O “Conversa Afiada” reproduz texto de Fernando Brito, extraído do blog “Tijolaço”:
CONTRA OS ESPIÕES-LADRÕES DO PRÉ-SAL, MAIS PETROBRAS
“Acabo de assistir a reportagem do ‘Fantástico’, de Sonia Bridi e Glen Greenwald, sobre a espionagem da ‘National Security Agency’, a NSA, sobre a Petrobras.
Evidente que, quando se invadem computadores de uma empresa de petróleo de outro país, o que se busca é informação sobre… petróleo.
E como o Brasil, até agora, não é um grande produtor de petróleo, extraindo apenas o que dá para seu consumo interno, é obvio que a informação relevante, que poderia servir de causa a essa violação não são nossos poços relativamente modestos, mas as gigantescas reservas descobertas nos últimos seis anos: o pré-sal.
É provável que o governo brasileiro já tivesse a suspeita de que isso pudesse estar ocorrendo e seja essa a razão de duas decisões: a de protelar, por mais de três anos após a edição da nova lei de partilha do petróleo, a concessão de novas áreas do pré-sal e a de, no primeiro e mais importante leilão de concessão, ter optado por licitar toda a área do “campo de Libra” como um só bloco, quando poderia tê-la repartido em vários blocos, aumentando a soma dos lances ofertados.
Suspeitando ou não, o que se revelou é gravíssimo e obriga a uma mudança de olhar sobre a concessão de “Libra”.
Suspender o leilão, que seria a reação mais linear, talvez seja de pouca valia: o que havia para saber já foi sugado pelos tentáculos dos espiões americanos que, obviamente, repassaram o que havia de relevante para as petroleiras que fazem parte de sua ação geopolítica mundial.
Protelar a fruição dessa riqueza pelo país, pode ser necessário, até certo ponto. Depois dele, significa nos furtarmos de seu usufruto e privar dele o povo brasileiro.
O mais eficiente é operar o leilão de forma a garantir completa hegemonia da Petrobras sobre o campo.
As explicações de que se trata de eventual roubo de tecnologia, feitas pelo Sr Adriano Pires, conhecido simpatizante da desnacionalização de nosso petróleo, são superficiais e pueris. Tecnologia pode ser desenvolvida, com investimento. Reservas de petróleo, não.
Ao contrário dos americanos, como um país democrático, temos de operar dentro da lei.
Mas não como tolos, que fingem que isso não aconteceu.
O Governo brasileiro está respaldado, moral e objetivamente, para tomar todas as iniciativas que visem a preservação do interesse nacional, inclusive, e sobretudo, fixar regras que assegurem, além dos 30% já garantidos à Petrobras, o necessário controle majoritário das áreas do pré-sal, sem prejuízo de aportes de capital que ultrapassem aquela parcela, na forma de contratos futuros de comercialização do óleo com quem nos queira comprá-lo, e não roubá-lo.
E as explicações que Barack Obama prometeu até [amanhã] quarta-feira terão de ir além do blá-blá-blá do “terrorismo”.
Quarta-feira, aliás, é 11 de setembro.
E nesse 11 de setembro, vamos ter boa oportunidade de ver quem, de fato, pratica o fundamentalismo econômico, capaz de agir sub-repticiamente para causar dano a outros países.
E de descobrir quais são, aqui, os quinta-coluna que vão continuar, se é que terão a coragem, a defender a entrega do nosso petróleo às multinacionais.”
FONTE: escrito por Fernando Brito em seu blog “Tijolaço” e transcrito no portal “Conversa Afiada” (http://www.conversaafiada.com.br/economia/2013/09/09/contra-os-espioes-mais-petrobras/).
COMPLEMENTAÇÃO
PETRÓLEO: CONTRA O JOGO SUJO DOS EUA, JOGUEMOS O NOSSO, E JÁ
CONTRA OS ESPIÕES-LADRÕES DO PRÉ-SAL, MAIS PETROBRAS
“Acabo de assistir a reportagem do ‘Fantástico’, de Sonia Bridi e Glen Greenwald, sobre a espionagem da ‘National Security Agency’, a NSA, sobre a Petrobras.
Evidente que, quando se invadem computadores de uma empresa de petróleo de outro país, o que se busca é informação sobre… petróleo.
