segunda-feira, 12 de março de 2012

CONTINUA O GENOCÍDIO DOS PALESTINOS


[OBS deste blog 'democracia&política': hoje e nos últimos dias, têm chegado notícias de dezenas de "militantes terroristas" palestinos mortos pelas Forças Armadas israelenses em Gaza. A maior parte dos "militantes" mortos compõe-se de crianças e mulheres. A mídia internacional e brasileira sempre, de antemão, justifica qualquer ato de violência de Israel como "em resposta". No caso, foi "em resposta" a "grande ataque de mísseis" pelos palestinos. Sabemos que os palestinos não têm Forças Armadas e são proibidos de receber e possuir armamentos para a sua defesa. Os tais "mísseis" não são mísseis. São, na verdade, pequenos, de curto alcance e quase inofensivos foguetes artesanalmente feitos. As demais armas que os tais "militantes terroristas" utilizam são pedras, lançadas com as mãos ou atiradeiras, contra os poderosos e moderníssimos carros de combate e aviões das tropas invasoras que abrem caminho para a contínua usurpação e ocupação da Palestina por "colônias" de judeus.

Vejamos o seguinte artigo de Yuri Martins Fontes, publicado no “Diário Liberdade”, de Portugal]:
  
PALESTINA: A DEMOGRAFIA E O TERROR

“A disparidade de meios militares entre o Estado de Israel (apoiado pelos EUA) e o povo palestino, sem exército, dispondo apenas de arcaicas armas caseiras, transformou o conflito num lento genocídio.

O terror chegou a tal ponto que são várias as vítimas do Holocausto que começam a denunciar publicamente a semelhança das práticas do governo sionista com as do regime hitleriano.

Tortura, uso de seres humanos como cobaias e racismo são práticas comuns do governo de Telavive, que se estão a agravar devido a um fator – a elevada taxa de natalidade dos palestinos, muito superior à dos israelenses.

Esse fato vai, em poucos anos, obrigar Israel, para manter os privilégios dos seus habitantes, a abandonar os últimos resquícios de "Estado democrático", limitando o direito de voto aos cidadãos não-judeus ou, ainda pior, expulsar ou assassiná-los, realizando uma limpeza étnica.

Esse aparente absurdo institucional está perto de se tornar realidade. Basta atentar nos dados divulgados pelos organismos internacionais. E é, paradoxalmente, a representação diplomática do líder da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abas, na ONU que, ao defender a solução de "dois Estados" oferece ao povo judeu a única solução para evitar tão bárbaro rumo.

CRIMES DE GUERRA, COBAIAS HUMANAS E CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO

Recordemos os dados mais recentes do terrorismo israelense: no último bombardeamento massivo de Gaza (2008/2009), a desproporção de forças foi tal que, por cada israelense morto, foram assassinados 100 palestinos. Dois terços das 1.300 vítimas eram civis, a maioria delas crianças.

Conforme a análise do sociólogo Emir Sader, da Universidade do Rio de Janeiro, a matança "foi uma das piores que o mundo conheceu nos últimos tempos".

Sob a premissa de que "não há inocentes em Gaza", essa zona de alta densidade populacional foi bombardeada como se de um campo de tiro a céu aberto se tratasse.

Foram lançados sobre o território mil toneladas de bombas, que destruíram o pouco que ainda restava das infraestruturas públicas – hospitais, fábricas e escolas – numa zona das mais pobres do mundo e onde se amontoam milhão e meio de pessoas.

Segundo a Cruz Vermelha e a ONU, os comandos israelenses ordenaram o uso de armas químicas, em clara violação das leis internacionais de guerra.

Os documentos referem que os paraquedistas lançaram, pelo menos, 20 bombas de fósforo branco sobre o campo de refugiados de Biet Lahaiya.

bombas de fósforo lançadas sobre os palestinos
O fósforo branco é substância altamente inflamável, que reage ao oxigênio e causa graves queimaduras. Ao explodir, as bombas pulverizam o fósforo, que é lançado a grandes distâncias e se pega à pele, continuando a arder depois de a penetrar.

