A revista Isto É desta semana publicou o seguinte texto de Octávio Costa:
RÚSSIA E FRANÇA ACIRRAM DISPUTA PELO MERCADO DE DEFESA DO BRASIL E DA AMÉRICA DO SUL
Depois de ficar fora da cobiçada concorrência para o fornecimento de caças supersônicos à Força Aérea Brasileira (FAB) no projeto FX- 2, a Rússia conseguiu emplacar um negócio com o governo brasileiro na área de defesa estimado em US$ 300 milhões. Trata-se de um contrato para a venda de 12 helicópteros de ataque Mi-35 à FAB - verdadeiros tanques de guerra aéreos que patrulharão os céus da Amazônia. Esse acordo, costurado nos últimos dois anos, foi anunciado na quarta-feira 26 durante a visita do presidente russo Dmitri Medvedev ao Brasil - ele fez um périplo latino-americano que incluiu Peru, Venezuela e Cuba. Medvedev e Lula também assinaram acordo de cooperação nas áreas aeroespacial, nuclear e de defesa.
Para evitar a repetição de problemas ocorridos na Venezuela, que ficou dependente de peças de reposição russas, a FAB exigiu de Moscou a instalação no País de centros de manutenção para os helicópteros. Pediu também que eles fossem equipados com aviônicos israelenses fabricados aqui pela AEL. Mas a compra desses helicópteros destoa do padrão definido pelo Ministério da Defesa, determinado a substituir as tradicionais compras de prateleira por transferência de tecnologia para o reaparelhamento das Forças Armadas. Os russos aceitam essa exigência, mas desde que os contratos firmados com o Brasil tenham escala, como os que eles têm com a China e com a Índia.
A falta de transferência de tecnologia foi o motivo pelo qual o supercaça russo Sukhoi Su-35 - fornecido pela Rosoboronexport, o mesmo exportador do Mi-35 - ficou excluído da licitação do pacote FX-2 da FAB.
Mas os russos continuam de olho na América do Sul. Já estão com os pés firmemente fincados na Venezuela, com quem estabeleceram uma parceria estratégica vendendo caças, helicópteros e fuzis e até mesmo realizando exercícios militares conjuntos no Caribe.
Moscou continua disputando com Paris o promissor mercado de defesa brasileiro.
Atualmente, contudo, os franceses estão levando vantagem, como admite o ministro de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger. Em dezembro, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, desembarca no Brasil para assinar um amplo acordo de cooperação na área de defesa. A França já se comprometeu a transferir tecnologia militar para o Brasil. A Marinha brasileira, por exemplo, deve comprar submarinos convencionais da classe Scorpène para desenvolver a tecnologia de fabricação do casco do futuro submarino a propulsão nuclear brasileiro. E, no projeto FX-2, a Dassault, fabricante do Rafale, caça supersônico de quarta geração, está disposta a repassar os códigos-fonte (software) à Embraer. Isso dá boas chances ao Rafale, que disputa com o americano F/A-18 Hornet, da Boeing, e com o sueco Gripen, da Saab.
Também está em negociação com os franceses o fornecimento de 50 helicópteros de transporte EC-725, da família SuperPuma/Cougar, da Eurocopter. Esses helicópteros serão fabricados em parceria com a brasileira Helibrás. Existe a expectativa de que esse contrato seja assinado durante a visita do presidente Sarkozy ao Brasil. Se isso se concretizar, a previsão é de que o primeiro EC-725 seja entregue em 2010.”
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