sábado, 31 de outubro de 2015

"NÃO É DILMA QUE ESTÁ EM JOGO. É A DEMOCRACIA" (Roberto Amaral)




Não é Dilma que está em jogo. É a democracia

Por ROBERTO AMARAL, cientista político e ex-ministro da Ciência e Tecnologia entre 2003 e 2004

"Setores da esquerda brasileira afirmam que a defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff depende da mudança de sua política econômica. A estratégia de cabo de esquadra embute a avaliação segundo a qual não é possível defender o seu mandato porque sua política econômica é indefensável.

E aí, como quase sempre, graças à leitura primitiva de antigos catecismos, o esquerdismo se encontra com a direita na oposição à Presidente, e por razões distintas joga água no moinho já caudaloso do impeachment do qual, se esse ocorrer, será ao mesmo tempo coadjuvante secundário e vítima a médio prazo.

A História não se repete, mas, sabidamente, é recorrente entre nós: nos idos de 1954, direita e esquerda, lacerdistas e comunistas saíram às ruas em um coro uníssono pela deposição de Vargas. Deu no que deu: o governo conservador de Café Filho, comandado por Eugênio Gudin, Juarez Távora e Eduardo Gomes. 

O que está em jogo nos dias correntes não é o governo Dilma, mas a legitimidade de um mandato ungido pela soberania popular, até aqui incontestada. Nesse caso, trata-se de uma questão de princípio: a defesa da soberania popular como fonte única de poder. Para a defesa desse princípio (que deve estar acima das circunstâncias e das contingências), não entra em cogitação se o governo é de direita ou de esquerda, se eficiente ou não, se é o governo de nossos sonhos ou de nossos pesadelos.

Pergunta-se tão-só se é legítimo e legal. E a resposta, neste caso, é afirmativa. Esse é o ponto de vista de liberais e da esquerda e dos segmentos de centro-esquerda; já a direita não pensa assim: em um golpe de mão, quer o impeachment para assumir o governo que as urnas lhe negaram.

Ademais de titular de um governo legítimo, a presidente é legalmente inalcançável pela tentativa de impeachment, que, assim, à míngua de sustentação jurídica, se converte em explícita tentativa de golpe de Estado.

Consabidamente, Dilma não praticou um só delito dentre os catalogados pela legislação como justificadores da medida extrema. Ao contrário de Collor e ao contrário do presidente da Câmara dos Deputados – de quem, a propósito, depende a iniciativa para a abertura do processo de cassação do mandato presidencial. Sinal dos tempos, nada mais.

A defesa do mandato de Dilma – um imperativo histórico – não exige a concomitante defesa de sua política econômica, tanto quanto a crítica ao 'reajuste' – e não só a ele – em nada impede a defesa do mandato, até porque essa política econômica não será alterada com a eventual deposição da presidente.

Ao contrário, o caminho para a mudança de política – apartando-a do neoliberalismo e do rentismo – depende do fortalecimento do governo. Em outras palavras: nas circunstâncias, a sucessão de Dilma – qualquer que seja ela --- imporá ao país uma política econômica ainda mais conservadora.

Explica-se.

Só uma nova correlação de forças – que passa pelas ruas, pelos movimentos sociais – poderá assegurar a mudança da política econômica, ainda no governo Dilma.

Só uma nova correlação de forças na sociedade – caminhando, portanto, para além da infiel base governista no Congresso – poderá assegurar a retomada do desenvolvimento econômico e da distribuição de renda, a taxação das grandes fortunas (5% ao ano sobre as fortunas acima de R$ 50 milhões de reais nos dariam um ganho de receita da ordem de R$ 90 bilhões), a taxação dos lucros sobre capital próprio, a alteração das alíquotas do Imposto sobre a Renda, fazendo-o incidir progressivamente sobre renda e patrimônio.

Só um governo política e socialmente forte pode enfrentar o rentismo, reduzir a taxa de juros, controlar o câmbio e adotar uma arrojada política de combate à sonegação de impostos, sobre o que, compreensivelmente, não falam nem a FIESP, nem a FIRJAN, nem a CNI, menos ainda a CNC e quejandas.

É preciso ter em mente que a defesa da ordem democrática, da legitimidade do voto, da soberania popular como única fonte de poder, é o ponto de partida, mas não encerra a história toda, pois o que está em jogo em nosso país ultrapassa a preservação do mandato da presidente Dilma. Trata-se de barrar o avanço das conquistas conservadoras, que teriam o campo livre na era pós-Dilma.

O que seria esse pós-Dilma, senão o fortalecimento das forças conservadoras e reacionárias que hoje, sob o comando de Eduardo Cunha, já promovem uma virtual revisão da Constituição de 1988, dela retirando as principais conquistas sociais?

A direita já explicitou o discurso de seus líderes e, no espaço parlamentar, alguns indicadores de seu programa são reveladores: a precarização do trabalho em geral e a terceirização de forma específica, o desmonte do Estatuto da Família (excluindo de seu abrigo mais da metade das famílias brasileiras), a revogação do Estatuto do Desarmamento, o corte dos recursos destinados a programas como o Bolsa Família (já anunciado por um dos relatores da proposta orçamentária para 2016), o fim da demarcação da terras indígenas, a cobrança de mensalidades no ensino universitário publico, o intento de penalizar como terrorismo o movimento social. 

Símbolo de todo esse retrocesso civilizatório é o projeto do deputado Cunha – quem mais? – já aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal, que praticamente força a mulher pobre a aceitar a gestação fruto de estupro.

Os setores da esquerda indecisa e os liberais, esses ainda encantados com o cantochão do reacionarismo, precisam refletir (enquanto é tempo) sobre o que seria, entre nós, um governo conservador, pois conservador e reacionário será, no rasto de eventual impeachment, o governo que acaso suceder ao governo Dilma.

Um governo conservador significará grave retrocesso para as políticas distributivas (regressaremos ao 'primeiro é preciso fazer o bolo crescer para depois fatiá-lo' dos tempos da ditadura), a total liberalização do sistema financeiro, o corte dos benefícios sociais – as primeiras vítimas das 'políticas de austeridade fiscal'. 

A desnacionalização das indústrias estratégicas, finalmente alcançando a Petrobras e, de sobremesa, a engenharia nacional. Um governo conservador nos atrelará, de forma subordinada, novamente, e por muitos e muitos anos, às políticas e interesses dos EUA, de quem seremos satélites menores; significará nossa renúncia a uma política externa independente e ao exercício de nosso papel na América do Sul, afetando todos os projetos de desenvolvimento autônomo de nossos vizinhos. Será o fim do Mercosul e da UNASUL e a recuperação da ALCA, com a qual assumiremos definitivamente o status de colônia moderna. Será a renúncia a qualquer sorte de desenvolvimento soberano.

Em síntese e finalmente, a realização do perseguido sonho de FHC, acalentado desde o nascimento do PSDB, nascido de uma costela do PMDB, de onde herdou seu DNA: o fim da 'era Vargas', a saber, o fim das políticas distributivas e da proteção ao trabalho, o fim da emergência das classes marginalizadas pelo desenvolvimento, segundo as regras do capitalismo financeiro monopolista.

Nossas 'elites' econômicas têm consciência de classe para dar e vender. Iluda-se quem quiser."


FONTE: escrito por ROBERTO AMARAL, cientista político e ex-ministro da Ciência e Tecnologia entre 2003 e 2004  Artigo publicado originalmente na revista "Carta Capital". Transcrito no portal "Brasil 247"  (http://www.brasil247.com/pt/colunistas/robertoamaral/203232/N%C3%A3o-%C3%A9-Dilma-que-est%C3%A1-em-jogo-%C3%89-a-democracia.htm).

FANÁTICOS PELO IMPEACHMENT APELAM PARA NOVA TÁTICA: O CONFRONTO



Fanáticos do impeachment têm nova tática: confronto

Por Alex Solnik, jornalista

"Cansados de esperar por Eduardo Cunha e já suspeitando que sua intenção de abrir processo de impeachment contra a presidente – que é a única e pobre e já rota bandeira da oposição atualmente – não passa de um blefe, os fanáticos do impeachment radicalizaram e agora estão pressionando Cunha com as armas que até há pouco tempo eram exclusivas dos petistas e partindo para o confronto na tentativa, absurda, irresponsável e perigosa de arrancar o impeachment na marra.

Ou então criar um clima de “convulsão social” que demandará uma intervenção militar, como já fomos informados por um importante general.