Mais ainda, os médicos noruegueses da ONG “Norwac”, Mads Gillbert e Erik Fosse, denunciaram o uso de nova arma conhecida como “Explosivo de Metal Denso”.

Trata-se de pequena munição envolta em carbono, com cobertura de ferro, cuja explosão "corta um corpo ao meio". Ao experimentar essas armas nunca usadas, nem pelos EUA, os israelenses fizeram dos palestinos cobaias, repetindo prática abominável dos tempos de Adolf Hitler.

O ÓDIO QUE SE SEMEIA

Desde então, realizaram-se diversas manifestações israelenses de protesto. Norman Finkelstein, filho de sobreviventes do Holocausto e autor de “A indústria do Holocausto”, afirmou que as ações israelenses contra os árabes "são comparáveis às dos nazistas contra os judeus".

E, como exemplo, lembrou a expulsão dos palestinos, depois da guerra de 1948, quando os israelenses ocuparam – com a ajuda do exército – imensos territórios árabes dizendo serem terras "abandonadas".

Após 1999 (último mapa à direita), continuou a invasão, o confisco e a ocupação dos territórios palestinos (em verde) por Israel, com apoio dos EUA. Hoje, a invasão ainda continua e quase nada resta.

O autor, depois de visitar o Sul do Líbano, que esteve sob domínio israelense durante duas décadas, declarou: "Era um campo de concentração".

Outra significativa denúncia dos crimes israelenses partiu de uma judia que fugiu da Alemanha e cujos pais morreram em Auschwitz.

Para Hedy Epstein, as ações do governo israelense mostram que não aprenderam nada: "Como podem fazer aos palestinos o mesmo que os nazistas?", declarou à BBC, acrescentando: "Essas ações horríveis aumentam o antissemitismo".

DA PRÁTICA DO TERROR À SUA INSTITUCIONALIZAÇÃO

Michel Warschawski, diretor do “Centro de Informação Alternativa de Jerusalém”, considera "particularmente significativo" que um setor da direita já tenha percebido que a "democracia israelense está em perigo".

Israel converteu-se num Estado fundamentalista e poderá caminhar para o fascismo. Um quinto da sua população é árabe e é a parte mais pobre de uma sociedade em que a concentração de riqueza é das maiores do mundo.

Vários analistas vêm referindo que a "solução de dois Estados" é a que mais convém a Israel porque, como explica o professor de Relações Internacionais da Universidade Hebraica, Arye Katzovich, "se Israel não permitir a independência dos territórios ocupados, o país não poderá sobreviver como 'Estado judeu e democrático', já que a população árabe-israelense em poucos anos superará a judia – devido às altas taxas de natalidade e o não acesso à informação sobre planejamento familiar."

"Os árabes-israelenses são 19,4% numa população de quase oito milhões. Porém, têm taxa demográfica duas vezes superior à dos judeus".

"Se os sionistas impedirem a criação de um Estado palestino para onde possam 'deportar os árabes', só restam duas possibilidades: ou os árabes acabam por controlar o Estado ou, à semelhança do apartheid, haverá necessidade de um regime autoritário e segregacionista que permita manter o poder nas mãos da minoria judia".

No limite, poderá acontecer algo semelhante ao extermínio nazista – sempre em nome da manutenção do Estado do "povo eleito". Henri Lefebvre, filósofo de meados do século 20, já tinha notado a semelhança: "Os ideólogos hitlerianos tomaram do antigo judaísmo a ideia de um povo eleito e de uma raça, a qual aperfeiçoaram recorrendo a considerações biológicas discutíveis".

Agora, os novos membros do “povo eleito”, depois do débil otimismo da experiência liberal, parecem querer voltar ao pessimismo do fundamentalismo político-religioso baseado no terror."”

FONTE: escrito por Yuri Martins Fontes, no “Diário Liberdade”, sediado em Ferrol (Galícia), Portugal. Transcrito no portal “Vermelho”  (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=177630&id_secao=9) [Imagens do google e observação inicial entre colchetes adicionadas por este blog ‘democracia&política’]

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