Por Emir
Sader
”Tiveram
que aguentar, durante mais de 10 anos, que o país mais desigual do continente
mais desigual conseguisse diminuir a pobreza, a miséria e a desigualdade,
mediante políticas sociais inovadoras. Tiveram que aguentar que um imigrante
nordestino, líder sindical, dirigente de um partido de esquerda, se
transformasse no maior líder político popular do mundo.
Quando o Brasil enfrenta sua crise atual, com mobilizações populares, enfrentadas pelo governo com diálogo e atendimento de reivindicações, soa o coro dos frustrados – da ultraesquerda incompetente para dirigir qualquer processo minimamente progressista a favor do povo, até a direita, encalacrada com uma crise interminável e devastadora da qual não consegue sair – para atacar o Brasil.
O Brasil não poderia dar certo, senão suas teses de que política social é custo, de que incluir a massa da população na economia é produzir déficit e inflação, de que uma pessoa sem preparação tecnocrática e acadêmica não pode governar melhor que seus bacharéis revelariam suas falácias.
Tudo tem que ter sido uma ilusão – de um “breve” período de 10 anos. O Brasil deveria voltar a ter um “modelo centrado no mercado”. O Estado não poderia demonstrar que é mais eficiente para reagir à recessão, nem mais justo no atendimento dos direitos da massa da população.
Não poderia dar certo uma política de integração regional e intercâmbio Sul-Sul, ao invés dos subalternos "Tratados de Livre Comércio" com os EUA. Contrariaria tudo o que os organismos internacionais – a começar pelo FMI, pelo Banco Mundial, pelo governo dos EUA – apregoam.
Quando o Brasil enfrenta sua crise atual, com mobilizações populares, enfrentadas pelo governo com diálogo e atendimento de reivindicações, soa o coro dos frustrados – da ultraesquerda incompetente para dirigir qualquer processo minimamente progressista a favor do povo, até a direita, encalacrada com uma crise interminável e devastadora da qual não consegue sair – para atacar o Brasil.
O Brasil não poderia dar certo, senão suas teses de que política social é custo, de que incluir a massa da população na economia é produzir déficit e inflação, de que uma pessoa sem preparação tecnocrática e acadêmica não pode governar melhor que seus bacharéis revelariam suas falácias.
Tudo tem que ter sido uma ilusão – de um “breve” período de 10 anos. O Brasil deveria voltar a ter um “modelo centrado no mercado”. O Estado não poderia demonstrar que é mais eficiente para reagir à recessão, nem mais justo no atendimento dos direitos da massa da população.
Não poderia dar certo uma política de integração regional e intercâmbio Sul-Sul, ao invés dos subalternos "Tratados de Livre Comércio" com os EUA. Contrariaria tudo o que os organismos internacionais – a começar pelo FMI, pelo Banco Mundial, pelo governo dos EUA – apregoam.
Tratados de "Livre Comércio" com os EUA
Todos os incomodados com os avanços do Brasil, do seu modelo econômico e
social, da liderança do Lula, fazem coro agora para denunciar a “fantasia” do
que teria acontecido nessa década no Brasil, da “farsa” de tudo o que se
apregoava sobre o Brasil etc. etc. Juntinhos, ultraesquerda e direita
neoliberal.
É preciso que saibam que os dados são inquestionáveis: fazendo o contrário do que eles pregavam, o Brasil resgatou da pobreza mais de 30 milhões de pessoas, diminuiu a desigualdade, retomou o crescimento econômico. Tudo isso a partir da herança maldita dos governos que tinham obedecido os preceitos que levaram a Europa à crise atual, preceitos recomendados por esses mesmos que nos criticam. Esses que, como diz o Lula, achavam que sabiam perfeitamente o que nós deveríamos fazer, e agora não sabem o que fazer nos seus próprios países.
Felizmente, o Brasil seguiu a proposta do companheiro do Bolívar: Ou inventamos ou erramos. O Brasil inventou, e contra os prognósticos agourentos de ultraesquerdistas e dos direitistas, viveu uma década de avanços.
