Por Bob Fernandes, jornalista, no seu portal "Terra Magazine"
“A proposta da Constituinte naufragou em 24
horas. A do plebiscito durou uma semana. Essa ideia, plebiscito, já ficou para
o ano que vem; se sobreviver.
A "Constituinte exclusiva" não colou por um
quase consenso de não existir espaço legal para fazê-la. O plebiscito, porque
não haveria tempo até 3 de outubro. Essa é a data para que uma modificação na
lei tenha validade na eleição do ano que vem.
Tudo isso é fato. Como é fato que tais
propostas não prosperaram também por outros motivos. O primeiro é a disputa
política entre oposição, governo, e a tal "base aliada".
O segundo motivo [o principal] é que, a princípio, não há
chance de o Congresso votar contra interesses dos parlamentares [e contra o poder da grana ("financiamento privado") que os comanda]. E uma reforma
política atinge interesses de deputados e senadores.
Um exemplo: "cláusula de barreira" é algo que
impede a proliferação de partidos. Se aprovada, um partido só passa a ter
acesso à grana do Fundo Partidário, e tempo no rádio e TV, se tiver votação
expressiva em vários estados.
A cláusula foi aprovada pelo Congresso em
95 [FHC/PSDB]. O Supremo, onde alguns ensinam como o mundo deve funcionar, derrubou a
cláusula, por entender ser inconstitucional. Com isso, temos 30 partidos. Cada
partideco, além do acesso à grana, pode leiloar tempo no rádio e na TV a cada
eleição.
A disputa política: parece que sem entender
a dimensão dos protestos nas ruas, os partidos estão brincando. A oposição faz
de conta que a crise é apenas de Dilma e do governo e não da Política como um
todo.
O governo, depois de três anos trancado no
castelo, parece crer que bastam algumas mágicas para recuperar tempo e espaço
perdidos.
É claro que quem foi às ruas não pediu
Constituinte nem plebiscito, é claro. Mas pediu o "fim da Política" porca. Que o
Congresso, se ainda resta algum juízo, vote reformas minimamente saneadoras até
outubro.
Quem esteve e está nas ruas talvez não
tenha se tocado de algo: o Brasil tem 5.561 prefeituras e câmaras de
vereadores. Tem 27 assembleias estaduais e o Congresso. Numa conta ligeira, são
73 mil políticos.
A cada dois anos, essa safra se renova. O
senso comum prega que "tá cheio de ladrão" na Política. Talvez tenha
chegado o momento de nós, os brasileiros, olharmos para o espelho e
perguntarmos:
- Bem, de que planeta vêm esses políticos e
seus maus hábitos? Eles vêm de Júpiter?
Sem contar os ladrões das ruas, o mesmo, a
ladroagem, se diz de DETRANs. Como se diz de porções do Judiciário, dos
ministérios, secretarias, da CBF, do futebol como um todo.
Como sabemos, onde há corruptos há também
corruptores. Pergunta para o espelho: de que planeta vem toda essa gente?”
FONTE: escrito por Bob Fernandes, jornalista, no seu portal "Terra Magazine" (http://terramagazine.terra.com.br/bobfernandes/blog/2013/07/06/corruptos-e-corruptores-do-brasil-nao-vieram-de-jupiter/). [Trechos entre colchetes adicionados por este blog `democracia&política`].
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