Eles estão usando militantes (?) desses movimentos que ninguém sabe de onde surgiram, nem o que querem além de derrubar a presidente e que são, portanto, golpistas e provocadores.

Organizaram um “acampamento” deles no gramado em frente ao Congresso, permitido por Cunha, que ameaça ficar lá até ele decidir pelo processo.

Alguns deles, mais xiitas ainda, resolveram acorrentar-se a uma coluna do Congresso, imitando alguns petistas, como um folclórico ex-prefeito de Diadema que já usou o mesmo ridículo expediente.

Os provocadores tiveram sucesso com um despreparado líder (?) do PT chamado Sibá Machado. Anteontem, em plena sessão, ele chamou de “vagabundos” a meia dúzia de provocadores que estendia uma faixa “Fora Dilma” na galeria e prometeu “fazê-los correr”.

No dia seguinte, ontem, militantes do MST tentaram impedir o acesso dos provocadores às galerias à força, provocando um pequeno tumulto que os fanáticos do impeachment trataram de descrever como um conflito na Faixa de Gaza.

O clima de confronto, é claro, invadiu o plenário. Sibá foi chamado de incendiário. Jandira Feghali disse, assustada, que nunca tinha visto a Câmara tão convulsionada e que só faltava sair tiro.

Um deputado da bancada da bala chamou Jean Willys de “escória” e destruidor da família e foi acusado, por ele, de assistir filmes pornô durante a sessão e carregar vários processos nas costas. O incidente levantou os deputados. Por pouco, não chegaram a estapear-se.

Quando os ânimos foram serenados, parte Clarissa Garotinho (é isso aí, adotou como sobrenome o apelido do pai) e acusou Cunha de boicotá-la, afrontou-o com frases como “eu te conheço” e a seguir, num lance de guerrilheira, levantou um cartaz feito à mão com dizeres “Fora Cunha” bem atrás de Cunha, de modo a ser enquadrado pela TV Câmara.


No meio da briga entre incendiários e bombeiros, Heráclito Fortes, sem perceber a ironia, vociferava contra “os irresponsáveis” que tinham exigido e depois revogado a obrigatoriedade de extintores de incêndio em automóveis, dando prejuízo aos que o adquiriram.

Esqueceu-se de sugerir que sejam arrematados pela Câmara, que é onde fazem mais falta."

FONTE: escrito por Alex Solnik, jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão", "O domador de sonhos" e "Dragonfly" (lançamento janeiro 2016). Artigo publicado no portal "Brasil 247"  (https://www.brasil247.com/pt/blog/alex_solnik/202978/Fan%C3%A1ticos-do-impeachment-t%C3%AAm-nova-t%C3%A1tica-confronto.htm).

"SERRA (PSDB) É A GOSMA QUE NOS DEVORA" (Carlos Lessa)




Carlos Lessa: Serra e a gosma que nos devora

'Se existe um déficit, você tem que equacioná-lo, buscando recursos onde há superávit. Quem tem sobra, as famílias assalariadas ou os bancos e rentistas?'

Por Saul Leblon


O que faz um intelectual apaixonado pelo Brasil que aos 80 anos, financeiramente resolvidos, convence-se de que seu caso de amor mergulhou em ‘uma gosma’, como ele classifica a situação atual do país?

Talvez jogasse a toalha para desfrutar o conforto privado e merecido.

Talvez, se o seu nome não fosse Carlos Francisco Theodoro Machado Ribeiro de Lessa, ou Carlos Lessa, como é conhecido e respeitado o economista em quem, mesmo adversários de ideias, reconhecem uma das inteligências mais provocantes do país, ademais de um frasista demolidor.

Lessa está angustiado, aflito com o Brasil. ’Eu e as torcidas de todos os brasões da nação’, começa.

Signatário de um manifesto encampado por alguns dos principais intelectuais brasileiros contrários ao projeto do senador José Serra, de engessamento fiscal do Estado, Lessa, a exemplo de Maria da Conceição Tavares, foi tratado com desdém pelo tucano.

Entre outros vitupérios, o ex-governador de São Paulo, classificou seus críticos de ‘desinformados e pseudo-marxistas’.

‘Mas foram seus professores’, protestou inutilmente o senador petista Lindberg Farias, no dia 20/10, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado --que voltará a examinar o assunto dia 3 de novembro, em sessão decisiva e ainda mais tensa.

Serra não precisava se diminuir tanto’, fuzila o professor emérito da UFRJ e ex-presidente do BNDES.

Ofender pessoas com as quais ele teve reconhecida proximidade intelectual no passado, é ofender a si próprio. Lamento que tenha chegado a isso’.

No exílio chileno, nos anos 70, Serra conviveu intimamente com a família Lessa. A residência do economista, agora fustigado por ele, era um espaço da rotina do tucano, que então atribuía ao dono da casa seu aprendizado em economia.

Elogio em boca própria é vitupério’, desconversa o autor de ‘Quinze anos de política econômica’ (a industrialização do pós-guerra aos anos 60)’, obra apontada como uma continuação proposital de outro clássico –‘Formação Econômica do Brasil’, de Celso Furtado.

Mas desmerecer Conceição?’, indigna-se Lessa.

Uma das principais referências dos economistas heterodoxos, ‘Conceição’ deu a Serra, inclusive --lembra Lessa-- a parceria em um texto famoso. ‘Além da estagnação’, obra de 1972, tornou-se um clássico, ao decifrar a perversidade intrínseca à acumulação capitalista no Brasil, harmoniosamente integrada à concentração de renda, contratada em 1964 à ditadura militar pelas elites golpistas de então.

Desfazer de Conceição?’, escande Lessa, como se dissesse: ‘quanta indignidade’.

Ver o destino do país jogado nessa goma da qual o projeto de Serra é um espessante, me aflige’, diz a voz grave.

O denominador comum da ‘gosma’, na visão do economista, é a panaceia do ‘corte’.

‘Cortar é tudo o que o discurso pantanoso tem a dizer sobre o nosso futuro, que assim deixa de existir’, desacorçoa.

Serra propõe 15 anos de retalhamentos.

O mais risível’, detona, ‘é que a esperteza quer sempre cortar do outro, nunca de si mesmo. Chegamos a essa situação pegajosa, na qual a nação chafurda e pode se perder’.

Cortar o que, de quem, como e para quê?

Carlos Lessa cobra coerência nas respostas que não enxerga em nenhuma das tesouras mobilizadas para esquartejar e salgar as chances do desenvolvimento brasileiro.

Claro que eu também quero equilíbrio fiscal’, fustiga em direção a Serra. ‘Ninguém quer ver o Brasil caminhar para o encilhamento. Mas o que falta a Serra, e outros, é coragem para admitir o óbvio’, observa agora de forma pausada e pedagógica.

Se existe um déficit você terá que equacioná-lo buscando recursos onde há superávit. Estou certo?’, pede ajuda antes de uma pausa para respirar.

Em seguida metralha sem piedade: ‘Quem, afinal, é superavitário hoje no Brasil; quem?’, esgrime a pergunta com repetidas estocadas. ‘Diga-me quem?’

Por certo não é a família assalariada, responde o economista agora de forma compassiva. ‘Tampouco o investimento, que há anos sequer resvala a mínima necessária ao crescimento sustentável, uma taxa da ordem de 20% do PIB, pelo menos’.

Depois de descartar o arrocho sobre a dívida pública – ‘uma ferramenta necessária, mas que no Brasil só cresce para pagar juro, ‘não para investir’, Lessa chega ao ponto do qual acusa Serra e outros de se afastarem covardemente.

‘Quem é superavitário nesta sociedade hoje, e há muito, são os bancos e os rentistas. Essa gente precisa ter brio e admitir um pacto, na forma de uma taxa, para ajustar as contas fiscais, sem esmagar o emprego, o investimento público e os direitos sociais. Ou então afundaremos na gosma’, arremata o conferencista experiente, cujas frases hipnotizaram centenas de plateias acadêmicas e não acadêmicas por todo o Brasil.

Nascido em uma família da elite carioca, mas num tempo em que o futebol de rua conectava o berço rico à infância pobre da favela, Carlos Lessa não se dispensa do que cobra dos endinheirados institucionais.

Eu também acho que devo ter meus investimentos cortados para que se possa baixar a despesa do Estado com juros; hoje elas só servem para engordar a minoria e esmagar a capacidade fiscal do país’, sentencia sem concessão à hipocrisia.

O professor emérito da UFRJ, porém, não é ingênuo.

Lessa sabe que a repactuação política para a retomada do desenvolvimento não virá da generosidade dos detentores da riqueza financeira.

Falta bom senso para o Brasil sair da gosma. A legião do ajuste, na verdade, não se interessa pelo Brasil’, desfere para em seguida adotar um tom grave: ‘Dilma sabe onde está o problema. Já demonstrou isso. O que lhe falta é coragem. Um presidente precisa saber tomar paulada e persistir: existem condições para cortar os juros. Mas é forçoso ir além da esfera técnica’, observa agora em um tom de confidência: ’Um presidente precisa abraçar a discussão política do problema, e assim abrir espaço ao protagonismo da sociedade’.

O professor Carlos Lessa discorda dos que enxergam no mercado mundial uma atalho para o Brasil voltar a crescer, à margem dos seus interditos e impasses domésticos.

A globalização jaz em estado pantanoso’, avalia. Disputas e pendências históricas, no seu entender, estão sendo acirradas pela crise mundial. As tensões geopolíticas se avolumam. ‘O que vejo é a antessala de acirramentos bélicos, em uma palavra: guerra’, pontua com palpável angústia na voz.

O economista enxerga dois blocos em rota conflitiva: de um lado, os EUA e seus acordos transpacífico e transatlântico; de outro a China e sua diáspora de desembarques estratégicos em diferentes pontos do planeta. ‘A recuperação norte-americana fraqueja e a Europa definha’, acrescenta Lessa agregando peças ao seu painel de formações em marcha conflitiva pelo globo. ‘A Rússia está viva e quer ser o elo entre a eurásia e a Europa. Há um cheiro de pólvora no ar. Imigrantes são cerceados nas fronteiras; a extrema direita acaba de vencer na Polônia, a sexta economia da Europa... O Brasil pode se dar ao luxo de desperdiçar o mercado interno para se ancorar nessa areia movediça traiçoeira e carregada de minas?’, argui com gravidade.

A voz grave evidencia cansaço; a conversa precisa acabar. Não, porém, antes que esse brasileiro apaixonado pelo seu país, possa sinalizar linhas de passagem que, no seu entender, ainda resgatariam a economia da gosma espessada por ideias como as de Serra. ‘Nosso padrão de consumo melhorou inequivocamente’, pondera, ‘mas a qualidade de vida se deteriora. O país tem condições de escapar da gosma sufocante erguendo casas dignas para milhões de famílias, civilizando uma urbanização que concentrou 50% da população em 11 regiões metropolitanas conflagradas, erradicando de vez a fome na vida de nossa gente’, lista com realismo para fincar a estaca de esperança no meio da pasta disforme que desfigura seu sonho de Brasil: ‘Nada disso pressiona as contas externas. Estou falando de melhorar a qualidade de vida, gerar empregos e renda, mobilizando a única indústria realmente nacional que restou: a da construção. É isso ou a gosma; eu prefiro apostar nas possibilidades nacionais’, conclui e se despede agradecido, como se tivesse cumprido um dever: ’Obrigado’.


FONTE: escrito por Saul Leblon em seu editorial no site "Carta Maior"  (http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/Carlos-Lessa-Cortar-e-tudo-o-que-o-discurso-pantanoso-tem-a-dizer-sobre-o-nosso-futuro-/7/34852) [1ª imagem obtida no portal "Conversa Afiada"].

A "MALDITA CARGA TRIBUTÁRIA" CAIU, MAS A MÍDIA NÃO DIVULGA




A “maldita carga tributária” caiu, mas isso não é notícia



"Toda hora você lê que a carga tributária brasileira está aumentando.

E que brasileiro precisa trabalhar mais dias, hoje 150, somente para pagar impostos.

É uma “verdade verdadeira” vendida diariamente pela mídia.

Só que não.

Quinta-feira, a Receita Federal divulgou um detalhado estudo sobre a carga tributária brasileira.

A bruta, o total arrecadado e a líquida, que é aquela quando subtraída o dinheiro que volta às pessoas na forma de aposentadorias, pensões, saques do PIS e Pasep, beneficios a idosos e deficientes etc…

Uma e outra estão caindo e não há nenhum “arrocho fiscal” em curso no país.

Não foi notícia, ou apenas notinhas, como a do Valor Econômico.

A carga tributária total (impostos da União, dos Estados e dos Municípios) caiu de 33,74% do PIB para 33,47%. Uma sobre a outra, queda de quase 1%.

A União foi quem mais reduziu a carga de impostos, mas é em cima dela que vem o chororô e a indignação dos que falam que “o brasileiro não suporta mais impostos”.

Só se for o brasileiro pobre e de baixa classe média, que realmente não tem como escapar de uma estrutura tributária montada sobre o consumo, em lugar de sobre o patrimônio, os ganhos de capital e tolera uma sonegação que bate recordes mundiais.

Considerada a carga líquida – o dinheiro que não é devolvido diretamente às pessoas e ao consumo, daquelas formas que se apontou e que fica livre para os gastos de custeio, investimentos e financiamento de dívida – caiu de 18,18% do PIB em 2002 para 17,39%.

A explicação da matéria sobre “queda nas vendas” não explica nada, porque se as vendas caem, caem os impostos na mesma proporção.

Lá em cima, no post, reproduzo o gráfico da Receita Federal mostrando o total arrecadado (a linha verde), o total devolvido diretamente em aposentadorias, pensões, seguro-desemprego, pagamentos de FGTS, abonos salariais do FAT, benefícios a idosos e deficientes, Bolsa Família etc (linha vermelha) e o que efetivamente sobra para os governos, nas três esferas, pagarem pessoal, custeio de suas máquinas administrativas, e para as gigantescas despesas financeiras de suas dívidas…"

FONTE: escrito pelo jornalista Fernando Brito em seu blog "Tijolaço"  (http://tijolaco.com.br/blog/a-maldita-carga-tributaria-caiu-mas-isso-nao-e-noticia/).

UMA ZELOTES PARTIDÁRIA IGUAL ÀS OUTRAS




Mais do mesmo: uma Zelotes igual às outras

Pelo jornalista e escritor Paulo Moreira Leite, diretor do "247" em Brasília

"Ninguém tem o direito de mostrar surpresa diante da aparição de um foco político anti-Lula e anti-Partido dos Trabalhadores na Operação Zelotes. A situação reproduz o destino político das grandes operações judiciais ocorridas no país na última década. Pode ser absurdo mas é verdade.

Queira-se ou não, a AP 470 teve o mensalão PSDB-MG como resultado final. Ninguém precisou fugir para a Itália pois os réus sequer foram julgados. A Lava Jato, que envolve uma investigação necessária na maior empresa brasileira, carrega uma lógica binária e estranha. Quando uma empresa dá recursos financeiros para o PT, é porque participa de um esquema de corrupção. Quando a mesma empresa, com o mesmo CPF e os mesmos executivos, oferece recursos com a mesma origem para seus adversários, nada mais faz do que oferecer contribuições eleitorais legítimas.

É possível avaliar o que ocorre com a Zelotes a partir de um fato singelo. Desde 21 de outubro, que o mais explosivo personagem surgido nas investigações da Zelotes encontra-se protegido, tornando-se incapaz de causar danos imediatos a aliados e amigos. Apanhado em companhia de um sobrinho em meio a uma trama que envolvia uma denúncia de pagamento de R$ 12 milhões de propina paga em quatro prestações pela RBS/Globo, principal grupo de comunicação do Sul do país, sócio da Globo, a acusação contra o ministro Alfredo Nardes, do TCU, foi encaminhada ao Supremo Tribunal Federal.

Na mesma época, no edifício situado em outro vértice de Praça dos Três Poderes, o Congresso recebia o parecer do TCU, cujo relator foi o mesmo Augusto Nardes, que a oposição encara como principal matéria-prima para tentar alimentar um pedido de impeachment de Dilma Rousseff. Enquanto o STF não levar o caso adiante, e não for possível avaliar o grau de veracidade das denúncias, o segredo ajudará a preservar a credibilidade de um personagem essencial da fase atual da guerra política pelo mandato da presidente, impedindo que os brasileiros possam avaliar adequadamente um protagonista que tanto pode ser inocente até que se prove o contrário -- ou quem sabe um segundo Eduardo Cunha.

Nascida de uma briga de quadrilhas de alto coturno que passaram a delatar-se mutuamente, por razões que ainda não foram esclarecidas, a Zelotes teve uma história tumultuada. Sua grandeza -- apurar um esquema de R$ 20 bilhões -- também era sua fraqueza. Investigava um esquema criminoso naquele ponto da sociedade brasileira em que as forças do Estado são pequenas e fracas demais, para enfrentar criminosos poderosos demais, com amigos demais, influentes demais, numa disparidade que é mais comum enxergar em áreas das grandes cidades brasileiras já dominadas pelo tráfico.

