“Irã apresenta plano nuclear à onu e cobra aval das potências
EUA responderão nos próximos dias; Brasil ironiza críticas
O Irã apresentou ontem formalmente à AIEA (agência nuclear da ONU) a proposta elaborada sob mediação do Brasil e da Turquia para romper o impasse acerca do seu programa nuclear e cobrou que as potências aprovem o acordo para "restaurar a confiança".
A AIEA agora levará a oferta aos principais negociadores: EUA, França e Rússia.
Um porta-voz do governo americano disse que Washington, Paris e Moscou apresentarão uma resposta conjunta nos próximos dias.
Os dois primeiros já sinalizaram que rejeitarão a oferta, apesar de ela atender a exigências formuladas por escrito pela Casa Branca -como o compromisso do Irã junto à AIEA, já oficializado.
Sob pretexto de que o plano não supõe o fim do enriquecimento de urânio pelo Irã, os EUA mantêm planos de aprovar em junho no Conselho de Segurança uma resolução para reforçar sanções econômicas a Teerã.
A França diz ter apoio suficiente para aprová-las.
Na carta entregue ontem pelos embaixadores iraniano, brasileiro e turco na AIEA ao diretor-geral da agência, Yukiya Amano, o Irã diz esperar que EUA, França e Rússia respondam positivamente ao plano finalizado durante visita de Luiz Inácio Lula da Silva a Teerã no dia 17.
Pelo acordo, o Irã se compromete a enviar 1.200 kg de seu estoque de urânio pouco enriquecido à vizinha Turquia para em um ano receber de volta 120 kg do material processado a 20% para uso em pesquisa médica.
Ao aceitar os termos do pacto, Teerã atende a pedido das potências para que o seu urânio não seja enriquecido dentro do próprio território.
No seu programa de rádio "Café com o Presidente", Lula enviou ontem uma mensagem às potências.
"Nós não fomos lá [ao Irã] para negociar acordo nuclear. Não temos procuração para isso. Fomos lá para tentar convencer o Irã a aceitar sentar à mesa de negociações e isso conseguimos."
Em Brasília, o chanceler Celso Amorim e o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, ironizaram ontem os críticos do acordo trilateral.
Segundo Amorim, "o presidente [Barack] Obama foi quem primeiro pediu ao presidente Lula para se interessar por essa questão".
Para Garcia, só "os fracassomaníacos, incluindo alguns ex-diplomatas, falam num suposto fracasso".
O assessor se referia às críticas à mediação brasileira formuladas por diplomatas que ocuparam altos cargos no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Garcia disse que o Brasil quis elaborar "um mapa do caminho" para as negociações, e, caso elas não tenham bons resultados, "outros" devem ser responsabilizados.”
FONTE: publicado no Correio Braziliense
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