DEPOIS DO GOLPE, VAI FICAR POR ISSO MESMO?
"O colunista do '247' Paulo Moreira Leite (PML) cobra "investigação oficial sobre os indícios criminais de uma ação contra a ordem democrática", uma semana depois da publicação da capa criminosa de Veja. "Está na hora de aquelas autoridades que falam em nome do Estado brasileiro cumprirem o dever legal de garantir os direitos dos cidadãos de escolher os governantes através de eleições livres e limpas, sem golpes sujos", diz ele, lembrando que estamos diante de um caso em que a Polícia Federal e o Ministério Público "têm todos os meios de apurar e chegar aos responsáveis sem muita dificuldade". A publicação de reportagem com suposta frase do doleiro Alberto Youssef - "Eles sabiam de tudo" - a dois dias das eleições "trouxe prejuízos inegáveis" a Dilma, que poderia ter perdido a presidência, afirma o jornalista.
Do "Brasil 247"
Uma semana depois da publicação da capa criminosa de Veja, que traz uma declaração atribuída ao doleiro Alberto Youssef – "Eles sabiam de tudo" – em referência ao ex-presidente Lula e à presidente Dilma Rousseff, o jornalista Paulo Moreira Leite cobra, em seu blog no '247', "investigação oficial" do que chama de "indícios criminais de uma ação contra a ordem democrática".
"Está na hora de aquelas autoridades que falam em nome do Estado brasileiro cumprirem o dever legal de garantir os direitos dos cidadãos de escolher os governantes através de eleições livres e limpas, sem golpes sujos", diz ele, lembrando que estamos diante de um caso em que a Polícia Federal e o Ministério Público "têm todos os meios de apurar e chegar aos responsáveis sem muita dificuldade".
PML ressalta que a declaração de Youssef, que, conforme divulgado posteriormente, sequer fora feita no próprio depoimento à Polícia Federal, mas numa segunda conversa, 48 horas depois, "pode ter sido obtida artificialmente, sem caráter oficial". Ele traz à tona ainda a antecipação da edição pela Editora Abril para a quinta-feira à noite, na internet, e sexta, nas bancas, e constata que a publicação a dois dias do pleito "trouxe prejuízos inegáveis" à candidatura de Dilma, que saiu da disputa com um desfalque de milhões de votos potenciais e poderia até ter perdido a presidência, caso houvesse mais tempo para explorar o tema.
Leia a íntegra em Vai ficar tudo por isso mesmo?
VAI FICAR TUDO POR ISSO MESMO?
"Está na hora de aquelas autoridades que falam em nome do Estado brasileiro cumprirem o dever legal de garantir os direitos dos cidadãos de escolher os governantes através de eleições livres e limpas, sem golpes sujos", diz ele, lembrando que estamos diante de um caso em que a Polícia Federal e o Ministério Público "têm todos os meios de apurar e chegar aos responsáveis sem muita dificuldade".
PML ressalta que a declaração de Youssef, que, conforme divulgado posteriormente, sequer fora feita no próprio depoimento à Polícia Federal, mas numa segunda conversa, 48 horas depois, "pode ter sido obtida artificialmente, sem caráter oficial". Ele traz à tona ainda a antecipação da edição pela Editora Abril para a quinta-feira à noite, na internet, e sexta, nas bancas, e constata que a publicação a dois dias do pleito "trouxe prejuízos inegáveis" à candidatura de Dilma, que saiu da disputa com um desfalque de milhões de votos potenciais e poderia até ter perdido a presidência, caso houvesse mais tempo para explorar o tema.
Leia a íntegra em Vai ficar tudo por isso mesmo?
VAI FICAR TUDO POR ISSO MESMO?
Por Paulo Moreira Leite
"Uma semana depois do golpe midiático contra Dilma, é hora de abrir uma investigação oficial sobre os indícios criminais de uma ação contra a ordem democrática.
O golpe eleitoral midiático destinado a interferir na eleição presidencial completa uma semana hoje e cabe perguntar: vai ficar tudo por isso mesmo?
É curioso registrar que estamos diante de um caso que a Polícia Federal e o Ministério Público têm todos os meios de apurar e chegar aos responsáveis sem muita dificuldade, até porque muitos nomes são de conhecimento público. Não é diz-que-diz. Nem simples cortina de fumaça.
Os indícios criminais estão aí, à vista de 140 milhões de eleitores.
Até o momento, temos uma discussão de mercado. Jornalistas debatem o que aconteceu, analistas dão seus palpites, políticos de um lado de outro têm sua opinião. Não basta.
