quarta-feira, 8 de outubro de 2014

MARILENA CHAUÍ QUER ENTENDER ELEIÇÃO DE ALCKMIN



Chauí quer entender eleição de Alckmin

Professora discute o papel do PiG na despolitização

Da "Rede Brasil Atual":

MARILENA SE DIZ ESTARRECIDA E PROPÕE ESTUDO DE CASO SOBRE REELEIÇÃO DE ALCKMIN

"Filósofa pede que acadêmicos se reúnam para tentar encontrar explicações para o quarto mandato do governador em meio a racionamento, denúncias de corrupção e graves problemas de gestão.

A filósofa Marilena Chauí propõe que acadêmicos somem esforços para tentar entender os motivos que levaram o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a conquistar um novo mandato nas eleições realizadas ontem (5). Em entrevista à "Rádio Brasil Atual", a professora da USP afirmou ter proposto ao presidente da "Fundação Perseu Abramo", o economista Marcio Pochmann, que estude ao longo dos próximos quatro anos os processos que expliquem porque o PSDB pode chegar a mais de duas décadas de comando do Palácio dos Bandeirantes.

O PSDB tem uma monarquia hereditária. Alguém precisa entender o que acontece em São Paulo. A reeleição do Alckmin no primeiro turno é uma coisa verdadeiramente espantosa”, avaliou. Para ela, é difícil explicar como o governador obtém seu quarto mandato em meio a racionamento de água, denúncias de corrupção e problemas sérios na gestão pública, como a perda de qualidade do Metrô paulistano, alvo de denúncias de formação de cartel e pagamento de propina a políticos do PSDB.

Por que fico estarrecida? Porque você teve milhares e milhares e milhares de jovens nas ruas pedindo em São Paulo mais saúde e mais educação. Se você pede mais saúde e mais educação, considera que são direitos sociais e que têm de ser garantidos pelo Estado. E aí você reelege Alckmin. Estou tentando entender como é possível você reivindicar aquilo que é negado por quem você reelege.”

Ela avalia que o PSDB trata políticas públicas não como direitos, mas como um produto que a população deve ter recursos financeiros para adquirir. Nesse sentido, entende também que uma parcela da sociedade paulista enxerga os avanços que teve ao longo de 12 anos de governo federal do PT não como uma melhoria no papel do Estado, mas como um mérito individual. “Não há nenhuma articulação entre a mudança de trabalhador manual para trabalhador de serviços e as mudanças sociais no país. É visto como uma ideologia de classe média, que é a do esforço individual.”

Marilena Chauí considera que ainda é cedo para estabelecer uma relação entre o saldo final das manifestações de junho e o alto número de abstenções e de votos brancos e nulos – 19,39% se abstiveram, 3,84% votaram em branco e 5,80% em nulo. De outro lado, ela avalia que o resultado geral das eleições de domingo, com crescimento de Aécio Neves (PSDB) na reta final da corrida presidencial e diminuição da representação dos trabalhadores no Congresso, tem claro reflexo do trabalho feito pela mídia tradicional pela despolitização da sociedade.

Uma das coisas que mais têm acontecido no país é um processo realizado pela grande mídia, tanto impressa como falada como televisiva, é um processo que vem vindo nos últimos oito anos, e sobretudo nos últimos quatro, de esvaziamento sistemático de toda e qualquer discussão política. Você tem a operação da comunicação por slogan e algumas imagens. Fora disso você não tem o verdadeiro debate político. Eu diria que os partidos políticos são responsáveis também pela ausência de um grande debate político. Ou porque não têm o que propor, ou porque não querem entrar neste debate.”
FONTE: da "Rede Brasil Atual". Transcrito no portal "Conversa Afiada"   (http://www.conversaafiada.com.br/pig/2014/10/06/chaui-quer-entender-eleicao-de-alckmin/).

2 comentários:

Unknown disse...

Por que Lula quando assumiu não fez uma CPI da privataria? Claro que ninguém ia ser punido, mas pelo menos o povo ficaria sabendo de tudo quanto rolou. O resultado desta omissão se reflete hoje: vamos voltar ao neoliberalismo entreguista do PSDB, perto do qual os prejuízos da corrupção petista são marginais.

Unknown disse...

No tempo da repressão um suspeito de comunismo desaparecia e era eliminado por esta simples suspeita. Por que não utilizar hoje estes mesmos competentes métodos para acabar com os ladrões? Afinal de contas, quem é mais ingovernável, o comunista ou o ladrão?