sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Debate na "Globo": FIRMEZA DE DILMA DERROTA MARINA E APAGA AÉCIO

 


Firmeza de Dilma derrota Marina e apaga Aécio em debate na "Globo"


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No último debate do primeiro turno entre os presidenciáveis, [terminado na madrugada de quinta (2) para sexta-feira] pela Rede Globo, a presidenta Dilma Rousseff demonstrou segurança e preparo, Marina Silva (PSB) desespero e falta de proposta e o tucano Aécio Neves (PSDB) incoerência e bravata.

Por Dayane Santos, da Redação do "Portal Vermelho"


"Sob a apresentação de Willian Bonner, o debate avançou na madrugada da sexta com duração de quase duas horas e meia. Como era de se esperar, o embate entre os três candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto foi destaque, até mesmo entre os demais participantes: Luciana Genro (Psol); Pastor Everaldo (PSC); Levy Fidelix (PRTB) e Eduardo Jorge (PV), que na maioria das vezes escolhiam um dos três para fazer perguntas.

A presidenta Dilma demonstrou confiança e compromisso com o Brasil, quebrando as estratégias dos adversários. Quem mais sentiu o baque foi a candidata Marina Silva. Nos dois embates diretos com a candidata, Dilma rebateu de forma contundente as críticas da pessebista.

Compromisso e competência

O primeiro embate aconteceu no segundo bloco, quando Marina colocou em xeque a experiência política de Dilma dizendo que por “não ter sido nem vereadora e virado presidente da República” confundia os poderes. Dilma respondeu: “Falar da minha inexperiência política é interessante vindo de uma pessoa que defende a nova política. Quer dizer, candidata, que uma pessoa que não fez a carreira de vereadora, deputada ou senadora não pode ser presidenta? Onde isso está escrito? Não na nossa Constituição. Aliás, eu tenho convicção que qualquer brasileiro ou qualquer brasileira podem ser presidente da República”.

A partir daí, Marina foi perdendo o fôlego e deixou visível o seu abatimento. Como um disco arranhado, a candidata repetiu várias vezes que ela “apresentou programa de governo” e que os demais não o fizeram. Mas esqueceu de dizer que até agora, às vésperas da eleição, está reescrevendo o programa – produzido por sua mentora, a banqueira Neca Setúbal, herdeira do Banco Itaú – ou tendo que justificar as contradições nele contidas.


Autonomia ou independência do BC

Mas voltando ao debate, Marina lamentou os questionamentos feitos ao seu programa pela campanha de Dilma e defendeu a proposta de independência ao Banco Central. Tentou nivelar a sua postura com a da presidenta Dilma, dizendo que ela também defendia, antes da eleição, a autonomia do BC.

Dilma foi enfática e disse que Marina estava fazendo jogo de cena ao tentar confundir independência com autonomia. “Acho que você está deliberadamente confundindo autonomia com independência. No seu programa está escrito de forma clara, independência. Eu respeito a autonomia do Banco Central. Eu sugiro que a senhora leia o que escreveram no seu programa, a senhora está confundindo autonomia com independência, e são coisas diferentes. Não é possível transferir essa escolha para os bancos”, disse Dilma.

O segundo embate foi também numa pergunta livre de Marina, que acusou Dilma de não ter cumprido “vários compromissos” de campanha e que a corrupção era responsabilidade da presidenta.

Eu cumpri todos os meus compromissos. Hoje o Brasil pratica a menor taxa de juros de toda a sua história, Marina. Além disso, não houve governo que mais combateu a corrupção como o meu. Eu não escondi debaixo do tapete, não varri e não engavetei”, frisou Dilma.

Marina fugiu e ninguém viu

Na réplica, Marina fingiu que não ouviu e continuou a dizer que a presidenta não cumpriu com os seus compromissos de campanha e a acusou de ser conivente com a corrupção afirmando que Paulo Roberto Costa (ex-diretor da Petrobras preso em investigações de corrupção) teria recebido uma “demissão premiada” da presidenta.

Dilma mostrou altivez e coerência e colocou a candidata no seu lugar. “Marina, vamos colocar os pingos nos ‘is’. O seu diretor, nomeado por você, diretor de fiscalização do Ibama, foi afastado do meu governo por crime de desvio de recursos. E eu não saí por aí, Marina, dizendo que você conhecia a corrupção e tinha acobertado. Sejamos corretas na condução. Esse diretor, nós investigamos, nós prendemos. No passado, ninguém prendia ninguém. E as pessoas eram protegidas. Veja só que os crimes do metrô de São Paulo somente foram descobertos pela Suíça.”



Vídeo obtido no portal "Conversa Afiada"


Marina não respondeu e, na sua vez de perguntar, escolheu Eduardo Jorge para debater, sendo que tinha à sua disposição Dilma e Aécio. Ou seja, fugiu do debate diante do alto grau de contradições de sua “nova política”.


Tucano bravateiro

Com Aécio não foi diferente. O candidato não poupou insinuações e bravatas durante todo o debate. Usando a palavra “previsibilidade” apenas uma vez, o que é um feito para Aécio já que essa é a síntese, segundo ele, de seu programa de governo, o candidato tucano fugia das respostas, mas sem perder a pose.

No primeiro bloco de perguntas, Dilma lembrou que o tucano, quando líder do PSDB no Congresso durante o governo FHC, defendia a política de privatização, incluindo a Petrobras. E que o seu escolhido ministro da Fazenda, Armínio Fraga, também defende a privatização dos bancos públicos como a Caixa Econômica, o Banco do Brasil e o BNDES.

