sábado, 13 de setembro de 2008

A VITÓRIA DOS POBRES

Luiz Eduardo Guimarães postou em seu blog “Cidadania” este interessante texto sobre a pesquisa Datafolha que apontou que o presidente Lula está ainda mais popular, apesar da intensa campanha desencadeada contra ele pela oposição, grande mídia e STF por conta “dos grampos”.

“Pesquisa Datafolha sobre a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgada hoje contém um dado ainda mais importante do que aquele que está sendo destacado neste momento, de que o presidente, além de ter atingido um nível recorde de aprovação, maior do que o de qualquer outro presidente – inclusive de si mesmo – depois da redemocratização do país, agora é mais aprovado do que rejeitado entre os setores mais ricos da sociedade e nas duas regiões em que sofria maior resistência, no Sul e no Sudeste do país.

Mas minha pesquisa no site do Datafolha comprovou um fato do qual eu suspeitava, mas que nunca havia verificado: entre os mais escolarizados, Lula nunca foi mais mal do que bem avaliado. Ele só perdia entre os mais ricos, com renda acima de 10 salários mínimos.

Em junho de 2003, primeiro ano do governo Lula, 57% das pessoas com ensino fundamental qualificavam o presidente da República como “bom ou ótimo” e 12% das pessoas com esse nível de instrução consideravam-no “ruim ou péssimo”. Já entre os de nível de instrução superior, 40% o consideravam “bom ou ótimo” e 20% o consideravam “ruim ou péssimo”.

Durante o auge do escândalo do mensalão, em agosto de 2005, o mesmo Datafolha dizia que 31% entre os com ensino fundamental consideravam o presidente “bom ou ótimo” e o número recorde de 28% o consideravam “ruim ou péssimo”. Entre os mais escolarizados, para minha surpresa descobri que apoiavam mais o presidente do que os menos instruídos, na proporção de 34% de “bom e ótimo”e 24% de “ruim e péssimo”.

Naquele momento, porém, quem divergia sobre o governo eram os mais ricos e os mais pobres. Em agosto de 2005, 32% dos que ganhavam até 5 salários mínimos consideravam Lula “bom ou ótimo” e 26% o consideravam “ruim ou péssimo”, enquanto que nos estratos mais ricos, com renda superior a 10 salários mínimos, o percentual dos que consideravam Lula “bom ou ótimo” deixou de ser maior. Apenas 26% consideravam o presidente “bom ou ótimo” e 31% opinavam que era um presidente “ruim ou péssimo”.

O que revelam esses dados de mais importante? Revelam que, pela primeira vez na história, a elite financeira convergiu para a opinião política das massas empobrecidas, enquanto que a história mostra que sempre tinha sido o contrário, com os mais pobres assumindo a opinião política dos mais ricos, como bem mostrava a teoria que a mídia partidarizada alardeava no auge do escândalo do “mensalão”, a tal teoria sobre a “pedra no lago”, através da qual propugnava-se que as notícias sobre a “corrupção” do governo e a conseqüente desaprovação a ele iriam se propagando do “centro” da sociedade (dos setores mais abastados e instruídos) para a “periferia” (os setores mais empobrecidos e incultos).

A importância sociológica desse dado é impressionante. Não se pode esquecer de que durante os últimos anos houve uma verdadeira guerra da mídia contra Lula, com supressão da maior parte das opiniões favoráveis ao presidente e com espaço desproporcional nessa mesma mídia para os setores sociais refratários verterem suas idiossincrasias e preconceitos contra o nordestino pobre que virou presidente.

Ainda hoje, apesar da popularidade de Lula, é fácil ver como na mídia do Sul e do Sudeste, sobretudo, vige uma ampla maioria de ataques ao presidente.

Nos jornais paulistas ou cariocas, por exemplo, se fizermos um apanhado das cartas de leitores veremos que a maioria que fala do presidente, só faz atacá-lo. Num jornal como o Estadão, por exemplo, ou numa revista Veja, chega a ser raro que alguém se manifeste a favor de Lula ou de seu governo.

A mídia continua tentando represar um apoio ao presidente da República que já beira a unanimidade. Mesmo nos jornais que dissimulam seu partidarismo, como a Folha, as notícias e críticas contrárias ao presidente ainda são consistente maioria, em clara tentativa midiática de “fabricar” uma opinião pública que inexiste em prol das preferências políticas desses impérios de comunicação.

A importância dessa pesquisa reside na inevitável conclusão de que mudanças sociais profundas passaram a ocorrer durante a era Lula, que entrará para história como o período em que o Brasil finalmente se ergueu diante do mundo e os brasileiros diante das elites mesquinhas e sem juízo desta grande nação”.

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