Do “Diário do Centro do Mundo”
O
único partido brasileiro a ter um posicionamento claro a respeito dos jovens
mascarados.
Desde que surgiram nas manifestações
com suas roupas e máscaras pretas, os “black blocs“ foram criticados e
incensados. Os partidos, no entanto, procurando pegar uma carona nos protestos,
não se manifestaram oficialmente sobre as táticas controversas do grupo.
Houve uma exceção: o PSTU.
Veio dali o único posicionamento
claro de um partido a respeito dos BB. No jornal “Opinião Socialista”, um bom
artigo fez uma crítica sobre o que os jovens mascarados andam causando pelo
Brasil.
Diz o texto:
“Os black blocs defendem a “propaganda
pela ação”. Ou seja, defendem a utilização do método das depredações das
fachadas de bancos, empresas, lojas de grifes e tudo o que simboliza o
capitalismo porque, assim, estariam enfraquecendo o sistema.
Nós, do PSTU, não temos nenhum
apreço por essas instituições. Muito pelo contrário. Mas, consideramos que
esses métodos não enfraquecem os grandes empresários. Ao contrário, lhes dão um
argumento para jogar a opinião pública – e muitos trabalhadores – contra as
manifestações e, assim, preparar a repressão. Sua “ação direta” é típica de
setores de vanguarda, descolados das massas, que terminam por fazer o jogo da
direita, justificando a repressão”.
Os “black blocs” afirmam que fazem o
que fazem para reagir à opressão policial cotidiana. Eles depredam, digamos,
uma agência do Itaú. A PM reage como a PM. Eles apanham. No protesto seguinte,
eles quebram mais algum símbolo do capitalismo. A PM reage. Eles apanham de novo.
E ‘la nave va’. Até tudo terminar no ‘Facebook’.
Continua o artigo:
“Nas grandes mobilizações, houve
momentos em que milhares de pessoas se defenderam como puderam dos ataques
violentos da polícia. Naturalmente, acreditamos que essas atitudes foram totalmente
legítimas.
Os “Black Blocs”, porém, têm uma
ação distinta. Entram nas passeatas e, sem que tenha havido qualquer
deliberação por parte dos manifestantes ou dos grupos que organizaram o
protesto, atacam de forma provocativa a polícia, que reage, sistematicamente,
reprimindo e, muitas vezes, acabando com as mobilizações. Agem como
provocadores da repressão policial, tendo sido responsáveis, muitas vezes, por
acabar com várias passeatas. Foi o que aconteceu no Rio de Janeiro nas últimas
manifestações pelo “Fora Cabral”. Esses grupos são apenas “radicais” na
metodologia. Não têm um programa revolucionário. Qual é o programa defendido
pelos “Black Blocs”? Isso não é respondido por nenhum dos portais ou
comunidades nos quais eles estão agrupados. Isso só pode ser explicado por um
desprezo a qualquer programa, como se bastasse quebrar uma loja para derrotar o
capital.
Os “Black Blocs”, evidentemente, não
defendem a revolução socialista. Muitos de seus integrantes reivindicam o
anarquismo, mas na verdade param na radicalização da democracia como horizonte
político. Ou seja, no programa, acabam sendo moderados.
Não somos, nem nunca fomos
pacifistas. Mas é a violência das massas, e não de um pequeno grupo, que poderá
fazer a revolução. As ações desses pequenos grupos facilitam a repressão da
polícia contra as massas nas passeatas.
É preciso deixar claro a
inconsistência no programa e na ação desses grupos que, na verdade, são
reformistas e radicais apenas na ação. Existem muitos ativistas sérios que se
deixaram atrair pelos “Black Blocs” e já começaram a ver os problemas. Agora, é
necessário que reflitam sobre isso.”
Provavelmente, ninguém vai refletir
muito. A página dos “black blocs” de São Paulo postou uma resposta falando em
“horizontalidade”. Embaixo do post, um dos comentários falava o seguinte: ‘Fora do Eixo não dá’.”
