Por Fernando Brito
“A rico, incentivo; a pobre, populismo
Quando o caro amigo ou a cara amiga
ler ou ouvir a palavra “populismo”, cuidado.
Em geral, é um adjetivo usado para
desqualificar o que é bom para o povo.
Quinta-feira (13), em editorial, o “Estadão” diz que o crédito facilitado para
que os beneficiários do programa “Minha Casa, Minha Vida” comprem móveis e eletrodomésticos
é “um ato populista”.
Porque “o Tesouro terá de subsidiar o novo programa de estímulo ao consumo”.
Curioso é que esse argumento não
vale quando quem é estimulado é o capital, não o consumo.
Não há preocupação com quanto sai do
Tesouro para bancar a elevação da taxa de juros. Nem com quanto deixa de entrar
com o fim do IOF sobre investimentos estrangeiros.
Exigem superávits cada vez maiores,
a qualquer preço, no Brasil. Mas os europeus, os EUA, o Japão, todos eles têm
déficits astronômicos e ninguém os chama de “populistas”.
Quando Lula, em 2009, tirou o IPI de
uma série de produtos para enfrentar a crise européia, também não faltaram
críticas deste tipo: populista,
irresponsável, eleitoreiro.
E, se não fosse isso, a marolinha
teria sido mesmo um tsunami.
O financiamento oferecido ao público
do “Minha Casa, Minha Vida”, além do benefício imensurável que traz à vida
doméstica de milhões de brasileiros de baixa renda, tem outros méritos.
Inclusive, no combate à inflação.
Ao fixar valores máximos para os
produtos elegíveis para a compra, a linha de crédito contribuirá para segurar
os preços de várias linhas de consumo. Que empresa desejará, por alguns reais,
deixar seus produtos fora dos limites do que pode ser financiado? Além disso,
com a alta do dólar, o que é produzido aqui, com custos em real, será mais
competitivo, certamente.
A roda da economia vai girar e é
isso o que mantém a bicicleta equilibrada.
A finalidade das políticas
econômicas é produzir bem-estar, não superávits a qualquer custo social.
Isso não é “populismo”. Isso é
considerar a economia um bem de todo o povo, não a economia para o bem de uns
poucos.”
FONTE: escrito por Fernando Brito em seu blog
“Tijolaço” (http://www.tijolaco.com.br/index.php/a-rico-incentivo-a-pobre-populismo/).
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