O grande impulsionador das
manifestações, Mark Zuckerberg, ex-agente da CIA e atual dono do Facebook
[fonte da imagem: portal “Conversa Afiada”]
Nil Nikandrov
Por Nil Nikandrov,
no
“Strategic Culture”, sob o título original “Who is Shaking Up Brazil and Why”. Traduzido pelo “pessoal da Vila Vudu” e transcrito no blog
“Redecastorphoto”
“Os
protestos de rua no Brasil continuam. A maioria dos que se manifestam não
pertencem a qualquer partido político e não são liderados por ninguém com quem
as autoridades possam negociar para encaminhar solução para as demandas. Tudo
começou com um grupo de descontentes da classe média e residentes das
periferias mais pobres, ante um aumento anunciado nas tarifas do transporte
público. As tarifas já eram altas e o novo aumento disparou a indignação de
usuários de transportes públicos nas grandes cidades.
No
Brasil, os transportes públicos são objeto frequentes de muitas críticas.
Muitos brasileiros consomem um total de 5-6 horas diárias para ir trabalhar e
voltar para casa. O descontentamento popular foi estimulado pela divulgação
pelas redes sociais, como movimento que pareceu organizado, de muito material
de propaganda sobre “gastos milionários
de dinheiro público” para a construção dos locais e eventos da Copa do
Mundo de Futebol, em 2014; e dos Jogos Olímpicos (de verão) em 2016.
Protestos no Brasil
Cartazes escritos à mão
apareceram nas manifestações, dizendo que nem todos os brasileiros vivem para o
futebol e recordes olímpicos: “Queremos
transporte público moderno, educação de qualidade, serviços de saúde e garantia
de emprego”. Ouviram-se também gritos de luta contra a corrupção. O boom
“esportivo” aparece quase sempre associado, na opinião pública, com
corrupção no governo e “conexões
mutuamente vantajosas” para membros do governo e empresas construtoras e
círculos financeiros e empresariais em geral. Segundo as primeiras estimativas,
as manifestações começaram com algo entre 300 e 500 pessoas que se manifestaram
em torno de um “Movimento Passe Livre”
(MPL). E os protestos prosseguem. (...)
A
convocação para os protestos surgiram em páginas anônimas de Facebook, que
“mobilizavam” usuários de transporte público. A origem dessas páginas está
sendo investigada, mas ainda não há informação segura, embora haja várias
conjecturas. Por exemplo, no dia 19/6, a página brasileira de uma comunidade de
“Direitos Humanos” publicou foto em que se via o proprietário da empresa
[Facebook], Mark Zuckerberg, exibindo um cartaz em que se lê “Não são os 20
centavos!” #ChangeBrasil!”.
São
bem conhecidos os laços que unem o início da carreira empresarial de Zuckerberg
e a CIA. Os contatos foram muitos e sabe-se que a CIA financiou o início de seu
negócio. Zuckerberg tem também contatos estreitos com a “Agência de Segurança
Nacional dos EUA” [orig. U.S. National Security Agency (NSA)], os quais
não são segredo para ninguém. Difícil acreditar que Zuckerberg tenha-se
envolvido por iniciativa sua nos protestos no Brasil (e ainda mais difícil [acreditar],
que tenha passado, repentinamente, a preocupar-se com o preço dos transportes
públicos por lá).
Slogans de “luta
para mudar” sempre são bem-sucedidos em campanhas em universidades e
instituições de ensino superior. Estudantes sempre se apresentam como vanguarda
na luta por direitos sociais e políticos. De novidade, agora, no caso do
Brasil, que os manipuladores que operam nesses setores não conseguiram, até
agora, criar lideranças centralizadas, em nenhum dos protestos de rua.
Edward Snowden
Mas
o modo como a inteligência dos EUA opera, esse sim, acaba de ser revelado por
Edward Snowden: tudo faz crer que a
atividade no Brasil e em vários outros países já esteja em andamento, tratada
como os EUA tratam o que definem como “ameaça de nível elevado”.
A
contrainteligência brasileira e os serviços de investigadores policiais já
trabalham para identificar quem se teria infiltrado nos movimentos do Brasil.
Também se investiga o “uso hostil” das redes sociais. Mais de 80 milhões de
pessoas são usuários de internet no Brasil; e 140 milhões usam telefones
celulares. É claro que slogans construídos para desestabilizar o quadro
sociopolítico no Brasil circulam nessas redes. E há também ONGs e agentes que
operam através da embaixada dos EUA, como, igualmente, dos escritórios da USAID
no Brasil – exatamente como em todo o
mundo. Blogueiros brasileiros interessados em estudar as tendências das
manifestações já observaram que só houve grandes concentrações populares em
cidades nas quais operam escritórios de representação diplomática ou comercial
dos EUA – na capital, Brasília; no Rio de
Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre, dentre as principais.
Thomas
Shannon
Hoje,
como se sabe, está operando no Brasil uma das maiores bases organizadas da CIA
e da inteligência militar dos EUA, do mundo. O coordenador político dessas
operações no Brasil é o Embaixador Thomas Shannon. [1] Pode-se
tomar como fato absolutamente verdadeiro que o embaixador Shannon está ocupado
em tempo integral com o “despertar o
gigante sul-americano”.
Os
protestos de junho continuarão pelo mês de julho e, em grande medida, já
começam a afetar a imagem que o Brasil oferecia ao mundo, de país bem-sucedido
em seu projeto de desenvolvimento com orientação social.