Enfrenta uma crise advinda dos próprios avanços. As pessoas querem mais e melhor – e têm razão. Mas ninguém reivindicou emprego, porque o Brasil está na fronteira do pleno emprego.
Esses mesmos se apressaram a fazer comparações do Brasil com o Egito, com a Turquia. Só que aqui a Presidente reagiu com receptividade às demandas e às mobilizações. Portanto, não temos ditadura, como no caso do Egito, e nem governo autoritário, como no caso da Turquia. Diálogo, e não repressão do governo federal.
Ao contrário do que pregavam os ultraesquerdistas, o governo não se passou para o outro lado da barricada. Deu passos importantes para sair do modelo neoliberal, senão o Brasil estaria mergulhado ainda na recessão do governo FHC ou estaria na mesma situação caótica da Europa. Atendeu às necessidades básicas da massa da população, revertendo e não acentuando o processo de exclusão social. Recuperando o papel do Estado na indução do crescimento econômico e na garantia dos direitos sociais, superando a centralidade do mercado.
E o Brasil não está do lado dos EUA e dos governos da “Aliança para o Pacífico”, o reduto neoliberal no continente. O Brasil é aliado fiel dos governos da Bolívia, do Uruguai, da Venezuela, da Argentina, do Equador, de Cuba.
A ultraesquerda foi mais uma vez derrotada na conjuntura atual. Ela sabe muito bem apontar as “traições” dos outros, mas esconde sua incompetência em construir alternativas. Onde esses que pretendem julgar tudo e saber tudo conseguiram construir uma alternativa? Acusam os governos da Cristina, do Rafael Correa, do Pepe Mujica, da Dilma, do Maduro, do Evo de serem “traidores”, “neoliberais disfarçados”, mas fracassam em todos os lados. Os povos desses países não lhes dão nenhum apoio, são grupinhos ideológicos isolados do povo.
O Brasil enfrenta um grande desafio, mas não haverá retrocessos, ninguém perderá direitos. O governo Lula tinha enfrentado uma dura crise em 2005, tanto a direita como a ultraesquerda se assanharam e acreditaram que era o fim do governo. Foram surpreendidos pelo apoio popular que as políticas sociais do governo tinham conquistado e deixou frustrados seus adversários, que tinham se aliado contra o governo Lula.
A recessão internacional é outro obstáculo contra o qual o governo Dilma – tal qual fez e saiu vitorioso o governo Lula em 2008 – se vale de todos os recursos – menos cortar recursos sociais e apelar para a recessão – para superar seus efeitos internamente. Uma crise gerada no centro do capitalismo e que nos envia suas pressões recessivas. Em outras crises internacionais, teríamos entrado em profunda e prolongada recessão. Agora, sofremos a baixa das demandas externas, mas temos o intercâmbio regional e com o Sul do mundo e temos o mercado interno de consumo popular. Os que dizem que o modelo se esgotou querem que se freie a distribuição de renda e a atenção às necessidades da massa da população – sempre relegada pelos governos da direita.
O Brasil sairá mais forte desta crise, dando de novo um tapa na boca nos urubus – da direita e da ultraesquerda –, como saiu em 2005 e em 2008. O governo está sabendo entender o apelo das ruas, da nova geração de jovens que ingressa na vida política. A campanha eleitoral, levada a cabo pela Dilma e pelo Lula, mostrará que continua a haver maioria progressista no Brasil, que quer mais e melhor do que foi feito até aqui e não os retrocessos que a direita deseja.
O Brasil mostra que convive com essas manifestações, sem que o governo federal apele à repressão. Ao contrário, conversa com todos os setores sociais, recolhe suas propostas e busca encontrar as formas políticas de concretizá-las. Fortalece a democracia e dá continuidade à inclusão social com a inclusão política de novas gerações.
O governo se dá conta dos seus erros tecnocráticos, que buscam realizar planos de governo sem levar em conta as condições econômicas e sociais. O povo reivindica mais e melhores serviços públicos, representações políticas legítimas, sem o crivo do poder do dinheiro.
