sábado, 15 de maio de 2010

INDÚSTRIA NAVAL: QUESTÃO DE SOBERANIA


Questão de soberania

Potencial da indústria naval brasileira é incrementado pelas perspectivas da exploração do pré-sal.

O lançamento ao mar, dia 7, do primeiro petroleiro construído nos últimos 13 anos no país, para o Programa de Modernização e Expansão da Transpetro (Promef) um dos mais importantes projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), pode ser considerado o marco fundamental do nosso processo de desenvolvimento econômico soberano, voltado para os interesses do país, simbolizando a maturidade da nova indústria naval brasileira, que renasce modernizada e em condições tecnológicas para utilizar processos construtivos de última geração, e apta, portanto, a competir com os gigantes mundiais do setor. Os estaleiros brasileiros estão com suas carteiras cheias de encomendas de armadores nacionais e estrangeiros o Brasil já é o quarto fabricante de petroleiros do mundo.

Não faz muito tempo, a indústria naval brasileira vivia uma longa crise. Tudo indicava que estava aniquilada e, enterrada, não abrigava 2 mil empregados. Até mesmo os mais otimistas desaconselhavam sua revitalização, recomendando a compra de navios no exterior.

Mas o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu mudar o cenário negativo de então e dar todo o incentivo à indústria naval nacional. Afinal, um país com 8 mil quilômetros de litoral e 42 mil quilômetros de rios navegáveis não poderia continuar à mercê de armadores estrangeiros para fazer o seu comércio internacional, 95% dele feito por navio, a um custo anual de US$ 16 bilhões, dos quais apenas 4% ficam com empresas brasileiras. Recuperar a indústria naval brasileira e reaparelhar a Marinha Mercante era, portanto, uma questão de soberania, que demandava ação estratégica, para retomar empregos e divisas.

Nesta primeira etapa do Promef, o país vai construir 49 navios e gerar 40 mil empregos diretos, mesmo assim ainda abaixo dos 50 mil que o Brasil detinha na década de 1970 em seus inúmeros estaleiros, todos sucateados por políticas de governo equivocadas quanto ao setor de infraestrutura, agora posto na crista das prioridades, em decorrência das perspectivas da exploração do pré-sal.

Os estados do Nordeste ganharão oportunidades de desenvolvimento e de reter na região, com capacitação adequada e empregos dignos, a mão de obra antes atraída para o Sudeste e Sul, começando por Recife, com o enorme Estaleiro Atlântico Sul, viabilizado por meio das encomendas da Petrobras Transporte S.A. (Transpetro), símbolo do renascimento da indústria naval brasileira e do nascimento da indústria naval em Pernambuco, gerando emprego e renda e mudando a vida das pessoas.

Este novo momento da indústria naval brasileira é símbolo de um modelo que alia o desenvolvimento econômico ao desenvolvimento social.

O desmonte pelo qual passou nas décadas de 1980 e 1990 deve ser definitivamente esquecido.

Que os futuros governantes continuem dando seu apoio a este setor capital para a soberania nacional, que tem potencial para gerar 100 mil empregos a médio prazo."

FONTE: publicado hoje (15/05) no jornal "O Estado de Minas" [imagem colocada por este blog].

3 comentários:

Probus disse...

PARTE: João Cândido, petróleo, racismo e emprego

João Cândido, um dos nossos heróis, marinheiro negro, filho de escravos e líder da Revolta da Chibata.

O navio leva a industrialização para Pernambuco, contribuindo para reduzir as desigualdades regionais. Dá um cala-boca para quem insinuou de forma maldosa que o PAC era apenas virtual.
120 operários dekasseguis foram trazidos do Japão, com suas famílias, para juntarem-se aos operários nordestinos que construíram o navio. Os primeiros não precisam mais morar longe da pátria; os outros, saem do canavial para a indústria e não precisam mais pegar o pau-de-arara, nem entoar com amargura a Triste Partida, de Patativa do Assaré, como um certo pernambucano teve que fazer na década de 50. Até que virou presidente.
Mulheres trabalhando como chefes de equipe de soldagem no Estaleiro Atlântico Sul, no município de Ipojuca, em Pernambuco, pronunciavam frases orgulhosas lembrando que não sabiam nem que esta também poderia ser uma tarefa feminina.
O ex-pescador de caranguejo contava em depoimento agreste que antes do estaleiro não sabia direito como ganhar o sustento da família a cada dia que acordava.
O ex-canavieiro, agora operário, destaca que não depende mais temporalidade insegura da colheita da cana e quando acorda já tem para onde ir, quando antes vivia a insegurança.
O navio petroleiro João Cândido ao ser lançado ao mar pernambucano, deixa em terra um rastro de transformação.
Inicialmente, na vida destas pessoas antes lançadas ao deus-dará de uma economia nordestina reprimida, desindustrializada.
A transformação atinge os municípios mais próximos, pois no local onde foi construído o estaleiro.
Uma antiga moradora, Mônica Roberta de França, negra de 24 anos, que foi escolhida para ser a madrinha do navio, dizia que ali era um imenso areal, não tinha nada. Agora tem uma indústria e uma escola técnica para os jovens da região. E que só agora ela tem seu primeiro emprego na vida com carteira assinada.
Eduardo Campos, “Aqueles que destruíram a indústria naval tem que assumir sua responsabilidade e pedir desculpas à Nação”.

