terça-feira, 31 de julho de 2012

BRASIL VAI VENDER 20 AVIÕES DA EMBRAER PARA A VENEZUELA

Embraer 190
Dilma e Chávez assinam acordo para venda de aeronaves

Por Yara Aquino e Renata Giraldi, repórteres da Agência Brasil

“Brasília – A presidenta Dilma Rousseff e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, assinaram na manhã de hoje (31) atos para a venda de aeronaves da Embraer para os venezuelanos. Seis documentos se referem às aeronaves 190AR e há mais 14 opções de compra, no valor estimado [para os seis primeiros] em, aproximadamente, US$ 270 milhões. Porém, a venda pode chegar a US$ 900 milhões.

A primeira aeronave será entregue em setembro, mais duas até dezembro deste ano. Em 2013, serão enviadas à Venezuela três aeronaves. As negociações foram feitas pelo Brasil com a empresa estatal de aviação venezuelana, a CONVIASA. As aeronaves 190AR transportam de 98 a 114 passageiros.

Durante a cerimônia, no Palácio do Planalto, o presidente da Embraer, Frederico Curado, presenteou Chávez com uma miniatura da aeronave Embraer 190AR com as cores da Venezuela. O presidente agradeceu e sorriu.

No final da manhã, ocorreu a cerimônia que oficializou o ingresso da Venezuela no Mercosul. Participaram da solenidade os presidentes Dilma, Chávez, Cristina Kirchner (Argentina) e José Pepe Muijca (Uruguai), no Palácio do Planalto. Depois, haverá um almoço no Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty.”

FONTE: reportagem de Yara Aquino e Renata Giraldi, repórteres da Agência Brasil (edição: Talita Cavalcante) (http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-07-31/dilma-e-chavez-assinam-acordo-para-venda-de-aeronaves) [Imagens do Google e pequenos ajustes no texto adicionados por este blog ‘democracia&política’].

Marcos Coimbra: SERRA CAÇANDO OS “BLOGUEIROS SUJOS”!...


Por Marcos Coimbra, no "Correio Braziliense"

“Uma das sabedorias antigas dos mineiros ensina que, na política, não existem gestos gratuitos. Todos têm consequência.

E não só para quem os pratica. Muitas vezes, os efeitos de um ato individual atingem correligionários e companheiros.

Podem, por exemplo, afetar de maneira ampla a imagem do partido a que pertencem. Mudam a percepção da sociedade a respeito de seus integrantes. Quando é para o bem, ótimo. Mas pode ser para o mal.

Nesses casos, o ônus é compartilhado. Todos pagam por ele. A decisão da Executiva Nacional do PSDB de recorrer à Justiça contra os “blogueiros sujos” que o criticam é um desses.

O verdadeiro inspirador da ação foi o candidato do partido a prefeito de São Paulo, mas suas consequências negativas não se circunscrevem a ele. O gesto de Serra alcança coletivamente os tucanos.

Em si, é apenas uma reação tola. Que expectativa de sucesso tem o ex-governador? Será que acredita que conduzir o PSDB a uma cruzada contra os responsáveis por blogs que antipatizam com ele redundará em alguma vantagem para sua candidatura?

Movido por sua insistência, o partido representou à Procuradoria-Geral Eleitoral para denunciar o “uso de recursos públicos” no financiamento de “blogs, sites e organizações” que funcionariam como “verdadeiras centrais de coação e difamação de instituições democráticas”.

Na prática, o que o PSDB pretende é que empresas e bancos estatais sejam proibidos de comprar espaço publicitário em blogs contrários ao partido e às suas lideranças.

A argumentação de que é movido pelo zelo de proteger as instituições é fantasiosa. Aliás, sequer cabe aos partidos políticos esse papel.

O que Serra quer mesmo — e não é de hoje – é impedir a manifestação de seus adversários.

Talvez tenha se acostumado com a convivência que mantém com alguns veículos e comentaristas da nossa indústria de comunicação. De tanto vê-los defendendo seus pontos de vista e acolhendo suas opiniões, convenceu-se que os críticos não mereceriam lugar para se expressar.

O fascinante na argumentação é que não o incomoda (ou a seu partido) que existam “blogs, sites e organizações (?)” — bem como revistas, jornais e emissoras de televisão e rádio — que recebam investimentos em propaganda do setor público e façam oposição até agressiva ao governo.

Parece que acham isso natural e que tais aplicações se justificariam tecnicamente. Se determinado veículo tem leitores, não haveria porque excluí-lo do plano de mídia de uma campanha de interesse de um órgão ou empresa pública. Fazê-lo equivaleria a puni-lo por um crime de opinião.

Se vale para os órgãos de comunicação hostis ao governo e ao “lulopetismo”, por que não se aplicaria no caso inverso? Seria errado anunciar em blogs com visitação intensa, apenas porque seus responsáveis não simpatizam com os tucanos?

Ou Serra e seu partido aplaudiriam se o governo proibisse que seus órgãos comprassem espaço publicitário na imprensa oposicionista?

A decisão sobre a alocação dessas verbas pode ser questionada com base em critérios objetivos: tem determinada emissora suficiente audiência para cobrar seus preços? Aquele jornal tem a circulação que afirma? O blog ou site em questão tem volume relevante de acessos?

Fora disso, é apenas castigar — ou querer castigar — quem tem opinião diferente.

Engraçado lembrar o destaque que o PSDB e suas figuras de proa, como Fernando Henrique, vêm dando à internet na discussão do futuro do partido. Tomara que não pensem como Serra: que na internet só podem ficar os “limpos” —os que o aplaudem, pois os “sujos”— que o questionam – devem ser banidos.”

FONTE: escrito pelo sociólogo Marcos Coimbra, no "Correio Braziliense". Transcrito no portal "Viomundo" (http://www.viomundo.com.br/politica/marcos-coimbra-serra-cacando-os-blogueiros-sujos.html) [Imagens do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

“FOLHA E MERVAL [Globo] ADMITEM A FARSA DO MENSALÃO


FOLHA E MERVAL ADMITEM A FARSA DO MENSALÃO, E PEDEM AO STF VOLTAR A APLICAR O AI-5

“Na hora da verdade, o jornal "Folha de São Paulo" e o colunista do jornal "O Globo" Merval Pereira já começam a pipocar diante do julgamento do mensalão.

Em editorial, a “Folha” admite que mentiu nos últimos 7 anos de investigações, pois não foi possível provar as acusações centrais: nem compra de votos, nem a origem pública do dinheiro.

Essa é a grande farsa do mensalão. Se a denúncia fosse de caixa-2 de campanha, coisa admitida por todos, e que todas as provas apontam para isso, seria um processo honesto. Mas quiseram carregar nas tintas para forjar uma crise política, e inventaram a estória da compra de votos e de que doações de campanha por caixa-2 de empresas privadas seria dinheiro público.

Agora, tudo indica, não haverá como condenar a maioria dos acusados.

AI-5

O que pede a “Folha”, então? Com outras palavras, pede ao STF que aplique os critérios de um monstrengo criado pela ditadura, o AI-5. Aquele dispositivo na mão do ditador para cassar algum adversário político que incomodava, inventando alguma acusação sobre ele como desculpa, dizendo para o distinto público que era "moralização" da política e "combate à corrupção".

Merval Pereira faz a mesma coisa. Admite que o julgamento é político. Dissimula em texto burilado o pedido para o STF também aplicar o AI-5 em nome da "moralidade pública".

Se a “Folha” e “Globo” ainda fossem apenas fascistas, mas pelo menos tivessem honestidade de propósitos, seria questão de divergência política. O problema é que a preocupação com moralidade e combate à corrupção passam longe nesses veículos de comunicação, pois têm enorme má vontade em aprofundar no mensalão tucano, na privataria tucana e na CPI do Cachoeira, quando apontam para José Serra (PSDB-SP).

Esses órgãos de imprensa querem apenas expurgar trabalhistas e socialistas da política brasileira, para recolocar no Planalto os demotucanos velhos de guerra, governos dóceis aos interesses econômicos dos barões da mídia.

A MENTIRA DE MERVAL

O colunista do “Globo” contou uma mentira ao argumentar que Eduardo Azeredo (PSDB-MG) responde a processo por responsabilidade e Lula não, devido à decisão política do Procurador-Geral.

A verdade é que Azeredo foi incluído no processo do mensalão tucano porque há cheques para ele e recibos, que são provas materiais. Contra Lula, vasculharam à vontade e não acharam nada.”

FONTE: blog “Os amigos do Presidente Lula”  (http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/2012/07/folha-e-merval-admitem-farsa-do.html) [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].

A IMPRENSA, O DIREITO E OS “JUSTICEIROS COM AS PRÓPRIAS MÃOS”


Por Alfredo Pereira dos Santos

Alfredo Pereira dos Santos

“A Cleo vê televisão, coisa que faço raramente. Mas “pego uma casquinha” no que ela vê e anoto algumas coisas. Há pouco, anotei algo que disse o jornalista e escritor Alberto Dines. O México já tinha imprensa no século XVI e o Brasil só veio a tê-la no século XIX. O Brasil foi o décimo segundo pais das Américas a ter imprensa. E disse mais o Dines: que os jornalistas publicavam o que os donos dos jornais queriam, que não havia essa liberdade que se apregoava, que a imprensa é isso e aquilo. Alguém que participava do programa perguntou se essa situação tinha mudado, ao que o Dines respondeu: MUITO POUCO.

Essas coisas, para mim, não constituem novidade, pois há décadas venho anotando coisas que confirmam essas misérias da imprensa. Jornais e redes de TV são empresas e, como tais, buscam o lucro e defendem os seus interesses. Se uma empresa que anuncia num jornal degrada o meio ambiente, o jornal não vai fazer campanha contra. Empresas querem sobreviver e não vão se suicidar. Isso a gente entende. Mas justamente por entender isso é que eu TENHO QUE LER O JORNAL NAS ENTRELINHAS. Mas isso exige certo background cultural e político, caso contrário e leitor sairá por aí repetindo, como papagaio, alguns disparates que os jornais publicam.

Agora mesmo, neste momento histórico em que vivemos, alguns órgãos da nossa imprensa estão querendo fazer o papel de acusadores, juízes e decretadores de condenações de algumas figuras da nossa vida política. Mas quem disse que é esse o papel da imprensa? Quem lhes outorgou tal prerrogativa?

