Por Josué Gomes da Silva
“Num cenário mundial de crise, em que o crescimento do consumo aguça o apetite dos competidores internacionais pelo nosso mercado, a perda de competitividade da indústria é tema presente e preocupante.
Enfrentamos práticas legalmente questionáveis e desleais de países que colocam suas mercadorias a preços artificiais. O tsunami de dólares, cujo epicentro é a expansão monetária nos países desenvolvidos, atraído por nossas generosas taxas de juros, contribui para sobrevalorizar o câmbio, agravando o quadro e somando-se ao custo Brasil.
Por outro lado, em um hercúleo esforço para aumentar sua competitividade, nossa indústria tem aportado crescentes recursos no desenvolvimento de novas tecnologias e na capacitação de recursos humanos. Mas poderia investir muito mais em pesquisas, inovação e ciência, se não fossem os ônus trazidos por carga tributária, juros, infraestrutura cara e precária e demais ineficiências da economia.
É urgente e imperiosa a solução para tais gargalos. Uma vez implementada, criará condições isonômicas de competição para nossas empresas. Mas o que garantirá a competitividade futura da indústria será o investimento em P&D (pesquisa e desenvolvimento).
Felizmente, surge uma possibilidade de incremento: a iniciativa conjunta do governo e da CNI (Confederação Nacional da Indústria) para criar a EMBRAPI (Empresa Brasileira de Pesquisas Industriais). [OBS deste blog: o nome completo é “Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial” (EMBRAPII)]
Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII)
Com baixo custo para o Estado, expressiva participação do universo corporativo e somando visão empresarial e espírito da academia, a organização deverá tornar-se legítima e ser importante parceria público-privada no aproveitamento das estruturas de pesquisa, inovação e desenvolvimento dos diversos segmentos do setor manufatureiro.
Ótimo pressuposto para acreditarmos no seu sucesso é a existência da vitoriosa EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que promoveu uma revolução de produtividade e avanço do agronegócio brasileiro, contribuindo para que ele se tornasse um dos grandes pilares da economia e fosse responsável, ao lado das commodities minerais, pelo superávit comercial. Esperamos que a EMBRAPI faça pela indústria o mesmo que a bem-sucedida EMBRAPA fez pelo agronegócio.
A criação da EMBRAPI, na sequência da instituição do programa “Ciência sem Fronteiras”, poderá dar musculatura para o Brasil em P&D. As metas desse programa de concessão, até 2014, de milhares de bolsas de estudo em boas universidades internacionais para pesquisadores e estudantes de nível médio, deverão garantir recursos humanos aos centros de pesquisa do país e tornar a inovação o grande diferencial competitivo do Brasil.”
FONTE: escrito por Josué Gomes da Silva e publicado na Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/30570-sem-pampd-nao-ha-futuro.shtml) [imagens do google adicionadas por este blog ‘democracia&política’].
Nenhum comentário:
Postar um comentário