... "Na gaveta de Brindeiro, existem nada menos que 4.514 processos, todos à espera de algum parecer seu".
[OBS deste blog 'democracia&política': as tabelas acima, bem como a frase foram obtidas da própria radical revista da direita, tucana, "Veja", de 06/01/2001. A grande imprensa brasileira que, assim como o governo FHC/PSDB, era instrumento do mercado financeiro internacional, não repercutia essas notícias. Também abafava, colocava nas suas gavetas ou no lixo. Queria a manutenção daquele grupo "amigo do mercado" no poder. O povo desinformado ficava com a impressão falsa de que não havia escândalos, não havia corrupção. Essa impressão ficou em muitos até hoje, e os criminosos cinicamente posam e se autoproclamam éticos, honestos, e querem agora disputar o 2º turno da eleição...]
De Saul Leblon, extraído da "Carta Maior":
LULA AOS INDECISOS: COMO ERA O BRASIL ANTES DO PT?
"Lula pede que o último dia da campanha não seja o derradeiro da militância. E que a partir de sexta-feira, comece um mutirão boca a boca, porta a porta.
Ex-presidentes costumam dar expediente em institutos e fundações de carpete macio, gabinetes de mogno e mesas de vidro com aço escovado.
Telefonemas bajuladores e audiências reverenciais compõem uma rotina colorida, fatiada de almoços elegantes e recepções requintadas. Amenidades bocejam 24 horas por dia no seu entorno.
Bons negócios, comendas, lavanda inglesa e gravatas de seda italiana.
Mas tem um deles que destoa do figurino de voz macia e boutades autocentradas.
Debaixo da garoa fina de quinta-feira, protegendo a cabeça branca com chapéu de boiadeiro que destoa do blusão esportivo, a voz rangendo idade, cansaço, estrada, o rosto vincado, lá está ele em Diadema, no cinturão vermelho de São Paulo, em cima de uma carroceria, puxando a carreata que fecha o primeiro turno da campanha de 2014.
Alguém poderia imaginar que estamos falando de FHC?
Não. Quem está ali com uma mão agarrada ao microfone e a outra a gesticular, alternando uma e outra, a voz rouca modulando altos e baixos de ironia e indignação, mestre na oralidade, é o único ex-presidente capaz de fazer isso como se fosse um novato, a suar a camisa para provar que suas ideias pertencem ao mundo através da ação.
O novato no caso é o político que alia a garra de um jovem militante à experiência de maior líder popular do Brasil.
Duas vezes ex-presidente da República, ele dá o exemplo da volta às origens que cobra do PT.
Levar a disputa às ruas.
Definir o campo de classe dos interesses em jogo.
Voltar às bases, ouvir, falar, engajar e aí nunca mais se omitir.
É isso que ele tem feito com intensidade assustadora para a idade e o susto de um câncer diagnosticado há três anos, em 29 de outubro de 2011.
Lula fará 69 anos no dia seguinte ao pleito de 5 de outubro próximo. A contrariar o fardo dos outubros, nos últimos nove dias ele visitou nove cidades, fez mais de 15 comícios.
Na terça feira, de dia, estava na Capela do Socorro; à noite em Cidade Tiradentes, agora em Diadema. Fala duas, três vezes por dia. Como fazia no governo.
Fosse FHC, as câmeras de televisão estariam formando uma parede entre o orador e a plateia reunida em frente a um supermercado em Diadema.
Mas é Lula; e sendo Lula quem é, tem que ser escondido pelo que representa, pelo que já fez, pelo que ainda fará e hoje, sobretudo, pelo que ainda fala e faz.
Ele faz coisas do seguinte tipo: na carreata em Diadema levou anotações com dados do site Manchetômetro, um monitoramento de mídia feito por pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) sobre a cobertura das eleições de 2014.
Durante quase dez minutos Lula dissecou o sentido político dos números frios colhidos pelo Manchetômetro.
Fez manchetes com notícias que não saem nos jornais.
Ao mencionar o tempo ocupado por escaladas negativas contra a presidente Dilma Rousseff no "Jornal Nacional" ( 1h46m), por exemplo, recorreu à metáfora futebolística e disparou para ninguém mais esquecer: ‘A Globo na campanha presidencial de 2014 dedicou mais tempo dando manchetes contra a Dilma do que a duração de uma partida de futebol’.
Pronto. Não precisava mais nada.
Mas para reforçar, ele não hesitou em sacudir a anotação no ar: sabem quantos minutos de noticiário negativo a candidata do PSB teve no mesmo período ?
Nenhum.
Um mestre na pontuação oral.
Sobrou também para os jornalões da ‘gloriosa imprensa brasileira’, como ele gosta de alfinetar com ironia ácida.
Um número resume todos os demais.
Desde o início da disputa, em 6 de junho, lembrou a voz rouca, mais afiada que nunca, os jornais Folha de SP, Globo e Estadão deram nada menos que 490 manchetes negativas contra Dilma.
