quarta-feira, 1 de outubro de 2014

POR QUE A BOLSA CAI QUANDO DILMA SOBE?




[Observação deste blog 'democracia&política': 


Por que as ações da Petrobras e a Bolsa caem quando Dilma sobe nas pesquisas e sobem quando Marina e Aécio sobem?

Tentarei expor de modo simplificado, com palavras simples:

--As ações da Petrobras estão em grande parte em mãos de grandes investidores estrangeiros, especialmente graças às vendas na Bolsa de Nova York promovidas no governo FHC/PSDB.
--Investidor (rentista) em Bolsa sempre quer ganhar o máximo com valorização de suas ações e com dividendos, e no menor prazo possível, não se importando se o Brasil ganha ou perde.
--A política em curso na Petrobras, estimulada pela presidente Dilma, é investir pesadamente no pré-sal agora para transformar a empresa no fim desta década em grande produtora e exportadora mundial de petróleo, com imensos ganhos para o Brasil e suas indústrias, inclusive em decorrência da exigência de forte conteúdo nacional.
--Isso não é objetivo dos rentistas, que gostariam de receber grandes retornos em prazo mais curto.
--Marina e Aécio já expressaram de forma clara ou dissimulada (porém bem entendidos pelo "mercado") que não darão prioridade a investimentos brasileiros no pré-sal e estimularão a substituição das atividades da Petrobras por petroleiras estrangeiras, por exemplo, como primeiro passo, permitindo o modelo de concessão no pré-sal. 
--Essas vendas e leilões para a entrada de estrangeiras no lugar da Petrobras gerariam grandes ganhos mais imediatos para os acionistas, inclusive pela subida do valor das suas ações, que sempre antecede essas operações.
--Portanto, quando candidatos entreguistas sobem nas pesquisas, as ações também sobem, refletindo em alta da Bolsa. E caem quando a candidata nacionalista aumenta sua probabilidade de vencer nas eleições.

Esse raciocínio é válido para outras estatais, como Eletrobras, Banco do Brasil etc. 

Vejamos sobre o assunto a seguinte reportagem do "247"].         

MARINA OU CAOS OU O MERCADO É IRRACIONAL?

"A reta final da eleição é inaugurada com o pior pregão da Bovespa em três anos. Depressão inversamente proporcional às chances de presidente Dilma Rousseff liquidar eleição em primeiro turno. Petrobras cai 11%; Eletrobras perde 7%; e até o Itaú, que faz parte do índice Marina Silva, também recua sete pontos; dólar sobe para R$ 2,47, máxima desde 2008. Para se fortalecer, Dilma prometeu mudar política econômica, mas mercado prefere operar no caos e apostar na caixa preta de Marina. Irracionalidade progressiva.

Por Marco Damiani, no "Brasil 247"


A gangorra estabelecida entre o crescimento da presidente Dilma Rousseff nas pesquisas de opinião e a depressão do mercado financeiro chegou ao seu ponto mais extremo na segunda-feira 29. O índice Bovespa atingiu seu ponto mais baixo em três anos, aos 54.625 pontos, em queda de 4,52%. Na outra ponta, Dilma nunca se mostrou tão em alta, ao marcar 40,3% em pesquisa CNT/MDA, 15 pontos à frente de Marina Silva, do PSB, no primeiro turno, e com nove pontos de vantagem na segunda volta.

O dólar deu mais peso para a derrubada da Bovespa, com aumento de 1,6% e fechamento em R$ 2,47, a maior taxa desde 2008. Um cenário econômico caótico a partir de um fato político que já era pedra cantada. Dilma vem abrindo diferença para Marina desde que começou a apontar-lhe paradoxos em seus posicionamentos públicos e contradições entre seu programa de governo e sua prática política.

A fobia à Dilma chegou ao ponto da irracionalidade. Enquanto a presidente anunciou que pretende mudar a equipe econômica e fazer ajustes em pontos considerados fundamentais pelo mercado, como um aumento nos preços dos combustíveis, sua adversária Marina Silva foi flagrada em diferentes contradições entre como agiu no passado e o que promete para o futuro. No entanto, ainda assim a Bovespa continuou a operar na lógica de que Marina é pró-mercado, e Dilma, contra.

Os agentes do mercado sabem, no entanto, que é Marina quem mostrou potencial para desnortear investidores, inverter regras e trocar prioridades por outras que ainda não estão claras.

Dilma, por seu lado, anunciou com todas as letras que irá mudar a equipe econômica caso conquiste a reeleição. Sofreu, no entanto, pelo dito e o não dito. A presidente foi acusada simultaneamente de esvaziar o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e não atender aos clamores por mais motivação para investimentos.

Assim como ter catapultado, de maneira artificial, a Bovespa para acima dos 60 mil pontos, logo após a entrada de Marina na sucessão, em agosto, agora os mesmos investidores e especuladores derrubam o índice para menos de 55 mil. Na cascata de quedas que foi liderada na segunda 29 pela Petrobras, com recuo de 11%, até mesmo ações que compõem o chamado índice Marina, de companhias que lhe são amigas, como o banco Itaú, sofreram. No caso, a instituição financeira perdeu 7%, mesmo índice do prejuízo da Eletrobras.

Para a chamada tigrada do mercado, o caos com pretexto nas pesquisas só se aquece na reta final de uma eleição. É típico. A desorganização é o melhor ambiente para a irracionalidade. Já está claro que, para os moldes pretendidos, seria mais fácil realizar pactos com Dilma do que apostar na caixa preta de Marina, mas é exatamente o contrário o que mais interessa para quem está na gangorra."
FONTE: escrito por Marco Damiani, no "Brasil 247"   (https://www.brasil247.com/pt/247/economia/155175/Marina-ou-caos-ou-o-mercado-%C3%A9-irracional.htm). [Título e observação inicial entre colchetes em azul adicionados por este blog 'democracia&política'].

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