FONTE: do “Diário do Centro do
Mundo”. Transcrito no portal de Luis Nassif (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-critica-do-pstu-aos-black-blocs). [Imagem do Google acrescentada
por este blog ‘democracia&política’].
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COMPLEMENTAÇÃO
PSOL E PSTU FAZEM TUDO CERTO PARA QUE SAIA TUDO
ERRADO
Por Marco Damiani
“Com origens
no trotskismo barba e bolsa da ‘Libelu’ e da ‘Convergência’, grupelhos
estudantis viraram partidos políticos, mas guardam dificuldades para aceitar a
democracia.
Quando se
trata dos “Black Blocks”, sabe-se que são rebeldes sem causa, linha de frente
das depredações em São Paulo. Células individuais unidas pela oportunidade, não
chegam nem a um foco revolucionário, como gostariam de ser.
Policiais
infiltrados, provocadores de passagem e valentões da periferia são apenas
bandidos cumprindo, dentro das manifestações que já foram populares, no sentido
de reunir massas, como em junho, um papel criminoso. Mais lixo ainda.
Com o PSOL e
o PSTU, porém, é diferente. São partidos políticos com responsabilidades com a
democracia representativa, essa que temos em todas as suas distorções. Têm
vereadores, deputados. Concorrem regularmente. Mas também eles, com seus
militantes nervosinhos, vão ultrapassando os limites da própria democracia ao
darem toda a colaboração para que manifestações de público em geral, e não de
categoria de trabalhadores, nas quais não têm nem nunca tiveram a menor
expressão, venham se transformando em momentos única e exclusivamente de
conflitos, depredações e arruaças.
Foi assim na
noite da quarta-feira 14 em São Paulo, e assim no dia seguinte, no Rio de
Janeiro. De um lado, Câmara Municipal atacada. De outro, avenida Rio Branco
paralisada, Câmara ocupada e fechada por falta de segurança. Ali, entre os
argumentos políticos dos não mais de 300 manifestantes que realizaram toda a
bagunça, cusparadas e ovadas.
A origem do PSOL
– o Partido Socialismo e Liberdade –
é o grupo trotskista dos anos 1980 “Liberdade e Luta”. A tão famosa no
movimento estudantil quanto pequena “Libelu”.
O PSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores
Unificado – é também trotskista, identificado, naquela quadra recente da
história, com a “Convergência Socialista”.
Apesar do
mesmo DNA ideológico, nunca se bicaram, cada qual com seus próprios dogmas. Em
reuniões, assembleias e concentrações, sempre escolhem as propostas
consideradas as mais radicais, garantindo os lugares mais próximos de cair no
abismo com o pé esquerdo na frente.
Avante,
dizem eles agora, promovendo à sorrelfa, como na quinta 15, no Rio, um
congestionamento monstro na principal via do centro da cidade. Pode-se se
esgueirar, num grupo de 300 pessoas, entre os carros, deitar no chão e parar
uma avenida. Mas não dá para achar que fazer isso é realizar uma manifestação
política democrática, legítima e apoiada, ao menos, pelas massas – que nessa não estavam. É só um golpe.
As ações de
vandalismo, que contam, infelizmente, com os patriotas equivocados do PSOL e do
PSTU em sua linha de frente, fazem jus à rica história de erros táticos e
estratégicos desses grupelhos desde suas raízes, e outra vez contribuem em tudo
para afastar as massas das ruas.
Se era para
estragar um momento único da democracia brasileira, o PSOL e o PSTU estão, aí
sim, fazendo tudo certo.”
FONTE (da complementação): escrito por Marco Damiani no jornal “Brasil 247” (http://www.brasil247.com/pt/247/poder/111791/PSoL-e-PSTU-fazem-tudo-certo-para-que-saia-tudo-errado.htm).
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