Uma intensidade mais de quatro vezes superior a soma das manchetes negativas atribuídas a Aécio e Marina juntos (114).
A conclusão disso tudo altera a voz rouca, que agora adquire um sentimento de indignação diante do qual é impossível ficar indiferente.
Imagine essa cena no "Jornal Nacional".
Não acontecerá.
Porque Lula não é FHC e porque FHC jamais diria o que ele vai disparar em seguida.
‘Isso acontece porque neste país não existe liberdade de imprensa, mas sim a doutrina de nove famílias que dominam a comunicação e nutrem ódio pelo PT. Não pelos erros que o PT possa ter cometido’, fuzila a rouquidão indignada. ‘O PT tem defeito? Tem’, prossegue depois de uma pausa. ‘Mas eles nos odeiam não pelos nossos defeitos. E, sim, porque o PT promoveu a ascensão social dos pobres neste país. É por isso que desde o início da campanha eles atacam a Dilma com o equivalente a três manchetes negativas por dia cada um’.
A indignação contra esse cerco, cujo núcleo duro está arranchado no Estado de São Paulo, fez o ex-presidente intensificar a campanha de rua no interior e na região metropolitana da capital.
Sua determinação extrai força de uma certeza: é preciso enfrentar e romper o torniquete de aço contra Dilma, contra Padilha e, sobretudo, contra o PT e contra ele próprio. Ou a restauração conservadora pode fechar de vez as portas e frestas sociais e geopolíticas arduamente abertas a unha nos últimos doze anos.
Ao final da carreta, esse orador empenhado faz um apelo acalorado.
Lula pede que o último dia da campanha não seja o derradeiro da militância. Que ela continue a falar o que a sua voz já não poderá mais dizer na boleia de um caminhão. E que a partir de 6ª feira, comece um mutirão boca a boca, porta a porta, voto a voto para buscar o eleitor indeciso e decisivo na arrancada final para a urna.
A senha que ele sugere à militância diante dos recalcitrantes é a sua convicção de que a memória é um pedaço precioso do futuro a ser conquistado nestas eleições.
É com essa certeza que ele faz sua despedida como quem sacode o país pelos ombros para espantar o torpor criado pela doutrinação midiática conservadora e diz: ‘Perguntem às pessoas se elas se lembram como era o Brasil antes de o Lula governar este país’.
"Carta Maior" dá a sua contribuição a esse resgate da memória nacional deixando aos seus leitores o vídeo abaixo, como parte da corrente sugerida por Lula na boca de urna das horas que correm e do estirão que urge."
LULA AOS INDECISOS: COMO ERA O BRASIL ANTES DO PT?
"Lula pede que o último dia da campanha não seja o derradeiro da militância. E que a partir de sexta-feira, comece um mutirão boca a boca, porta a porta.
Ex-presidentes costumam dar expediente em institutos e fundações de carpete macio, gabinetes de mogno e mesas de vidro com aço escovado.
Telefonemas bajuladores e audiências reverenciais compõem uma rotina colorida, fatiada de almoços elegantes e recepções requintadas. Amenidades bocejam 24 horas por dia no seu entorno.
Bons negócios, comendas, lavanda inglesa e gravatas de seda italiana.
Mas tem um deles que destoa do figurino de voz macia e boutades autocentradas.
Debaixo da garoa fina de quinta-feira, protegendo a cabeça branca com chapéu de boiadeiro que destoa do blusão esportivo, a voz rangendo idade, cansaço, estrada, o rosto vincado, lá está ele em Diadema, no cinturão vermelho de São Paulo, em cima de uma carroceria, puxando a carreata que fecha o primeiro turno da campanha de 2014.
Alguém poderia imaginar que estamos falando de FHC?
Não. Quem está ali com uma mão agarrada ao microfone e a outra a gesticular, alternando uma e outra, a voz rouca modulando altos e baixos de ironia e indignação, mestre na oralidade, é o único ex-presidente capaz de fazer isso como se fosse um novato, a suar a camisa para provar que suas ideias pertencem ao mundo através da ação.
O novato no caso é o político que alia a garra de um jovem militante à experiência de maior líder popular do Brasil.
Duas vezes ex-presidente da República, ele dá o exemplo da volta às origens que cobra do PT.
Levar a disputa às ruas.
Definir o campo de classe dos interesses em jogo.
Voltar às bases, ouvir, falar, engajar e aí nunca mais se omitir.
É isso que ele tem feito com intensidade assustadora para a idade e o susto de um câncer diagnosticado há três anos, em 29 de outubro de 2011.
Lula fará 69 anos no dia seguinte ao pleito de 5 de outubro próximo. A contrariar o fardo dos outubros, nos últimos nove dias ele visitou nove cidades, fez mais de 15 comícios.