E como o Brasil, até agora, não é um grande produtor de petróleo, extraindo apenas o que dá para seu consumo interno, é obvio que a informação relevante, que poderia servir de causa a essa violação não são nossos poços relativamente modestos, mas as gigantescas reservas descobertas nos últimos seis anos: o pré-sal.
É provável que o governo brasileiro já tivesse a suspeita de que isso pudesse estar ocorrendo e seja essa a razão de duas decisões: a de protelar, por mais de três anos após a edição da nova lei de partilha do petróleo, a concessão de novas áreas do pré-sal e a de, no primeiro e mais importante leilão de concessão, ter optado por licitar toda a área do “campo de Libra” como um só bloco, quando poderia tê-la repartido em vários blocos, aumentando a soma dos lances ofertados.
Suspeitando ou não, o que se revelou é gravíssimo e obriga a uma mudança de olhar sobre a concessão de “Libra”.
Suspender o leilão, que seria a reação mais linear, talvez seja de pouca valia: o que havia para saber já foi sugado pelos tentáculos dos espiões americanos que, obviamente, repassaram o que havia de relevante para as petroleiras que fazem parte de sua ação geopolítica mundial.
Protelar a fruição dessa riqueza pelo país, pode ser necessário, até certo ponto. Depois dele, significa nos furtarmos de seu usufruto e privar dele o povo brasileiro.
O mais eficiente é operar o leilão de forma a garantir completa hegemonia da Petrobras sobre o campo.
As explicações de que se trata de eventual roubo de tecnologia, feitas pelo Sr Adriano Pires, conhecido simpatizante da desnacionalização de nosso petróleo, são superficiais e pueris. Tecnologia pode ser desenvolvida, com investimento. Reservas de petróleo, não.
Ao contrário dos americanos, como um país democrático, temos de operar dentro da lei.
Mas não como tolos, que fingem que isso não aconteceu.
O Governo brasileiro está respaldado, moral e objetivamente, para tomar todas as iniciativas que visem a preservação do interesse nacional, inclusive, e sobretudo, fixar regras que assegurem, além dos 30% já garantidos à Petrobras, o necessário controle majoritário das áreas do pré-sal, sem prejuízo de aportes de capital que ultrapassem aquela parcela, na forma de contratos futuros de comercialização do óleo com quem nos queira comprá-lo, e não roubá-lo.
E as explicações que Barack Obama prometeu até [amanhã] quarta-feira terão de ir além do blá-blá-blá do “terrorismo”.
Quarta-feira, aliás, é 11 de setembro.
E nesse 11 de setembro, vamos ter boa oportunidade de ver quem, de fato, pratica o fundamentalismo econômico, capaz de agir sub-repticiamente para causar dano a outros países.
E de descobrir quais são, aqui, os quinta-coluna que vão continuar, se é que terão a coragem, a defender a entrega do nosso petróleo às multinacionais.”
FONTE: escrito por Fernando Brito em seu blog “Tijolaço” e transcrito no portal “Conversa Afiada” (http://www.conversaafiada.com.br/economia/2013/09/09/contra-os-espioes-mais-petrobras/).
COMPLEMENTAÇÃO
PETRÓLEO: CONTRA O JOGO SUJO DOS EUA, JOGUEMOS O NOSSO, E JÁ
Por Fernando Brito, no “Tijolaço”
“O centro desse jogo não é a NSA, nem a CIA, nem Snowden, nem mesmo criptografia, “backdoors”, metadados. Nem mesmo Chevron, Exxon, Shell…Isso são peças do cenário, só parte do enredo do drama.
O drama chama-se geopolítica.
Tão velha quanto a civilização humana.
Aquela dominação que nos tentaram fazer esquecer quando decretaram o “fim da história” e tornaram o “mundo unipolar”, com a falsa ideia de que os conflitos, agora, eram apenas entre democracias e tiranias.
Como se a dominação econômica, motor dos impérios em todos os séculos, tivesse, subitamente, se dissolvido no ar; éramos um só mundo, irmanado.
Pois quem se dissolveu, mesmo, foi essa fantasia, que viveu seu último momento na eleição de Barack Obama, o homem que iria dar fim a todas as guerras, prolongou-as e, agora, está prestes a fazer o seu “debut” como valente general de mísseis teleguiados.
