O jornal “O Estado de São Paulo”, em texto de Fernando Dantas, publicou ontem (li no blog de Luis Favre):
SEGUNDO ESTUDO DO DRESDNER, PAÍS SÓ PERDE PARA A CHINA E A RÚSSIA
“Em uma análise de 25 países países emergentes espalhados pela Europa, Ásia, Oriente Médio, América do Sul e América Central, o departamento de pesquisa do banco Dresdner Kleinwort aponta que o Brasil está entre os de menor vulnerabilidade econômica e financeira. Em termos de vulnerabilidade macroeconômica, o Brasil é o terceiro melhor, só perdendo da China e da Rússia. Na análise financeira, o Brasil é o segundo melhor, ficando atrás apenas da Indonésia (que tem uma vulnerabilidade econômica acima da média).
Segundo o relatório, que está voltado sobretudo para os riscos financeiros e bancários, a crise está levando os bancos dos países ricos a entrar em processo de desalavancagem (aumento da relação entre capital próprio e empréstimos), o que deve fazer com que foquem mais os seus mercados domésticos, e menos os dos países emergentes. Esse ajuste está reduzindo os fluxos de crédito, de compra de ações e de apostas especulativas dos ricos para os emergentes, colocando pressão nas economias e no setor financeiro desses últimos.
As conclusões do trabalho são que, entre os emergentes, as economias pequenas e abertas, com grande presença de bancos estrangeiros, são as mais expostas à turbulências financeiras derivadas da crise bancária global. E as nações com grande comércio exterior, com maior liberdade de fluxos de capitais e com menores reservas internacionais são as que podem perder mais por causa da desaceleração mundial.
Finalmente, as que têm sistemas bancários mais profundos, e poucas reservas internacionais, são as que sofrem o maior risco de que suas próprias instituições financeiras sejam contaminadas pela crise bancária dos ricos.
Neil Dougall, economista-chefe para mercados emergentes do Dresdner Kleinwort, observa que os resultados do exercício que o banco fez sobre vulnerabilidade dos países é relativamente mecânico, já que deriva de um conjunto de indicadores. Dessa forma, ele ressalva, é preciso também fazer uma análise caso a caso. Dougall nota que a Argentina está bem situada naqueles indicadores, com o quinto lugar tanto no risco econômico quanto no financeiro, mas uma análise mais acurada indica que “é muito difícil que a Argentina esteja numa posição forte num quadro de maior redução de crédito, desaceleração global e queda do preço das commodities”.
No caso do Brasil, porém, Dougall acha que a boa posição do País na análise do relatório reflete a realidade. “É claro que o Brasil será afetado pela crise, como todos os emergentes, mas hoje o País está em condições muito melhores para enfrentar os problemas e ter condições de retomar o crescimento acelerado quando o cenário global melhorar”, diz o economista. Ele atribui essa vantagem à manutenção, por diversos anos, de políticas fiscais e monetárias conservadoras.
Entre os indicadores analisados no trabalho, o Brasil se destaca, por exemplo, como tendo empréstimos dos bancos internacionais (tanto em dólares como em reais, no caso daqueles que operam no País)que correspondem a cerca de 10% do PIB, e a 50% das reservas internacionais. O estudo mostra que vários emergentes do Leste europeu têm o indicador entre 50% e 100% (ou até mais), como porcentual do PIB, e entre 200% e 800%, como porcentual das reservas internacionais. Isso significa que, ao enxugarem seus ativos fora dos países onde têm suas sedes, os bancos internacionais estão provocando sérios abalos naqueles países.
Um caso extremo é o da Islândia: os empréstimos dos bancos internacionais aos islandeses correspondem a mais de 400% do PIB e a 1600% das reservas internacionais do país”.
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