O discurso da moralidade e da indignação causa impacto nos espíritos menos esclarecidos (que constituem a grande maioria dos que leem jornais e veem programas de televisão) mas, em geral, não vai ao âmago das questões.

A ditadura militar de 1964 cassou mandatos de governadores e afastou secretários-de-estado e queria que eles fossem julgados por tribunais militares, ignorando que os acusados tinham direito a foro especial, ASSEGURADO PELA CONSTITUIÇÃO, em virtude da natureza elevada dos seus cargos. Naturalmente que, tanto os depostos quanto os afastados, entraram, através dos seus advogados, com pedidos de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF), obtendo acolhida a seus pedidos.

Aquela decisão do STF criou sério impasse na harmonia e independência dos três poderes da República. Fato insólito, porque a ditadura fez questão de manter o modelo clássico de Montesquieu da trilogia do funcionamento harmônico e independente dos três poderes, que, não obstante, não quis respeitar, chegando ao ponto de interferir na estrutura e funcionamento do STF. Não vou entrar em detalhes para que este texto não fique muito longo. Quem quiser se instruir a respeito pode consultar o livro “O Supremo Tribunal Federal e a Ordem Político-Institucional”, de Osvaldo Trigueiro do Vale, do qual extrai o seguinte trecho:

“A ótica de um Ministro do Supremo deverá ser, todavia, não apenas jurídica, o que seria uma atrofia, mas também político-social, e nunca dentro dos INTERESSES RESTRITOS (o destaque é meu, Alfredo) de casuísticas partidárias, nem nos esporádicos casos individuais, jamais no colegiado como instituição”.

Ocorre que, em época de arbítrio, até o guarda da esquina quer ditar regras. Eu penso que o povo brasileiro, por alguma razão que os sociólogos haverão de explicar, internalizou a mentalidade dos antigos senhores de escravos, que não estavam sujeitos à lei. Eu me recordo que, no final da década de 60, me associei ao Clube de Xadrez Guanabara, cujo presidente era o general Benedito Hamilton Pianchão de Carvalho, com quem tive excelente relacionamento.

Ambos morávamos no bairro do Leblon e, sempre que saíamos juntos do clube, ele me dava carona. Ocorre que um médico amigo nosso, também associado do clube, matou a tiros um cunhado, o que levou o general, indignado, a imediatamente excluí-lo do quadro social do clube. A decisão gerou protestos de alguns sócios, entre os quais havia advogados, procuradores e até um desembargador, embora o mais veemente protesto tivesse vindo de um químico. Este alegava que a atitude do general tinha sido arbitrária, uma vez que o assassino não tinha sido julgado nem condenado. No final da história, o médico foi absolvido.

O episódio mostra esse aspecto do caráter brasileiro, que “quer fazer justiça com as próprias mãos”, esquecendo-se de que existe sistema judiciário a quem compete tratar de questões que lhe foram legalmente atribuídas.

Devo dizer que, por respeito e consideração ao general, abstive-me de tomar partido na questão, até por ele ser homem idoso, já no fim da vida (veio a morrer pouco tempo depois) e eu um jovem de 25 anos de idade, embora, intimamente, reprovasse a sua atitude de excluir o médico. Tantos reprovaram, explicitamente, a sua atitude, não vi razão para eu ser mais um.

Eu noto que há, entre nós, alguns candidatos a “linchadores de praças públicas” que já estão antecipando decisões dos tribunais, dizendo que A ou B serão absolvidos, como se tudo fosse um jogo de cartas marcadas. Esses “inconformados” me fazem lembrar os generais dos tempos da ditadura.

A estes eu diria: MODUS IN REBUS. [existem limites]”

FONTE: texto de Alfredo Pereira dos Santos postado por Castor Filho no seu blog “Redecastorphoto” (http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2012/07/a-imprensa-o-direito-e-os-justiceiros.html) [Imagens obtidas do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’. A 1ª imagem também foi vista no blog "Cidadania.com"].

LICITAÇÃO DO EXÉRCITO PARA MONITORAMENTO DAS FRONTEIRAS


SETE GRUPOS DISPUTAM LICITAÇÃO DO EXÉRCITO

Por Virgínia Silveira, para o jornal “Valor”

“Sete consórcios liderados por empresas brasileiras do setor de defesa e por empreiteiras que estão iniciando suas atividades neste segmento estão finalizando as propostas para disputa da primeira etapa do SISFRON (Sistema de Monitoramento das Fronteiras), projeto orçado em cerca de US$ 6 bilhões e coordenado pelo Exército Brasileiro para ser concluído em dez anos. As propostas serão entregues hoje (31 jul). O valor do negócio atraiu tradicionais empresas americanas e europeias do setor de defesa.

Segundo o “Valor” apurou, a Embraer fechou parceria com a ATECH, Orbisat e AEL Sistemas. A fabricante brasileira de aviões tem participação na ATECH (50%) e uma ‘joint venture’ com a AEL. Ainda na área de tecnologia, o Instituto C.E.S.A.R (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife), empresa com 16 anos de atuação, e a nova brasileira SDS (Synergy Defesa e Segurança), que oficialmente será apresentada amanhã, estão definindo suas propostas separadamente.

Entre as grandes empreiteiras, aparecem a Odebrecht, OAS, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão. A Odebrecht terá ao seu lado uma das maiores companhias do mundo no setor, a europeia Cassidian, além da Mectron e da IACIT Soluções. A OAS se associou à italiana Finmecânica. O consórcio da Andrade Gutierrez tem a francesa Thales. A Queiroz Galvão vai para a disputa com a americana Northrop e a brasileira Flight Technologies.

Esta primeira etapa, de acordo com o Exército, consiste em projeto piloto que contempla o monitoramento de aproximadamente 600 km de fronteira terrestre, na divisa do Estado do Mato Grosso do Sul com o Paraguai e a Bolívia. O vencedor da disputa poderá monitorar extensão de até 900 km nesta fase, em razão dos sensores que contemplarão toda a área de responsabilidade do Comando Militar do Oeste.

O valor dessa primeira licitação não foi informado. Segundo o Centro de Comunicação Social do Exército (CECOMCEX), o valor depende das propostas a serem apresentadas pela empresas.

Previsto para ser implementado de forma gradual ao longo de dez anos, o SISFRON está orçado em cerca de R$ 11,9 bilhões. Vai monitorar área total de 16,8 mil quilômetros quadrados de fronteira seca, envolvendo dez países, onze Estados e 588 municípios brasileiros.

O objetivo do projeto é ampliar o monitoramento da Amazônia e, assim, permitir que a tomada de decisões e as ações sejam feitas de forma mais eficaz e integrada com as diversas Forças Armadas e policiais. O funcionamento integrado se dará com tecnologia de ponta vinda de satélites, sensores, radares de vigilância, sistemas de tecnologia da informação e comunicações, optrônicos e recursos de defesa cibernética.

A ATECH, empresa que a Embraer comprou 50% do capital social em 2011, foi contratada pelo Exército em 2011 para fazer o projeto básico do SISFRON e definir de que forma será feito o trabalho de vigilância do território e os equipamentos que serão utilizados. O trabalho da empresa custou R$ 17,2 milhões.

O presidente da Embraer Defesa e Segurança, Luiz Carlos Aguiar, disse que a exigência de conteúdo nacional nesta licitação deverá ser superior a 60%, e que esse será um dos principais diferenciais da proposta que será apresentada pela companhia. "O nosso modelo de empresa está baseado no desenvolvimento de tecnologia nacional e de soluções para o governo brasileiro que depois poderão se tornar plataforma competitiva de exportação", afirmou.

Graças ao desenvolvimento de projetos para as Forças Armadas Brasileiras e também às vendas internacionais do Super Tucano, a Embraer prevê fechar o ano de 2012 com faturamento de R$ 2 bilhões, cerca de 23% superior ao registrado em 2011. "Nosso "backlog" [pedidos em produção] atual, de US$ 3,4 bilhões, mais que triplicou em relação ao número de 2006", ressaltou.

No primeiro trimestre deste ano, segundo Aguiar, a Embraer alcançou crescimento de 32% na receita da área de defesa e segurança em relação ao mesmo período do ano passado. "Isso nos dá fôlego para investir em projetos e soluções e para ajudar no crescimento das nossas empresas adquiridas", comentou.

Aguiar destaca que 2012 tem sido ano de concretização efetiva de negócios para a área de defesa. A modernização de aeronaves da Força Aérea Brasileira (caças F-5 e AMX), da Marinha (A-4), o desenvolvimento do novo avião de transporte militar KC-390, a prestação de serviços pela empresa Ogma, de Portugal e as vendas de Super Tucano realizadas este ano estão entre os principais projetos da área de defesa da Embraer em 2012.

KC-390, da Embraer (desenho)
Para o presidente da Cassidian Brasil, empresa que disputa a licitação do SISFRON sob a liderança da Odebrecht, Christian Gras, o Exército exige que 90% da produção dos equipamentos do projeto sejam feitos no Brasil. "A Mectron, que integra o nosso consórcio, é empresa 100% brasileira e está preparada para receber todas as tecnologias de interesse do governo brasileiro no SISFRON", afirmou.

Uma das gigantes mundiais em soluções e sistemas de segurança, a Cassidian pertence ao grupo europeu EADS, controladora também da Airbus. Com 28 mil funcionários, o grupo registrou receitas de € 5,8 bilhões em 2011. No Brasil, segundo Gras, a expectativa é de terminar o ano com faturamento de € 100 milhões.

Parte do crescimento da empresa, segundo o executivo, será impulsionado por meio da ‘joint-venture’ com a Odebrecht. Por conta das novas demandas do Brasil na área de defesa e segurança, a empresa tem planos de transformar o país em um dos três principais centros no mundo para o desenvolvimento de tecnologias.”

FONTE: reportagem de Virgínia Silveira, para o jornal “Valor”. Transcrita no portal da FAB   (http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?datan=30/07/2012&page=mostra_notimpol) [Imagens do Google adicionadas por este blog ‘democracia&política’].

