“A América Latina foi a região do mundo que teve mais governos neoliberais e nas suas modalidades mais radicais. Praticamente, nenhum país foi poupado desses governos – com exceção de Cuba – que devastaram os direitos sociais, o potencial de desenvolvimento econômico, a soberania nacional, os Estados latino-americanos.
Por Emir Sader, em seu blog
O neoliberalismo começou pela extrema direita – com Pinochet e sua ditadura -, mas depois se alastrou para correntes originariamente nacionalistas – como o PRI mexicano e o peronismo de Carlos Menem. Para, posteriormente, ser incorporado por partidos social-democratas – como o Partido Socialista do Chile, a Ação Democrática da Venezuela, o PSDB do Brasil.
Pinochet, o neoliberal precursor
George Bush e Carlos Andrés Pérez (Venezuela)
Clinton e Menem (o governo Menem se ofereceu para “conjunção carnal” com os EUA)
FHC, feliz por ser apoio, embaixo
FHC chama Fujimori (Peru) de “grande democrata” e o condecora
Todos foram ao governo e colocaram em prática políticas neoliberais muito similares: privatização do patrimônio público, abertura das economias ao mercado externo, desarticulação dos Estados em favor da centralidade dos mercados, alienação das soberanias nacionais, expropriação dos direitos sociais, precarização das relações de trabalho. Todos têm em comum outro traço: todos fracassaram estrepitosamente, saíram do governo expulsos pelo povo, não puderam eleger seus sucessores e vários deles foram processados, condenados e presos; alguns outros fugiram dos seus países.Entre tantas consequências negativas, promoveram a degeneração das democracias, mediante o poder do dinheiro, que corrompeu os sistemas políticos. São uma geração de políticos fracassados, que buscaram seu exemplo nos socialistas espanhóis.
A direita latino-americana, tendo fracassado, não tem hoje o que propor. Fizeram o que se haviam proposto e levaram nossos países à ruína. À falta de propostas, a direita retoma bandeiras da guerra fria, se articula em torno dos monopólios privados da mídia, lançam mão de personagens fracassados como os únicos apoios que lhes restam.
Convidados por um banco privado, três desses personagens foram à Venezuela, não se sabe bem fazer o quê. Quem sabe, sentindo falta do seu amigo Carlos Andres Perez, vão transmitir as experiências frustradas que tiveram e que os levaram à derrota e à “débâcle” dos seus países. Basta que Felipe González conte como, na Espanha, eles aplicaram brutal pacote econômico antipopular e entregaram o governo à direita, com economia desfeita, desemprego juvenil de 49%, com retrocesso recorde da economia. González pode recordar como, há 10 anos, apoiou o golpe militar contra Hugo Chávez.
Ricardo Lagos pode contar como os governos socialistas chilenos não saíram do modelo herdado de Pinochet e, finalmente, foram derrotados e entregaram a presidência a um mandatário neo-pinochetista.
FHC teria que convencer o candidato da direita venezuelana que deveria reivindicar sua figura e não a de Lula. Deveria explicar por que Lula é o presidente mais popular da história do Brasil, enquanto que ele é o político com maior rejeição. Deveria explicar ao candidato da direita de lá que seu partido e seu governo são os parentes mais próximos deles e que Lula certamente apoia Hugo Chávez.
Grotesca a imagem dessa caravana dos derrotados, de um passado que não volta mais, viajando para levar uma palavra de desesperança ao candidato da direita venezuelana. Não é um bom augúrio para a oposição a Hugo Chávez.”
FONTE: escrito por Emir Sader, em seu blog, e transcrito no portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=177787&id_secao=7) [imagens do google adicionadas por este blog ‘democracia&política’].
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