Avanços importantes foram feitos. Coordenador das investigações, o procurador Frederico Paiva examinou, pessoalmente, 74 julgamentos em andamento ou encerrados no Conselho Administrativo de Recursos Financeiros, CARF. Esse empenho tornou possível descrever o esquema, apontar e pagamentos milionários, explicar como os interesses podiam ser defendidos -- e recompensados.

Com base em escutas telefônicas feitas com autorização judicial, ainda foi possível encontrar provas de suborno e negociações milionárias envolvendo uma fatia eclética e bilionária do PIB: grandes bancos, grandes empreiteiras, grandes montadoras de automóveis, gigantes do agronegócio.

Não foi preciso esperar muito -- e aí a sociologia brasileira cumpre seu papel -- para que logo surgissem bloqueios e dificuldades, pois era um trabalho que chegava às origens do poder de Estado, ao berço, onde a democracia e o respeito à lei desaparecem e absolutamente tudo se torna dinheiro, num universo milionário e primitivo ao mesmo tempo.

Habituada a contar histórias de mocinho e bandido, onde os papéis já estão definidos com antecedência há pelo menos uma década, a imprensa tinha muita dificuldade e nenhum interesse real em retratar uma operação onde os vilões de sempre não estavam presentes -- até a terça-feira passada. A Zelotes falava das próprias empresas de comunicação, mas também de seus amigos, de anunciantes, dos companheiros de festa e passeios de iate.

Assim, depois de uma operação de busca e apreensão em Brasília, São Paulo e Ceará, realizada em março, nada ou muito pouco pode ser feito. As escutas telefônicas não puderam ser renovadas. Vinte e seis pedidos de prisão temporária foram pedidos ao juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Criminal de Brasília. Todos foram negados. O juiz acabou afastado por decisão da Corregedoria Nacional de Justiça e isso foi comemorado por quem queria levar a investigação adiante.

O novo ativismo veio acompanhado de medidas que todos saudaram como positivas. Aquilo que Ricarddo Leite bloqueava a juiza Regina Célia Odyr Bernardes autorizava.

Os últimos dias mostraram que as investigações assumiram um caráter político, de foco bem definido. O juiz Sérgio Moro fez questão de proferir comentários elogiosos a Regina Célia.

Em ação em que pede a nulidade das ações contra as empresas de Luis Claudio Lula da Silva, seu cliente, o advogado Cristiano Zanin Martins argumenta que o filho de Lula não é mencionado uma única vez num extenso relatório da Polícia Federal sobre a Operação Zelotes.

O advogado sugere um viés político-partidário na postura de determinados integrantes do Ministério Público Federal engajados na força-tarefa da operação: das "4 manifestações produzidas pelo MPF no processo, 3 trataram das empresas de Luiz Cláudio." Conforme Zanin Martins, "ao contrário de outros investigados, cujas citações estão acompanhadas de descrições de supostas condutas ilícitas especificadas no tempo e no espaço, no caso de nosso cliente os pedidos formulados pelo MPF estão lastreados apenas na opinião pessoal" de dois procuradores que consideraram sem nenhum parâmetro, “muito suspeitos" os valores recebidos" por uma das empresas do filho de Luiz Inácio Lula da Silva.

"Não tenho nada a esconder," escreveu Gilberto Carvalho, ministro entre 2003 e 2015, chamado para depor na terça-feira e que achou necessário divulgar uma nota depois disso. Após oito anos de ministério no governo Lula, quatro no governo Dilma, Gilberto Carvalho escreve: "me orgulho de não ter acumulado bens. Não tenho medo de ser investigado e considero dever da Polícia Federal, da Receita Federal e de qualquer órgão de controle realizar a investigação que julgar necessária. Faz parte do ônus e dos deveres inerentes da vida pública." O ministro acrescenta: "O que não vale e não pode é de maneira fantasiosa e leviana fazer interpretações ridículas de material apreendido com pessoas suspeitas e transformá-las em acusação, sem prova alguma, contra pessoas honradas e dar publicidade a tais interpretações como se verdades fossem. "

Luiz Claudio e Gilberto Carvalho entraram na investigação em função de um caso que nada tem a ver com a apuração -- a denúncia de que uma medida provisória que beneficiou grandes montadoras de automóveis foi produto de uma negociata entre as empresas e o governo Lula. É uma tese que está longe de ter sido demonstrada -- seja pelo enredo, seja pelos dois personagens acusados.

A referida MP teve apoio do conjunto das forças políticas do Congresso, com destaque especial para políticos do DEM e do PSDB. Seu padrinho ideológico era o próprio Antônio Carlos Magalhães, cacique e raposa da Bahia e também várias correntes do pensamento desenvolvimentista. Isso porque estimulava investimentos industriais fora dos polos tradicionais, contribuindo para reduzir as desigualdades regionais. Um de seus relatores foi o deputado José Carlos Aleluia, do PFL/DEM. Atual prefeito de Manaus, o então senador Artur Virgílio, tucano histórico, chegou a dizer na tribuna que se orgulhava da medida e alardeou suas responsabilidades de modo particularmente enfático. A MP foi aprovada em 2009, num momento em que o governo Lula percorria o país inteiro para reativar a economia, ameaçada pelo colapso de 2008. Salvo melhores explicações, que até agora não vieram, a presença de uma empresa de Luís Claudio numa articulação desse tipo é até uma impossibilidade administrativa. Naquele momento, Luís Claudio era auxiliar de Wanderley Luxemburgo no Palmeiras e a empresa sequer havia sido fundada, o que só ocorreu anos depois. Na condição de Secretário Geral da Presidência, Gilberto Carvalho era o responsável pela agenda pessoal de Lula. Sua hipotética participação em conversas suspeitas -- que ele desmente com veemência -- é uma impossibilidade geográfica. Encontrava-se em viagem pela Itália no momento em que o encontro teria ocorrido.

Mesmo assim, vamos supor, por hipótese, que haja um fundo de verdade na versão de que uma MP que era consenso no Congresso e no governo foi comprada. Neste caso, há uma coincidência entre fatos que não têm conexão: um escritório acusado de pagar propinas no CARF teria se mobilizado para fazer uma negociata paralela. Seguindo o princípio de que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, base do desmembramento da Lava Jato resolvida pelo STF, seria mais razoável abrir outro inquérito, que teria condições adequadas de investigar um outro crime. Ajudar a esclarecer em vez de confundir.

Ontem, em ofício dirigido diretamente à presidente Dilma Rousseff, a juíza Regina Celia Ody Bernardes, solicitou "todos os documentos produzidos (estudos, pareceres, notas técnicas etc), inclusive registro de reuniões" que possam prestar novos esclarecimentos sobre as medidas provisórias. Segundo escreveu o repórter Rubem Valente, na Folha, "a intenção é encontrar indícios, na documentação, da atividade de lobistas que aparecem, em mensagens eletrônicas interceptadas e anotações apreendidas com ordem judicial, combinando ações e valores. As duas medidas provisórias sob investigação, segundo os ofícios da juíza, são a 471, de 2009, assinada pelo então presidente Lula, e a 627, de 2013, assinada pela presidente Dilma Rousseff. Ambas foram depois convertidas em lei."

O pedido para investigar Dilma, diretamente, partiu do Ministério Público. Como magistrada, Regina Celia Odyr Bernardes tinha o direito de aceitar ou rejeitar a solicitação.

A julgar pelos últimos acontecimentos, não é difícil imaginar o que teremos por aí."

FONTE: escrito pelo jornalista e escritor Paulo Moreira Leite, diretor do "247" em Brasília   (http://www.brasil247.com/pt/blog/paulomoreiraleite/202939/Mais-do-mesmo-uma-Zelotes-igual-%C3%A0s-outras.htm).

QUEM É O DELEGADO REINALDO SOBRINHO, DA "ZELOTES"?




Quem é o delegado Reinaldo Sobrinho da Zelotes?

O que ele fazia com os investigados?

