Li 5ª feira no portal UOL a seguinte reportagem publicada pela agência inglesa de notícias BBC:
“Muitos analistas dizem que a aspiração por trás da formação do grupo conhecido como BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) é estabelecer a ideia de uma ordem mundial diferente que seja essencialmente multipolar.
A ideia de uma ordem mundial multipolar não é algo novo para a Índia. Na época da Guerra Fria, quando o mundo estava dividido entre a democracia ocidental e o bloco comunista liderado pela União Soviética, o primeiro premiê da Índia, Jawaharlal Nehru, juntamente com o presidente Sukarno, da Indonésia, assumiu um papel de liderança na Declaração de Bandung de 1955, que tinha o objetivo de promover a cooperação econômica e cultural afro-asiática.
Esta declaração foi a precursora do Movimento Não-Alinhado idealizado por Nehru, Josif Broz Tito, da Iugoslávia e Gamal Abdel Naser, do Egito.
Nem a Declaração de Bandung, e nem o Movimento Não-Alinhado tiveram muito impacto político ou estratégicona ordem mundial mas estas duas iniciativas claramente estabeleceram a Índia como um líderes entre os países em desenvolvimento.
ECONOMIA GLOBAL E COMÉRCIO
A Índia também se tornou a voz dos países menos desenvolvidos nas discussões do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio (GATT). Os indianos participaram do GATT desde sua criação, em 1947. Depois da desintegração da União Soviética, quando a ordem política mudou radicalmente e o conceito de livre comércio global ganhou espaço e o GATT foi substituído pela Organização Mundial do Comércio (OMC), em 1995, a Índia manteve sua posição distinta de campeã das causas dos países em desenvolvimento.
A Índia tomou o caminho da liberalização econômica a partir de 1991 e agora se uniu integralmente a comércio e economia mundiais. Com seu vasto mercado interno, crescimento econômico espetacular nos últimos cinco anos e vigor das indústrias baseadas em conhecimentos, a Índia se tornou um agente-chave na ordem econômica mundial.
A ÍNDIA NOS BRICS
A Índia vem tendo relações políticas e econômicas ativas há muito tempo com os seus três outros parceiros dos BRICs. A Índia e o Brasil sempre trabalharam em proximidade nas conversações para o comércio global durante muitos anos. Este relacionamento vem crescendo muito depressa nos últimos anos - o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou a Índia em 2004 e 2007 e o premiê Manmohan Singh visitou o Brasil em 2006. Ambos os países desejam ter uma cadeira permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Há expectativa de uma relação de cooperação estreita entre Brasil e Índia nos próximos anos.
A Índia tem uma profunda relação econômica e estratégica com a União Soviética (URSS) desde o fim dos anos 60. Essa relação continuou com a Rússia mesmo depois do fim da URSS. O volume de comércio entre os dois países caiu na última década, mas a Rússia ainda é o principal fornecedor de equipamento militar para a Índia. Recentemente, os dois países assinaram um tratado nuclear civil, pelo qual a Rússia irá fornecer combustível e reatores nucleares.
A relação da Índia com a China atravessou maus períodos nos últimos 60 anos, mesmo depois de 1950, quando a Índia se tornou o segundo país não-socialista a estabelecer ligações diplomáticas com a China. o primeiro-ministro chinês Zhou Enlai e o premiê indiano Nehru trocaram visitas de Estado em 1954, com a mensagem "Indianos e chineses são irmãos". Mas as relações azedaram depois que Nehru deu asilo ao líder tibetano Dalai Lama, em 1959. Em 1962, os dois países travaram uma guerra por fronteiras.
Isso levou a um esfriamento das relações, que só começaram a amornar a partir de 1979, quando o então ministro do Exterior indiano, Atal Bihai Vajpayee, visitou a China. Mas a falta de confiança perdurou e ambos os países só começaram a apreciar o potencial econômico um do outro no início desta década.
O comércio entre os dois países é estimado em mais de US$ 200 bilhões, mas em 2001 ele chegava a poucos bilhões. Apenas neste ano, o comércio bilateral já bateu nos US$ 51 bilhões, tornando a China o maior parceiro comercial da Índia. A projeção é de que até 2015, o comércio entre China e Índia seja o maior do mundo. As disputas por fronteiras continuam, mas ambos avançaram bastante nas negociações para tentar resolver as divergências. Os dois países estão estabelecendo uma parceria estratégica e militar.
Diante da atual crise econômica e do espectro da recessão profunda nas economias avançadas, a importância dos países do BRIC está sendo sentida como nunca. Esta questão foi fortemente ressaltada por Zhang Yan, embaixador da China em Délhi, na semana passada, indicando que o presidente Hu Jintao gostaria de se encontrar com o premiê indiano Manmohan Singh nas paralelas do encontro do G20 em Londres, e discutir como "acabar com a crise".
A Índia, como seus parceiros no BRIC, sabe que está na hora de se impor na arena internacional e aumentar sua esfera de influência. Ela quer atingir o objetivo de conquistar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e ter mais voz em instituições monetárias internacionais como o FMI e o Banco Mundial. Muitas pessoas na Índia acreditam que agora estes objetivos poderão ser alcançados.”
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