A DERROTA DOS EUA E OTAN NO AFEGANISTÃO


Afeganistão: AS DESVENTURAS DE EUA, OTAN E DA “PAX AMERICANA”

Por Abid Mustafa, no “The Frontier Post” (Peshawar, Lahore, Islamabad, Karachi, Quetta)

Abib Mustafa
“O ocidente já fracassou no Afeganistão, como os soviéticos fracassaram nos anos 1980 e os britânicos antes, no século 19” (John Humphrys)

“Depois de lutar por mais de uma década no Afeganistão, os EUA ainda não mostraram ganhos notáveis, no que não passa de ocupação brutal do país. Mas, apesar das evidências, ainda há estrategistas norte-americanos que insistem incansavelmente em argumentar contra os fatos, e dizem que os EUA “alcançaram o objetivo básico” que os levou até lá, e que seria fincar umas poucas bases militares no Afeganistão para conter a Rússia, a China e o futuro estado do Califato, e assim marcar alguma supremacia dos EUA na Eurásia.

Fato é que esse objetivo delirante, se se o confronta com a realidade em campo, parece hoje tão remoto como no início e não pode ser apresentado como algum tipo de realização. Bem ao contrário, a instabilidade sempre crescente no Afeganistão não apenas ameaça a própria viabilidade desses objetivos estratégicos; mais importante que isso, levanta questões sobre por quanto tempo mais os EUA suportarão continuar presos no labirinto afegão em que se meteram, obrigados a relatar (ou a esconder) fracasso após fracasso.

Várias pistas que levam a essa conclusão apareceram bem claras na reunião de cúpula da OTAN, em Chicago, em maio passado. Falando sobre os Talibã, a nêmese dos EUA, que aparece e reaparece sempre por todos os lados, o presidente dos EUA admitiu simploriamente que são inimigos endurecidos na luta; que cada eventual conquista da OTAN pode sempre ser revertida.

O presidente Obama disse: “Os Talibã ainda são inimigo robusto, e os ganhos são ainda frágeis. Mas pensem bem. Estamos lá há dez anos. Dez anos num país muito diferente, é desgastante, não só para nosso pessoal, mas também para aquele país que, em algum momento, se tornará muito sensível à questão da própria soberania.”[1]

A questão é clara: de quanto tempo mais precisa a única superpotência do planeta, com o armamento mais sofisticado do mundo, para derrotar um exército de maltrapilhos de não mais que 25 mil almas? Os EUA não reuniram sob seu comando 400 mil soldados – sem contar as dezenas de milhares de mercenários contratados e pagos – dos dois lados da fronteira Afeganistão-Paquistão? Depois de anos e anos de guerra, os EUA ainda não conseguiram derrotar o inimigo que eles mesmos escolheram.

Com poucas armas e muito menos soldados que os EUA e OTAN, os Talibã, como qualquer um vê, já provaram que são bem mais que “inimigo robusto”.

Igualmente inescapável é a evidência de que foram precisos vários anos para que os EUA aceitassem que a OTAN não faz guerra só contra os Talibã, mas faz guerra também contra o povo afegão. A referência à evidência de que o Afeganistão “em algum momento, se tornará muito sensível à questão de sua soberania” equivale a o presidente Obama admitir que a OTAN já enfrenta resistência popular que supera as divisões étnicas e mobiliza tradicionais lealdades tribais.

Outro fiasco da guerra dos EUA no Afeganistão é o custo exorbitante, que pesa insuportavelmente sobre o orçamento da Defesa, e peso que foi exacerbado pela crise econômica iniciada em 2008. Os EUA já consumiram cerca de US$550 bilhões na guerra afegã, desde 2001.

Outro estado membro da OTAN, a Grã-Bretanha, consumiu na região cerca de US$20 bilhões. Pois mesmo assim, apesar de consumir esses bilhões de dólares dos contribuintes, a OTAN tem bem pouco a mostrar: o governo de Karzai, corrupto até a medula, e odiado pelos afegãos médios.

O poder de Karzai não ultrapassa algumas áreas de Kabul, e em outras partes, onde dá a impressão de existir, depende existencialmente dos exércitos ocupantes. Segundo estimativas recentes, os Talibã controlam cerca de 80% do Afeganistão. Isso provavelmente explica porque é tão difícil para a OTAN permanecer nos territórios aos quais consegue chegar, mas dos quais sempre recua. Até aqui, também falharam todas as tentativas para cooptar os Talibã com vistas a algum tipo de solução política.

O “Financial Times” resumiu bem a lastimável situação em que está o ocidente: “Há cinco anos, os EUA recusavam-se a falar com os Talibã. Agora, os Talibã recusam-se a falar com os EUA. É medida de o quanto mudaram as relações de poder no Afeganistão. A intervenção ocidental fracassou.”[2]

Além de tudo isso, há o custo das vidas ceifadas pelos exércitos da OTAN, que não pode ser aferido em termos monetários. Portanto, não foi surpresa o comunicado conjunto distribuído ao final do encontro de Chicago, no qual se expressa o manifesto desejo de todos os países da OTAN de fazerem descer a cortina sobre seu fracasso no Afeganistão. Lá se lia: “Depois de dez anos de guerra e com a economia global em dificuldades, as nações do ocidente já não desejam pagar, nem em dinheiro, nem em vidas, os custos de seus esforços em campo, num local que, há séculos resiste contra qualquer tentativa estrangeira de controlá-lo [orig. to tame, verbo que pode ser traduzido, até, por “domesticar”, “domar” ou, mesmo, “civilizar” (NTs)]”. [3]

À medida que se aproximam 2014 (data revista várias vezes) e a retirada da maioria dos países da OTAN, os EUA e seus parceiros oportunistas, os britânicos, ambos, mostram-se cada vez mais arrogantes, como se ainda não tivessem aprendido a lição; e fazem planos para permanecer, além daquela data, onde não são bem-vindos.

Ninguém duvida que farão o que puderem para adiar o inevitável colapso do governo de Karzai e tentar salvar a própria imagem com vistas ao seu público doméstico.

A conclusão está escrita nos muros: EUA e OTAN marcham céleres para derrota catastrófica. Façam o que fizerem para mascarar seus fracassos, o único sucesso que a história guardará é terem unido e fortalecido os afegãos e seus irmãos, do outro lado da fronteira, também no Paquistão, que hoje clamam pelo escalpo da Pax-Americana e pelo golpe final, devastador, que porá fim à primeira missão que a OTAN tentou na Eurásia.”
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Notas dos tradutores:

[1] 21/5/2012, Presidente Barack Obama, Conferência de Imprensa, transcrição, CNN.
[2] 26/3/2012, Financial Times, Gideon Rachman em: “The west has lost in Afghanistan”.
[3] 21/5/2012, New York Times, HELENE COOPER e MATTHEW ROSENBERG em:“NATO Agrees on Afghan Security Transition in 2013”

FONTE: escrito por Abid Mustafa, no “The Frontier Post” (Peshawar, Lahore, Islamabad, Karachi, Quetta), com o título original “American and NATO misadventures”. Traduzido pelo “pessoal da Vila Vudu”. Postado por Castor Filho em seu blog “Redecastorphoto”  (http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2012/07/afeganistao-as-desaventuras-de-eua-otan.html) [Imagems do Google adicionadas por este blog ‘democracia&política’].

Robert Fisk (UK): A ARÁBIA SAUDITA COMO “FONTE DA DEMOCRACIA” [!!!]


GUERRA SÍRIA, DE MENTIRAS E HIPOCRISIA

O verdadeiro alvo do Ocidente não é o regime brutal de Assad, mas seu aliado, o Irã, e "suas armas nucleares" [supostas futuras]

Por Robert Fisk, no diário britânico “Independent”

“Já houve uma guerra no Oriente Médio com tanta hipocrisia? Uma guerra com tanta covardia e imoralidade, falsa retórica e humilhação pública? Não estou falando sobre as vítimas físicas da tragédia síria. Estou me referindo às mentiras e enganações de nossos mestres e de nossa opinião pública — oriental e ocidental — em resposta à matança, à pantomima perversa que mais lembra uma sátira de Swift do que Tolstoy ou Shakespeare.

Enquanto o Qatar e a Arábia Saudita armam e financiam os rebeldes da Síria para derrubar a ditadura alawita/xiita-Baathista de Bashar al-Assad, Washington não profere uma palavra de crítica contra eles [Igualmente, não ousa criticar Israel por suas ameaçadoras centenas de bombas atômicas feitas à revelia da ONU]. O presidente Barack Obama e sua secretária de Estado, Hillary Clinton, dizem que "querem democracia na Síria". Mas o Qatar é uma autocracia e a Arábia Saudita está entre as mais perniciosas ditaduras-reinos-califados do mundo árabe. Os governantes dos dois estados herdam o poder de suas famílias — assim como Bashar — e a Arábia Saudita é aliada dos rebeldes salafistas-wahabistas da Síria, assim como foi um dos mais fervorosos apoiadores do medieval Talibã durante a idade da escuridão afegã.

De fato, 15 dos 19 sequestradores-assassinos em massa de 11 de setembro de 2001 vieram da Arábia Saudita, depois do que, naturalmente, bombardeamos o Afeganistão [e o Iraque]...

Os sauditas estão reprimindo sua própria minoria xiita da mesma forma como pretendem destruir a minoria alawita-xiita da Síria. E acreditamos que a Arábia Saudita quer instalar uma democracia na Síria?

Temos então o partido-milícia xiita Hezbollah no Líbano, mão direita do Irã xiita e apoiador do regime de Bashar al-Assad. Por 30 anos, o Hezbollah defendeu os xiitas oprimidos do sul do Líbano contra a agressão israelense. Eles se apresentam como defensores dos direitos dos palestinos da Cisjordânia e de Gaza. Mas, diante do lento colapso de seu aliado implacável na Síria, perderam a língua. Não disseram uma palavra — nem mesmo Sayed Hassan Nasrallah — sobre os estupros e o assassinato em massa de civis sírios por soldados de Bashar e pela milícia Shabiha.

E temos também os heróis dos Estados Unidos — La Clinton, o secretário de Defesa Leon Panetta e Obama. Clinton divulgou uma “advertência” para Assad. Panetta — o mesmo homem que repetiu para os últimos soldados dos Estados Unidos no Iraque a velha mentira sobre a conexão de Saddam com o 11 de setembro — anunciou que as coisas “estão saindo do controle” na Síria. Mas isso está acontecendo há seis meses. Descobriu isso agora? E Obama nos disse na semana passada que “dado o estoque de armas químicas do regime, continuaremos a deixar claro para Assad… que o mundo está de olho”. Mas, não foi aquele jornal do Condado de Cork, chamado “Skibbereen Eagle”, que temendo a cobiça da Rússia em relação à China declarou “que estava de olho… no czar da Rússia?”. Agora foi a vez de Obama enfatizar o pouco que pode influir nos grandes conflitos do mundo. Bashar deve estar tremendo de medo.