O delegado Reinaldo trabalhou com Richa e os delegados grampeadores

"O portal ''Conversa Afiada' reproduz o item #37 do documento em que a Juíza Bernardes aceitou o jabuti para vasculhar a empresa do filho do Lula:

DETERMINO que a autoridade policial providencie vista dos autos ao MPF (17.1) para que possa acompanhar as medidas ora deferidas e também (17.2) para que informe o juízo acerca das providências tomadas para esclarecer: (17.2.1) em que circunstâncias ocorreu a visita realizada por Reinaldo de Almeida Cesar Sobrinho, Delegado de Polícia Federal que já atuou no Núcleo de Inteligência Policial, ao investigado FERNANDO CESAR DE MOREIRA MESQUITA; (17.2.2) o fato de ter sido encontrado, na residência do investigado ALEXANDRE PAES DOS SANTOS, Relatório de Inteligência Policial da Polícia Federal (fls. 541/545);

A Juíza manda aí o Ministério Público Federal investigar o contato do delegado Reinaldo Sobrinho com investigado na casa de outro investigado.

Como é que é?

Quem é o desatento delegado, que foi convocado para a força tarefa para investigar a Zelotes e que, em vez de vasculhar a Globo (RBS), vai atrás do auxiliar do Vanderlei Luxemburgo?

E se mete com investigado na casa de investigado?

Para tratar de futebol americano?

Comentar o Super Bowl?

O desatento delegado foi o primeiro Secretário de Segurança do governador Richa, o patrono dos professores do Paraná.

Depois foi sucedido por notável delegado da PF, aquele que corre de professor, o impoluto Franceschini.

O delegado servia na Superintendência da PF do Paraná, onde a turma grampeia mictório de preso!

Viva a PF republicana do zé da Justiça.

De lá foi para a Zelotes.

O desatento delegado Sobrinho aparece também numa gravação da turma do notável empresário Carlinhos Cachoeira.

A Zelotes não encana empresário.

Mas se prepara para prender o filho do Lula e destituir a Dilma.

Com a notável contribuição do delegado Reinaldo Sobrinho.

O que o MPF fará para cumprir essa determinação da Juíza?

Provavelmente nada.

O MPF se afogou nas águas turvas de Furnas!

Veja os documentos:

Atualmente o delegado Sobrinho está lotado na Superintendência da PF em Curitiba.

Reinaldo de Almeida Cesar Sobrinho - De Abr/2010 a Fev/2011

Reinaldo de Almeida Cesar é bacharel em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Ingressou na Policia Federal como delegado, em 1997 e está na ativa, posicionado na Classe Especial. Entre outras atividades, chefiou a Divisão de Cooperação Policial Internacional (Interpol) e foi instrutor de Policia Judiciária, na Academia da PF. Foi chefe da Assessoria Parlamentar da Policia Federal na gestão Agilio Monteiro Filho e atuou como porta-voz da Polícia Federal durante a gestão Armando Possa. Integrou o Gabinete de Crises da Presidência, no primeiro governo Lula e coordenou a missão de segurança prevista pela lei eleitoral, para o candidato do PSDB à presidência da República, nas eleições de 2006. Atuou como presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) de abril de 2010 até abril de 2012.


Leia na "Gazeta do Povo":

Futuro secretário de segurança responde por desvio de verba

E na "Folha de Maringá":

Revista Época insinua que Carlinhos Cachoeira indicou o secretário da Segurança do PR

FONTE: do portal "Conversa Afiada"  (http://www.conversaafiada.com.br/brasil/quem-e-o-delegado-reinaldo-sobrinho-da-zelotes).

NÉSTOR KIRCHNER, LULA E O 2º TURNO




Néstor, Lula e o segundo turno

As campanhas do segundo turno, pela experiência brasileira, têm sido decisivas para as vitórias eleitorais na direção de uma sociedade mais humana.

Por Emir Sader

"Estávamos na campanha do segundo turno, em 2010, quando fomos fulminados pela notícias da morte de Néstor Kirchner. Lula correu a representar a todos nós, quando nossos corações se voltavam para Néstor, para todos os argentinos e para a Cristina, em particular.


Sabíamos tudo o que o Nestor representava, como ele foi fundamental para, junto com Lula e Hugo Chávez, lançar o processo de integração regional e fechar definitivamente o caminho para a ALCA. Sabíamos como Néstor foi fundamental para o resgate da Argentina da pior crise da sua história.

Sabemos agora, 5 anos depois, como a morte do Néstor – junto as comemorações do bicentenário da independência da Argentina – forma marcos para a emergência de uma nova geração de jovens militantes, que hoje anima as lutas populares na Argentina.

Estávamos no segundo turno das eleições presidenciais no Brasil – assim como agora a Argentina enfrenta essa circunstância, pela primeira vez -, quando Lula nos surpreendeu dizendo que "é sempre melhor ganhar no segundo turno, porque a contraposição de posições é mais clara, assim como o presidente é eleito com mais apoio."

Nos parecia um consolo, uma racionalização para nossa incapacidade para ter trinfado no primeiro turno em 2002, em 2006, em 2010 – e, agora, em 2014. Mas depois nos convencemos de que há uma lógica política importante nessa afirmação de Lula. No primeiro turno – no Brasil, na Argentina e em outros países da região – há uma proliferação de candidatos, de posições, que dificultam a compreensão dos grandes dilemas colocados para as nossas sociedades.

Foi fundamental para o triunfo de Lula em 2006, de Dilma em 2010 e em 2014. Os dilemas centrais das nossas sociedades se dão em torno da manutenção ou da superação do neoliberalismo. Não por acaso os países da região que começaram a empreender o caminho da superação desse modelo – privilegiando as políticas sociais, a integração regional e o resgate do papel do Estado – avançaram no combate à pobreza e à miséria, na afirmação da soberania nacional, da autoestima das pessoas. O contrário acontece com os países que mantêm o modelo centrado nos ajustes fiscais, na centralidade do mercado, no livre comércio.


No segundo turno, as alternativas econômicas e o papel das políticas sociais se tornam centrais no debate dos dois candidatos e nas suas posições. Em geral, os candidatos da direita tratam de esconder os fundamentos da sua política econômica, afirmando inclusive que vão manter os avanços sociais conseguidos pelos governos progressistas. É fundamental explicitar, nos debates do segundo turno, a contradição entre essa promessa e os fundamentos da sua proposta econômica.

No Brasil, na eleição de 2014, apesar de prometer que manteriam as políticas sociais dos governos do PT, os candidatos da oposição faziam afirmações tais como que “A economia não cresce porque o salário mínimo é muito alto”(sic), “Dos bancos públicos não vai sobrar quase nada” (como se as politicas sociais pudessem ser implementadas por bancos privados), como alguns exemplos do desmascaramento das contradições e das verdadeiras intenções dos candidatos da direita.


Além de que, no segundo turno tem sido possível sempre fazer grandes atos de mobilizações de artistas, intelectuais, movimentos sociais, forças de esquerda em geral, em torno das duas grandes alternativas das nossa sociedades e países - avançar na superação do neoliberalismo ou o retrocesso brutal nos planos econômico, político, social e cultural, com a repressão correspondente.

As campanhas do segundo turno, pela experiência brasileira, têm sido decisivas para as vitórias eleitorais, para evitar os retrocesso e para avançar na continuidade e no aprofundamento dos processos de construção de sociedades mais justas, mais solidárias, mais humanas."


FONTE: escrito pelo cientista político Emir Sader no site "Carta Maior"  (http://cartamaior.com.br/?/Blog/Blog-do-Emir/Nestor-Lula-e-o-segundo-turno/2/34862).

RAZÕES DO CRESCIMENTO MAIOR DOS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO



                      Crédito da foto: EBC

Razões do crescimento maior dos países em desenvolvimento

"Nos anos 2000, os países em desenvolvimento cresceram mais em relação aos países desenvolvidos em função da melhoria das condições externas que determinam a restrição de balanço de pagamentos. O indicador mais marcante foi a acumulação de reservas internacionais sem precedentes históricos

Por Carlos Aguiar de Medeiros, Fabio Freitas e Franklin Serrano, no "Brasil Debate"

O processo de descolamento (“decoupling”) da tendência do crescimento maior dos países em desenvolvimento em relação aos países desenvolvidos no novo século resultou da grande melhoria das condições externas que determinam a restrição de balanço de pagamentos da periferia nos anos 2000, em relação à difícil situação dos anos 1990 (cuja segunda metade foi chamada por alguns de “meia década perdida”).

Neste trabalho, destacamos as três causas mais importantes do descolamento. A primeira delas se relaciona com a política de baixas taxas de juros nos EUA e outros países avançados e também os grandes fluxos de capital privado que fluíram para os países em desenvolvimento.

As outras duas causas estão relacionadas diretamente com as mudanças na política econômica dos próprios países em desenvolvimento. De um lado, houve rápido crescimento da demanda interna no conjunto dos países em desenvolvimento (não apenas na China), bem como um elevado ritmo de expansão do comércio Sul-Sul.

