segunda-feira, 1 de julho de 2013

COMO TRADUZIR “REFORMA POLÍTICA”?

Manifestantes no teto do Congresso

Por Fernando Brito

“Paulo Moreira Leite, na sua coluna na revista “Istoé”, tem a lucidez de apontar que o plebiscito do qual o Congresso não terá como escapar deve ter um sentido muito maior que a votação de medidas como voto distrital e financiamento público de campanhas.

Não será isso o que esclarecerá a população, mas a ligação entre essas decisões e um processo político que atenda aos anseios do povo brasileiro por educação, saúde, transportes coletivos, austeridade nos gastos públicos, que só serão alcançados com representação política que seja comprometida com isso, e não com lobbies de grupos econômicos e interesses fisiológicos e corporativos.

Nosso desafio fica claro, então: como representar isso numa reforma política?
Que esse caminho esteja aberto nas propostas que, segunda ou terça-feira, a Presidenta apresentará.

Leia abaixo o que diz Moreira Leite. Ou, se preferir, acesse aqui o texto, na íntegra.

ENSAIO GERAL PARA 2014


“Ao fugir, de qualquer maneira, de uma consulta popular, a oposição já deixou claro a imensa distância que mantém em relação às exigências democráticas colocadas pelas ruas.

A eleição não será resolvida no debate sobre formas de governo ou financiamento de campanha, mas em respostas concretas para a maioria da população.

Para o governo, a pergunta é o que fazer para recuperar o eleitor perdido.

Para a oposição, agora com nova audiência, a pergunta é que fazer para atrapalhar essa recuperação e consolidar uma situação que pode ser favorável em 2014.

A mensagem é essa.

Comprometida, de forma cada vez mais clara, com programas de enxugamento de gastos que conduzem, necessariamente, ao desmanche de serviços públicos, a oposição tem pouco a oferecer nesse terreno. Seus candidatos podem variar, mas o eixo de suas preocupações é outro.

Trata-se de construir um “Estado mínimo”, que nem de longe será capaz de atender àquilo que a rua reclama. Não há como fingir: seu programa é a versão, verde-amarela, da austeridade que hoje conduz a Europa à ruína.

Vamos falar com clareza maior. A oposição brasileira tem evoluído para uma visão radicalizada e extremista de seu próprio conservadorismo.

Não convive com meias medidas nem reformismos leves, como o PMDB que fez a carta de 1988, ou mesmo o PSDB e sua fatia desenvolvimentista.

Se é possível fazer inúmeras críticas à condução da política econômica do governo Dilma, não custa lembrar que as principais ideias da oposição eram, invariavelmente, muito piores.

Em nome de uma prioridade duvidosa ao combate à inflação, defendiam medidas que fariam o desemprego explodir e o crescimento, já baixo, transformar-se em recessão.

Em vez de ir as ruas protestar por novos direitos, como agora, a população estaria mobilizada para defender o que possui.

Esse é o debate que se inicia.”

FONTE: escrito por Fernando Brito em seu blog “Tijolaço”   (http://www.tijolaco.com.br/index.php/como-traduzir-reforma-politica/).

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