
A queda nos
preços internacionais do açúcar e a política interna de preços dos combustíveis
estão nas justificativas do setor para diminuir seus investimentos em
tecnologia e aumento na capacidade de moagem.
O café teve,
no ano passado, a maior colheita de sua história (51 milhões de sacas). Neste
ano, de baixo ciclo, deverá ter queda de 10%.
Há
controvérsias. As floradas foram atraentes e os chumbinhos pegaram bem. Nesta
época do ano, contudo, as corretoras mundiais brincam de esconde-esconde para
atiçar o sentido das cotações. Ruim não será.
Situação
péssima mesmo é a da citricultura, que não bastassem guerras internas
envolvendo indústria, produtores e dezenas de associações especializadas em
promover uma paz nunca alcançada, afetada por fantástica queda no consumo de
suco de laranja, altos estoques e baixas cotações.
O complexo
das carnes lida com demanda ainda acesa e oferta equilibrada. Mesmo com o boi
brasileiro em suspeita e os frangos e suínos sofrendo altos custos de produção,
ninguém deixará de ganhar dinheiro e crescer na atividade.
Mas e aí?
Nenhum vilão para trazer alguma emoção a esse roteiro?
Claro que
sim. Sem eles, o que fariam os super-heróis?
Existe uma
concentração brutal no setor de insumos para a agropecuária. É um fato mundial
que inclui e, pior, realça o Brasil. Preços são administrados para maximizar os
lucros da indústria e diminuir os da produção de alimentos, fibras e
energia. No próximo capítulo.”
FONTE: do “blogdoruidaher”, no portal “Terra
Magazine” http://terramagazine.terra.com.br/blogdoruidaher/blog/2013/01/04/perspectivas-para-a-agropecuaria-na-safra-20122013/[Imagem
do google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
Nenhum comentário:
Postar um comentário