segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

SABOTAGEM DA COPA É A ESTRATÉGIA PARA A VOLTA DA DIREITA AO PODER


HÁ CONSPIRAÇÃO GOLPISTA CONTRA A COPA?

Por Miguel do Rosário

“Um espectro ronda o Brasil de 2014. Há conspiração política para melar a Copa do Mundo e manipular eventuais protestos para provocar instabilidade política, violências e, com isso, abrir caminho para a direita chegar ao poder?

Sinceramente, prefiro tratar o assunto como pura teoria da conspiração. O problema é que todas as teorias de conspiração – assim tratadas – dos anos 60 e 70, sobre golpes da CIA no terceiro mundo, revelaram-se verdadeiras. Teorias de conspiração me lembram famosa máxima espanhola, imortalizada no clássico de Cervantes, Don Quixote: “yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay”.

Conspiração ou não, o tema é exótico e interessante, e já está preocupando muita gente séria. É o caso de Gabriel Priolli, um experiente jornalista e diretor de televisão que já editou o “Jornal Nacional” e chefiou o jornalismo na “TV Gazeta” e “TV Record”. Priolli trata o assunto com seriedade e extrema preocupação:

Acumulam-se as evidências de que setores conservadores, descrentes de sua capacidade de sedução do eleitorado pelas vias convencionais, cogitam se lançar na aventura catastrofista da Copa. Pretendem que o maior evento já realizado no país fracasse espetacularmente, para o máximo constrangimento e desgaste do governo atual. Acham que colherão os louros dessa ação de lesa-pátria.”
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A JOGADA DA COPA

Por Gabriel Priolli, em seu blog.

“Seis meses depois dos protestos que tomaram inúmeras cidades brasileiras, decantadas as insatisfações apresentadas pelos manifestantes e as múltiplas soluções aventadas por todos os atores políticos para a estranha crise que se formou, temos um quadro bem claro. A maioria da população quer mudanças no país, mas prefere que elas sejam conduzidas por Dilma e não pela oposição. A presidenta lidera em todas as sondagens de intenção de voto.

Falta muito tempo até as eleições, certamente, e já assistimos a oscilações espetaculares de intenção de voto nos pleitos anteriores, inclusive candidaturas que “atropelaram” na reta final e venceram. Tudo pode acontecer, portanto, até que se proclamem os resultados. Mas, até segunda ordem, quem lidera é Dilma. A soma dos votos de seus adversários não supera os votos da candidata governista e tudo indica que a eleição será definida já no primeiro turno.

Sim, mas há outro roteiro possível para este ano. Nele, as massas sairiam novamente às ruas em junho, em plena Copa do Mundo, e causariam tal transtorno à competição que seria impossível ignorá-las. A mídia mundial distribuiria a todo o globo imagens de multidões pedindo reformas, de “black blocs” destruindo seus alvos habituais e das polícias reprimindo com a cortesia conhecida.

As cenas passariam a impressão de um país sem governo e de um governo sem legitimidade – impressões absolutamente falsas. Mas o que é mesmo a verdade, nessas coisas da mídia e da enunciação de seus conteúdos?

Um governo “ilegítimo”, pressionado externamente, ficaria acuado também pelos adversários internos. Esses amplificariam ao máximo possível os protestos e tentariam conduzir a sua pauta, exatamente como fizeram em 2013. Para criar um clima de megacrise, que nenhum ponto de contato tem com o real. Mas o que é exatamente o real, quando se tem o controle do que a mídia diz sobre ele?

Quem sabe se, em meio ao eventual fiasco da Copa – corre-corre e pancadaria nas imediações dos estádios, os inevitáveis problemas organizativos amplificados ao extremo, as queixas e angústias dos turistas constrangidos pelo clima de guerra política no Brasil e, prêmio final, uma boa derrota da seleção nacional -, os eleitores não embarquem na ideia de jogar toda a culpa em Dilma? Quem sabe não escolham na urna uma alternativa de oposição?

Acumulam-se as evidências de que setores conservadores, descrentes de sua capacidade de sedução do eleitorado pelas vias convencionais, cogitam se lançar na aventura catastrofista da Copa. Pretendem que o maior evento já realizado no país fracasse espetacularmente, para o máximo constrangimento e desgaste do governo atual. Acham que colherão os louros dessa ação de lesa-pátria.

É simplesmente doentia a ideia de que, para conquistar o poder de “consertar” o país, alguém considere aceitável que a nossa imagem internacional seja destruída. Que o Brasil seja penalizado por décadas, pela “incapacidade” de realizar grandes eventos internacionais. E que isso aconteça fundamentado em mentira e manipulação da opinião pública.

Mas, infelizmente, a possibilidade é bastante concreta. Daqui até junho, provavelmente, veremos novas convocatórias para que as massas voltem às ruas e façam manifestações “espontâneas”. Assistiremos à incitação explícita de atos destinados à desestabilização do governo. “Não vai ter Copa!”, bradarão outra vez os carbonários – com todas as câmeras e microfones à sua disposição.