Está na hora de aquelas autoridades que falam em nome do Estado brasileiro cumprirem o dever legal de garantir os direitos dos cidadãos de escolher os governantes através de eleições livres e limpas, sem golpes sujos.
O golpe midiático não foi um ato delinquente sem maiores consequências. Trouxe prejuízos inegáveis à candidatura de Dilma Rousseff e poderia, mesmo, ter alterado o resultado da eleição presidencial — a partir de uma denúncia falsa. Mesmo eleita, é inegável que Dilma saiu do pleito com um desfalque de milhões de votos potenciais, subtraídos nas últimas 48 horas. “Se a eleição não fosse no domingo, ela até poderia ter perdido a presidência,” admite um membro do Ministério Público Federal.
Boa parte da investigação já está pronta. Sabemos qual o lance inicial — uma capa da revista VEJA, intitulada “Eles sabiam de tudo”, dizendo que o doleiro Alberto Yousseff dizia que Lula e Dilma estavam a par do esquema de corrupção. Sabemos que, prevendo uma possível ação judicial, a própria revista encarregou-se de esclarecer que "não podia provar aquilo que dizia que Yousseff havia dito". O próprio advogado de Yousseff também desmentia o que a revista dizia. Mesmo assim, VEJA foi em frente, espalhando aquilo que confessadamente não poderia sustentar.
Seria divulgado, mais tarde, que a referência a Lula e Dilma, uma suposição (alguma coisa como “é dificil que não soubessem”) sequer fora feita no próprio depoimento a Polícia Federal, mas numa segunda conversa, 48 horas depois.
Se essa hipótese é verdadeira, isso quer dizer que a própria frase da capa, “eles sabiam de tudo”, pode ter sido obtida artificialmente, sem caráter oficial, apenas para que fosse possível produzir uma manchete na véspera da eleição.
Colocada diante de um fato consumado, Dilma foi levada a gravar um pronunciamento para seu programa político. O assunto foi tema no debate da TV Globo, na noite de sexta-feira. Também foi tratado pela Folha de S. Paulo, no dia seguinte, e no Jornal Nacional, menos de doze horas antes da abertura das urnas e dos primeiros votos.
Se antecipou a impressão e distribuição da revista em 24 horas, num esforço para garantir de qualquer maneira que a acusação, que não podia ser provada contra Dilma e Lula, tivesse impacto sobre os eleitores. A revista também fez um esforço especial de divulgação. No sábado, espalhou out-doors pelo país e foi acusada de não acatar decisão judicial para que fossem retirados — pois o próprio texto do anúncio servia como propaganda negativa contra Dilma. Obrigada a publicar um direito de resposta em seu site, a revista respondeu ao direito de resposta, o que é um desrespeito com a vítima.
No domingo, quando o doleiro Alberto Yousseff foi internado por uma queda de pressão, a pagina falsa de um site de notícias de grande audiência circulou pela internet dizendo que ele fora assassinado num hospital de Curitiba. No mesmo instante, surgiram cidadãos que gritavam em pontos de circulação que Yousseff fora assassinado numa queima de arquivo, numa campanha de mentira que ajudou a elevar a tensão entre militantes, ativistas e cabos eleitorais de PT e PSDB.
O ministro José Eduardo Cardozo teve de intervir pessoalmente para desmentir a mentira.
Talvez não seja tudo. Olhados em retrospecto, os números risíveis de determinados institutos de opinião, que apontavam para uma vantagem imensa e ridícula de Aécio Neves sobre Dilma, poderiam servir para dar sustentação a trama.
Caso o golpe midiático viesse a ser bem sucedido, produzindo uma incompreensível virada de última hora, esses números de fantasia poderiam ser usados como argumento para se dizer que a candidata do PT já estava em queda e que sua derrota fora antecipada em algumas pesquisas. Verdade? Mentira? Cabe investigar.
Há uma boa notícia nesse campo.
No final da tarde de quarta-feira, era possível captar sinais de que uma investigação oficial sobre o golpe midiático pode estar a caminho. Cabe torcer para que isso aconteça e que ela seja feita com toda seriedade que o caso merece.
O eleitor agradece".
FONTE: do jornal digital "Brasil 247" (http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/158997/PML-depois-do-golpe-vai-ficar-por-isso-mesmo.htm).
É curioso registrar que estamos diante de um caso que a Polícia Federal e o Ministério Público têm todos os meios de apurar e chegar aos responsáveis sem muita dificuldade, até porque muitos nomes são de conhecimento público. Não é diz-que-diz. Nem simples cortina de fumaça.