Privatizar é a política de Aécio

Aécio tergiversou, dizendo que tais setores são “cabides de emprego”, mas confessou: “Sim, privatizamos setores necessários de serem privatizados... Fizemos as privatizações de setores importantes como siderúrgica, que eram necessárias”.

Na réplica, Dilma desnudou o candidato: “Vocês praticamente entregaram para nós a Caixa e o Banco do Brasil numa situação extremamente precária. Hoje a Caixa e o Banco do Brasil são bancos públicos muito sólidos. Acho estranho que o senhor trate com tanta leveza a questão das privatizações. Foi no governo do senhor que um alto funcionário de um banco público disse que estavam tratando as privatizações no limite da irresponsabilidade. E esse funcionário simplesmente constatava as condições pelas quais se organizavam os consórcios que compraram essas empresas”.

No embate seguinte, Dilma destacou que o Brasil assumiu em Copenhague, de forma voluntária, a redução das emissões de gás de efeito estufa e as ações que reduziram o desmatamento. Ela perguntou ao tucano qual é a proposta do candidato para a área de mudanças climáticas.

Aécio não apresentou as propostas, mas aproveitou para criticar dizendo que o governo Dilma “não teve a capacidade da previsibilidade” e finalizou: “Por isso nós precisamos restabelecer o planejamento no país, e é para isso que eu me preparei e é isso que nós vamos discutir, espero, no segundo turno”. Ou seja, proposta só no segundo turno, quem sabe.

Habitação e Bolsa Família

Dilma insistiu nas propostas. Abordou o tema moradia lembrando que seu governo fez o maior programa de habitação da história do Brasil e perguntou a opinião do candidato sobe o programa "Minha Casa, Minha Vida".

Aécio Neves novamente mudou de assunto e disse que os governos Lula e Dilma transformaram os programas sociais dos tucanos, como o bolsa-escola, o bolsa-alimentação e o vale gás, no Bolsa Família. “E fizeram muito bem. Eu reconheço essa virtude do presidente Lula”, admitiu ele, sem falar de sua proposta sobre habitação, apenas dizendo que o foco maior do programa, na sua gestão, seria na faixa de até três salários mínimos.

Dilma, por sua vez, rebateu o candidato. “Interessante, Aécio, um programa de 14 milhões de famílias [56 milhões de pessoas] não tem nada a ver com o programa que era extremamente fatiado e não chegava a mais de dois milhões de pessoas”, afirmou a presidenta.

Sobre o "Minha Casa, Minha Vida", Dilma pontuou que “talvez seja difícil para você dar continuidade porque você não o conhece” e explicou: “A principal característica do 'Minha Casa, Minha Vida' é que o subsídio maior é para quem ganha até R$ 1.600,00. Se você tivesse conhecimento disso, você também não diria que vai fazer um programa que contemplará até três salários mínimos”.


Levy, Luciana e Eduardo

Levy Fidelix (PRTB) foi um caso à parte do debate. Os candidatos Eduardo Jorge (PV) e Luciana Genro (PSOL) repudiaram as declarações do presidenciável no debate promovido pela TV Record, na semana passada, em que afirmou que “o aparelho excretor não reproduz” e pregar o “enfrentamento aos gays”.

Ainda no primeiro bloco do programa, Eduardo Jorge propôs que o adversário se desculpasse pelo que disse. “Você não tem moral nenhuma para me pedir isso. Propõe que os jovens consumam maconha, apologia ao crime”, disparou Fidelix, referindo-se à proposta de descriminalização da maconha do PV.

Jorge rebateu: “Vamos nos encontrar na Justiça, eu como testemunha”, destacando que diversas entidades e partidos entraram na Justiça contra Fidelix, pedindo que a candidatura dele fosse impugnada.

Em outro momento, Fidelix perguntou à única adversária disponível, que era Luciana, sobre um suposto acordo que ele teria feito com o marido de Luciana no último debate, para que ele não fizesse pergunta à candidata Marina porque ela queria questioná-la sobre economia.

Luciana ignorou a pergunta e criticou: “O teu discurso de ódio é o mesmo discurso que os nazistas fizeram contra os judeus. Você só falou o que falou, porque não há lei que torne homofobia crime”, disse a candidata do PSOL, destacando que Fidelix deveria ter sido preso, mas isso não aconteceu porque a homofobia não é considerada crime no país.

Luciana também protagonizou um momento raro na TV Globo. Ela foi a primeira candidata a fazer pergunta logo na abertura do debate. Antes do seu questionamento, ela manifestou que só participou do debate porque entrou com ação na Justiça. “Estou aqui por força da garantia da lei, porque durante toda a campanha a 'Globo' só mostrou os 3 candidatos que não têm propostas para atacar as 5 mil famílias mais ricas do Brasil, dentre as quais a família que é dona da Rede Globo”, disse.

Pastor Everaldo, tal como Fidelix, também marcou a sua participação no debate pelo despreparo e desconhecimento [e por sempre atuar em 'dobradinha' com Aécio, 'levantando a bola' para o tucano responder contra Dilma]. Com o tema da pergunta sendo estabelecido por sorteio, Everaldo escolheu o candidato Aécio e deveria fazer uma pergunta sobre Previdência. Ignorou o tema e resolveu falar sobre o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Interpelado por Bonner para seguir as regras do programa, Everaldo simplesmente disse: “Aécio, qual é a sua proposta para Previdência?”, provocando a gargalhada da plateia".


FONTE: escrito por Dayane Santos, da redação do "Portal Vermelho" (http://www.vermelho.org.br/noticia/250636-1). [Trechos entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].

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