De outro lado, ocorreu grande melhoria nas políticas de administração do balanço de pagamentos nos países em desenvolvimento, apoiada em vários casos no retorno do chamado “nacionalismo de recursos naturais”. Já a grande melhoria dos termos de troca dos países em desenvolvimento não foi uma causa exógena e sim endógena a esse processo.

A grande melhoria nas políticas de administração do balanço de pagamentos nos países em desenvolvimento pode ser explicada por quatro fatores principais: 

1) a adoção generalizada de regimes cambiais flexíveis e com a taxa de câmbio fortemente administrada (managed floating); 
2) a tributação seletiva do valor das exportações de algumas commodities e/ou o uso de subsídios às importações de algumas commodities; 
3) o pagamento antecipado da dívida externa pública, moratórias (e.g., Rússia) ou calotes (e.g., Argentina), assim como a criação de fundos soberanos; e 
4) a imensa acumulação de reservas internacionais, mesmo em países com déficits em conta corrente (como o Brasil).

Esses elementos combinados de diferentes formas e em diferentes graus em vários países em desenvolvimento tiveram como resultado global pelo menos dez anos sem crises de balanço de pagamentos originadas na periferia e uma rápida recuperação das economias em desenvolvimento por ocasião da crise mundial de 2008.

O indicador mais marcante dessas mudanças na administração do balanço de pagamentos foi, sem dúvida, a acumulação de reservas internacionais sem precedentes históricos nos países em desenvolvimento.

De fato, em 2003, os países avançados detinham aproximadamente 1,8 trilhão de dólares em suas reservas internacionais e os países em desenvolvimento como um todo detinham 1,3 trilhão. Em 2012, a situação havia mudado drasticamente e as reservas internacionais dos países avançados somavam 3,7 trilhões de dólares, contra 7,2 trilhões de dólares nos países em desenvolvimento.

Assim, pela primeira vez na história, os países em desenvolvimento detêm mais reservas internacionais que os países avançados, mesmo sem considerarmos a existência de aproximadamente um trilhão de dólares adicionais nos fundos soberanos de países em desenvolvimento.

Um fator fundamental a ser ressaltado é o comportamento distinto do ciclo e da tendência. Nos anos 2000, como vimos acima, o comportamento cíclico do crescimento do produto nos países em desenvolvimento e nos avançados ficou mais semelhante como resultado da maior integração financeira e comercial, essa última estreitamente ligada à difusão e aprofundamento das cadeias globais de valor.

Nos anos 2000, porém, o desacoplamento do crescimento foi bem diferente do observado na década anterior. Ele foi mais persistente, mais generalizado e mais intenso.

O aumento de preços relativos das commodities se deveu a uma série de fatores interligados. Além do aumento da demanda por metais e minerais da China, temos o importante papel da OPEP e do novo “nacionalismo de recursos naturais” restringindo a oferta e também a forte valorização das taxas de câmbio (causada por variadas combinações de aumentos de salários nominais e valorizações nominais da taxa de câmbio, dependendo do país) do conjunto dos países produtores de commodities, o que aumenta os preços de oferta das commodities em dólares.

E esses aumentos nominais se transformaram em aumentos dos preços relativos como resultado do baixo poder de barganha dos trabalhadores nos países desenvolvidos. Esse baixo poder de barganha parece estar relacionado em boa parte com a concorrência chinesa nos mercados globais de produtos industriais.

O maior crescimento dos mercados internos e a melhoria geral na administração do balanço de pagamentos dos países em desenvolvimento são, portanto, causas importantes também da melhoria dos termos de troca observada no período, que, por sua vez, reforçou muito o processo de descolamento.

A questão estratégica que se coloca é avaliar se esse padrão de crescimento que prevaleceu na primeira década do século 21 tende a se manter na segunda década do século, mesmo que a taxas de crescimento mais baixas por causa da forte desaceleração dos já baixos ritmos de crescimento das principais economias dos países desenvolvidos.

Isso dependerá de se as condições internacionais vão ficar novamente desfavoráveis ao crescimento dos países em desenvolvimento em geral e desfazer o processo de descolamento.

A resposta a essa última questão depende de três fatores principais: 

(i) o comportamento futuro da taxa de juros americana e dos fluxos de capital privado para os países em desenvolvimento; 
(ii) o ritmo de crescimento futuro da economia chinesa; e 
(iii) o comportamento dos termos de troca das commodities.

As taxas de juros americanas não devem subir tão cedo, dado os baixos níveis do núcleo da inflação e a fraqueza do crescimento da economia americana. Além disso, as taxas de juros de outros países desenvolvidos, o Japão e os juros do Euro devem continuar baixos por bastante tempo, dada a tendência a estagnação e o perigo de deflação nessas regiões.

Adicionalmente, a China tem se engajado cada vez mais na chamada “diplomacia ferroviária” oferecendo vultosos recursos externos de longo prazo a países em desenvolvimento para projetos de infraestrutura em troca de contratos de suprimento de commodities. Assim, tanto as taxas de juros internacionais baixas nos países desenvolvidos quanto a consequente ampla (apesar de volátil) oferta de crédito para os países em desenvolvimento, devem se manter.

Devido ao altíssimo grau de intervenção e controle Estatal na economia, a China tem quase sempre crescido a taxas muito próximas àquelas programadas em seus planos oficiais. Os planos mais recentes apontam para uma meta de taxas de crescimento de cerca de 7% para os próximos anos. São taxas bem menores do que as taxas de dois dígitos observadas no passado.

Mas, como a economia chinesa continua se tornando mais aberta às importações, tais taxas, se realizadas, garantem que a China vai continuar aumentando o seu peso na geração de demanda efetiva para a economia mundial e, especialmente, para os países em desenvolvimento.

Quanto aos preços das commodities e termos de troca, a despeito de esses preços em dólar já terem reduzido em relação a seu pico em 2011, a continuidade da ampla oferta internacional de crédito e do crescimento da China a taxas razoavelmente elevadas nos permite supor que, apesar das turbulências, não deve haver nos próximos anos uma crise externa das economias periféricas pior do que a de 2008-9 e próxima às crises dos anos 1980 e da segunda metade da década de 1990, que levem a um colapso permanente das taxas de câmbio dos países produtores e dos preços de oferta em dólar das commodities em geral (minerais e agrícolas).

No caso específico do petróleo, que sofreu drástica redução de seu preço devido ao baixo custo de produção privado da tecnologia não convencional do "fracking" de xisto, embora alguns países em desenvolvimento exportadores de petróleo muito sejam prejudicados, por outro lado, os muito mais numerosos países em desenvolvimento que são importadores líquidos de petróleo serão beneficiados, pois seus termos de troca aumentaram.

Além disso, o impacto inflacionário da queda do preço do petróleo de curto prazo sobre os países desenvolvidos reforça a determinação de manter juros baixos para evitar a tendência à deflação.

Podemos concluir que, nos próximos anos, as condições externas, embora de fato bem menos favoráveis do que na década passada, continuarão relativamente propícias à continuidade do descolamento da tendência de crescimento dos países em desenvolvimento em geral. E o baixo crescimento da economia brasileira também deve continuar a ser causado predominantemente por problemas e conflitos internos."

FONTE: escrito por Carlos Aguiar de Medeiros, Fabio Freitas e Franklin Serrano, no "Brasil Debate". Artigo em parceria com a Plataforma Política Social e Centro de Altos Estudos Brasil Século XXI, publicado na Revista Política Social e Desenvolvimento #23. Transcrito no "Jornal GGN"  (http://jornalggn.com.br/noticia/razoes-do-crescimento-maior-dos-paises-em-desenvolvimento).

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

QUEM GANHA COM A CRISE E O IMPEACHMENT?



QUEM GANHA COM A CRISE E O IMPEACHMENT?

O Brasil caótico de hoje parece incoerente porque todos perdem. Mas se existe todo esse dispendioso esforço de cultivo da crise, alguém com certeza o financia e ganhará com o caos.


O lado perdedor é óbvio. Com pouquíssimas exceções, todos os brasileiros perdem. 

O impressionante é que muitos participam de corpo e alma da forte e persistente campanha destruidora suicida, incutindo, repercutindo e estimulando o derrotismo, causando a paralisia do país, o desestímulo ao consumo, 
o retrocesso da economia, o desemprego, falências, enfim, miséria. 

Os efeitos da batalha já atingem e atingirão ainda mais a população, mas também não escaparão os ricos do 1%, seus filhos e netos. 

