Do cabeçalho do site
“Carta Maior” de ontem (3):
“A retomada
norte-americana amplia o poder de coação dos capitais que migram da bolsa
brasileira em 3ª feira marcada, ainda, por queda na produção industrial e
dados ruins na balança comercial.
A transição de
ciclo econômico se acelera: o Brasil terá que discutir as linhas de
passagem para renovar a sua agenda de desenvolvimento. Há escolhas a fazer e
não são singelas.
O país dará
liberdade aos fundos e rentistas internacionais para saquearem as suas reservas
em revoadas para o exterior? Oferecerá arrocho salarial e juro alto na
tentativa de contê-los aqui? Sacrificará investimentos em infraestrutura
para entregar o superávit fiscal cheio', como pede a banca local e forânea?
Saberá pactuar prioridades sociais escalonadas em calendário crível e realista?
Se as respostas a
essas e outras perguntas forem ordenadas pela lógica blindada do interesse
financeiro, o resultado é sabido: o
Brasil pode virar um imenso Portugal.
Portanto, não é
apenas a reforma política que requer amplo debate democrático. A travessia
para um novo ciclo de desenvolvimento só contemplará os anseios das ruas
por mais democracia social se vier ancorada em sincera e
corajosa discussão progressista com a sociedade.
É exatamente o
oposto do que uivam os centuriões do conservadorismo. Para eles, a rua já deu o
que tinha que dar: o desgaste do governo
do PT. Todo o seu empenho agora é para descongestionar o ambiente político
de qualquer contaminação associada a mecanismos de democracia direta. A
rejeição nervosa ao plebiscito reflete a ansiedade defensiva de quem sabe que o
divisor entre economia e política é tênue; nas crises, desmancha-se no ar.
Deixar o
governo sangrar até 2014, sob estrita vigilância dos ‘mercados', é o
seu sonho de consumo eleitoral. Daí o esforço preventivo de desqualificação de
qualquer novidade política que possa empurrar a agenda do futuro econômico
para o debate em campo aberto. Não interessa aos ventríloquos dos mercados
serem acareados pelo discernimento social.
Cabe às forças
progressistas abortar esse cordão sanitário, fazendo da transição
econômica uma extensão da agenda da reforma política.”
FONTE: Cabeçalho
do site “Carta Maior” ontem, 4ª feira (3).
(http://www.cartamaior.com.br/templates/index.cfm)
[Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
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