Será que o governo dos Estados Unidos realmente gostaria de ver os atrozes arquivos da tortura de Bashar abertos para nós? É que, apenas alguns anos atrás, o governo Bush mandava muçulmanos para Damasco para que os torturadores de Bashar arrancassem suas unhas em troca de informação, presos a pedido do governo dos Estados Unidos no mesmo buraco infernal que os rebeldes sírios implodiram na semana passada. As embaixadas ocidentais diligentemente ofereciam aos torturadores as perguntas que deviam ser feitas às vítimas. Bashar, vejam bem, era nosso bebê.

Ah, existe aquele país da vizinhança que nos deve muita gratidão: o Iraque. Na semana passada, sofreu em um dia 29 ataques a bomba em 19 cidades, com a morte de 111 civis e ferimentos em outros 235. No mesmo dia, o banho de sangue da Síria consumiu um número parecido de inocentes. Mas o Iraque estava no pé da página, enterrado abaixo da dobra, como dizem os jornalistas; porque, naturalmente, “nós demos liberdade ao Iraque”, uma democracia jeffersoniana etc, etc, não é verdade? Então essa matança a leste da Síria não tem a mesma importância, certo? Nada que fizemos em 2003 levou ao que o Iraque sofre hoje, certo?

Por falar em jornalismo, quem na “BBC World News” decidiu que os preparativos para as Olimpíadas deveriam preceder no noticiário os ultrajes da Síria na semana passada? Os jornais britânicos e a BBC no Reino Unido naturalmente deveriam destacar as Olimpíadas, como notícia local. Mas, em uma decisão lamentável, a BBC — transmitindo para o mundo — também decidiu que a passagem da tocha olímpica era mais importante que crianças sírias morrendo, ainda que os despachos viessem do corajoso repórter da emissora, diretamente de Aleppo.

E, naturalmente, há nós, os queridos liberais que rapidamente enchem as ruas de Londres para protestar contra a matança israelense de palestinos. "Justa", com certeza... Quando nossos líderes políticos se contentam em "condenar os arábes por sua selvageria", mas se mostram muito tímidos para dizer uma palavra de tênue crítica quando o exército israelense comete crimes contra a humanidade — ou assiste a aliados fazendo isso no Líbano –, gente comum deve relembrar ao mundo que não somos tão tímidos quanto nossos líderes. Mas quando a matança na Síria atinge de 15 mil a 19 mil pessoas — talvez 14 vezes mais que as mortes causadas pela investida selvagem de Israel em Gaza, em 2008-2009 — praticamente nenhum manifestante, a não ser pelos exilados sírios, foi para as ruas condenar estes crimes contra a humanidade. Os crimes de Israel não atingem essa escala desde 1948. Certo ou errado, a mensagem é simples: demandamos justiça e direito à vida para árabes se eles forem massacrados pelo Ocidente ou seus aliados israelenses; mas não quando eles são massacrados por outros árabes.

E enquanto isso, nos esquecemos da “grande” verdade. Que esta é uma tentativa de esmagar a ditadura síria não por causa de "nosso amor pelos sírios" ou nosso ódio pelo nosso ex-amigo Bashar al-Assad, ou por causa de nosso ódio pela Rússia, cujo lugar está garantido no panteão dos hipócritas quando vemos a reação do país às pequenas Stalingrados que se espalham na Síria. Não, esta guerra é sobre o Irã e nosso desejo de esmagar a República Islâmica e “seus planos nucleares infernais” — se eles existirem [ou melhor, existissem]— e não tem nada a ver com direitos humanos ou com o direito à vida ou à morte dos bebês sírios. Quelle horreur!”

FONTE: escrito por Robert Fisk, no diário britânico “Independent”. Transcrito no portal "Viomundo"
 (http://www.viomundo.com.br/denuncias/robert-fisk-a-arabia-saudita-como-fonte-da-democracia.html) [Imagem do Google, aspas e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

segunda-feira, 30 de julho de 2012

PRODUÇÃO BÉLICA BRASILEIRA SE REORGANIZA

Sistema Astros II, da Avibras

PRODUÇÃO BÉLICA BRASILEIRA SE REORGANIZA, COMO EM OUTROS PAÍSES

“Considerações humanitárias à parte, e elas são várias, a reorganização da produção bélica brasileira em curso não é nada diferente do que aconteceu em países industrializados de grande porte.

Por Igor Gielow, da “Folha de São Paulo"

O setor [no mundo] vive de benesses diretas ou indiretas do Estado desde a corrida armamentista de Reino Unido e Alemanha na virada do século 20.

Nos EUA e na Rússia, os maiores exportadores, o fim da Guerra Fria determinou a concentração na área. Antes, fabricantes diferentes disputavam contratos dentro do "complexo industrial-militar", termo celebrizado no discurso-denúncia de despedida do presidente dos EUA Dwight Eisenhower em 1961.

Sem um inimigo e com um mercado a conquistar, as indústrias dos EUA passaram [a incentivar e alimentar novas guerras e passaram] por fusões: a Boeing engoliu a célebre McDonnell-Douglas, por exemplo. Na Rússia, as empresas aeronáuticas Mikoyan, Sukhoi, Ilyushin e Tupolev ficaram sob controle único. Na Europa, a EADS virou uma potência.

No Brasil, as grandes exportadoras incentivadas pelo governo na ditadura quebraram [especialmente nos anos neoliberais de FHC/PSDB] e ressurgiram [recentemente], em parte, sob as bênçãos do Estado -a parte civil da Embraer sendo a exceção [por sempre ter recebido o apoio do Estado].

A empresa aeronáutica saiu na frente e organizou uma divisão de defesa, indo além de aviões consagrados como o Super Tucano. Também adquiriu empresas de tecnologia militar, como Atech e Orbisat.

Super Tucano
O governo estimulou gigantes com dinheiro a entrar na área, criando arcabouço jurídico favorecendo conteúdo com participação nacional. A francesa Thales, por exemplo, uniu-se à empreiteira Andrade Gutierrez visando defesa de fronteiras.

Já a Odebrecht é subcontratada da DCNS francesa para fazer o novo estaleiro de submarinos; associou-se a uma subsidiária da EADS e comprou a Mectron (mísseis).

O foco inicial é o Brasil, com demanda adicional de segurança para grandes eventos (Copa e Olimpíada), mas América Latina, África e Ásia/Oceania estão na mira.

Ditaduras e violadores de direitos humanos [inclusive os EUA] deverão estar entre clientes futuros, como no passado. Não é exclusividade brasileira: a Alemanha, cujo pacifismo está na Constituição, é a terceira vendedora de armas do mundo.”

FONTE: reportagem de Igor Gielow, da “Folha de São Paulo”. Transcrita no portal da FAB  (http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?datan=29/07/2012&page=mostra_notimpol) [Imagens do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

BRASIL COMO “UMA DAS 'MAIORES INDÚSTRIAS DE DEFESA” É MITO PERSISTENTE

[O Brasil nem aparece no gráfico dos maiores exportadores]

Da “Folha de São Paulo”

“Um mito persistente, que dá voltas pela internet e às vezes pousa até na imprensa, é afirmar que o Brasil já teve uma das maiores indústrias de defesa do mundo.

Mesmo o “Livro Branco de Defesa Nacional” diz que a base industrial de defesa representou, há 30 anos, "importante segmento econômico, com relevante contribuição para a balança comercial".

De 1980 a 1992, o Brasil esteve, em todos os anos, exceto 1981, entre os 20 maiores exportadores de armas, chegando à sua melhor colocação, o 10º lugar, em 1985. Depois de 1992 [com as medidas dos neoliberais Collor e FHC], o país caiu fora da lista dos 20 maiores e não retornou desde então.

Pelas tabelas do SIPRI, o recorde brasileiro de vendas foi em 1984, de US$ 269 milhões, o que colocou o país em 11º entre os exportadores. Naquele mesmo ano, a então União Soviética vendeu o equivalente a US$ 14 bilhões; os EUA, US$ 11 bilhões.

Em 1985, o ano em que o Brasil foi o 10º maior exportador, os números são US$ 202 milhões. Até a pequena Áustria vendeu mais armas nesse ano: US$ 330 milhões.

As exportações de armas brasileiras se concentraram na Engesa, fabricante de blindados como o Urutu e o Cascavel (que deverão ser substituídos no Exército pelo novo Guarani), na Embraer e, em menor grau, na Avibrás.

A Embraer é hoje a principal exportadora na área militar do país, com produtos como os aviões de treinamento e ataque leve Tucano e Super Tucano e as versões de avião-radar do EMB-145.

Com o fim da Guerra Fria, muito material bélico usado pode ser comprado a preços relativamente baratos. Sem uma política sustentada de compras pelas Forças Armadas, não há como atrair as indústrias brasileiras para voltar a produzir armamento.

"AMEAÇA"

Para Carlos Frederico Aguiar, que preside a ABIMDE, as ações do governo para consolidar sua base industrial de defesa são vistas "como ameaça" pelos principais produtores do mundo, o que mostra que [para eles] o Brasil "poderá vir a ser um [indesejado] competidor a mais".[...]

FONTE: “Folha de São Paulo” de 29 jul  (http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?datan=29/07/2012&page=mostra_notimpol) [Imagem do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

O QUE ESPERAR DO BRASIL NAS PRÓXIMAS DÉCADAS?


RUMO À QUINTA ECONOMIA DO MUNDO

Por Vivian Oswald, da Agência “O Globo”

“No momento de agravamento da crise global, muitos especialistas se perguntam qual será o impacto sobre o Brasil. Mas não basta olhar para o curto prazo. Nas próximas décadas, para onde o país caminha?

“O Globo” levou essa indagação a funcionários do governo, economistas, professores, médicos, cientistas e esportistas. O objetivo era traçar um retrato do Brasil que queremos para os próximos 10 ou 20 anos. Em 2022, por exemplo, quando completará o bicentenário da Independência, o Brasil deverá estar entre as cinco economias mais importantes do globo e uma de suas principais reservas de energia.

O Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos) saltará dos US$ 2,4 trilhões do ano passado para cerca de US$ 3,5 trilhões, avançando no caminho de chegar aos US$ 5 trilhões em 2030. Em 2022, os quase 210 milhões de brasileiros, dos quais 70% em idade produtiva - recorde de todos os tempos -, serão um mercado consumidor de fazer inveja a grandes nações e permitirão ao país começar a próxima década com a missão de deixar de ser, para realizar, a velha promessa de futuro.

No Executivo, não há um plano de voo oficial que vá muito além de dez anos com metas claras. Em geral, os planejamentos são do tamanho dos mandatos políticos. A União, por exemplo, teve dificuldade de fazer parcerias com a China na área de preservação de biodiversidade, durante a Rio+20, pois só temos projetos no setor para dez anos, enquanto os asiáticos planejam as próximas três décadas, contou a ministra Izabella Teixeira.

Integrantes da equipe da presidente Dilma Rousseff dizem que um dos grandes desafios é conciliar as políticas voltadas para a ampliação do mercado interno, com mais renda e acesso a crédito, às estratégias de sustentabilidade do país. E essa será, cada vez mais, a realidade brasileira nas próximas décadas. As ações do Ministério da Fazenda que consideram práticas sustentáveis ainda são residuais. Para a iniciativa privada, os maiores esforços devem estar concentrados na educação, em investimentos e nas reformas tributária e administrativa.

- "O meio ambiente está na agenda da economia, em projetos isolados, mas crescendo: o “Minha Casa, Minha Vida”, por exemplo, amplia o número de habitações no país, mas já exige materiais verdes. Vantagens tributárias para automóveis mais eficientes, que estão sendo discutidas agora, serão outra novidade" - diz uma fonte do governo.

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO É FRÁGIL

Cada um dos 24 ministérios e 13 órgãos com status de ministério na Esplanada tem um planejamento específico, que, muitas vezes, não se comunica com o dos vizinhos. A própria presidente, segundo assessores próximos, tem uma visão muito particular. O economista João Paulo dos Reis Velloso, [direitista, certamente demotucano] que foi ministro do Planejamento nos governos [da ditadura] Médici e Geisel, é sarcástico [obviamente] ao falar da estratégia oficial de longo prazo:

- “Se você souber de uma, me avise - ironizou. - O PAC não tem nada de ruim, mas é apenas um programa. Foi depois que o Planejamento virou ministério que começaram os voos de galinha” - alfinetou o economista, responsável pelo II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), de 1975-79.

O "Brasil 2022", compêndio com mais de 100 páginas elaborado pela Secretaria de Assuntos estratégicos (SAE) da Presidência da República à época em que ainda era comandada pelo então ministro Samuel Pinheiro Guimarães, é o documento oficial que mais se aproxima de uma visão estratégica de longo prazo. Criado em 2010 ainda durante o governo Lula, o relatório vê um país ainda mais soberano, que participará em igualdade de condições de fóruns internacionais como o Conselho de Segurança da ONU e o G-20, com sociedade mais justa e progressista até 2022.

Ali, estão relacionados 180 sonhos - alguns vagos, outros mais precisos -, mas sem os respectivos meios de torná-los realidade. A lista dos desejos, que estão sendo chamados de "Metas do Centenário", inclui desde crescer mais de 7% ao ano e reduzir à metade do número de homicídios no país a dobrar o número de municípios atendidos por serviços aéreos, passando por zerar o déficit habitacional brasileiro, assegurar 100% de acesso a saneamento à população e atingir cinco livros per capita como índice de leitura [anual] nacional.

Neste momento, a SAE está ampliando o que teria sido essa primeira tentativa de criar diretrizes de mais longo prazo para o país. O ministro Wellington Moreira Franco conta que está sendo feito o “Plano 2022 + 10”. As metas devem ser conhecidas em 2013.

DESIGUALDADE REGIONAL CONTINUARÁ CAINDO

Somado ao enorme crescimento do mercado consumidor, que deve receber quase 20 milhões de brasileiros até 2022, os investimentos e essa projeção recorde do governo para a população economicamente ativa (70%), devem levar o Brasil para a lista das cinco principais, passando Alemanha, [Inglaterra] e França. No entanto, o Brasil seria ultrapassado pela Índia e ficaria em quinto. A colocação exata, contudo, dependerá do resto do mundo. Se todos crescerem, as chances de o país subir no ranking são menores. A Confederação Nacional da Indústria (CNI), por sua vez, estima que o país poderá ter em 2030 um PIB entre US$ 4,497 trilhões e US$ 5,226 trilhões, dependendo se a média do crescimento do país ficar em 3,3% ao ano - primeiro cenário - ou em 3,9%, na segunda estimativa. Os quatro primeiros do ranking serão, segundo a entidade, China, EUA, Japão e Índia.

José Augusto Coelho Fernandes, diretor de Política e Estratégia da CNI, acredita que o futuro do país está nas mãos dos brasileiros:

- “Acredito que 70% da agenda do futuro do país estão nas mãos dos brasileiros. É claro que é melhor um ambiente de crescimento global, mas parte das nossas soluções independe disso. Precisamos de mais educação, mais inovação, de reforma tributária, regras trabalhistas mais modernas e mais investimentos em infraestrutura, independentemente da piora ou não da crise da Europa, da recuperação dos Estados Unidos ou do crescimento chinês” - explica.

Vanessa Petrelli Corrêa, a nova presidente do IPEA, diz que, para falar do futuro do país, é necessário estudar seu passado recente. O crescimento médio brasileiro nas últimas duas décadas do século passado, de 2,2%, praticamente dobrou para 4,3% ao ano no período entre 2004 e 2011:

- “Nesse período, os investimentos subiram, aumentou o consumo, aproveitamos o bom momento das ‘commodities’, o governo fez forte política social de distribuição de renda e os bancos públicos ampliaram o crédito. O crescimento reduziu a desigualdade entre as regiões, o que deve ser intensificado nas próximas duas décadas” - afirma a economista.

Os investimentos precisam continuar crescendo forte para dar conta dessa expansão. A CNI, por exemplo, indica que o país precisará de sete milhões de residências em 15 anos, a um custo de R$ 60 bilhões. A matriz eólica será a terceira mais usada em 2020, com mais de 6% do parque de geração de energia elétrica. Ambientalistas querem que o saneamento seja universalizado até 2030.

O petróleo está na agenda do país com a exploração na camada do pré-sal. Esta é uma das grandes apostas do governo, que espera que o país seja alçado nos próximos 20 anos ao ranking das cinco grandes reservas do planeta, que podem atrair mais de R$ 350 bilhões em investimentos até lá.

Embora ainda não tenha conseguido a aprovação do projeto que distribui os recursos desse petróleo que será retirado de profundezas até bem pouco tempo inimagináveis, governo e iniciativa privada se preparam para o futuro. O governo trabalha para que essa riqueza seja usada como uma poupança, a partir da criação do Fundo Social, que pode sair até o fim do ano.

Para o economista Sergio Besserman, o petróleo tem que ser o provedor de recursos financeiros para a transição para a economia do futuro, que estará baseada na sustentabilidade:

- “Podemos fazer o que Celso Furtado chamou de deslocamento do centro dinâmico. E o nosso terá muita ciência, tecnologia e baixo carbono.”

FONTE: reportagem de Vivian Oswald, da Agência “O Globo”. Transcrita no portal de Luis Nassif  (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-que-esperar-do-brasil-nas-proximas-decadas) [Imagem do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

O MENSALÃO E O PHOTOSHOP DE UM TEMPO HISTÓRICO


[O mensalão tucano (disfarçado de “mineiro”), abafado e esquecido pela mídia e pela Justiça]
Por Saul Leblon por Saul Leblon

“Quando Serra ataca blogs críticos, classificando-os de 'sujos' e se refere ao PT como um partido que usa métodos nazistas, e ‘Veja’ faz do ‘photoshop’ seu principal argumento 'jornalístico' na demonização de lideranças adversárias -como na capa da edição desta semana, com o ex-ministro José Dirceu - , o objetivo é infantilizar o discernimento da sociedade, quebrar seu senso crítico em relação a valores e interesses que, de outro modo, figurariam como suspeitos, ou mesmo intragáveis ao imaginário social.

A infantilização da política é a tradução 'popularesca' da judicialização, o recurso extremo de um tempo em que projetos e referências históricas do conservadorismo foram tragados pela conflagração entre os seus interesses e as urgências da sociedade humana - entre elas a urgência socialista e ambiental.

Órfãos da crise do Estado mínimo, açoitados diariamente pelo noticiário econômico, soterrados nos escombros das finanças desreguladas, aqui e alhures, que argumento lhes resta, além do ‘photoshop’ dos fatos na tentativa, algo derrisória, de ainda vender seu peixe podre como iguaria inexcedível?

Nos EUA, a extrema direita e seus veículos, a exemplo das respectivas versões tupiniquins, usaram e abusaram do ‘photoshop’ para implantar chifres demoníacos no perfil essencialmente ‘cool’ de Obama, ademais de classificá-lo, ora de comunista, ora de nazista, com direito ao bigodinho do Führer. A extrema direita e a direita norte-americana não podem permitir a dissecação política do colapso financeiro - fruto de sua costela - em outro ambiente que não o ‘photosop’ e a barragem judicial às medidas requeridas pela desordem reinante.

Semi-informação, assim como a semicultura do bueiro televisivo, formam o lubrificante da infantilização e da impenetrável judicialização da política.

O episódio chamado de 'mensalão' cumpre o papel de prato de resistência dessa ração tóxica servida à opinião pública nacional. O tema efetivo do julgamento que se inicia esta semana no STF argui os alicerces do sistema político brasileiro. O nebuloso financiamento privado das campanhas eleitorais, indissociável da rejeição conservadora do financiamento público, é a contraparte de um interdito mais amplo à presença do Estado - leia-se, do interesse público - em todas as esferas da vida social e econômica.

A direita nativa - e seu dispositivo midiático - sabe que o cerne da questão refere-se à prática do caixa 2 de campanha, uma degeneração intrínseca à entrega de um bem público, a eleição, à lógica de mercado. O jogo do toma-lá-dá-cá instalado no metabolismo institucional a partir da indução à busca de recursos privados não poupa direita ou esquerda. Todos os partidos foram e são reféns desse moedor que abastarda projetos e rebaixa a soberania democrática.

O PSDB de Serra, por sinal, desfruta o cume do pódio como pioneiro e virtuose, com o comprovado engate do valerioduto mineiro ao caixa 2 da fracassada tentativa de reeleição do ex-presidente do partido, Eduardo Azeredo, em 1998. Romper esse dínamo implica, na verdade, alargar as fronteiras da democracia, libertando-a não apenas do dinheiro privado, mas também dos limites exauridos do sistema representativo, revitalizando-o com a ampliação do sistema de consultas e referendos adequado à maior participação da cidadania.

O ‘photoshop’ da ‘Veja’ responde a esse divisor histórico desenhando chifrezinhos em Chávez. Ao reduzir a crise da economia e da sociedade a um tanquinho de areia, a direita brasileira quer garantir o seu recreio nas próximas semanas, fantasiando a hora do lanche à sua conveniência, com a esperada ajuda de alguns bedéis togados. Pode ser que atinja seu objetivo no estrito espaço do faz de conta judicial ao qual deseja circunscrever a história. Mas o mundo que o ‘photoshop’ tenta desesperadamente congelar, esse já ruiu.”

FONTE: escrito por Saul Leblon no site “Carta Maior”  (http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=6&post_id=1045) [Imagens do Google e trecho entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

PAPÉIS QUE PROVAM LIGAÇÃO VALÉRIO-AZEREDO [PSDB]


Do portal “Conversa Afiada”, de Paulo Henrique Amorim (PHA)

NASSIF TAMBÉM PÕE BATATA DO GILMAR PARA ASSAR

“Será que o Gilmar vai à Dra Cureau atormentar o Nassif e o ansioso blogueiro [PHA]?

Caso o Ministro Ayres Britto não tenha lido “Ministro Britto, o Gilmar pode julgar ?”,saiu no Blog do Nassif interessante analise de Jotavê (será primo do Stanley ?):

AVALIAÇÃO DE PAPÉIS QUE PROVAM LIGAÇÃO VALÉRIO-AZEREDO

Por Jotavê

Comentário do post “Os documentos que comprovam relação entre Valério e Azeredo

“A revista ‘Carta Capital’ disponibilizou sábado à noite os documentos que embasaram a reportagem de Leandro Fortes. Com eles em mãos, já é possível fazermos uma avaliação mais sóbria.

Marcos Valério, através de seu advogado, alega que a lista é falsa. É possível que seja, mas não é provável. O motivo é simples. Os valores que constam nos recibos correspondem, na quase totalidade dos casos, aos valores constantes das listas. Mais ainda. Quando há DIVERGÊNCIA entre os valores da lista e os constantes nos recibos, essa divergência obedece a um padrão uniforme que, como veremos, REFORÇA a hipótese de a lista ser autêntica.

Vamos, antes de passar à análise dos dados, entender o material que a revista tem em mãos. Trata-se, por um lado, de um volume encadernado com o registro de doações recebidas pelo PSDB mineiro em 1998 e dos valores pagos pelas agências de Marcos Valério. Desse volume, constam tanto os pagamentos contabilizados quanto os feitos por baixo do pano. A evidência disso é a discrepância entre os valores declarados pelo PSDB e os valores constantes do documento. Os pagamentos totais constantes da contabilidade secreta de Marcos Valério somam mais de 100 milhões de reais.

Além desse volume encadernado, há uma série de comprovantes de depósito ou de transferência bancária feitos (todos) pela agência SMP&B de Marcos Valério em nome de pessoas e empresas listadas (todas) no volume encadernado. Há comprovantes de todos os pagamentos? Não, não há. Não esperem encontrar um recibo com o depósito na conta de Gilmar Mendes, por exemplo, ou de Aécio Neves, até porque, se esses pagamentos aconteceram de fato (e já não tenho motivos para duvidar de que isso tenha acontecido, diante dos documentos apresentados), certamente foram feitos em espécie.

Se comparamos os recibos com os pagamentos declarados na lista, a concordância é quase total. Eis aqui a lista dos recibos que correspondem exatamente aos valores discriminados na lista. Listei-os por ordem decrescente de valor para fazer uma observação importante a seguir:

Maria Cristina Cardoso de Mello 175.000,00
Maurílio Borges Bernardes 125.000,00
Fábio Valença 91.457,28
Jaldo Retes Dolabela 53.025,00
Afonso Celso Dias 50.000,00
Luiz Flávio Vilela Mesquita 50.000,00
Nei Martins Junqueira 50.000,00
Vagner Nascimento Junior 30.000,00
Antônio Marum 25.000,00
Cláudio Pereira 25.000,00
Ermino Batista Filho 25.000,00
Gilberto Rodrigues de Oliveira 25.000,00
Gilberto Wagner/
Mario Luis P. Pereira 25.000,00
Márcio Luiz Murta 25.000,00
Baldomedo Artur Napoleão 23.000,00
Edson Brauner da Silva 20.000,00
Honório José Franco 20.000,00
Ivone de Oliveira Loureiro 20.000,00
Maria Ângela Arcanjo 20.000,00
Marlene Arlanda Caldeira 20.000,00
Martins Adélio Gomes 20.000,00
Olavo Bilac Pinto Neto 20.000,00
Ricardo Desotti Costa 20.000,00
Rosane Aparecida Moreira 20.000,00
Wilfrido Albuquerque Oliveira 20.000,00
Ajalmar José da Silva 15.000,00
Arnaldo Francisco Penha 15.000,00
Clemente Sarmento Petroni 15.000,00
Francisco Ramalho 15.000,00
João Manoel Rathsam 15.000,00
Maria Olívia de Castro Oliveira 15.000,00
Maurício Antônio Figueiredo 15.000,00
Obed Alves Guimarães 15.000,00
Odair Ribeiro Vidal 15.000,00
Sonia Maria Salles Campos 15.000,00
Eder Antônio Madeira 12.000,00
Geruza Pereira Cardoso 12.000,00
Naylor Andrade Vilela 12.000,00
Maria Eustáquia de Castro 11.000,00
Aldimar Dima Rodrigues 10.000,00
Alencar Magalhães da Silveira Jr. 10.000,00
Grupo Hum Prop./Marketing 10.000,00
Marcelo Jerônimo Gonçalves 10.000,00
Rui Resende 10.000,00
Tarcísio Henriques 10.000,00
Vilda Maria Bittencourt 10.000,00
José Augusto Ribeiro 9.000,00
Antônio de Pádua Luma Sampaio 8.000,00
Silvana Vieira Felipe 8.000,00
Cláudio de Faria Maciel 7.000,00
Heloísa Helena Barras Escomini 5.000,00
Nelson Antônio Prata 5.000,00
José Roberto del Calle 4.000,00
Maria Aparecida Vieira 2.500,00
Maria da Conceição Almeida Alves 2.500,00
Antônio Milton Sales 2.000,00

Reparem que, se excetuarmos os quatro primeiros pagamentos, todos os outros têm valores iguais ou menores a 50 mil reais. Ou seja, nos casos em que os valores constantes na contabilidade de Marcos Valério COINCIDEM com os depósitos feitos em conta corrente, os valores são relativamente baixos. Como veremos a seguir, existem abundantes evidências de que valores maiores que 50 mil foram divididos em vários depósitos. Quem estava recebendo não queria acender sinais de alerta no Banco Central e na Receita Federal. Mesmo nos quatro primeiros casos, reparem que o terceiro e o quarto referem-se a pagamentos de mercadorias ou serviços. Têm valores exatos, até a casa dos centavos, e muito provavelmente foram feitos de forma regular, com nota fiscal e tudo.

Agora, os casos em que os valores depositados não batem com os valores declarados. Pus entre parênteses os valores que constam da contabilidade:

Alfeu Queiroga de Aguiar dois depósitos de R$25.000,00  (R$133.222,00)
Amilcar Viana Martins Filho R$6.000,00 (R$255.500,00 + R$211.726,40 (referente a multa))
Cantídio Cota de Figueiredo R$40.000,00 (R$53.000,00)
Carlos Welth Pimenta Figueiredo R$12.000,00 (R$59.000,00)
Custodio de Mattos R$20.000,00 (R$120.000,00)
Elmo Braz Soares R$6.000,00 (R$120.000,00)
Geraldo Magela Costa R$40.000,00 (R$ 5.000,00 – único caso de valor menor)
Humberto Candeias Cavalcanti R$3.000,00 (R$53.000,00)
João Batista de Oliveira R$7.000,00 (R$35.000,00)
José Pinto Resende Filho R$7.500,00 + R$15.000,00 (R$22.500,00 – fica claro o parcelamento)
Kemil Said Jumaira R$9.000,00 (R$59.000,00)
Luciano Claret Gonçalves R$15.000,00 + R$30.000,00 (R$45.000,00 – fica claro o parcelamento)
Paulo Abi Ackel R$50.000,00 (R$100.000,00)
Olinto Dias Godinho R$20.000,00 (R$120.000,00)
Romeo Anisio Jorge R$100.000,00 (R$200.000,00)
Sebastião Navarro Vieira R$9.000,00 (R$40.000,00)
Wanderley Geraldo de Ávila R$21.000,00 (R$43.900,00)

Como se vê, os poucos valores DISCORDANTES que temos entre recibos e contabilidade da SMP&B não afetam a credibilidade do documento. Pelo contrário, a reforçam. Em todos os casos, temos valores altos que foram pulverizados em diversos depósitos, para driblar o Banco Central e o fisco. Em dois casos (José Pinto Resende Filho e Luciano Claret Gonçalves), temos o retrato completo da operação toda de pulverização, com a soma dos recibos batendo exatamente com o valor declarado na contabilidade de Marcos Valério.

Agora, a pergunta principal. É possível que essa lista tenha sido falsificada? É possível, mas não é provável. A única possibilidade que consigo imaginar é a de alguém pegando a lista original e ACRESCENTANDO nomes que não estavam nela. Marcos Valério diz que o documento é falso. O cartório em que ele tem firma diz que a assinatura é dele. É preciso fazer uma perícia e verificar a autenticidade dessa assinatura. Se for dele, o Ministro Gilmar Mendes está exatamente na mesma posição que a maioria dos réus do mensalão. Recebeu dinheiro não contabilizado de campanha (sabendo disso ou não), e ainda por cima mentiu ao dizer, agora, que não recebeu coisa nenhuma. Por aquilo que sabemos até aqui, essa lista tem tudo para ser autêntica, e é um crime que a mesmíssima imprensa que deu publicidade ao grampo sem áudio envolvendo Demóstenes Torres, Gilmar Mendes e Policarpo Jr. não se preocupe em, pelo menos, investigar a fundo os dados fornecidos na reportagem da revista Carta Capital.

