domingo, 5 de abril de 2009

MENOS MAL

O jornal Folha de São Paulo publicou ontem em seu editorial:

Embora de modo lento, e sujeita a intempéries da crise, economia brasileira dá sinais de recuperar-se de tombo do fim de 2008

Notícias recentes sobre a economia brasileira dão margem a algum alento -temperado com grande dose de cautela, naturalmente, dado que o quadro econômico internacional continua ainda muito deteriorado. Mas se pode avaliar que, depois do tsunami dos meses finais de 2008, os sinais vitais da economia começam a evoluir positivamente.

A atividade econômica, por exemplo, está em recuperação.

As vendas do comércio varejista se expandiram em janeiro e, a julgar pelos dados dos supermercados, parecem ter seguido relativamente firmes desde então.

A produção industrial cresceu em fevereiro pelo segundo mês consecutivo, embora a um ritmo mais moderado do que antecipavam os analistas do mercado. E os indícios são de que também em março a produção aumentou sobre o mês imediatamente anterior, descontadas as oscilações típicas de cada período.

Como o tombo da economia no quarto trimestre do ano passado foi violento -no caso da produção industrial, da ordem de 20%-, falta muito para que sejam atingidos níveis de vendas e sobretudo de produção próximos aos observados até setembro. Por isso, ainda por um bom tempo a comparação dos resultados de 2009 com períodos homólogos de 2008 deverá mostrar uma piora substancial. Isso não deve invalidar a percepção de que, mês após mês, ocorre certa melhora.

Esta perspectiva transparece também na evolução da cotação do dólar. Depois do salto do final de 2008, associado a um forte movimento de fuga de capitais, o câmbio se acomodou e ontem o dólar já era vendido a R$ 2,20. Nas últimas semanas, o fluxo de dólares dá sinais de melhora -em março o ingresso de capital estrangeiro na Bovespa superou as retiradas em US$ 1,5 bilhão.

Por causa disso, o grande colchão de reservas de divisas constituído pelo Banco Central corre menos risco de corrosão. Sustenta-se, portanto, o fator que amortece o impacto da crise internacional no país.

Além disso, a estabilidade dos preços ao consumidor dá mostras de resistência. Apesar da forte alta do dólar, a inflação esperada pelos especialistas é a cada semana menor, o que mantém aberta a oportunidade para reduzir ainda mais os juros básicos. Este alívio monetário, por sua vez, ajuda a destravar o crédito e a realimentar a recuperação da produção e das vendas.

A perspectiva de melhora lenta mas progressiva da economia brasileira pode, evidentemente, encontrar limites. Mas é forte a impressão de que, se isso vier a ocorrer, será porque o cenário global teve nova deterioração.”

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