Fantasias foram as vãs promessas de que o neoliberalismo resolveria os problemas das nossas sociedades. Como fracassaram, precisam que os outros – os governos progressistas da América Latina, o Brasil – também fracassem.
Porém, mais uma vez, essas aves de rapina, de dentro e de fora do Brasil, da direita e da ultraesquerda, vão ter que se calar. Porque o povo brasileiro não permitirá nenhum retrocesso e a Presidenta do Brasil já reafirmou isso. Não vão poder comemorar que o Brasil retroceda para os níveis de desemprego e de expropriação de direitos sociais que os países que seguiram o receituário neoliberal sofrem.
Mais uma vez, vão se surpreender com a capacidade do Brasil de superar de forma progressista e inovadora a crise, de seguir avançando no extraordinário processo de democratização social que viveu na última década, estendendo-a agora à democratização dos meios de comunicação e das representações políticas, com o financiamento público e não do dinheiro privado nas campanhas eleitorais.
O ressentimento contra o sucesso do Brasil volta à tona da parte de quem não tem alternativas nem sequer para seus próprios países, que não sabem resolver a sua crise e os brutais retrocessos sociais e políticos em nas suas casas. E vem daqueles que sempre foram catastrofistas, mas foram sempre derrotados pela realidade e pela rejeição popular.
O Brasil está reinventando seu processo democratizador, sem repressão e sem retrocessos. Com o Lula, com a Dilma e com o apoio do povo brasileiro.”
É preciso que saibam que os dados são inquestionáveis: fazendo o contrário do que eles pregavam, o Brasil resgatou da pobreza mais de 30 milhões de pessoas, diminuiu a desigualdade, retomou o crescimento econômico. Tudo isso a partir da herança maldita dos governos que tinham obedecido os preceitos que levaram a Europa à crise atual, preceitos recomendados por esses mesmos que nos criticam. Esses que, como diz o Lula, achavam que sabiam perfeitamente o que nós deveríamos fazer, e agora não sabem o que fazer nos seus próprios países.
Felizmente, o Brasil seguiu a proposta do companheiro do Bolívar: Ou inventamos ou erramos. O Brasil inventou, e contra os prognósticos agourentos de ultraesquerdistas e dos direitistas, viveu uma década de avanços.
Enfrenta uma crise advinda dos próprios avanços. As pessoas querem mais e melhor – e têm razão. Mas ninguém reivindicou emprego, porque o Brasil está na fronteira do pleno emprego.
Esses mesmos se apressaram a fazer comparações do Brasil com o Egito, com a Turquia. Só que aqui a Presidente reagiu com receptividade às demandas e às mobilizações. Portanto, não temos ditadura, como no caso do Egito, e nem governo autoritário, como no caso da Turquia. Diálogo, e não repressão do governo federal.
Ao contrário do que pregavam os ultraesquerdistas, o governo não se passou para o outro lado da barricada. Deu passos importantes para sair do modelo neoliberal, senão o Brasil estaria mergulhado ainda na recessão do governo FHC ou estaria na mesma situação caótica da Europa. Atendeu às necessidades básicas da massa da população, revertendo e não acentuando o processo de exclusão social. Recuperando o papel do Estado na indução do crescimento econômico e na garantia dos direitos sociais, superando a centralidade do mercado.
E o Brasil não está do lado dos EUA e dos governos da “Aliança para o Pacífico”, o reduto neoliberal no continente. O Brasil é aliado fiel dos governos da Bolívia, do Uruguai, da Venezuela, da Argentina, do Equador, de Cuba.
A ultraesquerda foi mais uma vez derrotada na conjuntura atual. Ela sabe muito bem apontar as “traições” dos outros, mas esconde sua incompetência em construir alternativas. Onde esses que pretendem julgar tudo e saber tudo conseguiram construir uma alternativa? Acusam os governos da Cristina, do Rafael Correa, do Pepe Mujica, da Dilma, do Maduro, do Evo de serem “traidores”, “neoliberais disfarçados”, mas fracassam em todos os lados. Os povos desses países não lhes dão nenhum apoio, são grupinhos ideológicos isolados do povo.
