O jornalista Paulo Henrique Amorim escreveu com fina ironia ontem em seu blog “Conversa Afiada”:
“Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista”
A tenacidade e o sangue frio de José Serra fizeram dele o maior vencedor da eleição de domingo. Aliou-se ao PMDB, elegeu seu poste, derrotou os adversários internos e, num lance de SORTE CRONOLÓGICA (sic), habilitou-se para UMA LIDERANÇA POLITICA QUALIFICADA PARA TRATAR COM OS EFEITOS DA CRISE INTERNACIONAL SOBRE A ECONOMIA BRASILEIRA (sic).”
É assim que começa a colona (*) de Elio Gaspari, hoje, na Folha (da Tarde**) e no Globo, dois baluartes do PiG.
Gaspari, como se sabe, preside, na sombra da madrugada, a bancada de jornalistas que trabalha à luz do Sol para José Serra.
Ninguém tem mais ascendência sobre Serra do que Gaspari.
Nem a filha, Veronica Allende Serra, que mereceu da Istoé Dinheiro (onde pontifica Leonardo Attuch), na Web, um perfil encomiástico.
Veronica Serra, como se sabe, fez negócios com a irmã de Daniel Dantas na empresa Decidir.Com Inc.
É “a mulher mais importante da internet brasileira”, diz a IstoÉ de Leonardo Attuch ...
Nem ela, tão importante, tem sobre José Serra a ascendência que Gaspari tem.
Serra não dá um passo sem consultar Gaspari.
A recíproca não é verdadeira, porque Gaspari não leva Serra tão a sério quanto Serra leva Gaspari ...
Nesta colona de hoje, como sempre, é muito difícil entender o que diz Gaspari.
Mas, supõe-se que seja o seguinte:
Serra deu uma sorte danada: ganhou a eleição na hora em que a economia mundial (e brasileira) foi para o saco.
(Serra e Fernando Henrique co-presidem o movimento “Quanto Pior Melhor”.)
É o que Gaspari chama de “sorte cronológica” ...
E por que a “sorte cronológica” ?
Porque Serra “habilitou-se para uma liderança política”.
Se o amigo leitor prestar muita atenção e tiver acompanhado a carreira de Gaspari como ghost adviser de Serra, terá percebido que Gaspari quis dizer:
Só Serra está preparado para resolver a crise.
Serra, como se sabe, é muito “preparado”.
“Preparado” para quê, não se sabe.
Mas é o que seus bajuladores dizem.
Serra está “preparado” para tudo.
Essa conversa é velha.
Serra se vende como o ÚNICO capaz de resolver qualquer crise, há muito tempo.
Ele sempre teve “sorte cronológica”.
Quando o Governo do Farol de Alexandria ia à breca – e foi três vezes - , Serra tinha “sorte cronológica” e se apresentava – em off, no PiG - como o que poderia salvar o Brasil, desde que Fernando Henrique o colocasse no lugar do Pedro Malan.
Na sucessão de Fernando Henrique, quando Serra disse que o Brasil ia virar uma Argentina e a Regina Duarte morria de medo, Serra teve “sorte cronológica”, já que seria o ÚNICO capaz de resolver aquela crise, porque ele é “preparado”.
Quando estourou a crise financeira corrente, Serra voltou aos colonistas do PiG para “explicar” como administrar o câmbio.
E já se sabe como é que se resolve o câmbio, para Serra: o câmbio tem que ficar no ponto exato para ajudar as exportações paulistas e impedir a importação de produtos que venham a competir com os produtos paulistas.
Essa é a “política cambial” de Serra, a “política cambial paulista” do Serra.
Serra entende tanto de câmbio quanto de Polícia Civil ...
Mas, ele é “preparado”.
Na verdade, o Gaspari acaba de transformar o Serra no verdadeiro “Nosso Guia” !
(*) Se refere à “colônia”, dá a idéia de pessoa “colonizada”, submetida ao pensamento hegemônico que se originou na Metrópole e se fortaleceu nos epígonos coloniais. Epígonos esses que, na maioria dos casos, não têm a menor idéia de como a Metrópole funciona, mas a “copiam” como se a ela pertencessem”.
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