sábado, 13 de dezembro de 2008

BRASIL É O ÚNICO DOS BRICS QUE MOSTRA ACELERAÇÃO NO 3º TRIMESTRE

TAXA DE CRESCIMENTO DA ECONOMIA BRASILEIRA SALTOU DE 6,2% ENTRE ABRIL E JUNHO PARA 6,8% DE JULHO A SETEMBRO

O jornal O Estado de São Paulo ontem publicou o seguinte texto de Luiz Raatz:

“O Brasil foi o único dos Brics - grupo de países emergentes formado também por Índia, China e Rússia - cujo Produto Interno Bruto (PIB) cresceu no terceiro trimestre de 2008, comparado com o mesmo período do ano anterior. A taxa de crescimento da economia brasileira, em 12 meses, saltou de 6,2% entre abril e junho para 6,8% de julho a setembro. A China viu seu PIB recuar de 10,1% para 9%, no primeiro resultado abaixo de dois dígitos em cinco anos. A Índia desacelerou de 7,9% para 7,6%, e a Rússia saiu de 7,5% para 6,2%.

Para o professor de economia internacional da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Evaldo Alves, isto se deve a dois fatores. Um deles é diversificação dos parceiros comerciais brasileiros. "Pusemos os ovos em diversas cestas. Aumentamos o comércio com a China, o Oriente Médio e a América Latina", disse. "Mas mesmo assim não é hora para achar que está tudo ótimo".

Segundo o analista, os Estados Unidos, berço da crise global, e a União Européia, que entrou em recessão no terceiro trimestre, têm um peso maior na pauta de exportações de China e Rússia. No terceiro trimestre, com seus clientes já em dificuldade, estes emergentes entraram em desaceleração.

De acordo com o ministério do Comércio, Indústria e Desenvolvimento, no primeiro semestre deste ano, A América Latina, a Ásia e o Oriente Médio receberam 43,8% das exportações brasileiras. A UE e os EUA compraram 38,7% dos produtos nacionais. Os EUA ainda são o principal país comprador do que o Brasil produz, mas a China já está em terceiro lugar, atrás da Argentina, a segunda colocada.

Além disso, diz o professor, no terceiro trimestre, o mercado interno brasileiro continuou com a demanda em alta pois ainda não havia sentido o impacto da crise, que estourou em meados de setembro, com a quebra do banco Lehman Brothers. "Nós ainda não estávamos conscientes do que poderia vir.

Continuamos comprando e investindo. E esse PIB é o resultado disso", explicou.

Segundo com o Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE), responsável por medir a expansão da economia, a queda do desemprego e o aumento da massa salarial têm contribuído para o fortalecimento do mercado interno. Esta expansão do consumo, além do crescimento de investimentos públicos e privados, e do avanço da indústria, foram os principais responsáveis pelo resultado do PIB brasileiro.

PROJEÇÕES PARA 2009

O professor alerta que em 2009, devido a restrição do crédito, a demanda por bens de consumo duráveis como eletrodomésticos e automóveis deve cair, mesmo com diversas medidas anunciadas pelo governo. "O ano que vem vai ser apertado", avisa o economista, que projeta um crescimento próximo de 3% em 2009.

Para o analista, a retração da produção industrial em outubro e as demissões no setor de siderurgia e mineração já indicam um sinal dessa desaceleração. "Este pessoal é mais vitima porque eles fornecem para a indústria de transformação", diz.

Para o professor da FGV, dois fatores podem contrapor a desaceleração do consumo. São eles a demanda por bens de consumo não duráveis, como alimentos e vestuários, e o desempenho da construção civil, uma vez que a maior parte dos financiamentos imobiliários está nas mãos de bancos estatais, como a Caixa Econômica Federal, sobre os quais o governo pode influir diretamente para agilizar o acesso ao crédito.

Ainda de acordo com o economista, em 2009, outro vetor que pode evitar a recessão no País é o desempenho da agroindústria. "Somos o país do agronegócio, e alimento o pessoal continua comprando", diz. O setor correspondem a 20,9% da lista dos 12 produtos mais exportados do País.

O setor de serviços, conforme a análise do professor da FGV, pode ser responsável por conter as taxas de desemprego. "No entanto, é um setor nos quais os salários não são muito altos", afirma.”

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