Os indícios criminais estão aí, à vista de 140 milhões de eleitores.
Até o momento, temos uma discussão de mercado. Jornalistas debatem o que aconteceu, analistas dão seus palpites, políticos de um lado de outro têm sua opinião. Não basta.
Está na hora de aquelas autoridades que falam em nome do Estado brasileiro cumprirem o dever legal de garantir os direitos dos cidadãos de escolher os governantes através de eleições livres e limpas, sem golpes sujos.
O golpe midiático não foi um ato delinquente sem maiores consequências. Trouxe prejuízos inegáveis à candidatura de Dilma Rousseff e poderia, mesmo, ter alterado o resultado da eleição presidencial — a partir de uma denúncia falsa. Mesmo eleita, é inegável que Dilma saiu do pleito com um desfalque de milhões de votos potenciais, subtraídos nas últimas 48 horas. “Se a eleição não fosse no domingo, ela até poderia ter perdido a presidência,” admite um membro do Ministério Público Federal.
Boa parte da investigação já está pronta. Sabemos qual o lance inicial — uma capa da revista VEJA, intitulada “Eles sabiam de tudo”, dizendo que o doleiro Alberto Yousseff dizia que Lula e Dilma estavam a par do esquema de corrupção. Sabemos que, prevendo uma possível ação judicial, a própria revista encarregou-se de esclarecer que "não podia provar aquilo que dizia que Yousseff havia dito". O próprio advogado de Yousseff também desmentia o que a revista dizia. Mesmo assim, VEJA foi em frente, espalhando aquilo que confessadamente não poderia sustentar.
Seria divulgado, mais tarde, que a referência a Lula e Dilma, uma suposição (alguma coisa como “é dificil que não soubessem”) sequer fora feita no próprio depoimento a Polícia Federal, mas numa segunda conversa, 48 horas depois.
Se essa hipótese é verdadeira, isso quer dizer que a própria frase da capa, “eles sabiam de tudo”, pode ter sido obtida artificialmente, sem caráter oficial, apenas para que fosse possível produzir uma manchete na véspera da eleição.
Colocada diante de um fato consumado, Dilma foi levada a gravar um pronunciamento para seu programa político. O assunto foi tema no debate da TV Globo, na noite de sexta-feira. Também foi tratado pela Folha de S. Paulo, no dia seguinte, e no Jornal Nacional, menos de doze horas antes da abertura das urnas e dos primeiros votos.
Se antecipou a impressão e distribuição da revista em 24 horas, num esforço para garantir de qualquer maneira que a acusação, que não podia ser provada contra Dilma e Lula, tivesse impacto sobre os eleitores. A revista também fez um esforço especial de divulgação. No sábado, espalhou out-doors pelo país e foi acusada de não acatar decisão judicial para que fossem retirados — pois o próprio texto do anúncio servia como propaganda negativa contra Dilma. Obrigada a publicar um direito de resposta em seu site, a revista respondeu ao direito de resposta, o que é um desrespeito com a vítima.
No domingo, quando o doleiro Alberto Yousseff foi internado por uma queda de pressão, a pagina falsa de um site de notícias de grande audiência circulou pela internet dizendo que ele fora assassinado num hospital de Curitiba. No mesmo instante, surgiram cidadãos que gritavam em pontos de circulação que Yousseff fora assassinado numa queima de arquivo, numa campanha de mentira que ajudou a elevar a tensão entre militantes, ativistas e cabos eleitorais de PT e PSDB.
O ministro José Eduardo Cardozo teve de intervir pessoalmente para desmentir a mentira.
Talvez não seja tudo. Olhados em retrospecto, os números risíveis de determinados institutos de opinião, que apontavam para uma vantagem imensa e ridícula de Aécio Neves sobre Dilma, poderiam servir para dar sustentação a trama.
Caso o golpe midiático viesse a ser bem sucedido, produzindo uma incompreensível virada de última hora, esses números de fantasia poderiam ser usados como argumento para se dizer que a candidata do PT já estava em queda e que sua derrota fora antecipada em algumas pesquisas. Verdade? Mentira? Cabe investigar.
Há uma boa notícia nesse campo.
No final da tarde de quarta-feira, era possível captar sinais de que uma investigação oficial sobre o golpe midiático pode estar a caminho. Cabe torcer para que isso aconteça e que ela seja feita com toda seriedade que o caso merece.
O eleitor agradece".
FONTE: do jornal digital "Brasil 247" (http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/158997/PML-depois-do-golpe-vai-ficar-por-isso-mesmo.htm).
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