O Brasil enfrenta um grande desafio, mas não haverá retrocessos, ninguém perderá direitos. O governo Lula tinha enfrentado uma dura crise em 2005, tanto a direita como a ultraesquerda se assanharam e acreditaram que era o fim do governo. Foram surpreendidos pelo apoio popular que as políticas sociais do governo tinham conquistado e deixou frustrados seus adversários, que tinham se aliado contra o governo Lula.
A recessão internacional é outro obstáculo contra o qual o governo Dilma – tal qual fez e saiu vitorioso o governo Lula em 2008 – se vale de todos os recursos – menos cortar recursos sociais e apelar para a recessão – para superar seus efeitos internamente. Uma crise gerada no centro do capitalismo e que nos envia suas pressões recessivas. Em outras crises internacionais, teríamos entrado em profunda e prolongada recessão. Agora, sofremos a baixa das demandas externas, mas temos o intercâmbio regional e com o Sul do mundo e temos o mercado interno de consumo popular. Os que dizem que o modelo se esgotou querem que se freie a distribuição de renda e a atenção às necessidades da massa da população – sempre relegada pelos governos da direita.
O Brasil sairá mais forte desta crise, dando de novo um tapa na boca nos urubus – da direita e da ultraesquerda –, como saiu em 2005 e em 2008. O governo está sabendo entender o apelo das ruas, da nova geração de jovens que ingressa na vida política. A campanha eleitoral, levada a cabo pela Dilma e pelo Lula, mostrará que continua a haver maioria progressista no Brasil, que quer mais e melhor do que foi feito até aqui e não os retrocessos que a direita deseja.
O Brasil mostra que convive com essas manifestações, sem que o governo federal apele à repressão. Ao contrário, conversa com todos os setores sociais, recolhe suas propostas e busca encontrar as formas políticas de concretizá-las. Fortalece a democracia e dá continuidade à inclusão social com a inclusão política de novas gerações.
O governo se dá conta dos seus erros tecnocráticos, que buscam realizar planos de governo sem levar em conta as condições econômicas e sociais. O povo reivindica mais e melhores serviços públicos, representações políticas legítimas, sem o crivo do poder do dinheiro.
Fantasias foram as vãs promessas de que o neoliberalismo resolveria os problemas das nossas sociedades. Como fracassaram, precisam que os outros – os governos progressistas da América Latina, o Brasil – também fracassem.
Porém, mais uma vez, essas aves de rapina, de dentro e de fora do Brasil, da direita e da ultraesquerda, vão ter que se calar. Porque o povo brasileiro não permitirá nenhum retrocesso e a Presidenta do Brasil já reafirmou isso. Não vão poder comemorar que o Brasil retroceda para os níveis de desemprego e de expropriação de direitos sociais que os países que seguiram o receituário neoliberal sofrem.
Mais uma vez, vão se surpreender com a capacidade do Brasil de superar de forma progressista e inovadora a crise, de seguir avançando no extraordinário processo de democratização social que viveu na última década, estendendo-a agora à democratização dos meios de comunicação e das representações políticas, com o financiamento público e não do dinheiro privado nas campanhas eleitorais.
O ressentimento contra o sucesso do Brasil volta à tona da parte de quem não tem alternativas nem sequer para seus próprios países, que não sabem resolver a sua crise e os brutais retrocessos sociais e políticos em nas suas casas. E vem daqueles que sempre foram catastrofistas, mas foram sempre derrotados pela realidade e pela rejeição popular.
O Brasil está reinventando seu processo democratizador, sem repressão e sem retrocessos. Com o Lula, com a Dilma e com o apoio do povo brasileiro.”
FONTE: escrito pelo cientista político Emir Sader no site
“Carta Maior” (http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=1275). [Imagens do google adicionadas por este blog "democracia&política"].
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