Em
outubro de 2014, haverá eleições presidenciais no Brasil; a atual presidenta
Dilma Rousseff é candidata a um segundo mandato. Nesse contexto, qualquer ação
para desestabilizar seu governo é apresentada como tentativa dos adversários
políticos, com olhos nas eleições: “Estão
nos testando”.
De
início, as autoridades de alguns estados responderam com extrema dureza aos
manifestantes. A presidenta Rousseff condenou o “uso de força excessiva” pelas
Polícias Militares dos estados.
Há
muitos no Brasil que se opõem a “governos de esquerda” e sentem que, nos dez
anos dos governos Lula da Silva e Dilma Rousseff “o regime corrompeu-se” e que,
por isso, tem de ser mudado. Não admitem continuar afastados do poder federal
por mais quatro anos.
Dilma Rousseff
Ao
analisar os eventos em curso no Brasil, mais de um cientista político
brasileiro já comentou que a presidenta e seu governo foram colhidos de
surpresa pelos eventos; que a presidenta teve de cancelar uma visita programada
ao Japão. Depois de várias reuniões, com ministros e especialistas, a
presidenta Rousseff adotou a única via de ação possível: uma rota de conciliação, não confrontacional que aqueceria ainda mais
as paixões. Disse, essencialmente, que apóia os manifestantes. Em
pronunciamento ao país, por televisão, disse que se orgulha de tantos
brasileiros desejarem lutar por um futuro melhor para o país. Enfatizou que, em
nenhum caso, admitiria que se realizassem eventos esportivos internacionais a
custa de dinheiro público retirado de programas sociais.
Na
tentativa para conter a onda de protestos, Dilma Rousseff sugeriu que se
realize um “plebiscito” cujas decisões orientarão uma reforma política de fundo
a ser feita no país. O plebiscito deve levar, em momento posterior, à
convocação de uma Assembleia Constituinte, com poderes para alterar amplamente
a Constituição vigente. Todos esses planos enchem de preocupações as elites
financeiras brasileiras. A oposição à presidenta Rousseff entende que “o projeto Lula-Dilma de modernização
sociopolítica” nos levará na direção de um “regime populista” semelhante ao
de Hugo Chavez.
O
governo Obama já está fazendo tudo que esteja ao seu alcance para impedir tal
desenrolar.
Hoje,
está criando a “Aliança do Pacífico”, [2]
unindo quatro países da região – México,
Colômbia, Peru e Chile – sob comando dos EUA. Do ponto de vista de
Washington, a “Aliança do Pacífico”,
dentre outros efeitos, ajudará a limitar a influência do Brasil no hemisfério
ocidental e criará “um poderoso
contrapeso geoestratégico à expansão do Brasil”. Sob vários pretextos, o
Pentágono está organizando exercícios armados conjuntos com países vizinhos do
Brasil – Trinidad e Tobago,
Suriname, Guiana e Peru. Na essência, os EUA estudam um futuro
teatro de operações militares. A 4ª Frota dos EUA patrulha as regiões do Oceano
Atlântico próximas dos depósitos de petróleo da plataforma continental
brasileira. Os EUA farão todos os esforços para enfraquecer os aliados e
parceiros do Brasil na região, a começar por Venezuela, Equador, Nicarágua e
Cuba. A reaproximação entre OTAN e Colômbia também se explica em parte como
projeto para criar mais um “fator de pressão” sobre o Brasil.
Os
protestos continuam. Começam a aparecer, também, detalhes sobre as condições
desumanas em que vivem as populações em torno dos estádios (dos antigos e dos que estão sendo
construídos) e sobre a violência das “desocupações” e operações para
“limpar” as áreas dos elementos considerados “perigosos”, com imagens sobre
como as casas dos mais pobres estão sendo demolidas para construção de novas
edificações, sem a necessária indenização aos proprietários anteriores. O
governo central está tendo de responder por ações de governadores e prefeitos,
autoridades locais.
Os
eventos no Brasil estão sendo acompanhados pela mídia ocidental em todos os
detalhes. Cientistas políticos avaliam a ação
das empresas locais de imprensa como operação deliberada para comprometer a
imagem do Brasil e a capacidade do país para organizar grandes eventos
esportivos internacionais. Não faltou sequer quem dissesse que a Copa do Mundo
de futebol devesse ser cancelada, por o país não pode dar garantias de vida aos
jogadores e torcedores.
O
que se viu agora, na “Copa das Confederações” pode ser considerado como ensaio
geral do que se verá acontecer em futuros eventos esportivos no Brasil. Tudo
para pressionar o país, em questões e interesses que nada têm a ver com
esportes...
NOTAS DOS
TRADUTORES
[1] Sobre o embaixador Thomas Shannon e seus contatos no Brasil ver, dentre outros muitos telegramas Wikivazados:
- redecastorphoto,
26/11/2012, “WikiLeaks – Serra e o PSDB, contra a Petrobras”;
- redecastorphoto,
6/12/2010, “EUA tentaram usar Saito e Jobim para venda dos
caças”.
[2] Ver redecastorphoto,
31/5/2013, “Jean-Luc Mélenchon: URGENTE! Impedir o acordo
secreto entre UE e EUA (TTIP)”.
FONTE:
escrito por Nil Nikandrov,
no
“Strategic Culture”, sob o título original “Who is Shaking Up Brazil and Why”. Traduzido pelo “pessoal da Vila Vudu” e transcrito no blog
“Redecastorphoto” (http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2013/07/quem-agita-o-brasil-e-por-que.html). [Imagens do google adicionadas por este blog 'democracia&política'].
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