OPOSIÇÃO LUCRARÁ MUITO MAIS COM A CRISE DO PÂNICO DO QUE COM A CRISE VERDADEIRA
FOLHA CONFESSA: CHANCE DE SERRA AUMENTA SE AUMENTAREM A SENSAÇÃO DE CRISE NA POPULAÇÃO
EDITORIAL DA FOLHA ORIENTA JORNALISTAS: AS CHANCES DO PSDB/DEM/SERRA EM 2010 VIRÃO SE HOUVER SENSAÇÃO DE CRISE, DESEMPREGO E DÍVIDAS
“A incógnita para 2010 está menos no desempenho estatístico do PIB, o termômetro, e mais na sensação térmica que o consumidor-eleitor experimentará na prática. Se desemprego e dívidas lhe causarem um calafrio na espinha, o candidato oposicionista poderá enfim ensaiar um discurso de oposição e dificultar mais a capitalização da popularidade de Lula por Dilma Rousseff.” (FSP)
Os conceitos acima estão nas entrelinhas do editorial que li ontem no jornal Folha de São Paulo:
ALAVANCA ELEITORAL
“Bonança econômica impulsiona políticos cotados para disputar Presidência, mas crise pode alterar esse quadro
A pesquisa Datafolha de intenção de voto para a Presidência da República deixa o governador José Serra (PSDB) em posição invejável. Com sua vantagem de 33 pontos percentuais sobre a candidata do presidente Lula, Dilma Rousseff, Serra parece confrontar bem a popularidade recorde do presidente (70% de aprovação), que parece encontrar resistência para transferi-la à ministra escolhida a dedo.
Serra cresceu três pontos desde a pesquisa de março, passando de 38% das intenções para 41%. Dilma galgou cinco, de meros 3% para 8%. A diferença de crescimento é pequena e se encaixa na margem de erro, mas pode também sinalizar o início de lenta aceleração de Dilma.
Não é demais lembrar que a petista nunca concorreu a cargo eletivo. O tucano, por seu turno, é veterano de campanhas majoritárias -para senador, presidente, governador e prefeito- que perenizam seu nome na memória do eleitor. Dilma conta só com a superexposição no palanque do PAC, o que não é pouco.
Dois pré-candidatos aparecem com mais intenções de votos que a ministra: Ciro Gomes (PSB), com 15%, e Heloísa Helena (PSOL), com 14%. Ele em declínio, ela estacionada, ambos em patamar perigosamente próximo de Dilma. Não é improvável que sejam ultrapassados.
No cenário em que o candidato tucano seria Aécio Neves, Ciro fica em primeiro, com 25%, mas de novo em queda. Com os 17% de Aécio, ainda que dois pontos acima do obtido na pesquisa de oito meses atrás, hoje parece duvidoso que ele consiga desarmar a pretensão de Serra.
A conclusão mais geral a retirar da pesquisa tem parentesco tanto com a popularidade de Lula quanto com a onda continuísta observada no último pleito municipal. Em poucas palavras: sai-se melhor, na bonança econômica, quem está no governo. Desemprego em baixa, arrecadação em alta e cofres cheios para investir fornecem o combustível eleitoral que falta a Ciro Gomes e Heloísa Helena.
Ocorre que a eleição presidencial será só daqui a 22 meses. Tempo suficiente para que a crise financeira internacional se agrave -ou arrefeça, cenário que no presente parece menos provável- e alcance o Brasil com estrondo difícil de prever.
Certo é que em 2009 não se repetirá o crescimento econômico na casa dos 5%, como contavam Lula e sua ministra do PAC. Todavia, os 70% de aprovação de Lula ainda representam um colchão de capital político para vários meses de desaceleração.
A incógnita para 2010 está menos no desempenho estatístico do PIB, o termômetro, e mais na sensação térmica que o consumidor-eleitor experimentará na prática. Se desemprego e dívidas lhe causarem um calafrio na espinha, o candidato oposicionista poderá enfim ensaiar um discurso de oposição e dificultar mais a capitalização da popularidade de Lula por Dilma Rousseff.”
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