quinta-feira, 6 de maio de 2010

BELO MONTE E A VERGONHA DA "INDÚSTRIA DO APAGÃO"

Renato Rabelo: Belo Monte e a vergonha da “indústria do apagão”

"Há duas semanas uma corrida de liminares sintetizou, de fato, o que realmente representou a contenda sobre a construção da usina de Belo Monte, concebida para ser a terceira maior usina hidrelétrica do mundo: qual o modelo (ou não modelo) se quer para o futuro do Brasil.

Por Renato Rabelo*, em seu blog
Não existe discussão sobre a grande necessidade de energia para o país crescer e enfrentar as sua enorme dívida social. Mas a mesquinhez daqueles cuja concepção de Brasil está mais para um desenvolvimento dependente, nos leva a ter uma irresistível constatação: de um lado aqueles que pensam num país às portas de se tornar a 5º economia do mundo. De outro, aqueles que até um pouco tempo atrás produziram uma nova modalidade de atividade industrial: a “indústria do apagão”.

“Indústria do apagão” esta que conta com o apoio nada velado de ONG`s financiadas por contribuintes dos países ricos e, evidente, de uma mídia encarregada de editar o “Diário Oficial do PSDB”.

Uma mídia que nunca criticou, por exemplo, nenhum teste de bombas de hidrogênio feita no deserto do Arizona. Mas critica a viabilização de alargamento de nossa capacidade energética pela via de utilização de energia limpa, seja ela hidrelétrica ou nuclear.

Nunca questionou a transformação dos rios norte-americanos em hidrovias. Já o nosso país não pode ter hidrovias. Nem grandes hidrelétricas. Não protestam contra a utilização de termelétricas no Rio Grande do Sul, altamente poluidoras. Enfim, o negócio é jogar contra o Brasil 24 horas por dia.
Vamos aos fatos. Recentemente um “Plano Nacional de Energia 2030” fora lançado com números no mínimo alarmantes, e que seguem diferentes quadros para diferentes hipóteses de desenvolvimento industrial.

Num cenário médio, tendo o Brasil uma média de crescimento anual de 4,1%, ante uma taxa média mundial de 3%, até 2030 a demanda anual por energia no Brasil deve aumentar em 4,3%. Já trabalhando com um ritmo médio de crescimento de 5% e com uma crescente população entrando no mercado consumidor, a tendência é de aumento da demanda em 6,1% ao ano. Porém, interessante é saber que nesse último quadro de crescimento do PIB na casa de 5% ao ano, em 2030 ainda consumiremos sete vezes menos energia que os EUA. E nada de se lançar três toneladas de fezes em frente à Casa Branca!!!

Pessoas e pesquisadores realmente interessadas em preservar o meio-ambiente colocam como alternativa a Belo Monte a utilização da energia eólica e diferentes modalidades de se utilizar da energia gerada pela biomassa.

Na verdade, como fonte complementar às convencionais essas alternativas são viáveis, porém como fonte de energia básica ainda guarda muitos limites, entre eles o do ainda não desenvolvimento de formas industriais de geração de energia por esses meios.

É sobre essa base de dados que se assenta a indispensabilidade da construção da Usina de Belo Monte. Fica uma questão em aberto: e o candidato da “indústria do apagão”, como está se posicionado a esse respeito? Evidente que Serra surfa na onda do “politicamente correto”. Neste caso “politicamente correto” é o inverso quando se trata dos interesses do Brasil.

Segundo o tucano que disputa a presidência da República, no processo de leilão de Belo Monte, “houve tanta complicação ambiental e tanta falta de transparência que a gente sabe que vai dar problema”. Ele se esqueceu de dizer, que o processo de Belo Monte foi muito mais transparente que as licitações envolvendo a construção de linhas de metrô em SP. As denúncias de propina envolvendo a empresa francesa Alston e a morte de pessoas no desabamento das obras do metrô que se expliquem por si."

FONTE: escrito por Renato Rebelo, presidente do PCdoB, e publicado no portal "Vermelho".

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