A Petrobrás já não será obrigada a desembolsar cerca de 2,5 bilhões de reais por ano com o afretamento de navios estrangeiros. Há, portanto, um revigoramento do papel do estado na medida em que a reconstrução da indústria naval brasileira é resultado direto de encomendas da nossa empresa estatal petroleira. O que também permite avaliar a gravidade e o caráter antinacional das decisões que levaram um país com a enorme costa que possui, tendo montado uma economia naval de peso internacional respeitável, retroceder em um setor tão estratégico.

Promoveram o espantoso sucateamento, a desnacionalização e a abertura da navegação em favor dos países que querem impedir nosso desenvolvimento.

Há pouco mais de um ano Lula participou de homenagem ao Almirante Negro inaugurando sua estátua na Praça XV, no Rio, que estava há anos guardada, supostamente porque não teria havido grande empenho da Marinha na realização desta solenidade.

João Cândido não está apenas nas “pedras pisadas do cais”, com diz a maravilhosa canção de Bosco e Blanc. Está na estátua e está cruzando mares levando para o mundo afora o nome de um de nossos heróis.

É uma prova real de que sim “navegar é possível”. Navegar na rota da revitalização e qualificação do papel protagonista do estado. Recuperar um curso que havia sido fundado lá durante a Era Vargas onde se combinava industrialização e nacionalização com geração de empregos e direitos trabalhistas.
A necessidade de reconstruir a partir dos escombros da ruína das privatizações - entulho neoliberal - tendo no dorso no navio-gigante o nome heróico do líder da Revolta da Chibata.
Sem revanchismo, o episódio permite lembrar outra canção: “É a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar”.

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16584

Unknown disse...

Prezado Probus,
Obrigada por essa boa contribuição para os leitores do blog.
Maria Tereza

Probus disse...

Oi Maria Tereza, é porque a desativação da Indústria Naval no BraSil foi um crime. Domingo, Sergio Machado soltou as cachorras, sobrou até para Usiminas.
Tem um cartel nipônico na Usiminas coo-ligado na também nipônica VRD. A farra do aço estava interessante, pra "eles"...
Mas, relativo ao que eu postei de Beto Almeida, o autor cita dois trechos, de dois poemas escritos a cinquenta anos atrás onde já clamavam os excluídos. E quando ele se refere a revanchismo, é porque Geraldo Vandré pedia "lex talionis" aos algozes, e a gente até tentou, não tem nem um mês, mas o STF rejeitou!!

O Mestre Sala dos Mares
João Bosco e Aldir Blanc

Há muito tempo nas águas da Guanabara, o dragão do mar reapareceu na figura de um bravo marinheiro a quem a história não esqueceu.
Conhecido como o almirante negro, tinha a dignidade de um mestre sala e ao navegar pelo mar com seu bloco de fragatas foi saudado no porto pelas mocinhas francesas, jovens polacas e por batalhões de mulatas.
Rubras cascatas jorravam das costas dos negros pelas pontas das chibatas inundando o coração de toda tripulação. Que a exemplo do marinheiro, gritava então:
Glória aos piratas, às mulatas, às sereias!
Glória à farofa, à cachaça, às baleias!
Glória a todas as lutas, inglórias, que através da nossa história não esquecemos jamais. Salve o almirante negro, que tem por monumento as pedras pisadas do cais, mas faz muito tempo.

(Esta letra é a original, foi censurada e alterada)

Aroeira

Vim de longe e vou mais longe, quem tem fé vai me esperar (escrevendo numa conta pra junto a gente cobrar), no dia que já vem vindo, que esse mundo vai virar.
Noite e dia, vem de longe, branco e preto a trabalhar e, o "dono" senhor de tudo, sentado, mandando dar. E a gente? Fazendo conta, pro dia que vai chegar.
Marinheiro!! Marinheiro!! Quero ver você no mar. Eu também sou marinheiro, eu também sei governar!! Madeira de dar em doido vai descer até quebrar, é a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar.