O blog “Vi o Mundo”, do jornalista Luiz Carlos Azenha, postou ontem artigo sobre a cegueira, a falta de percepção, da imprensa brasileira para os fatos realmente importantes que ocorrem pelo mundo.
O QUE VOCÊ PRECISA SABER QUE OS JORNAIS NÃO CONTAM
“Eu acho os jornais brasileiros abomináveis, especialmente na política externa. São incapazes de articular uma cobertura que dê conta do novo papel que o Brasil está desempenhando no cenário internacional.
Isso independe de governo. O Fla x Flu da política doméstica parece ter contaminado até mesmo a cobertura internacional.
Qual o impacto que o pré-sal terá no papel do Brasil, se de fato terá algum?
Os Estados Unidos tornarão o Brasil um parceiro preferencial por causa das descobertas de petróleo?
Quando o Obama disse que em dez anos pretende livrar os Estados Unidos do petróleo importado do Oriente Médio está contando com petróleo brasileiro, da Venezuela e da África?
Se sim, isso tem relação com o fato de que os Estados Unidos criaram um comando militar para a África?
Isso tem relação com a volta da Quarta Frota?
Pegue a coleção da Folha de S. Paulo, que se acha o melhor jornal do Brasil, e faça essas perguntas ao matutino paulistano.
Vão alegar que o jornal está distraído, polemizando com o Caetano Veloso.
O que falta aos jornais brasileiros? Em minha opinião, falta pensar o Brasil. Pensar o país fora das amarras de seus próprios interesses políticos e econômicos -- ou, se isso é impossível, acima deles.
Por outro lado, é muito mais barato reproduzir artigos distribuídos por agências em vez de investir em jornalistas de qualidade distribuídos pelas capitais mais importantes do mundo.
Você, caro leitor, acha que o fim do mundo tem importância?
Se você acha que o fim do mundo tem importância, como notícia, não gostaria de saber o que estão pensando sobre o fim do mundo em Washington, Paris, Londres, Moscou e Beijing?
Os jornais brasileiros pararam de pensar nisso lá atrás, quando caiu o muro de Berlim.
Mas o mundo insistiu em continuar existindo -- com seus arsenais nucleares.
O dos Estados Unidos foi modernizado. O da Rússia se deteriorou.
E, de lá para cá, os Estados Unidos podem ter atingido a chamada "supremacia nuclear". O que isso significa? Que o Pentágono acredita que pode vencer uma guerra nuclear contra a Rússia e a China.
Você acha que isso é notícia? Eu acho.
E é importante pelo simples fato de que, a partir dela, você entende muito melhor os movimentos dos países no cenário internacional.
O que explica a insistência dos Estados Unidos em instalar um sistema de mísseis anti-míssil na Europa Oriental?
O que levou os russos a ficarem apopléticos com isso?
O fato de que os Estados Unidos atingiram a supremacia nuclear e, com isso, se consideram muito mais à vontade para usar a força em qualquer parte do mundo.
O sistema antimíssil dos Estados Unidos, que começou a ser desenvolvido durante o governo Reagan -- e foi batizado de Guerra nas Estrelas -- só faz sentido nesse contexto. Certo de que tem a supremacia nuclear e de que, num eventual ataque, conseguiria destruir a maior parte dos submarinos, bombardeiros e mísseis russos ou chineses, os Estados Unidos desenvolvem um sistema que, mesmo falho, poderia reduzir o impacto de qualquer contra-ataque.
Mas, a acreditar no que sai nos jornais brasileiros, o Vladimir Putin acordou um dia Lobo Mau e decidiu fazer o papel de vilão.
Os jornais brasileiros estão fascinados com a arte e com os boxes. “Informação é para tapar o buraco que sobra das propagandas.”
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