Embora visivelmente decadente, o ciclo de hegemonia econômica norte-americana, incontrastável desde a II Guerra, não se desfará da mesma maneira quase espontânea com que os fatos fizeram a ilusão de “um único mundo”.
Não é mais possível, como nos tempos da Guerra Fria, imaginar que os países deixem a vassalagem aos interesses econômicos americanos para se abrigarem em outro bloco.
Não apenas não existe outro bloco como a história provou que isso conduziu, nos países que o fizeram, a situações artificiais, a divisões internas e à estagnação e ao atraso econômico, embora não às desumanas carências sociais em que os regimes americanófilos fizeram ou mantiveram por toda parte do mundo, com o beneplácito dos EUA.
Nosso desafio é o desenvolvimento econômico e ele já se mostrou inseparável da justiça e do ascenso social no Brasil.
O destino nos colocou ao alcance das mãos, pelos longos braços das perfuratrizes da Petrobras, uma imensa riqueza em petróleo.
Ela é um tesouro que não pode permanecer enterrado, numa espera que atiça e açula as ambições que quem nos quer pirateá-los e o vê por seus óculos de alcance cibernéticos.
Não pode, porque o povo brasileiro precisa dele para arrancar-se do atraso e não pode porque, jazendo ali, à espera que voltem os que querem cavá-los a picaretas, para entregá-lo, como fizeram os vendilhões que tentaram destruir a Petrobras.É preciso que esta Nação compreenda – e isso só ocorrerá se falarmos por mil vozes, e a cada minuto – que precisamos de alianças estratégicas que se consumam no plano empresarial, mas que são, no fundo, encontros estratégicos com as nações que também lutam para por o pescoço de fora da submersão colonial.
Um encontro como o que ocorreu entre os BRICS, dos quais dois – China e Índia – são fortemente dependentes do petróleo que o pré-sal fará abundante aqui. Um deles, a China, tem sobras de capital que trocará, de bom grado, por fornecimento futuro do óleo que teremos de exportar.
A espionagem americana sobre o pré-sal, ao contrário de nos paralisar, deve acelerar nosso processo de busca pelas parcerias necessárias a garantir a plena hegemonia da Petrobras na exploração do pré-sal, muitíssimo além dos 30% que a lei já lhe assegura e, ainda mais, tornar mais intensa e veloz a prospecção das áreas ainda não mapeadas, para que saibamos onde temos de nos defender e ‘seletivizar’ o controle de jazidas.
A declaração de James R. Clapper, diretor da inteligência nacional do governo Obama, no “The New York Times”, além da desfaçatez de dizer que “não era segredo que o governo dos Estados Unidos coletasse informações sobre questões financeiras”, é de achar que somos idiotas:
- “O que nós não fazemos, como já disse muitas vezes, é usar as nossas capacidades de inteligência para roubar segredos comerciais de empresas estrangeiras para que empresas norte-americanas aumentem sua competitividade”.Mr. Clapper, o que todo mundo sabe é que as empresas norte-americanas são o meio e o fim de todo o expansionismo americano!
E nós, portanto, temos de ter ciência que, do nosso lado também, as definições empresariais sobre a exploração do pré-sal é que vão definir se ela servirá ou negará os legítimos interesses nacionais brasileiros.
O jogo geopolítico que ficou claro só pode ser vencido com alianças táticas e estratégicas.
Deixar de fazê-las seria mais do que ingenuidade ou falta de confiança em nossa própria altivez e amor ao Brasil. Seria por a risco de perder-se o tesouro que é do povo brasileiro, mas que ele só terá quando o tirarmos de lá e dos olhos cobiçosos que o espiam, à espera de quando lhe possam por a mão.”
FONTE: escrito por Fernando Brito em seu blog “Tijolaço” (http://tijolaco.com.br/index.php/petroleo-contra-o-jogo-sujo-dos-eua-joguemos-o-nosso-e-ja/).
“O centro desse jogo não é a NSA, nem a CIA, nem Snowden, nem mesmo criptografia, “backdoors”, metadados. Nem mesmo Chevron, Exxon, Shell…Isso são peças do cenário, só parte do enredo do drama.
O drama chama-se geopolítica.
Tão velha quanto a civilização humana.
Aquela dominação que nos tentaram fazer esquecer quando decretaram o “fim da história” e tornaram o “mundo unipolar”, com a falsa ideia de que os conflitos, agora, eram apenas entre democracias e tiranias.
