Programa
de rádio “Café com a Presidenta”, com Dilma Rousseff
Rádio
Nacional, 08 de julho de 2013
“Luciano Seixas: Olá, bom dia! Eu sou
o Luciano Seixas e começa agora mais um Café com a Presidenta Dilma. Bom dia,
presidenta!
Presidenta: Bom dia, Luciano! E bom dia para
você que nos acompanha aqui no Café hoje!
Luciano Seixas: Presidenta, hoje, eu
queria falar aqui no Café sobre saúde, que foi um dos cinco pactos que a
senhora propôs ao Brasil, e hoje a senhora lança um programa importante para
levar à frente esse pacto, não é mesmo?
Presidenta: Olha, Luciano, o pacto pela saúde
contempla a aceleração dos investimentos já contratados para melhorar a
estrutura da rede pública do Brasil. Estamos investindo R$ 7,4 bilhões na
construção, reforma e compra de equipamentos para postos de saúde, Unidades de
Pronto Atendimento, as UPAs, e os hospitais. E, no ano que vem, nós vamos
investir mais R$ 5,5 bilhões em novas unidades. Para que tudo isso funcione
bem, Luciano, e para que possamos dar um tratamento digno e eficiente à
população, vamos precisar de mais médicos para trabalhar, principalmente nas
periferias das grandes cidades, no interior do país e nas regiões Norte e
Nordeste, onde mais faltam médicos. Por isso, nós estamos lançando hoje o
programa “Mais Médicos”.
Luciano Seixas: Como é que esse
programa vai aumentar o número de médicos atendendo à população, presidenta?
Presidenta: Olha, Luciano, nós já temos hoje
grande número de médicos estrangeiros fazendo atendimento da população na rede
pública de saúde, o nosso SUS. Nós sabemos que os nossos médicos estão
comprometidos com a qualidade do serviço público, mas, infelizmente, eles ainda
são em número insuficiente para garantir atendimento em toda a rede pública de
saúde. Essa falta de médicos é um problema muito sério, que irá ficar mais
grave na medida em que aumentamos os investimentos na construção de novas
unidades de saúde. Nós já falamos aqui no Café que o Brasil tem menos médico
por habitante, por exemplo, do que a Argentina, o Uruguai, Portugal e Espanha.
E esse problema se torna ainda mais grave nas regiões mais pobres e mais
distantes do país. Por isso, Luciano, tomamos uma série de providências. Uma
delas é aumentar as oportunidades para os jovens que querem estudar Medicina ou
fazer uma especialização na área.
Luciano Seixas: E quantas vagas já
foram abertas a mais nos cursos de Medicina, presidenta?
Presidenta: Olha, Luciano, nesses dois anos e
meio do meu governo, nós já criamos 2.400 novas vagas nos cursos de Medicina, e
isso é só o começo, porque nós vamos continuar aumentando as oportunidades para
os nossos jovens brasileiros. Estamos abrindo mais 11 mil vagas nos cursos de
graduação e 12 mil vagas na residência médica para formar especialistas que
estão em falta no Brasil, como pediatras, neurologistas, ortopedistas,
anestesistas, cirurgiões e cardiologistas. Até o final de 2014, serão mais 6
mil na graduação e mais 4 mil na residência médica. A residência, é bom
lembrar, Luciano, ela estimula a permanência do médico recém-formado na região
onde faz a sua especialização e começa a sua vida profissional. E, para
contribuir com a formação de novos médicos, serão construídos 14 novos
hospitais, com um investimento de R$ 2 bilhões até 2017, fora todos os
hospitais privados que, porventura, também sejam construídos.
Luciano Seixas: Mas formar um médico
leva tempo, não é, presidenta? E quem precisa de atendimento de saúde não pode
esperar.
Presidenta: Ah, você tem toda a razão,
Luciano. A verdade é que são necessários seis anos para se formar um médico na
faculdade, e mais outros dois ou três anos, às vezes até cinco anos, de
residência médica para ele se tornar um especialista. Só aí, Luciano, são mais
de dez anos para formar um médico especialista. É exatamente por isso que
estamos tomando algumas medidas emergenciais para resolver o problema de quem
não tem atendimento médico hoje. Uma grande mobilização de médicos, Luciano,
começa hoje com o lançamento do programa “Mais Médicos”.
Luciano Seixas: Como o programa “Mais
Médicos” vai funcionar, presidenta?
Presidenta: Olha, Luciano, o programa “Mais
Médicos” tem duas iniciativas importantíssimas: primeira, vamos lançar um edital nacional para selecionar os municípios
que querem receber novos médicos. A prioridade, como eu já disse, são as
periferias das grandes cidades e aqueles municípios do interior e, também, os
municípios mais distantes, principalmente os municípios localizados no Norte e
no Nordeste do país, onde há mais falta de médicos. Agora, para a prefeitura
participar do programa, ela precisa ter postos de saúde com bons equipamentos e
equipes de saúde para trabalhar junto com os médicos. Por isso, o município que
participar do “Mais Médicos” vai ter que assumir o compromisso de acelerar os
investimentos na construção, na reforma, na ampliação das suas Unidades Básicas
de Saúde, porque são nas UBS, enfim, nos postos de saúde que os médicos vão
trabalhar Um posto bem equipado é fundamental para que o médico tenha condições
de fazer um bom atendimento a quem precisa. Nós temos, em nosso país, postos de
saúde em perfeitas condições de receber, hoje, mais médicos. Por isso, a
segunda iniciativa é que hoje nós vamos lançar um outro edital, para que os médicos brasileiros interessados em trabalhar
nesses lugares mais distantes possam se inscrever e escolher o município para
onde querem ir.
