Paisagem da oposição
Por JANIO DE FREITAS, na própria tucana "Folha de São Paulo"
"Há tempos as bancadas do PSDB e do DEM foram aqui chamadas de oposição preguiçosa. Não mudaram.
A construção de uma forte barragem opositora, anunciada pelo senador Aécio Neves em seu festivo retorno ao Senado, tem uma dificuldade para efetivar-se: oposição dá trabalho.
Desde a onda do mensalão, com a CPI, os governos Lula e Dilma não precisaram incomodar-se de fato com o PSDB, o DEM (o PFL travestido) e os comerciantes que às vezes lhes fizeram companhia. Mesmo na CPI do mensalão, os representantes desses partidos já recebiam tudo mastigado, cabendo-lhes apenas fazer o espetáculo.
De então para cá, os oposicionistas nem se deram ao trabalho de ser ao menos palavrosos. O PSDB deixou ao senador Álvaro Dias a tarefa de fazer uma declaração a cada ato do governo, mais ou menos a mesma sempre, e o DEM entregou a tarefa ao senador José Agripino Maia. Duas pessoas educadas, portanto impróprias para fazer pela oposição maior disfarce do que umas acusações ligeiras e vazias.
Há tempos as bancadas do PSDB e do DEM foram aqui chamadas de oposição preguiçosa. Não mudaram. Ambas deixaram que os meios de comunicação trabalhassem por elas, considerando suficiente --por comodismo ou incompetência-- dar algum eco ao novo padrão do jornalismo brasileiro, de mínimos rigores e noticiário com feições políticas [partidárias pró-direita] indisfarçáveis. Mas o futuro desse sistema não levaria a boas paisagens.
DESMEMÓRIA
A perda de memória é tanta que parece esquecido até aquele bordão, acusatório e salvador, de que o brasileiro não tem memória. Nem a propósito das eleições, que o sobrepunham a tudo dito na campanha e nos resultados, a sentença pôde ser lida ou ouvida.
E, no entanto, nunca foi mais apropriada. Texto da Executiva do PT, por exemplo, expressa a conclusão de que a conquista do "quarto mandato [é] algo que nenhuma outra força política havia alcançado até agora no país".
Houve uma que ocupou quatro mandatos, sim. E o fez por ser a maior força política do Brasil em todo o século 20: o Exército.
A frase destacada pela edição do artigo de Luiz Felipe Pondé: "O PT ensinou bem o ódio político ao Brasil e agora poderá provar do próprio veneno". O golpe não foi feito por amor, a ditadura e as torturas e os assassinatos não foram feitos como carinhos, Lacerda e o udenismo não ensinaram o convívio democrático. E nem foi só a tais alturas que o ódio entrou na história do Brasil, para ficar não se sabe até quando. Está, aliás, em maré crescente.
Muito espaço e tempo foram ocupados com as acusações da delação de Paulo Roberto Costa ao presidente da Transpetro, Sérgio Machado, e agora com sua licença forçada da presidência dessa subsidiária da Petrobras. Nunca foi esquecida a informação, correta, de que Machado chegou ao cargo em 2003, primeiro ano do governo Lula, como indicado de Renan Calheiros e do PMDB.
Em todo esse tempo de escândalo Petrobras, tem sido difícil ver a informação de que Sérgio Machado foi do PSDB.
E nem era um a mais ou a menos no partido.
De 1995, primeiro ano do governo Fernando Henrique Cardoso/PSDB, a 2001, foi o líder do PSDB no Senado. Nesse último ano, teve o principal papel na batalha com que o governo barrou a CPI da Corrupção. Tarefa na qual Machado já estava experiente e consagrado, a ponto de ser chamado de "o Trator". Próximo de completar o sétimo ano na liderança, deixou o PSDB pelo PMDB, por briga com o então governador Tasso Jereissati e para disputar o governo cearense em 2002. Foi para compensar a derrota que Renan Calheiros o apresentou como indicado do PMDB à Transpetro".
FONTE: escrito por JANIO DE FREITAS na própria tucana "Folha" (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/194266-paisagem-da-oposicao.shtml)
COMPLEMENTAÇÃO
Transcrevo, por oportuno, nossa postagem de 18 setembro último:
Carreira “política” de Costa na Petrobrás começou na era tucana
Por Miguel do Rosário
O "Tijolaço" teve acesso a um documento que traz informações que a mídia tem sonegado à população brasileira.
Tem sido vendido à opinião pública que Paulo Roberto Costa, agora no epicentro de um escândalo de corrupção, teria começado sua carreira na Petrobrás em 2004, quando foi nomeado diretor de abastecimento.
Não é verdade.
Costa entrou na Petrobrás em 1979, quando participou da instalação das primeiras plataformas de petróleo na Bacia de Campos.
Suas primeiras indicações políticas dentro da estatal se deram em governos tucanos.
Em 1995, sob a gestão de FHC, é indicado como Gerente Geral do poderoso departamento de Exploração & Produção do Sul, responsável pelas Bacias de Santos e Pelotas.
Nos anos seguintes, sempre sob gestão tucana, Costa foi beneficiado por várias indicações políticas internas da Petrobrás. Foi diretor, por exemplo, da GasPetro de 1997 a 2000.
Sua indicação para diretor de abastecimento em 2004, na gestão Lula, era o caminho natural de alguém cujas funções internas lhe permitiram deter informações estratégicas da Petrobrás.
Sob a gestão Dilma, Paulo Roberto Costa foi exonerado, primeiro, e depois preso pela Polícia Federal."
FONTE da complementação: escrito pelo jornalista Miguel do Rosário no blog "Tijolaço" (http://tijolaco.com.br/blog/?p=20920).
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