Como se a dominação econômica, motor dos impérios em todos os séculos, tivesse, subitamente, se dissolvido no ar; éramos um só mundo, irmanado.
Pois quem se dissolveu, mesmo, foi essa fantasia, que viveu seu último momento na eleição de Barack Obama, o homem que iria dar fim a todas as guerras, prolongou-as e, agora, está prestes a fazer o seu “debut” como valente general de mísseis teleguiados.
Embora visivelmente decadente, o ciclo de hegemonia econômica norte-americana, incontrastável desde a II Guerra, não se desfará da mesma maneira quase espontânea com que os fatos fizeram a ilusão de “um único mundo”.
Não é mais possível, como nos tempos da Guerra Fria, imaginar que os países deixem a vassalagem aos interesses econômicos americanos para se abrigarem em outro bloco.
Não apenas não existe outro bloco como a história provou que isso conduziu, nos países que o fizeram, a situações artificiais, a divisões internas e à estagnação e ao atraso econômico, embora não às desumanas carências sociais em que os regimes americanófilos fizeram ou mantiveram por toda parte do mundo, com o beneplácito dos EUA.
Nosso desafio é o desenvolvimento econômico e ele já se mostrou inseparável da justiça e do ascenso social no Brasil.
O destino nos colocou ao alcance das mãos, pelos longos braços das perfuratrizes da Petrobras, uma imensa riqueza em petróleo.
Ela é um tesouro que não pode permanecer enterrado, numa espera que atiça e açula as ambições que quem nos quer pirateá-los e o vê por seus óculos de alcance cibernéticos.
Não pode, porque o povo brasileiro precisa dele para arrancar-se do atraso e não pode porque, jazendo ali, à espera que voltem os que querem cavá-los a picaretas, para entregá-lo, como fizeram os vendilhões que tentaram destruir a Petrobras.É preciso que esta Nação compreenda – e isso só ocorrerá se falarmos por mil vozes, e a cada minuto – que precisamos de alianças estratégicas que se consumam no plano empresarial, mas que são, no fundo, encontros estratégicos com as nações que também lutam para por o pescoço de fora da submersão colonial.
Um encontro como o que ocorreu entre os BRICS, dos quais dois – China e Índia – são fortemente dependentes do petróleo que o pré-sal fará abundante aqui. Um deles, a China, tem sobras de capital que trocará, de bom grado, por fornecimento futuro do óleo que teremos de exportar.
A espionagem americana sobre o pré-sal, ao contrário de nos paralisar, deve acelerar nosso processo de busca pelas parcerias necessárias a garantir a plena hegemonia da Petrobras na exploração do pré-sal, muitíssimo além dos 30% que a lei já lhe assegura e, ainda mais, tornar mais intensa e veloz a prospecção das áreas ainda não mapeadas, para que saibamos onde temos de nos defender e ‘seletivizar’ o controle de jazidas.
A declaração de James R. Clapper, diretor da inteligência nacional do governo Obama, no “The New York Times”, além da desfaçatez de dizer que “não era segredo que o governo dos Estados Unidos coletasse informações sobre questões financeiras”, é de achar que somos idiotas:
- “O que nós não fazemos, como já disse muitas vezes, é usar as nossas capacidades de inteligência para roubar segredos comerciais de empresas estrangeiras para que empresas norte-americanas aumentem sua competitividade”.Mr. Clapper, o que todo mundo sabe é que as empresas norte-americanas são o meio e o fim de todo o expansionismo americano!
E nós, portanto, temos de ter ciência que, do nosso lado também, as definições empresariais sobre a exploração do pré-sal é que vão definir se ela servirá ou negará os legítimos interesses nacionais brasileiros.
O jogo geopolítico que ficou claro só pode ser vencido com alianças táticas e estratégicas.
Deixar de fazê-las seria mais do que ingenuidade ou falta de confiança em nossa própria altivez e amor ao Brasil. Seria por a risco de perder-se o tesouro que é do povo brasileiro, mas que ele só terá quando o tirarmos de lá e dos olhos cobiçosos que o espiam, à espera de quando lhe possam por a mão.”
FONTE: escrito por Fernando Brito em seu blog “Tijolaço” (http://tijolaco.com.br/index.php/petroleo-contra-o-jogo-sujo-dos-eua-joguemos-o-nosso-e-ja/).
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