Agiotas querem tirar pobres do orçamento
"Juros e Amortizações da Dívida" (em amarelo) sufocam o Brasil
ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO PARA 2014 É EXPRESSÃO REAL DO DOMÍNIO DA AGIOTAGEM NO BRASIL À CUSTA DA FOME DO POVO, QUE FICA COM AS SOBRAS, QUANDO SOBRAM. OLHA OS NÚMEROS. ATÉ QUANDO?
O ajuste fiscal que os banqueiros querem impor ao governo vitorioso nas urnas graças à promessa de continuidade das política sociais, para sustentar avanço na melhoria da distribuição da renda, implica acelerado empobrecimento da população em nome da defesa das teses neoliberais que favorecem os agiotas beneficiários dos juros mais altos do mundo. O jornal O Globo, do dia 04/11, diz que estão em ascensão os conflitos sociais em todo o País.
Ora, se se tira o pobre do orçamento, diminuindo recursos públicos destinados a ele, esses movimentos aumentarão ou diminuirão, sinalizando tensões políticas insuportáveis?
A oposição tenta o golpe da mobilização social para conseguir impeachment da presidenta Dilma. O arrocho fiscal acelera o processo de desgaste daquela que foi vitoriosa contra os abutres e sanguessugas, parasitas do dinheiro público, responsáveis pelo baixo crescimento econômico, porque sugam a poupança popular na base da pura agiotagem.
O que os governos dos países capitalistas ricos, com destaque para o dos Estados Unidos, fizeram para enfrentar a grave crise de consumo, depois da bancarrota financeira de 2007-2008, que secou a renda financeira disponível para gastar, dinamizando as forças produtivas em colapso?
O FED, diante do arrocho fiscal, flexibilizou as taxas de juros, elevando a oferta de dinheiro na circulação.
Foi a forma encontrada para recuperar a saúde das empresas.
Passados seis anos, a economia americana está voltando a respirar.
A economia europeia, que não recebeu, do Banco Central Europeu, a injeção de dinheiro suficiente, está recebendo, agora, como medida salvacionista, para evitar escalada deflacionária.
Não houve conjugação dos dois fatores, ao mesmo tempo, isto é, ortodoxia monetária e fiscal.
Aplicou-se o arrocho fiscal, mas deixou aberta a porta do juro baixo.
O que está começando a acontecer, no Brasil, pós vitória eleitoral de Dilma?
Os banqueiros centram fogo em favor do aumento do juro e do corte de gasto.
Ortodoxia em dose dupla.
Tudo para fazer economia forçada, para pagar juro da dívida, que eles chamam de "esforço de poupança interna", na tentativa vã de promover investimentos, no compasso da redução da relação dívida/PIB.
Jefrey Sachs, economista americano, semana passada, no "Valor Econômico", ironizou ações governamentais nesse sentido.
Considera infantil achar que o setor privado irá aos investimentos, com o enxugamento das finanças do governo, cuja demanda, em tempos de crise, é a que salva o capitalismo, gerando renda disponível para o consumo.
Sachs dá um puxão de orelha em Luiz Carlos Mendonça de Barros, financista especulador, que, na "Folha de São Paulo", disse "ter chegada a hora de o Estado cair fora da economia, para dar espaço ao setor privado".
Na verdade, o que os banqueiros e toda a corte de economistas neoliberais, financiados por eles, reiteram, sem parar, é a necessidade de dar um basta na conquista dos trabalhadores expressa em mais acesso às verbas orçamentárias, voltadas à realização de políticas sociais distributivas.
Lula, em sua análise das eleições, destacou que os pobres, nos últimos 12 anos, tiveram sua participação ampliada no Orçamento Geral da União.
A parte do leão, sem dúvida, continua sendo do sistema financeiro, para pagamento de juros e amortizações.
Do total dos R$ 2,83 trilhões do OGU, para 2014, 42,04% destinam-se aos especuladores, para pagar dívidas, cuja composição, formada por juros especulativos e práticas ilegais, relacionadas à total falta de transparência que compõe o Sistema da Dívida, requer, urgentemente, auditoria completa, a ser realizada pelo Congresso Nacional, como defende o economista belga Eric Toussaint, integrante do grupo internacional de auditores que investigou a dívida do Equador, processo pelo qual foi identificado um endividamento ilegal, motivador de um desconto de 70% do seu total, mediante amplo apoio popular.
Evidentemente, se, além de abocanhar 42,04% do dinheiro do orçamento da União, os banqueiros, ainda, obtiverem, como desejam, mais 2% do PIB em forma de "superavit primário", economia forçada, para engordar os lucros em juros, os pobres cairão fora do orçamento.