Dias atrás, na primeira vez em que externei essa preocupação, recebi o previsível fogo de barragem. Disseram que é paranoia minha, exagero. Que “as convicções democráticas da oposição e de sua mídia” são inquestionáveis. E que a eleição transcorrerá dentro das regras, sem tentativas de tapetão.

Será mesmo? O pré-golpe de 1964, em que muitos não acreditavam que a legalidade fosse demolida, talvez nos ensine melhor sobre os métodos do conservadorismo para tomar o poder. E sobre como ele é campeão em destruir a democracia, para “salvá-la” da ameaça dos governos populares.

Por que deveríamos confiar agora em quem não foi confiável no passado e segue não sendo?”
*
PS: Vinicius Freire, colunista da “Folha”, também considera a hipótese de protestos contra a Copa se transformarem em arma eleitoreira.”

FONTE: escrito pelo jornalista Miguel do Rosário no blog “Tijolaço”  (http://tijolaco.com.br/blog/?p=12235).

COMPLEMENTAÇÃO


SABOTAR A COPA É SABOTAR O BRASIL



Por Eduardo Guimarães

“Devo confessar que não gosto de futebol – o que, no Brasil, chega a ser uma heresia. Ainda assim, apesar de ser exceção, não tenho um time de preferência, não torço por nenhum, não entendo as tabelas, as regras etc., pois nunca me interessei por entender.

O tempo, o dinheiro e a energia que este povo gasta com o futebol deveriam ser melhor empregados. Mas um fato é inquestionável: os brasileiros, sobretudo os mais humildes, encontram nesse esporte um alento para a dura vida que levam.

Sediar eventos internacionais da importância de uma Copa do Mundo ou dos Jogos Olímpicos, porém, é outra coisa. Tais eventos podem projetar um país ao poderem mostrar sua capacidade de organização e de execução de projetos.

Todavia, tais eventos também podem desmoralizar internacionalmente um país se este, ao organizá-los, vier a colher um fracasso organizacional.

O prejuízo de imagem a um país que fracassa na organização de um evento internacional da importância de uma Copa do Mundo, ao contrário do que muitos possam pensar, não fica para o governo responsável por tal organização, mas para esse país.

Governos passam, países ficam. Se o movimento “Não vai ter Copa” triunfar, no futuro quem ficará conhecido mundialmente pelo fracasso do evento não serão Lula, Dilma Rousseff ou o PT, mas o Brasil.

Este país, nesse caso, ficaria marcado para sempre pela incapacidade de organizar eventos internacionais. Será considerado um país selvagem, impróprio para o turismo, incapaz de levar à frente um projeto que tantas nações já conseguiram fazer vingar.

O que o Brasil vai ganhar sabotando sua própria imagem diante do mundo? Nada.

Os investimentos na Copa já foram feitos e não serão desfeitos por nenhuma gritaria. Só o que deixará de ocorrer, se esse movimento aloprado vingar, será a recompensa nacional pelos investimentos feitos – recompensas de imagem e financeira.

Quem ganha com a sabotagem do evento? O povo é que não vai ganhar nada.

Além da dor que a massacrante maioria de brasileiros que ama o futebol sentirá diante de uma derrota da Seleção forjada no previsível estado psicológico de abatimento da equipe diante dos protestos, haverá o prejuízo econômico e imagético do país.

Mas haveria ganhadores com o fracasso da Copa, sim: os políticos sem votos que veem nessas manifestações a única possibilidade de vencerem a eleição presidencial contra a forte candidatura de Dilma Rousseff à reeleição.

Você, cidadão comum, ficaria com a desmoralização internacional de seu país, com a provável piora de sua vida que um baque na economia causado por essa desmoralização iria gerar – o que colocaria em risco até seu emprego, seus negócios etc.

Ao longo da última década, você passou a ganhar salário mais alto, seus filhos conseguiram ingressar mais facilmente no mercado de trabalho, a pobreza no país despencou. Com tais eventos internacionais, o Brasil mostrará ao mundo que chegou a sua hora.

Mas você pode arriscar tudo isso para que políticos espertalhões – e sem votos – cheguem ao poder graças a uma farsa, a de que o país investiu na Copa dinheiro que seria destinado a saúde, educação etc.

Sim, uma farsa. O dinheiro público investido na Copa é uma fração do total dos investimentos. A quase totalidade desses recursos é privada. E tais investimentos, públicos ou privados, serão pagos pelo lucro com turismo e com maior atividade econômica decorrentes do evento.

A pergunta que fica, portanto, é simples: o que, de fato, o Brasil ganhará com a sabotagem da Copa do mundo, agora encampada por 9 entre 10 colunistas e editorialistas dessa grande mídia de oposição ao governo federal?

Se você não se fez essa pergunta, está na hora de fazer. Se não conseguir respondê-la e se não encontrar uma resposta clara, sua obrigação, como cidadão brasileiro, será combater esse movimento aloprado, sem pé, cabeça ou juízo.”

FONTE: escrito por Eduardo Guimarães em seu blog “Cidadania”   (http://www.blogdacidadania.com.br/2014/01/sabotar-a-copa-e-sabotar-o-brasil/).

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