Governo de Dilma não apostou sozinho em Eike
Para presidente do BNDES, expectativa foi "compartilhada por todo o
mercado" e exposição do banco a empresário é baixa
Valdo Cruz e Raquel
Landim, na “Folha de São Paulo”
“O Presidente do BNDES, Luciano Coutinho diz que a
aposta do governo Dilma Rousseff em Eike Batista foi "uma expectativa compartilhada por todo o mercado".
À frente do banco que emprestou R$ 10,4 bilhões ao
empresário, Coutinho afirmou à “Folha” que a exposição do banco a Eike é
"baixíssima" e se concentra nas empresas com ativos para equacionar
financeiramente o grupo: "Quem
estiver apostando no caos vai se frustrar".
Leia a entrevista:
Folha - Duas apostas do BNDES --Marfrig e grupo EBX-- estão com
problemas graves. Houve equívoco nas escolhas?
Luciano Coutinho - Não posso falar de casos específicos, mas são companhias que têm
ativos altamente atraentes. Tiveram problemas de gestão ou de endividamento,
que naturalmente se resolvem. Não é um insucesso.
O banco divulgou que aprovou empréstimos de R$ 10,4 bilhões para Eike
Batista. No pior cenário, qual o prejuízo?
Baixíssimo. Tanto do BNDES como dos bancos
privados. A exposição está concentrada nos ativos de alta qualidade do grupo, principalmente
na MPX, que já mudou de controlador e hoje é uma empresa sob liderança alemã.
Outro ativo de maior exposição dos bancos é a MMX, que também é cobiçada
publicamente. A exposição direta do BNDES ao grupo é pequena. O governo Dilma
apostou em Eike. Foi uma aposta errada?
Foi uma expectativa compartilhada por todo o
mercado privado em um conjunto de projetos --a maioria, meritórios e consistentes. Houve um negócio específico
que foi frustrante, e essa frustração provocou uma crise profunda de credibilidade
em relação ao investidor. Mas o conjunto de ativos gerados é suficiente para
equacionar financeiramente e patrimonialmente o grupo e propiciar uma saída
organizada. Quem estiver apostando no caos vai se frustrar.
Os empresários estão preocupados com o ritmo da economia, sinalizando
risco de redução de investimento. Esse pessimismo vem de onde?
Estamos vivendo um momento de mudança, com a
perspectiva de uma política monetária americana mais apertada [juros mais
altos]. Esse movimento teve efeito muito forte não só no Brasil, mas no mundo
todo, e gerou ansiedade em muitos setores. Porém, esse processo tende a se
ajustar em algum momento. No médio e longo prazo, teremos apenas um pequeno
soluço e vamos retomar o crescimento.
O soluço não está longo?
Começou há seis semanas. Tivemos um primeiro
trimestre fraco, mas o investimento foi forte. Apesar dos efeitos das
manifestações, vamos ter um primeiro semestre de bons resultados. Essa mudança
teve impacto, mas quero chamar a atenção para oportunidades nos investimentos
em infraestrutura, energia, óleo e gás, agronegócio e manufatura. Depois desse
ajuste, o quadro é benigno. Teremos um câmbio estimulante para vários setores.”
FONTE: reportagem
de Valdo Cruz e Raquel
Landim, publicada na “Folha de
São Paulo” (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/118833-governo-de-dilma-nao-apostou-sozinho-em-eike.shtml).
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