O jornal Correio Braziliense ontem publicou a seguinte reportagem de Viviane Vaz:
Coreia do Norte - Potências do Conselho de Segurança não conseguem chegar a um consenso para punir o regime comunista, que desafiou os vizinhos e disparou um foguete de longo alcance
“Para os norte-coreanos, um foguete com um satélite. Para os vizinhos Japão e Coreia do Sul, um míssil balístico capaz de carregar ogivas nucleares e alcançar o Alasca.
A Coreia do Norte lançou na madrugada de ontem (23h30 de sábado em Brasília) um foguete que motivou o Conselho de Segurança das Nações Unidas a realizar uma reunião de emergência. O encontro dos 15 representantes do conselho terminou sem um acordo das cinco potências com poder de veto: Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido. Washington e Paris queriam uma resposta dura, mas Pequim e Moscou pediram “calma e controle”.
“O aparato caiu no oceano Pacífico”, disse um porta-voz das Forças armadas dos EUA. Mas, para a agência de notícias estatal norte-coreana, KCNA, o lançamento foi “bem-sucedido”. O regime de Pyongyang anunciou que o foguete Unha-2 colocou em órbita o satélite Kwangmyongsong-2, como parte do programa espacial. “O satélite está orbitando a 490km de distância da Terra em sua máxima aproximação e a 1.426km no raio mais longínquo.”
“Não podemos conter nosso lamento e desapontamento pelo fato de a Coreia do Norte ter imposto tamanha ameaça à paz na Península Coreana no momento em que o resto do mundo reúne esforços para lutar contra a crise econômica global”, disse o porta-voz da presidência da Coreia do Sul, Lee Dong-kwan. Diplomáticos, os sul-coreanos também deixaram espaço para o diálogo. “Continuaremos a esperar mudanças do Norte”, destacou o porta-voz.
Enquanto o Conselho de Segurança continua estudando uma resposta a Pyongyang, a Coreia do Sul busca uma forma de responder à ação do vizinho. O ministro das Relações Exteriores sul-coreano, Yu Myung-hwan, anunciou que está “revisando ativamente” a possibilidade de o país se tornar um membro pleno da Iniciativa de Segurança, uma campanha liderada pelos Estados Unidos para evitar o tráfico de armas de destruição em massa.
“Dada a volatilidade da região, tal lançamento não conduz a esforços para promover o diálogo, a paz regional e a estabilidade”, declarou o secretário-geral da ONU, o sul-coreano Ban Ki-moon. Ele pediu à Coreia do Norte para cumprir as resoluções da ONU, como a 1.718, que obriga o país a não conduzir “nenhum teste adicional ou lançamento de mísseis balísticos” depois do teste nuclear de outubro de 2006.
Apesar das críticas internacionais ao regime do ditador Kim Jong-Il, que gasta 30% da renda nacional com armamento, analistas políticos consideram que o lançamento do artefato deve levar a um período de distensão. “No final, a Coreia do Norte vai conseguir o que queria: manter conversas bilaterais com os Estados Unidos para voltar à comunidade internacional”, avaliou Cheon Seng-whun, pesquisador do Instituto Coreano para Unificação Nacional, de Seul. Já Michael O’Hanlon, do Brookings Institution, de Washington, aconselha que o norte-americano Barack Obama deixe as portas abertas para um período mais construtivo da diplomacia e ganhe mais tempo para juntar esforços internacionais.
O teste preocupa o Ocidente porque o mesmo foguete usado para lançar satélites serve para disparar mísseis de longo alcance. Temendo um ataque, o Japão mobilizou baterias antimísseis antes do lançamento. Obama pressionou a ONU por uma punição. “Essa provocação ressalta a necessidade de ação não só no Conselho de Segurança, mas na nossa determinação de prevenir a disseminação dessas armas”, disse.”
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