Melhor, serão enxotados.
Durante os últimos cinco meses, não se fez superavit primário, acumulando déficit de R$ 20,4 bilhões.
Os credores se exasperaram.
No entanto, esse “rombo”, assim denominado pelos repórteres de economia da grande mídia, tem um nome: pleno emprego.
Déficit público recorde = pleno emprego.
Tivesse não ocorrido déficit, "rombo", que é uma tentativa do mercado financeiro de induzir a sociedade a acreditar que é "roubo", a taxa de desemprego estaria beirando os 10% da população economicamente ativa.
Aécio Neves adoraria, pois teria ganho a eleição.
Foi o pleno emprego, ou taxa recorde de desemprego de 4,9%, que garantiu a eleição de Dilma Rousseff.
Os tucanos estariam de volta ao poder, por conta da seriedade do governo em seguir recomendação dos agiotas, a de economizar, não realizando gastos públicos, a fim de liquidar dívidas.
O projeto ideal da oposição seria aprofundar a fome do povo, para que pudesse ela estar, hoje, comemorando a vitória e não amargando a derrota.
O debate do ajuste fiscal precisa desembocar-se no Congresso.
Por quê?
O que se vê, na fase pós-eleitoral?
Os congressistas, simplesmente, estão resistindo ao aperto fiscal, não querem arrocho nas contas públicas.
O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros, diz que, nesta semana, doa a quem doer, coloca em votação alteração na forma de pagamento das dívidas estaduais.
Em vez de o reajuste delas ser feito pelo IGP-DI, mais juros de 6% a 9%, os senadores rendem-se às reivindicações dos governadores: reajuste pela SELIC mais juros de 4,5%.
Querem pagar menos dívida.
A conta vai para quem?
Para o contribuinte ou para os credores?
Se for feito o ajuste que o mercado financeiro está pregando, não será possível atender os senadores, representantes dos Estados, que se comprometeram com suas bases, governadores e prefeitos.
E, agora, José?
Além da mudança do indexador das dívidas estaduais, querem, ainda, os congressistas, especialmente, os deputados, a aprovação do "orçamento impositivo".
O deputado Eduardo Cunha(PMDB-RJ), terror do Planalto, articula derrota de Dilma, na disputa pela presidência da Câmara.
Terá uma arma a mais em mãos, para lutar pela sua base, se a titular do poder não aceitar o orçamento impositivo.
Não seria possível, caso seja aprovada essa impositividade, realizar contingenciamento de recursos públicos, como se faz todo o ano, para sobrar dinheiro para pagamento de juros.
E tem mais.
Além do orçamento impositivo e mudança de indexador de dívidas estaduais, estão na pauta dos congressistas:
1 – Fim da contribuição de inativos;
2 – Equiparação de salários de presidente da República, vice, ministros de Estado, senadores, deputados federais, ministros do Supremo Tribunal Federal;
3 – Aumento do Fundo de Participação dos Municípios;
4 – Reivindicação dos ministros do Supremo por aumento de 22%, bem acima dos 5% previstos no orçamento;
5 – PEC da Bengala, elevando de 70 para 75 anos data-limite de aposentadoria dos ministros do STF.
Tudo isso implica grana, que tem de sair de algum lugar: superavit primário menor para banqueiro ou sangria depuradora do bolso dos trabalhadores.
Vale dizer: quem está pressionando para que não haja superavit primário nas contas públicas não é o Planalto, mas o Congresso e o Judiciário.
Como fazer o ajuste fiscal que os banqueiros pregam, se nem o Planalto, nem o Congresso, nem o Judiciário abrem mão da clássica filosofia farinha pouca meu pirão primeiro?
A República está vomitando ajuste fiscal.
A pergunta, portanto, é: o ajuste terá que ser feito sacrificando a população ou impondo uma redução – ou renegociação – das dívidas a serem pagas aos credores?
Superavit primário para engordar banqueiro virou tormento político republicano.
Nesse contexto pós-eleitoral, terá força o novo ministro da Fazenda para impor às forças políticas, em luta pela hegemonia do poder, no Parlamento, a determinação, vinda do mercado especulador, contra a satisfação dos interesses populares?
Evidentemente, a opção pelo arrocho fiscal, como pregam os agiotas, ávidos de juros mais altos, vai aprofundar as insatisfações sociais e a tendência separatista que os paulistas, arregimentados pela direita golpista, prenunciam, pedindo impeachment de Dilma Rousseff.
Seria a forma mais rápida de ir tornando o País, politicamente, ingovernável".
FONTE: do site "Patria Latina" (http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=68197667db0818801a9bb210793be9c9&cod=14585).
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