“Entramos na reta final das eleições brasileiras do próximo domingo, que se concentram na eleição do presidente e do vice-presidente mas que compreende também a renovação total da Câmara dos Deputados e de dois terços do Senado, a eleição dos 27 governadores e das Assembleias Legislativas.
Nesta fase final, multiplicaram-se as pesquisas, ainda que em última instância o que colocam em discussão é se Dilma Rousseff ganhará no primeiro ou no segundo turno, em 31 de outubro.
Por Niko Schvarz*, da “Frente Ampla do Uruguai”
Até o começo desta semana, as tendências estavam claras e os gráficos eram eloquentes: Dilma, que tinha começado atrás, ascendia sem cessar e chegava a superar os 50%, Serra retrocedia ou estancava, Marina Silva se mantinha nessas condições estava assegurado o triunfo da candidata do PT e seus aliados no primeiro turno. Sua vantagem sobre Serra variava de 18 a 27 pontos percentuais.
A esta altura, uma pesquisa do Datafolha pôs em dúvida este resultado. Segundo a mesma, Dilma caiu a 46% e a Folha de S.Paulo estimou que isso “deu impulso à abatida oposição para tentar impedir sua vitória neste domingo e forçar um segundo turno”. Nessa pesquisa Serra se manteve estático em 28% e Marina Silva cresceu de 13% a 14%, enquanto os demais candidatos (Plínio de Arruda Sampaio e outros três) somados não alcançam 1%. Ainda assim, Dilma triunfaria no primeiro turno, porque seu percentual direto se transformaria em 51% dos votos válidos, descontados os brancos e nulos.
Isto aparece ainda mais claramente na pesquisa do Vox Populi publicada na terça-feira (27). Esta foi feita com base em dois mil entrevistados em todo o país, uma quarta parte dos quais renovada diariamente. Nela Dilma aparece pelo terceiro dia consecutivo com 49% das intenções de voto; Serra subiu um ponto e chega a 25%. Marina Silva interrompe uma tendência de três dias de crescimento e cai de 13% a 12%. Nestas condições Dilma superaria no primeiro turno a metade mais um dos votos válidos.
Esta pesquisa examina também as preferências nas distintas regiões do país. Em todas, a candidata petista lidera. No nordeste, onde é máxima a popularidade do presidente Lula, Dilma ganha de 65% a 15%, com 7% para Marina. No sul, a relação é de 45% a 34% e no sudeste 42% contra 27%; aqui Marina Silva alcança seu índice máximo, com 16%.
Na pesquisa espontânea, em que no se mencionam os nomes dos candidatos, Dilma chega a 43% (1 ponto a mais que na anterior), Serra permanece com 22% e Marina Silva com 9%.
Depois do último debate televisado, em que se saiu muito bem, Dilma formulou um chamamento à militância para sair às ruas e disputar voto a voto, para ganhar no primeiro turno. Há 7% de indecisos entre os 135 milhões de potenciais eleitores. Um analista observa: “A única coisa que está em jogo é se a decisão presidencial será neste domingo ou no final do mês, porque a maioria do eleitorado já decidiu pela continuidade, que é a candidata de Lula, e não creio que Serra ou Marina possam mudar isso”. Outro politólogo opina que num eventual segundo turno a disputa será pelos votos de Marina Silva “e a tendência é que Rousseff, e não Serra, ganhe esses votos, já que estiveram juntas no governo e no Partido dos Trabalhadores”.
O que se coloca no centro do debate é, como se chama a atenção a continuidade e a extensão das realizações do governo de Lula, reconhecidas amplamente no país e no mundo. Um recente comentário do ‘La Nación’ de Buenos Aires destaca que nestes oito anos “a economia brasileira cresceu de forma sustentada, a inflação se manteve estável em 5%, a pobreza caiu de 35% a 22% (29 milhões saíram dessa condição), o salário real cresceu 40% em média, a classe média passou a representar de 37% a quase 50% da população e o crédito passou de 22% al 45% do PIB”. O jornal detalha também os avanços nas reservas internacionais, o comércio exterior, a qualificação da dívida, a condição de grande provedor mundial de matérias primas e as possibilidades abertas pela descoberta dos depósitos gigantes de petróleo y gás en suas costas (e como a cereja do bolo, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016).
Precisamente o presidente Lula voltou a referir-se às projeções da capitalização da Petrobras para o futuro do Brasil e em particular para assegurar “um longo ciclo de desenvolvimento a fim de erradicar definitivamente a pobreza e universalizar uma educação pública de qualidade que garanta um mesmo ponto de partida para todos os filhos desta terra”. Lula destacou também que em 3 de outubro a festa democrática das urnas coincidirá com a festa dos 57 anos de existência da Petrobras. Isto também estará em jogo na eleição do próximo domingo.”
FONTE: escrito por Niko Schvarz, jornalista e escritor, dirigente da “Frente Ampla do Uruguai”. Publicado em “La República”, em 30 de setembro de 2010, e transcrito no portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=138243&id_secao=1).
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