Tenho certeza que muitos não são burros e têm consciência que estão cavando e caindo em direção ao fundo do poço. 

Se até este simples blog percebe que é um tiro no pé essa campanha midiática gigantesca e destruidora que assola o país, com certeza muitos dos seus participantes [na mídia, no Congresso, nos tribunais, no MPF, na PF, STF, nos partidos da direita (PSDB, DEM, Rede, PPS, SD), nas redes sociais, empresários, banqueiros nacionais], também têm percepção de que isso nos conduz para a tragédia, e que eles irão juntos. 

Então, qual é a lógica masoquista da criação do caos? Quem ganha 
com essa loucura de suicídio coletivo econômico e social dos brasileiros?

Com certeza, há um pote de ouro no fundo do poço que motiva e atrai como um imã. Mas quem usufruirá do pote de ouro e espertamente está forçando os brasileiros a imbecilmente cavar em direção a ele?

Sempre quando não percebo bem o que ocorre no meu entorno, procuro entender o conjunto maior, com visão mais global.

O dinheiro, há milênios, está no centro de tudo. O mundo, nos últimos tempos, está sob o comando coordenado de poucos megaempresários financeiros. Eles negociam diariamente trilhões de dólares, em grande parte virtuais. 
Disfarçada e eufemicamente, eles são chamados de "o mercado". Grandes empresas multinacionais são importantes, mas não têm o enorme poder decisório harmonizado dos megabanqueiros.  Eles são os donos do mundo. As grandes potências, como os EUA, são em essência seus exércitos, para impor pela força, quando necessário, o que interessa a esses quase anônimos poucos megaempresários financeiros. Nada acontece no mundo fora do interesse e do alcance deles. 

Até os norte-americanos não percebem que lutam e morrem por interesse desse "mercado". Por exemplo, as famílias recebem seus filhos de volta do Iraque dentro de caixões enrolados na bandeira dos EUA, e orgulhosas se perfilam ao toque fúnebre do clarim, acreditando que eles morreram "pela democracia e pela liberdade". Não sabem que a guerra foi para cumprir ordens determinadas pelos donos do mundo para se apropriar do petróleo e lá colocar suas empresas vendendo em petrodólar, gerando mais lucro e riqueza para os megabanqueiros.     

E o caos no Brasil, o que isso interessa a esses donos do mundo?

Simplificando e resumindo, opino: 

O pré-sal é o pote de ouro. São muitas dezenas de bilhões de barris de petróleo em reservas já identificadas, significando trilhões de dólares reais, não virtuais. Para o megamercado financeiro, quanto mais rápido esse petróleo for explorado e comercializado, não interessa por quem, maior e mais rápido será o fluxo financeiro mundial e mais lucros em menor prazo ganharão os megabanqueiros.

A decisão do Presidente Lula de impor por lei o modelo de partilha no pré-sal, com a Petrobras obrigatoriamente operadora, com a imposição de conteúdo nacional e de crescimento da produção de acordo com as necessidades e possibilidades de investimento brasileiras, foi o começo do caos comandado de fora para dentro do Brasil. Caos movido a muito, muito dinheiro. 


Tentaram de todos os modos derrubar Lula. Sangrando, ele ainda conseguiu eleger Dilma. 

Quando ela também demonstrou firmeza em manter os mesmos parâmetros para o pré-sal ser prioritariamente benefício para os brasileiros e não para os megabanqueiros e petroleiras estrangeiras, foi desencadeada nova etapa da guerra. É a grande crise que vivemos. Mais intensa a partir de 2013, com grandes e violentas manifestações de rua (por pretextos ridículos: não aumento de R$ 0,20 nas passagens de ônibus, catraca livre, não realização da Copa etc), com violência e destruição do patrimônio público e privado. Essa fórmula, desestabilização e mudança para um novo governo submisso "ao mercado", já foi adotada com êxito em várias partes do mundo. Porém, apesar das manifestações de rua, da campanha intensa e diuturna na mídia, com acusações falsas ao PT nas capas das revistas, em grandes manchetes, em todos os telejornais, ainda assim, ocorreu a reeleição de Dilma. 

Desde então, bateu o desespero na direita. Chegamos ao ponto de o Brasil estar morrendo por enlouquecidas tentativas de impeachment da presidente para colocar de algum modo a direita "do mercado" no poder, até mesmo por meio de "intervenção" militar. Campanha essa com a integral participação da mídia e de grande parcela de políticos, juízes, delegados, coxinhas da elite sem cérebro, altas patentes militares, todos ingênuos (ou não?). Como citamos no caso dos soldados norte-americanos que pensam lutar e morrer por causa nobre em guerras de intervenção mundo afora, aqui também muitos lutam e sofrem sem perceberem que estão sendo marionetes de grandes interesses financeiros mundiais, cavando o próprio túmulo e o de suas famílias.

Ao final, com o Brasil fraco e moribundo, será fácil para os megabanqueiros mundiais e seus comandados se apropriarem e explorarem nosso petróleo e outras nossas riquezas trilionárias. 


E os brasileiros que ainda restarem? Com certeza, como já usual, PSDB, DEM, Rede, PPS, SD, juízes, jornalistas, os donos da mídia, ajudarão os novos donos do Brasil, e contribuirão para a "modernização", privatizando (estrangeirizando) a Petrobras, o Banco do Brasil, BNDES, Caixa etc, abandonando o Mercosul e aderindo à nova ALCA subordinada aos EUA, "flexibilizando" as leis trabalhistas, eliminando direitos e baixando salários, tudo para nos tornar escravos "mais competitivos" e aumentar os lucros dos exploradores estrangeiros. 

Haverá muitos mutantes.

"O PLANO TEMER/PMDB" 

Até o PMDB do Vice-Presidente Temer já se assanhou e se antecipou, e quinta-feira (29) divulgou a sua nova estratégia mais do agrado do "mercado", inclusive, eliminando a obrigatoriedade do modelo de partilha no pré-sal, propondo a volta do dadivoso modelo tucano de "concessão", muito cobiçado e mais generoso para as petroleiras estrangeiras. O PMDB propõe também "reforma da Previdência (elevação da idade para aposentadoria e diminuição dos valores pagos), corte dos reajustes do salário mínimo (diminuição gradativa do seu valor), fim das vinculações externas" (isto é : "fim do Mercosul" e submissão aos EUA). 

Talvez, com essa açodada adesão aos desígnios dos donos do mundo, "do mercado", o matreiro Temer e seu PMDB bipolar estejam dizendo: "Tirem a Dilma logo da presidência, pois já estou preparado para ceder tudo a vocês. Não precisam continuar a dar contribuições financeiras ao PSDB e à mídia, deem ao PMDB e a mim". Obviamente, essa nova estratégia do PMDB recebeu largos elogios em editorial do jornal "O Globo" (no sábado 30) e em toda a mídia.

Esse é o pote de ouro no fundo do poço. 

Vale a pena nosso sacrifício e de nossas famílias para enriquecer ainda mais os megabanqueiros?

FONTE: imagem obtida no google e texto escrito por este blog 'democracia&política'.

VELHA MÍDIA E O DESEQUILÍBRIO NA DEMOCRACIA BRASILEIRA



 
Velha mídia e o desequilíbrio na democracia brasileira

Por Alexandre Tambelli

Tinha comentado ontem aqui no Blog a partir do texto: Cadê a democracia que estava aqui? O gato comeu, por Jandui Tupinambás

E saiu este texto. Coloco, também, aqui.

A velha mídia x PT e a ausência de Democracia.

"Democracia é equilíbrio.

Nós não temos equilíbrio no Brasil.

Existe uma parte da Justiça que trabalha em consonância com os meios de comunicação hegemônicos e deles encontra o caminho para o sucesso individual de um Juiz, Procurador, Ministro de Tribunal Superior etc.

A força da hegemonia da "Rede Globo & Cia" se mostra presente na capacidade de gerar manchetes Brasil afora em quantidades inimagináveis para qualquer democracia madura.

Imaginemos a força que é deter mais de 80% de todos os meios de comunicação, portanto, das fontes possíveis de informação dos brasileiros e brasileiras em poucas mãos, e meios de comunicação que defendem interesses idênticos: o da sociedade do 1%?

É uma força descomunal.

Imaginemos que essa força toda se coloca no campo de oposição política e econômica e social dos interesses do Brasil e é contrária ao governo legitimamente eleito.

O que pode nos acarretar de danos? Incontáveis.