Em tempo [PHA]: será que o Gilmar Dantas (*) também vai à Dra Cureau atormentar o Nassif e o ansioso blogueiro [PHA]? Bem que ele tentou antes e depois desistiu.”

FONTE: escrito por Jotavê, publicado no portal de Luis Nassif e transcrito no portal “Conversa Afiada”  (http://www.conversaafiada.com.br/politica/2012/07/29/nassif-tambem-poe-batata-do-gilmar-para-assar/).

A FALÁCIA DA INTERVENÇÃO “HUMANITÁRIA” NA SÍRIA


“A questão internacional central, e também o principal embate da encruzilhada síria, está na perigosa articulação do conceito de “intervenção humanitária”. O intelectual e escritor belga Jean Bricmont, em recente fala na UNESCO, chama a atenção para o que rotulou de “noção falaciosa de guerra humanitária”, e denuncia um condicionamento ideológico proveniente das mídias, que segundo ele visam a tornar uma intervenção militar na Síria aceitável aos olhos da opinião pública mundial.

Por Larissa Ramina

A Síria enfrenta, há mais de um ano, uma onda de contestações em relação ao regime de Bashar Al Assad. No último mês de abril, foi decretado um cessar-fogo conforme o plano de paz elaborado pelo emissário especial da ONU e da Liga Árabe, e ex-Secretário-Geral das Nações Unidas Kofi Annan. Mais de 300 observadores da ONU foram enviados ao país, mas as hostilidades perduram. No momento, apenas a metade desse número permanece, em razão da absoluta falta de segurança.

A “Missão de Observação da ONU na Síria”, como a força é conhecida oficialmente, consiste em 300 observadores militares desarmados acompanhados por cerca de 100 funcionários civis de apoio. Foi implantada para supervisionar o cessar-fogo, que tem sido fortemente desrespeitado, e em meados de junho parou de realizar patrulhas diante da intensificação dos combates. No dia 20 de julho, o Conselho de Segurança da ONU votou pela extensão do mandato da missão por 30 dias, embora a escalada da violência tenha impossibilitado a permanência dos observadores no país.

O conflito na Síria desafia em várias frentes. No terreno, violentos combates resultaram no número astronômico de 14.000 mortos desde o início da luta armada, segundo observadores internacionais. Na frente diplomática, os partidários de uma ação mais severa contra o regime de Bachar Al Assad, diga-se uma intervenção militar justificada [hipocritamente como] “defesa dos direitos humanos”, opõe-se aos aliados do regime, Rússia em primeiro lugar e China, que há poucos dias reiteraram no Conselho de Segurança da ONU sua oposição a qualquer intervenção militar, temendo uma reedição do cenário líbio.

Os Estados Membros da “Organização de Cooperação de Shanghai” (OCS), que reagrupa entre outros países a China e a Rússia, além de terem se pronunciado contra qualquer possibilidade de intervenção militar na Síria, também condenaram qualquer imposição relativa à mudança de regime no país, e também quaisquer sanções unilaterais, insistindo na necessidade de fazer cessar toda a violência, seja qual for sua origem, encorajando o lançamento de amplo diálogo nacional com base na independência, integridade territorial e soberania da Síria. Assim, exaltaram os esforços da ONU com vistas a encontrar solução política para a crise, que estaria no interesse tanto da população síria quanto da comunidade internacional, entendida como a comunidade de todos os países, ocidentais e não ocidentais.

Claro está que a questão internacional central, e também o principal embate da encruzilhada síria, está na perigosa articulação do conceito de “intervenção humanitária”. O intelectual e escritor belga Jean Bricmont, em recente fala na UNESCO, chama a atenção para o que rotulou de “noção falaciosa de guerra humanitária”, e denuncia um condicionamento ideológico proveniente das mídias, que segundo ele visam a tornar uma intervenção militar na Síria aceitável aos olhos da opinião pública mundial.

Para embasar sua tese, Bricmont constata que, historicamente, todas as guerras foram sempre justificadas em intenções altruístas, como o cristianismo e sua “missão civilizadora”, o fardo do “homem branco”, Hitler e a “defesa contra o bolchevismo”, depois a “luta contra o terror”, e hoje a chamada “guerra pelos direitos humanos”, intitulada de “ingerência humanitária”. Nessa seara, o escritor desenvolve uma crítica, exemplificando com a hipótese de que, se a Rússia promovesse uma “ingerência humanitária” na Síria, ou no Bahrein, estar-se-ia diante da possibilidade concreta de uma terceira guerra mundial, já que as potências ocidentais, inequivocamente, não aceitariam que potências não ocidentais tentassem intervir no Oriente Médio.

A paz mundial, ressalta, depende da ordem internacional construída após a Segunda Grande Guerra, que por sua vez assenta-se sobre o respeito da soberania nacional dos Estados. Foi a ingerência da Alemanha na Tchecoslováquia, relembra, depois na Polônia, em nome da “defesa das minorias”, que desencadeou aquele conflito mundial, sorte de pretexto que também foi utilizado na carnificina do Kosovo e no Iraque em relação aos curdos.

A ideia central é que a política intervencionista das grandes potências, embora esteja sempre lastreada em “motivos nobres", consiste em violação total da ordem internacional estabelecida em 1945 com a criação da Organização das Nações Unidas, e não afasta o risco de conduzir a nova grande guerra.

Por outro lado, Bricmont constata que o mundo seria melhor se o Ocidente optasse por política de paz, ao invés de investir seus recursos em armamentos e equipamentos militares em geral. Essa política de paz deveria ter como pilares a cooperação e o diálogo interestatal amplo, incluindo toda a comunidade internacional e, logo, Rússia, China, Irã e Síria. No entanto, as mídias dificultam enormemente essa possibilidade, em razão do que rotula de “bombardeamento midiático”. Em sua leitura, Barack Obama, por exemplo, mesmo estando em desacordo com a política de Netanyahou, nada pode frente ao doutrinamento da mídia; ao passo que é extraordinário que a Europa, em crise agonizante, pretenda ditar à Rússia o que fazer, quando esta tem a aliança da China, representa o movimento dos não-alinhados na questão síria, e é aliada do Irã.

O intelectual belga relembra que, por ocasião da guerra na Líbia, praticamente não havia desacordo nas classes políticas em relação à intervenção militar, cenário que se repete hoje na Síria. O debate, segundo ele, tornou-se quase impossível em razão do que chamou de “arcos reflexos”, que vêm doutrinando várias gerações, e que estariam na ideia dos “novos Hitlers” e na culpabilização pelo Holocausto. Bricmont toma todo o cuidado de explicar que não se trata, em hipótese alguma, de negar o Holocausto, nem de menosprezá-lo enquanto acontecimento trágico e abominável, mas de criticar a forma como tem sido explorado politicamente, por meio da manipulação de variadas situações com base nos argumentos dos novos Hitlers ou dos novos Holocaustos, para justificar o emprego da violência em prol de interesses econômicos. Essa matriz ideológica impediria qualquer debate sério acerca da realidade do mundo contemporâneo, seja no campo da esquerda ou da direita.

Faltaria, portanto, a reflexão sobre a própria essência da militarização, dos conflitos que se perpetuam, e sobre o tipo de contribuição que aportam à defesa dos direitos humanos. Bricmont critica ferozmente aqueles que se utilizam da ideologia dos “direitos humanos” como pretexto para a guerra, quando ele mesmo tende a ver naquela ideologia verdadeira causa sui generis para a guerra, porque empresta ao Ocidente ilusão de grandiosidade que ele não tem mais desde o processo descolonizatório e a articulação das potências emergentes. Lamenta, ainda, não saber se a Síria será agredida militarmente, muito embora os rebeldes estejam sendo intensamente armados de forma a criar o caos naquele país por tempo indeterminado.

A posição de Bricmont, e que deveria ser partilhada, é por princípio contrária a qualquer hipótese de “ingerência humanitária” e, portanto, independente de relação com regimes políticos específicos, como o regime de Bashar Al Assad. Também não se caracteriza como bandeira de esquerda, de direita, ou de centro. Logo, não é relevante discutir quem está pró ou contra Assad, ou os níveis de crueldade impetrados pelo governo sírio, até mesmo porque organizações internacionais como a “Human Rights Watch” vem denunciando a violação dos direitos humanos por todas as partes do conflito, incluindo a oposição armada síria. Trata-se, ao contrário, de sustentar uma política global pacífica, antagônica a qualquer sorte de violência e aplicável em todas as frentes, incluindo Palestina, Irã, Coreia do Norte, Cuba, Venezuela, Líbia, Síria. Não se trata, portanto, da questão síria em particular.

No Brasil, Dilma Rousseff insiste em soluções diplomáticas para o conflito na Síria, apoiando-se em exemplos de iniciativas fracassadas de construção da paz, como as intervenções militares externas no Afeganistão e no Iraque. Cite-se que, recentemente, europeus e norte-americanos decidiram pela expulsão dos representantes diplomáticos sírios de suas capitais em represália ao massacre de Houla, que deixou 108 mortos. O Brasil retirou seus diplomatas do país, mas manteve relações diplomáticas. A presidência brasileira defende que se edifique um consenso, uma posição comum no Conselho de Segurança da ONU, comum no sentido da construção conjunta, de todas as nações do planeta, de um caminho em que a paz seja articulada por meios diplomáticos multilaterais efetivos, e não militares. Na Síria ou em qualquer outra parte do planeta.”

