terça-feira, 2 de setembro de 2008

MUITO ESTRANHA A PRECIPITADA DENÚNCIA DO STF

Acho tudo muito esquisito. O presidente do STF já aponta para o culpado: a ABIN!!! Estranha, porque Gilmar Mendes não tem nenhum fato que ampare essa grave acusação direcionada. Suspeita, porque um Presidente do STF não tem o direito de ignorar o mal que faz ao país com essas acusações bombásticas e contundentes, mas sem base que as ampare. Ele tem todo o direito de desconfiar com seus botões de A, B ou C. Porém, não pode sair alardeando acusação vazia.

Eu também poderia desconfiar de interesses políticos da oposição de, combinadamente com o correligionários do STF, gravar um telefonema e entregar à Veja. E essa revista radical da direita dizer que foi um anônimo da ABIN que repassou para ela a gravação. Tudo com o objetivo de criar mais uma crise que cresça, manipulada pela grande mídia, até o “impeachment” do Presidente Lula. Não seria a primeira nem a segunda, nem a terceira crise assim tentada desesperadamente pela oposição nos últimos anos. A oposição sabe que pelos meios normais (eleição, voto) dificilmente retornará ao poder em 2011.

Eu me surpreendo com Gilmar Mendes, mas o veterano jornalista Lustosa da Costa, com seus mais de cinqüenta anos de profissão não. Ele até prestou, em 11 de julho último, uma homenagem ao presidente do Supremo Tribunal Federal que demonstrou, ardorosa e desinteressadamente, que a Justiça brasileira, que levava anos e anos para julgar causas simples, agora age em velocidades supersônicas, minutos, para libertar miliardários, como o banqueiro Daniel Dantas, envolvido em gigantescas fraudes com dinheiro público. Muitos leigos como eu não compreenderam esse fantástico, inusitado e protetor desempenho recordista olímpico de Gilmar Mendes em prol do desprotegido banqueiro.

Transcrevi naquela data as singelas notas de Lustosa da Costa em sua coluna no Diário do Nordeste, sob o título “LIBERAÇÃO PREVISTA”: “Não surpreendeu a ninguém a liberação [por Gilmar Mendes] do banqueiro Daniel Dantas, tornado milionário no governo FHC, assim como a de Salvador Cacciola. Afinal, como prender homem tão rico, tão generoso, que sabe cativar tanta gente importante? Cadeia é para pé rapado, para pobre ou preto.”

Há muito tempo que este blog estranha as atitudes de Gilmar Mendes. Por exemplo, em 17 de maio escrevemos sob o título “PROTEÇÃO DE GILMAR MENDES AO PSDB CONTESTADA”:

“O atual Presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, foi um eficiente engavetador de processos que prejudicassem o PSDB e PFL (hoje DEM) quando pertencia ao governo FHC.

Recentemente, poucos dias depois de empossado presidente do STF, Gilmar Mendes demonstrou que estaria mantendo aquelas características, pois logo mandou engavetar processos contra FHC, Malan, Serra e Pedro Parente.

Essa qualidade de Gilmar Mendes, entretanto, está em contestação pelo Procurador-Geral da República. [Transcrevi naquela postagem texto publicado na véspera (16/05) no site "Última Instância"]:

"PGR PEDE QUE STF REVEJA DECISÃO DE ARQUIVAR AÇÕES CONTRA EX-MINISTROS"

"O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, contestou, na última segunda-feira (12/5), a decisão do presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, de arquivar as duas ações de improbidade administrativa contra três ex-ministros de Fernando Henrique Cardoso: José Serra (Planejamento), Pedro Malan (Fazenda) e Pedro Parente (Casa Civil).

O procurador-geral pleiteia o reexame da decisão para que as ações voltem a ser julgadas nas instâncias de origem.

No dia 22 de abril, um dia antes de assumir a presidência do STF, o ministro Gilmar Mendes julgou procedente a reclamação ajuizada pelos ex-ministros em outubro de 2002 a fim de anular a decisão da Justiça Federal de Brasília, que condenou os acusados a devolverem quase R$ 3 bilhões aos cofres públicos.

Mendes exerceu a função de advogado-geral da União durante o governo FHC e deixou o cargo em junho de 2002 para assumir a vaga de ministro no STF —quatro meses antes de receber a reclamação dos ex-ministros.”

Realmente, há muito tempo acho o homem com um perfil muito esquisito.

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