Na terça feira, de dia, estava na Capela do Socorro; à noite em Cidade Tiradentes, agora em Diadema. Fala duas, três vezes por dia. Como fazia no governo.
Fosse FHC, as câmeras de televisão estariam formando uma parede entre o orador e a plateia reunida em frente a um supermercado em Diadema.
Mas é Lula; e sendo Lula quem é, tem que ser escondido pelo que representa, pelo que já fez, pelo que ainda fará e hoje, sobretudo, pelo que ainda fala e faz.
Ele faz coisas do seguinte tipo: na carreata em Diadema levou anotações com dados do site Manchetômetro, um monitoramento de mídia feito por pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) sobre a cobertura das eleições de 2014.
Durante quase dez minutos Lula dissecou o sentido político dos números frios colhidos pelo Manchetômetro.
Fez manchetes com notícias que não saem nos jornais.
Ao mencionar o tempo ocupado por escaladas negativas contra a presidente Dilma Rousseff no "Jornal Nacional" ( 1h46m), por exemplo, recorreu à metáfora futebolística e disparou para ninguém mais esquecer: ‘A Globo na campanha presidencial de 2014 dedicou mais tempo dando manchetes contra a Dilma do que a duração de uma partida de futebol’.
Pronto. Não precisava mais nada.
Mas para reforçar, ele não hesitou em sacudir a anotação no ar: sabem quantos minutos de noticiário negativo a candidata do PSB teve no mesmo período ?
Nenhum.
Um mestre na pontuação oral.
Sobrou também para os jornalões da ‘gloriosa imprensa brasileira’, como ele gosta de alfinetar com ironia ácida.
Um número resume todos os demais.
Desde o início da disputa, em 6 de junho, lembrou a voz rouca, mais afiada que nunca, os jornais Folha de SP, Globo e Estadão deram nada menos que 490 manchetes negativas contra Dilma.
Uma intensidade mais de quatro vezes superior a soma das manchetes negativas atribuídas a Aécio e Marina juntos (114).
A conclusão disso tudo altera a voz rouca, que agora adquire um sentimento de indignação diante do qual é impossível ficar indiferente.
Imagine essa cena no "Jornal Nacional".
Não acontecerá.
Porque Lula não é FHC e porque FHC jamais diria o que ele vai disparar em seguida.
‘Isso acontece porque neste país não existe liberdade de imprensa, mas sim a doutrina de nove famílias que dominam a comunicação e nutrem ódio pelo PT. Não pelos erros que o PT possa ter cometido’, fuzila a rouquidão indignada. ‘O PT tem defeito? Tem’, prossegue depois de uma pausa. ‘Mas eles nos odeiam não pelos nossos defeitos. E, sim, porque o PT promoveu a ascensão social dos pobres neste país. É por isso que desde o início da campanha eles atacam a Dilma com o equivalente a três manchetes negativas por dia cada um’.
A indignação contra esse cerco, cujo núcleo duro está arranchado no Estado de São Paulo, fez o ex-presidente intensificar a campanha de rua no interior e na região metropolitana da capital.
Sua determinação extrai força de uma certeza: é preciso enfrentar e romper o torniquete de aço contra Dilma, contra Padilha e, sobretudo, contra o PT e contra ele próprio. Ou a restauração conservadora pode fechar de vez as portas e frestas sociais e geopolíticas arduamente abertas a unha nos últimos doze anos.
Ao final da carreta, esse orador empenhado faz um apelo acalorado.
Lula pede que o último dia da campanha não seja o derradeiro da militância. Que ela continue a falar o que a sua voz já não poderá mais dizer na boleia de um caminhão. E que a partir de 6ª feira, comece um mutirão boca a boca, porta a porta, voto a voto para buscar o eleitor indeciso e decisivo na arrancada final para a urna.
A senha que ele sugere à militância diante dos recalcitrantes é a sua convicção de que a memória é um pedaço precioso do futuro a ser conquistado nestas eleições.
É com essa certeza que ele faz sua despedida como quem sacode o país pelos ombros para espantar o torpor criado pela doutrinação midiática conservadora e diz: ‘Perguntem às pessoas se elas se lembram como era o Brasil antes de o Lula governar este país’.
"Carta Maior" dá a sua contribuição a esse resgate da memória nacional deixando aos seus leitores o vídeo abaixo, como parte da corrente sugerida por Lula na boca de urna das horas que correm e do estirão que urge."
https://www.youtube.com/watch?v=J5_s8V5tYus#t=20
FONTE: escrito por Saul Leblon. Extraído da Carta Maior e transcrito no portal "Conversa Afiada" (http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2014/10/03/lula-aos-indecisos-como-era-o-brasil-antes-do-pt/).[Foto de Lula obtida no blog "Tijolaço". Imagens da "Veja" obtida no google e trecho entre colchetes em azul acrescentados por este blog 'democracia&política'].
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