FONTE: escrito por Larissa Ramina, Doutora em Direito Internacional pela USP, Professora Substituta de Direito Internacional da UFPR, Professora do Programa de Mestrado em Direitos Fundamentais e Democracia da UniBrasil. Artigo publicado no sitte “Carta Maior”  (http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20627) [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].

domingo, 29 de julho de 2012

O JULGAMENTO DE AGOSTO


Por Mauro Santayana, no "Jornal do Brasil Online"

“O mundo não acabará neste agosto, nem o Brasil entrará em crise, qualquer que venha a ser o resultado do julgamento a que se dedicará o STF no mês que se inicia quarta-feira. Tampouco se esperam grandes surpresas. Ainda que mantenham a necessária discrição – e se registre, que neste caso, não conhecemos ainda manifestações intempestivas de alguns julgadores – é plausível supor que os magistrados já estejam com seu veredicto em mente. O relatório é deles conhecido, e o texto do revisor foi distribuído, houve bastante tempo, até mesmo para redigir os votos. O que vai ocorrer, nas demoradas sessões do julgamento, é o necessário rito, para que se cumpra o devido processo legal. Apesar disso, não é de se desprezar a hipótese de que surjam novas provas e contraprovas, em benefício, ou desfavor, dos réus.

A importância maior desse julgamento está nas reflexões políticas e jurídicas que ele provocará. Admitamos, como é provável, que os argumentos maiores da defesa – de que se tratava de um financiamento, a posteriori de campanha eleitoral – venham a ser admitidos pela alta corte, o que reduziria bastante a punição dos responsáveis. O sistema eleitoral nas democracias modernas – e não só no Brasil, mas no mundo inteiro – é deformado pela influência notória do poder econômico. Há um mercado do voto, como há um mercado da fé, e um mercado da informação. Uma campanha eleitoral é empreendimento complexo, que exige a presença de ideólogos e profissionais de propaganda; de ativistas pagos; de impressos e da produção de programas de rádio e televisão; de logística de transporte e de distribuição de recursos e de pessoal. Em resumo: é preciso dinheiro, e muito dinheiro.

Esse é um dos paradoxos da democracia moderna: sem dinheiro, não há o exercício do voto; com ele, e no volume exigido, a legitimidade do sufrágio é posta em dúvida.

Esse é um dos argumentos de filosofia política contra o sistema capitalista, em que o poder do Estado é visto como um bem de mercado, que pode ser ocupado pelos que pagam mais. E não só os indivíduos que adquirem esse poder: mais do que eles, são os grupos de interesse comum, como os banqueiros, os grandes proprietários rurais, as confissões religiosas, as poderosas corporações econômicas, nacionais e multinacionais. Isso, quando não há a interferência direta de governos estrangeiros, como sempre ocorre e ocorreu despudoradamente com a ação do IBAD nas eleições de 1960 e 1962.

Sempre houve o financiamento privado das campanhas, mas, nesse problema, como em todos os outros, funcionam as leis dialéticas: a quantidade altera a qualidade. No passado, a maior parte dos políticos se valia dos recursos privados de terceiros com alguma discrição, e, alguns com constrangimento e pudor. É certo que desonestos sempre houve, corruptos nunca faltaram, desde o governo de Tomé de Sousa até os tempos recentes. Mas, com notável diferença, os candidatos, em sua imensa maioria, quase nunca usavam dinheiro de campanha para seu proveito pessoal.

Em muitos casos, feita a contabilidade final do pleito, destinavam as poucas sobras a instituições de caridade, e, em caso contrário, arcavam com os saldos a pagar, sacrificando os bens de família. Hoje, como frequentemente se denuncia, uma campanha eleitoral pode ser um meio de enriquecimento, como qualquer outro. Essa situação perverte todos os setores do Estado, com o superfaturamento das obras públicas, a corrupção de servidores de todos os escalões. Os cidadãos, no entanto, já demonstram sua reação contra essa perversão da vida social, como revelam movimentos vitoriosos, entre eles a iniciativa da Lei da Ficha Limpa.

A inteligência política é convocada a encontrar sistema de financiamento público de campanha, de forma justa e democrática, a fim de que todos os candidatos tenham a mesma oportunidade de dizer o que pretendem e pedir o voto dos cidadãos. Não é fácil impedir a distorção do processo eleitoral, mas é preciso construir legislação que reduza, se não for possível eliminá-la, a influência do poder econômico no processo político.

Estamos em um mundo que se encasula no desencanto e na angústia com relação ao futuro. Há, porém, uma promessa de justiça, na articulação de movimentos de protesto, no mundo inteiro, contra a ditadura mundial do sistema financeiro que, de acordo com a confissão de alguns culpados, se tornou uma quadrilha mundial de gangsters, ou de “banksters”.

Esse termo preciso foi criado para identificar os banqueiros responsáveis pela Depressão dos anos 30, e está sendo reutilizado agora. Não podemos esmorecer na reação dos oprimidos contra essa nova tentativa de ditadura mundial.”

FONTE: escrito por Mauro Santayana, colunista político do “Jornal do Brasil”, diário de que foi correspondente na Europa (1968 a 1973). Foi redator-secretário da “Ultima Hora” (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre eles, a “Folha de S. Paulo” (1976-82), de que foi colunista político e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte. Arrtigo transcrito no site “Cartta Maior”  (http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=5707) [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].

A LIBERDADE DE EXPRESSÃO COMO PRIVILÉGIO DOS RICOS


COMO TUDO NO BRASIL, A LIBERDADE DE EXPRESSÃO É PRIVILÉGIO DOS RICOS!

Por Rafael Castilho, em seu blog

“A crescente participação dos blogs e das redes sociais na difusão de conteúdo jornalístico e de opinião, democratizando o debate político para além dos meios de comunicação tradicionais, vem causando arrepios na classe conservadora.

A cada dia, os brasileiros adquirem o habito de buscar fontes alternativas de informação e de reflexão sobre as grandes questões políticas nacionais, ou mesmo sobre a nossa vida cotidiana.

Isso sem falar nos conteúdos de diversão e entretenimento.

A população jovem aprendeu rápido a buscar conteúdo na internet, deixando de depender da programação das tradicionais empresas de comunicação.

Ainda que a velha mídia tenha imensa importância na formação de opinião, a internet (em especial as redes sociais) surge como fonte alternativa.

Entre outras coisas, as pessoas perceberam que a vida real não se resume à “versão oficial” dos jornais.

Enquanto as redes sociais eram meras concorrentes na geração de entretenimento, os grandes grupos de comunicação se prepararam para a disputa de mercado.

Mas quando as questões políticas nacionais passaram a ser discutidas, contradizendo as grandes manchetes midiáticas, a disputa passou a ser questão de sobrevivência.

Nas últimas eleições, as redes foram responsáveis por “inverter o roteiro” de uma novela que deveria ter um final diferente, caso o debate político eleitoral estivesse ainda entregue aos grandes grupos de comunicação.

Agora, a disputa é pelo poder.

Os grandes interesses da oligarquia estão em jogo.

Para os ricos, a democracia atendia ao propósito de legitimar o poder dos grandes grupos econômicos, porém, acomodando sanha por representação e participação política na sociedade brasileira.

Tampouco interessava à oligarquia governos autoritários e intervencionistas que viessem a limitar as grandes negociatas.

A democracia desenhada pela oligarquia era um grande teatro. O cenário ideal para a manutenção dos velhos privilégios. E a mídia dirigia o espetáculo com maestria, cabendo ao povo o papel de referendar nas urnas o que já estava decidido.

O Brasil ainda não fez mais do que algumas reformas sociais e tênues correções de rumos. Mas isso já foi suficiente para o estresse dos conservadores.

A democratização nos meios de comunicação pode, em médio e longo prazo, dissolver a capacidade dos grandes grupos de comunicação “pautarem” a agenda do executivo e do legislativo.

A possibilidade de o Estado criar instrumentos sérios de regulação da mídia é tratada pelos magnatas como um atentado contra a liberdade de imprensa.

Mas, ao que parece, a liberdade de expressão deve ser privilégio apenas dos grandes e ricos grupos de comunicação.

[Liberdade de opinião somente para os poucos donos da imprensa, que são, por sua vez, instrumentos (pagos ou "por amor") das grandes potências e conglomerados financeiros e econômicos internacionais]

Sem menor pudor, a velha imprensa vem atacando a “blogosfera” e exigindo que o poder público controle as redes sociais, inibindo seu potencial de comunicação com a sociedade.

Não são poucos os editoriais em que os grandes jornais acusam os blogueiros de serem militantes contratados pelo PT.

Muito curioso esse protesto.

Ao menos este blogueiro que vos fala [Rafael Castillo], jamais foi filiado ao Partido dos Trabalhadores e sequer militou em suas prestigiosas fileiras.

Além do mais, seria razoável que os grandes órgãos de imprensa fossem também denunciados por apoiarem de maneira escandalosa, desde sempre, o partido que condenou o Brasil à chaga do neoliberalismo.

E por falar em neoliberalismo, a velha imprensa festejou a abertura escancarada da economia brasileira à especulação internacional. Regozijou-se gostosamente defendendo a dilapidação do patrimônio público para empresas gringas que sucatearam os serviços ao consumidor, enquanto recheavam seus cofres. Deu de ombros para a quebradeira da indústria nacional que ficou sem condições de competir no mercado internacional.

Mas o interessante é que esse apego às regras de ouro do livre mercado globalizado não se reflete quando o assunto é a concorrência das empresas de comunicação brasileiras com empresas estrangeiras.

Os grandes jornais e televisões se manifestam com veemência em defesa da soberania nacional quando veem a possibilidade de serem obrigados a concorrer com os grandes grupos estrangeiros.

É pena que não tenha sido da mesma forma quando eles defenderam a quebra do monopólio estatal do petróleo, das telecomunicações e a venda a preço de banana das nossas grandes empresas estratégicas ao interesse especulativo internacional.

E as contradições não param por aí. Os magnatas das comunicações querem impedir uns poucos blogs de receberem publicidade institucional.

Mas a hipocrisia moralizadora da velha mídia, ao tratar dos gastos públicos, omite os bilhões de reais gastos com o dinheiro do contribuinte, por meio de publicidade governamental, para pagar o arrego dos grandes grupos que desde sempre conspiram contra o Brasil.

A liberdade de expressão não pode ser, como tantas coisas no Brasil, privilégio da oligarquia.

Ensaia-se uma ofensiva contra os blogs e a sociedade deve estar consciente desse verdadeiro atentado contra a democracia.”

FONTE: escrito por Rafael Castilho, em seu blog, e transcrito no blog “Escrivinhador”  (http://www.viomundo.com.br/politica/rafael-castilho-a-liberdade-de-expressao-como-privilegio-dos-ricos.html). [Imagens do Google e trechos enntre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].