Mídia, acima de tudo, é formadora da opinião pública. Se ela só produz um tipo de manchete e de noticiário, quase certo que teremos opinião pública hegemônica e tendendo a concordar com os meios de comunicação hegemônicos.

Porém, a realidade mostra que, apesar da hegemonia e do interesse de interferir nos resultados eleitorais em seu benefício, a velha mídia ainda não obteve o intento desejado: retirar o PT do Poder.

Na realidade, nós temos duas forças antagônicas brigando no Brasil: a população que teima em votar no PT (aqui representando uma sociedade mais progressista, inclusiva e nacionalista) x a velha mídia e seu poderio midiático em prol da sociedade do 1%.

É tanta luta para mudar os rumos que a maioria dos brasileiros quer, e tanto desespero desses meios de comunicação para ver sua ideologia realizada, que se perde a noção de civilidade e de cordialidade.

Ter tanto poder gerador de manchetes e encontrar aliados no Judiciário e na oposição política para o intento de tornar possível a sociedade do 1%, ideologia dos meios de comunicação hegemônicos, cria esse Brasil dividido e acuado.

Veja se no Judiciário encontramos a mesma possibilidade de uma operação da PF na empresa de um filho de um tucano? Que Juiz, Procurador permitiria a existência de tal fato? E o medo da represália, do assassinato de sua reputação?

Vivemos na sociedade do medo. A velha mídia comandando quem pode e quem não pode ser julgado. Quem pode ou não pode ter a reputação preservada.

O PT, claro, não pode! Afinal, a luta da velha mídia é contra o seu Governo, contra a inclusão social, contra a melhor distribuição de renda e contra a ascensão social, contra a interrupção no Brasil da sociedade de castas.

Tendo essa capacidade toda de gerar manchetes e aos milhares, dezenas de milhares, ao dia e sem contrapontos de equilíbrio entre manchetes positivas e negativas de todos os lados da Política, da Economia e da Sociedade, a única verdade possível e que nos pode chegar aos olhos e ouvidos e se fixar é a da verdade única e negativa, depreciativa e até mentirosa contra o PT, seu Governo e seus partidários, filiados e defensores.

É o desespero de quem não consegue fazer uma curva para à direita em quatro eleições seguidas. E vai ser assim até 2018.

Sobrou falar mal. Acuar petistas. Destruir a dignidade dos políticos do partido. Porque não tiveram votos e nem sabem se terão em 2018. Velha mídia e aliados, tudo para reassumirem o Poder central. Porém, voto ganhado de forma honesta requer: programa de Governo, ideologia e ideias para serem discutidas com a sociedade. Isso a direita midiática não tem, nem terá.

Hoje, vivemos o tempo da ausência de limites. A cada vez que eu perco limite, eu me perco um pouco mais. Eu me descontrolo um pouco mais. Eu ultrapasso um pouco mais o limite da civilidade e da cordialidade. Eis o que anda acontecendo.

Assim age a perdedora velha mídia e sua direita política aliada.

Ser petista hoje significa não-ser, significa não ter o direito a ser gente, pois, a velha mídia quer retirar a humanidade dos petistas, porque em sendo humanos, não há como derrubá-los do Poder, porque eles fazem no Governo, apesar de tantas oscilações e até de erros, uma revolução social sem precedentes e ameaçam a hegemonia de mais de 500 anos da Casa Grande sobre a Senzala.

É preciso tirar dos petistas a condição humana, a possibilidade de respirar, a possibilidade de agir porque senão eles vencem novamente em 2018.

Para os desesperados, para aqueles que perderam qualquer noção de civilidade e cordialidade os atos são praticados sem a razão. Eles perdem, aos poucos, a noção dos limites e perdem (mesmo que sem racionalidade do que fazem) a noção do próprio ato praticado, penso eu.

Desumanizar os petistas, torná-los animais, pessoas sem sentimentos, sem vínculos familiares, sem direito à respeito e à dignidade como pessoas acaba sendo um ato normal da velha mídia, de seu Judiciário aliado e de seus políticos aliados, porque, na verdade, a crescente desumanidade (desumanização) está neles mesmos, presos que estão a um mundo paralelo, por eles mesmos criado, onde não há limites e se pode tudo.

Lula é um boneco e eles acreditam que seja! Lula não tem coração, Lula não tem humanidade, Lula não tem sentimentos, Lula não tem alma e nem Fé.

Para quem não é humano como o Lula, não há motivos para agir com civilidade e cordialidade, quando se fala dele. Ele sequer pode pensar e não sente nada. É inofensivo atacá-lo; afinal, ele não tem sentimentos humanos, é um boneco e inflável, pode estourar a qualquer momento.

A verdade nua e crua é que a doença que viralizou na oposição ao PT tem um só nome: desumanização, e os adoentados são:

Velha mídia, oposição via PSDB e Judiciário aliado da velha mídia + todos os seus teleguiados.

Estão doentes e, por isso, perderam a noção da convivência em sociedade.

Essa doença fabrica pessoas que agem irracionalmente e sem nenhum limite socialmente aceito numa democracia e em um mundo civilizado.

Apenas há, no mundo real, uma obsessão doentia: alcançar o Poder.

O grande problema do Brasil de outubro de 2015 é como frear essa doença antipetista que está viralizando pela sociedade como um todo.

Em se encontrando o remédio, se retorna à civilidade e à cordialidade perdidas. E se pode abrir espaço para a implementação de uma democracia e com equilíbrio nos atos e nas vozes que levam informação aos brasileiros e brasileiras.

Maior absurdo não há do que convidar o Prefeito Fernando Haddad do PT, prefeito da maior cidade do País, para uma entrevista em um estabelecimento privado e esse local virar uma praça de guerra consentida pelos seus donos e o entrevistado ir à entrevista sabendo que tenderá a ser “fuzilado” nas perguntas dos repórteres (para ver se ele comete deslizes graves) e, ainda, o prefeito é vaiado e hostilizado pela plateia e sai do local xingado por manifestantes teleguiados da velha mídia, manifestantes espumando de ódio e irracionalidade."

FONTE: escrito por Alexandre Tambelli e publicado no "Jornal GGN"  (http://jornalggn.com.br/noticia/velha-midia-e-o-desequilibrio-na-democracia-brasileira).

PRODUÇÃO DE POÇOS DO PRÉ-SAL TRIPLICOU EM MENOS DE TRÊS ANOS




PRODUÇÃO DE POÇOS DO PRÉ-SAL TRIPLICOU EM MENOS DE TRÊS ANOS

Por Douglas Correa, da Agência Brasil

"A diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Solange Guedes, disse quarta-feira (28) na "Offshore Tecnology Conference Brasil" (OTC), no Rio de Janeiro, que o tempo de construção dos poços do pré-sal desde 2010 teve redução significativa de mais de 50% e destacou a alta produtividade dos poços do pré-sal. A produção triplicou nos últimos 30 meses, com a eficiência operacional da companhia tendo atingido 92,4%, na média dos últimos três anos.

Solange disse que a experiência adquirida ao longo da exploração e do desenvolvimento offshore foi determinante para que a empresa tenha atingido a marca de 1 milhão de barris de óleo equivalente por dia no pré-sal, obtida em setembro. “A Petrobras atingiu uma combinação única de custos, produtividade e eficiência. Como consequência, um portfólio muito competitivo”, acrescentando que o histórico de exploração offshore da Petrobras desde a década de 70 possibilitou o sucesso na exploração do pré-sal.

O campo de Libra, na região do pré-sal na Bacia de Santos, teve quatro poços perfurados até agora e o primeiro teste de longa duração ocorrerá em 2017. “A primeira fase do desenvolvimento da produção se concentrará na área nordeste de Libra. O primeiro teste de longa duração está previsto para o primeiro trimestre de 2017 e o projeto-piloto para 2020”, disse a gerente executiva da Petrobras para a área de Libra, Anelise Lara.

Anelise ressaltou a importância das sociedades de profissionais na disseminação de conhecimento para as novas gerações de técnicos da indústria de óleo e gás e elogiou a atuação integrada da equipe multidisciplinar de projetos de Libra, que inclui colaboradores das cinco empresas participantes do consórcio que atua na área, formado pelas empresas Shell, Total, CNPC, CNOOC e Petrobras."

FONTE: escrito por Douglas Correa, da Agência Brasil. Transcrito no portal "Brasil 247"  (http://www.brasil247.com/pt/247/economia/202917/Produ%C3%A7%C3%A3o-de-po%C3%A7os-do-pr%C3%A9-sal-triplicou-em-menos-de-tr%C3%AAs-anos.htm).