Li ontem no site “Direto da Redação” o seguinte artigo de John Hemingway:
OS SAPATOS VERMELHOS DE PALIN
"Montréal (Canadá) - Você tem que se render à mídia americana. Ninguém, mas ninguém, é tão capaz de amordaçar a opinião pública como ela. Com a economia do país à beira de uma catástrofe financeira, que poderá transformar a Grande Depressão da década de 1930 numa brincadeira, será que o New York Times, o Washington Post ou qualquer um dos outros filtros de notícias da elite tentam entrar na raiz dessa confusão e explicar aos seus leitores que eles foram enganados mais uma vez? Não, eles não fazem isso.
Eles também não escrevem sobre o buraco negro econômico e moral de nossas guerras de conquista no Oriente Médio. Este é um tema tabu na América e é uma vergonha, pois a estimativa é de um gasto de 1 trilhão de dólares todos os anos no complexo militar/industrial dos Estados Unidos, um dinheiro que pagaria facilmente as dívidas fora de controle de todos os estados, da Califórnia ao Maine, ou as hipotecas das casas que milhões de americanos já não podem se dar ao luxo de pagar , ou os programas de saúde pública que só funcionários públicos tinham e têm direito.
Existe, de fato, uma enorme e crescente lista de emergências na América que precisam ser tratadas e rápidamente, mas não espere que alguém da próxima administração vá se preocupar com isso. Esse dinheiro já foi decidido (por Wall Street e o Pentágono), e ninguém na mídia escreve sobre isto. Porque não é interessante nos EUA.
Em vez disso, eles falam de "Joe, o encanador", um trabalhador preocupado com a possibilidade de Obama aumentar seus impostos, ou sobre o “ex-pregador radical” de Obama, o reverendo Wright e suas "opiniões racistas" (ele foi aquele que cometeu o erro indesculpável de gritar em um de seus sermões, e deixando que sua ira fosse captada em vídeo, "América vai para o inferno, pelo que já fez”). Por outro lado, eles não falam muito sobre o avançado câncer de pele ou melanoma de McCain ou que muitos especialistas lhe dão menos de 25% de chance de viver até o fim de seu primeiro mandato, se ele for eleito.
No entanto, talvez a notícia mais bizarra da semana passada seja o gasto de US$150.000 para o guarda-roupa de Sarah Palin, pago pelo fundo de campanha do Partido Republicano. Ela não é, acabamos de descobrir, da classe trabalhadora, não é a mãe e dona de casa que pensávamos, porque ela veste roupas sofisticadas da Neiman Marcus, sapatos vermelho-rubi da Saks Fifth Avenue.
Sem dúvida, é para estarmos chocados com isso e com a incrível ingenuidade dos americanos, de fato muitas pessoas irão ver esta mudança de imagem como uma espécie de traição. Em outros países, eleitores tendem a entender que políticos são mentirosos profissionais e que praticamente tudo que diga respeito a imagem deles na mídia é artificial, mas não nos EUA.
Subterfúgios não serão tolerados nas eleições presidenciais americanas, porque um homem ou uma mulher, têm que ser do jeito que ele ou ela foi oferecido ao público. O importante é "ficar na mensagem", nunca desviando-se do script.
O sistema pode estar podre em seu núcleo, corrompido além do que se poderia imaginar, cheio de imagens distorcidas e expectativas irreais, mas a farsa destas eleições tem que ser mantida. As mentiras e os crimes na base de nosso íngreme declínio têm que ser ignorados, pelo menos até que o poder seja transferido com sucesso de uma facção do partido de negócios da nação para a outra.
É o jeito americano de ser”.
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