sábado, 8 de março de 2014

CRIMEIA E KOSOVO: Quais as diferenças?



Então o problema não era o comunismo?

Percival Maricato

"As ameaças dos EUA e dos países da União Europeia à Rússia, por causa da Ucrânia, mostram que o conflito anterior não era apenas devido ao regime comunista, mas sim por interesses econômicos.

Também fica claro a predominância imediata desses interesses no fato de que, mudado o regime naquele pais, de um pró-russo para outro pró-Europa, imediatamente os países desse continente e os EUA passaram a oferecer bilhões de dólares em ajuda econômica. Só não ofereciam antes porque a Ucrânia estava sob influência de Moscou, simples assim.

Complexa mesma é a trajetória dos ucranianos nas últimas décadas. Durante a segunda guerra, demonstraram simpatia e grande parte da população apoiou ostensivamente os nazistas que, por sua vez, os considerava "untermensch", ou seja, sub-humanos. Hitler nunca escondeu que pretendia usar o território do pais como "lebensraum" (espaço vital) da Grande Germânia. Para tanto, pregava que seria preciso eliminar, pelo menos, metade da população da Ucrânia e transformar os sobreviventes em escravos da raça alemã, que considerava superior.

Não obstante, no momento atual, tanto na Ucrânia quando em outros países da região, Hungria principalmente, vemos o renascimento de movimentos fascistas, com discreto apoio ou omissão dos países desenvolvidos da Europa e dos EUA. A pretensão do Império de cercar a Rússia com nações hostis e uma rede de mísseis carregados com ogivas atômicas. Já fez tentativa nesse sentido com a Turquia e com a Polônia, barganhando com ajuda econômica e militar. Provavelmente, irá tentar o mesmo na Ucrânia. Teremos, então, infelizmente para toda a humanidade, a volta da velha guerra fria, agora entre países capitalistas."

FONTE: "Jornal GGN" (http://jornalggn.com.br/noticia/entao-o-problema-nao-era-o-comunismo).

COMPLEMENTAÇÃO

As diferenças entre a Crimeia e Kosovo



Do "Voz da Rússia"

Crimeia e Kosovo – quais são as diferenças?

"A Crimeia e o Kosovo têm muita coisa em comum: um estatuto de autonomia, bases militares estrangeiras em seu território e a aspiração à independência por parte da maioria da população. Mas também existem diferenças, nomeadamente, os seus protetores.

Nos últimos dias, muitas pessoas comparam os acontecimentos da Crimeia com a agressão da OTAN contra a Iugoslávia em 1999, mas cada um interpreta os acontecimentos à sua maneira. O antigo embaixador dos EUA em Moscou Michael McFaul, por exemplo, afirmou na CNN que a intervenção militar da Rússia é inadmissível porque existe uma grande diferença entre a situação na Crimeia e a que existia no Kosovo em 1999: “Não se deve comparar a Crimeia e a Ucrânia com o Kosovo e a Sérvia. A Sérvia ameaçava os kosovares, enquanto a Ucrânia não ameaça ninguém”.

Mas poderá um país ameaçar uma parte do seu próprio território? Na província autônoma do Kosovo vivem sérvios, albaneses, turcos e outros. Não existe um povo chamado “kosovares”. Quem protegiam aí os EUA? No Kosovo, não vive um único estadunidense, mas na Crimeia há 1,5 milhões de russos. Isso é uma grande diferença.

Para a mídia ocidental, no entanto, há muito em comum entre a Crimeia e o Kosovo. Segundo escreveu Ian Traynor no "The Guardian": “A tática e a metodologia usadas por Milosevic durante a guerra na antiga Iugoslávia e no Kosovo são aqui evidentes. Se Putin decidiu se tornar em novo Milosevic, o Ocidente irá assistir a uma nova divisão na Europa”.

Slobodan Milosevic queria o melhor, mas o resultado foi o de sempre. Ele não tinha forças para resistir ao avanço da OTAN para Leste. Ao querer expandir as suas forças para o Leste da Europa, os Estados Unidos elegeram a região autônoma do Kosovo e Metohija para a criação da sua base estratégica. Com essa finalidade, eles usaram o "Exército de Libertação do Kosovo" (ELK), que até então figurava na lista norte-americana de "organizações terroristas".

Voluntários sérvios querem defender Sevastopol

A operação antiterrorista das forças especiais sérvias contra o ELK no povoado de Racak em janeiro de 1999 foi usada como pretexto para os bombardeamentos da Iugoslávia sem a correspondente autorização da ONU. A mídia ocidental apresentou a operação no povoado de Racak como um assassinato em massa de população civil e apelaram aos EUA para que estes "reagissem e protegessem as pessoas inocentes".

Dez anos depois, Helena Ranta, uma médica legista finlandesa, escreveu na sua autobiografia que tinha escrito o relatório sobre esse incidente sob pressão do então chefe da missão da OSCE no Kosovo William Walker e do Ministério das Relações Exteriores da Finlândia e que se tratava dos corpos de terroristas albaneses e não de civis.

Depois de as forças da OTAN terem entrado no Kosovo, os EUA construíram aí a sua segunda maior base militar na Europa – "Bondsteel". Ela permite aos EUA controlar a área costeira do Mediterrâneo e do mar Negro, assim como as rotas do Oriente Médio, do Norte de África e do Cáucaso e o trânsito de matérias-primas combustíveis a partir da região do mar Cáspio e da Ásia Central. Para eles, ter uma base na Sérvia é perfeitamente legítimo e muito útil. Os norte-americanos não pagam pela utilização dos terrenos públicos no Kosovo.

Ao que pode levar o cataclismo ucraniano

A Rússia, ao contrário dos norte-americanos no Kosovo, paga pela sua base naval 100 milhões de dólares por ano e a Frota do Mar Negro da marinha russa está na Crimeia já há 230 anos. “A Frota do Mar Negro não é qualquer sem-teto. Sua casa é Sevastopol”, sublinhou o vice-premiê da Rússia Dmitri Rogozin. Ainda há 50 anos, a Crimeia fazia parte da URSS, enquanto os EUA recorreram à agressão militar para simplesmente ocupar parte do território sérvio e fazem tudo para criar aí um estado-fantoche.

Os laços históricos, econômicos e culturais com a Ucrânia dão à Rússia pleno direito de intervir para proteger o seu povo. Mas o que fazem os EUA em território sérvio?"

FONTE DA COMPLEMENTAÇÃO: d
o "Voz da Rússia". Transcrito no "Jornal GGN" (http://jornalggn.com.br/noticia/as-diferencas-entre-a-crimeia-e-kosovo).

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