sexta-feira, 8 de maio de 2009

”FUTURO DO BRASIL PARECE BRILHANTE”

Li hoje no blog do Favre a seguinte reportagem de Luciana Xavier e Nathália Ferreira, publicada ontem no jornal “O Estado de São Paulo”:

“Processo de recuperação não deverá levar o mundo de volta aos tempos de abundância de antes da crise, diz professor.

Há sinais de que o mundo pode estar no início de um processo de recuperação, mas essa recuperação não levará o mundo de volta aos tempos de abundância de antes da crise, acredita o Prêmio Nobel de Economia Edmund Phelps, em entrevista ao AE Broadcast Ao Vivo.

Phelps esteve ontem em São Paulo para participar do 2º Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade. Ele é professor de política econômica da Universidade Columbia, de Nova York, e ganhou o Nobel em 2006 por seus trabalhos sobre a relação entre desemprego e inflação.

Para Edmund Phelps, a China deve liderar essa retomada global, mas ele se mostrou bastante confiante em relação ao Brasil, que, segundo ele, deve estar também entre os primeiros a sair da crise e para o qual prevê um “futuro brilhante”. A seguir, os principais trechos da entrevista:

INDICADORES ECONÔMICOS EM ALGUNS PAÍSES TÊM MOSTRADO MELHORES EM COMPARAÇÃO A NÚMEROS ANTERIORES. É UM SINAL DE QUE A RECUPERAÇÃO GLOBAL PODE TER COMEÇADO?

Sim. Alguns observadores acreditam que há sinais de início de um processo de recuperação. Ela se dará em alguns setores da economia, não em todos ao mesmo tempo. Será pouco a pouco.

DE QUE FORMA SERÁ A RECUPERAÇÃO?

É errado pensar nesta recessão como sendo em forma de ?L? (recessão seguida de estagnação). Logo, não acho que a recuperação ocorrerá dessa forma. Tampouco será em forma de ?V? (recessão seguida de recuperação completa), porque não acredito que voltaremos para onde estávamos. Acho que teremos uma recuperação até metade do caminho, pensando nos Estados Unidos em particular. Imagino que será algo entre isso, uma recuperação em forma de ?J? ao contrário ou de um gancho. Minha preocupação é de que, daqui a três anos, alguns países se deem conta de que não conseguiram se recuperar completamente. Eles verão que não voltaram ao nível normal de atividade que vimos em meados dos anos 90 ou por volta de 2003. Há uma longa distância entre onde estamos agora e uma taxa de desemprego de 5,5% (nos EUA). Tenho dúvidas de que chegaremos lá.

QUEM DEVERÁ LIDERAR ESSE MOVIMENTO?

Como o potencial de crescimento da China é tão alto, é quase certo que a China vai sair desse processo de desaceleração primeiro. Talvez a Índia também. E acho que o Brasil está entre os primeiros a dar a virada mais cedo. Creio que os Estados Unidos não ficarão muito longe, também. A Europa será o pior caso. Eles, sim, estão bem distantes de uma virada.

COMO O BRASIL DEVE FICAR QUANDO A CRISE TERMINAR?

Bem, hesito em dizer por que não tenho seguido dados do Brasil em bases semanais. Mas sei que os preços das commodities têm se recuperado e tenho certeza de que subirão mais. Sei que as exportações estão começando a ir bem de novo. O futuro parece brilhante para o Brasil.

O BRASIL ESTÁ DE ALGUM MODO EM POSIÇÃO DE VANTAGEM EM RELAÇÃO A OUTROS PAÍSES?

Os países latino-americanos, em geral, estão se saindo muito bem. As taxas de juros estão caindo satisfatoriamente na América Latina. A situação parece boa no Chile, Colômbia e Brasil. Devemos ter um desempenho excelente na região nos próximos anos. Vocês têm sorte de terem vizinhos que estão indo bem. Vocês não iam querer estar próximos agora de países do Leste Europeu ou perto da África. Acho que o Brasil está bem localizado (risos).

COM O DESEMPREGO EM ALTA NOS EUA E EM OUTROS PAÍSES E INFLAÇÃO EM NÍVEIS BAIXOS, QUAL SERÁ O DESAFIO DOS BANCOS CENTRAIS DAQUI PARA FRENTE?

Os bancos centrais logo enfrentarão um desafio enorme de ter de subir os juros. Uma vez que o consumidor estiver convencido de que chegamos ao fundo do poço, creio que os juros deverão saltar para níveis mais elevados. Os bancos centrais estarão diante de um dilema: elevar os juros para prevenir a inflação ou manter juros baixos para encorajar a recuperação? Temo que alguns bancos centrais não terão coragem de aumentar os juros. E esses países terão de conviver com inflação bem alta.”

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