Luciano Seixas: E quais são os
incentivos para o médico que quiser participar do programa, presidenta?
Presidenta: Olha, Luciano, o governo federal
vai pagar R$ 10 mil por mês para o médico que participar do programa “Mais
Médico”, e esse pagamento será feito pelo próprio Ministério da Saúde. Além
disso, pagaremos uma ajuda de custo conforme a região na qual o médico estiver
estabelecido. Também, o governo federal pagará R$ 4 mil para reforçar equipes
de saúde integradas por enfermeiros e técnicos de enfermagem. O médico,
Luciano, vai trabalhar 40 horas por semana no posto de saúde, e ainda poderá
fazer uma especialização em “Atenção Básica”. Agora, o nosso objetivo é que essas
vagas para médicos sejam preenchidas e a população possa ter atendimento
garantido o mais rápido possível. Por isso, se as vagas disponíveis não forem
todas preenchidas por médicos brasileiros, nós vamos autorizar a vinda de
médicos estrangeiros.
Luciano Seixas: Explica para a gente
como vai ser isso, presidenta.
Presidenta: Olha, Luciano, nós vamos contratar
médicos estrangeiros, bem formados, experientes, que falem e entendam a nossa
língua. Aí também estão incluídos médicos brasileiros que se formaram no
exterior. Esses médicos vão assinar um contrato com o governo federal para
trabalhar por, pelo menos, três anos nos lugares onde mais faltam médicos.
Antes de começar a trabalhar, esses médicos estrangeiros serão avaliados por
três semanas em nossas universidades públicas. E, durante os três anos, eles
serão supervisionados pelas universidades públicas que acompanharão o programa.
Nesse período, Luciano, eles vão trabalhar exclusivamente nos postos de saúde,
fazendo o atendimento básico da população. Quero repetir que os médicos
estrangeiros só vão ocupar as vagas que não forem preenchidas por médicos
brasileiros. Daremos prioridade aos nossos médicos, aos médicos formados aqui
no Brasil, que são altamente qualificados. Mas, infelizmente, não existem em
número suficiente para atender toda a nossa população. Isso significa, Luciano,
que ninguém vai tirar o emprego de ninguém. Aliás, a contratação de médicos
estrangeiros é muito comum em vários países que têm excelentes sistemas de
saúde, como é o caso da Inglaterra, onde 37% dos médicos que trabalham lá se
formaram no exterior. Nos Estados Unidos, por exemplo, onde 25% dos médicos que
trabalham lá também fizeram os seus cursos fora daquele país. Veja o contraste,
Luciano, nós, aqui no Brasil, temos apenas 1,79% de médicos estrangeiros.
Luciano Seixas: E pode vir médico de
qualquer país, presidenta?
Presidenta: Olha, Luciano, nós não vamos
aceitar profissionais de países onde também haja falta de médicos ou onde a
proporção de médicos por habitante seja ainda menor do que no Brasil. Fora
isso, estamos abertos a receber médicos de qualquer país, desde que o
profissional seja capacitado, com registro para atuar nos países onde se
formaram, com experiência em atenção básica e com conhecimento do português.
Mais médicos em nosso país, Luciano, significa mais saúde para a população Esse
é o nosso grande objetivo, e é para isso que estamos trabalhando com muita
determinação.
Luciano Seixas: Maravilha,
presidenta! Agora, infelizmente, o nosso tempo chegou ao fim. Obrigado por mais
esse Café.
Presidenta: Antes de terminar, Luciano, eu
quero dizer que essa convocação de médicos para trabalhar nas regiões mais
pobres de nosso país é a resposta que estamos dando para o problema da falta
desses profissionais nas nossas unidades de saúde. Quem precisa de atendimento
médico não pode esperar e é por isso que estamos autorizando a vinda de médicos
estrangeiros. Trata-se de uma medida emergencial para resolver um problema
sério e urgente. Ninguém precisa temer, eu jamais tiraria emprego de nossos
profissionais ou arriscaria a saúde da população. O que nós queremos, Luciano,
é melhorar os serviços públicos que oferecemos à população brasileira. Para
isso, nosso governo não vai medir esforços. Obrigada, Luciano. Uma boa semana
para você, uma boa semana para os nossos ouvintes. E até a semana que vem!
Luciano Seixas: Obrigado,
presidenta. E você encontra o Café com a Presidenta lá na internet, no site
www.cafe.ebc.com.br. Nós voltamos na próxima segunda-feira. Até lá!”
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