Vladimir Putin
Por Luiz Carlos Bresser-Pereira “Ele liderou a retomada econômica do país e fez os cidadãos voltarem a ter orgulho de serem russos
O Ocidente tem uma opinião sobre quais são os bons e os maus governantes nos países em desenvolvimento. São "bons" os dirigentes que abrem as portas de seus países para suas empresas multinacionais, para suas exportações e para as operações de suas instituições financeiras. São "maus" os que são nacionalistas e pensam em termos do interesse nacional de seus países; que buscam construir ou consolidar sua nação e garantir seu desenvolvimento industrial.
Vladimir Putin, que acaba de ser eleito presidente da Rússia com enorme maioria, está entre os maus. Não se chega a dizer que é um "ditador" -adjetivo de eleição para os governantes nacionalistas, mas geralmente esquecido quando se trata de um ditador "aliado"-, mas é qualificado de autoritário, de corrupto e de perseguidor de empresários por definição. Será o líder russo tão "mau" assim?
De tanto o Ocidente repetir suas críticas, elas parecem verdadeiras. E, certamente, há algo de verdade nelas. Mas é preciso considerar os resultados alcançados, o que podemos fazer, primeiro, comparando os oito anos do governo que o antecedeu -de Boris Ieltsin- com os primeiros oito anos do seu governo. E, em seguida, comparar os dois períodos com o Brasil. O crescimento do PIB nesses quatro períodos está no quadro ao lado.
Boris Ieltsin
Nos anos 90, Boris Ieltsin era um dos "heróis reformistas" do Ocidente. O único outro governante que com ele podia ser comparado era Carlos Menem, na Argentina, [e FHC no Brasil], embora [Ieltsin] fosse sabidamente corrupto e estivesse frequentemente alcoolizado. Durante seu governo, o PIB da Rússia, naquela época inteiramente subserviente ao Ocidente, caiu 24,8%. Foi um desastre nacional.
Carlos Menem
FHC, também “querido” dos EUA
Nesses anos, [na Rússia] o número de suicídios no país aumentou exponencialmente. Já nos oito anos seguintes, sob Putin, o PIB cresceu 83%, e os padrões de vida melhoraram. Não é difícil, portanto, compreender por que o povo russo tem lhe dado um apoio tão forte. Ele não só liderou a retomada do desenvolvimento econômico; também fez os russos voltarem a se orgulhar de serem russos. E isso não é pouco.
Mas não era de se esperar para a Rússia esse crescimento extraordinário? Se fosse, seria também de se esperar para o Brasil. Afinal, os dois países são BRICS. Entretanto, enquanto entre 2000 e 2008 o PIB brasileiro cresceu 38,8%, o russo cresceu mais que o dobro. Parte do crescimento russo foi para recuperar a perda. Deixemos dois anos de lado e comparemos o período de 2002 a 2010. O resultado é ainda favorável aos russos: 36,6% para o Brasil contra 44,8% para a Rússia, não obstante essa tenha sido atingida mais duramente pela crise de 2008.
Logo, considerando-se os dados apresentados, fica difícil considerar Vladimir Putin "mau", e o povo russo incompetente por elegê-lo. Não poderíamos, então, recorrer ao critério ético? Esse não é o critério do Ocidente, mas pode ser o nosso.
Mas é preciso considerar que os grandes políticos raramente são santos. São sempre ambiciosos, implacáveis com seus adversários e nem sempre muito honestos, mas muitos combinam esses defeitos com competência e espírito público. Logo, se julgarmos os políticos apenas de acordo com critérios éticos, teremos que rejeitar muitos que sempre consideramos estadistas.
Ao avaliarmos os governantes, é mais razoável ver aquilo que eles realmente fazem por seus países.”
FONTE: escrito por Luiz Carlos Bresser-Pereira e publicado na “Folha de São Paulo” (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/30751-sera-putin-tao-quotmauquot-assim.shtml) [imagens do google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’]
3 comentários:
A primeira foto é histórica, é do ainda Coronel KGB.
"Agente Vladimir: Este é o seu grande final. A KGB governa o país."
(Konstantin Borovoi, deputado da Duma, 1999)
P.S. Eu não entendo o porque da CartaCapital perseguir tanto Vladimir Putin, ora, o que o Putin MAIS ODEIA é Guerra!!!!!
E o tal do Gianni CARTA e o Gabriel Bonis são dois m...
Sem contar que Mino Carta e o Walter Maierovich ainda hoje perdem o sono com Cesare Battisti, tadinhos... enquanto as viúvas choram, o Battisti, ri.
Vale até lembrar a SURRA que esses dois levaram dos comentaristas da CartaCapital, que, NÃO perdoam!!
Tem uns bem interessantes aqui:
http://www.cartacapital.com.br/politica/o-edito-da-casa-grande
E aqui:
http://www.cartacapital.com.br/politica/nova-batalha-de-battisti-entre-a-expulsao-e-a-permanencia-no-pais
Eu postei inúmeras vezes o que eu achava da questão, isso, em cada, mas eu tenho a ligeira impressão que eu fui censurado na impoluta revista, exemplo de democracia e de liberdade de expressão. Poxa, eu não posso nem sugerir que o Mino e o Wálter tomem um cházinho para esfriar a cabeçinha e esquecer o Battisti???
Probus,
Para mim, o que ocorreu foi o seguinte: Mino Carta (a quem admiro o seu desempenho como jornalista) é italiano nato. O seu sentimento nacionalista foi exacerbado por julgar uma afronta o governo brasileiro não obedecer à manifestação do superior governo pátrio italiano pela extradição de Battisti.
Apesar desses pesares, ainda acho a revista Carta Capital conduzida por Mino Carta a mais confiável do Brasil.
Maria Tereza
Bom, há pouco mais de um mês Berlusconi foi absolvido por uma retroação de uma lei que ele mesmo promulgou, isso, o Mino esqueceu, tal qual, o Wálter Maierovich...
Então, eu acho que afronta é o que fez a Justiça Italiana para com o mundo.
Eu adoro a Carta Capital também.
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O grupo de países BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – são um grupo de nações com economias em rápido desenvolvimento. A cooperação prática entre eles começou em 2006 quando o Presidente VLADIMIR PUTIN deu início à PRIMEIRA reunião das chancelarias desses países à margem de uma reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas.
http://en.rian.ru/world/20120329/172458487.html
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27/02/2012: A Rússia e o mundo em mudança
Por VLADIMIR PUTIN
“…Vamos continuar a priorizar a cooperação com nossos parceiros BRICS. Essa estrutura única, criada em 2006, é um símbolo marcante da transição de um mundo unipolar de uma ordem mais justa mundo. Os BRICS reúne cinco países com uma população de quase três bilhões de pessoas, as maiores economias emergentes, o trabalho colossal e recursos naturais e enormes mercados internos. Com a adição da África do Sul, BRICS adquiriu um formato verdadeiramente global, e agora é responsável por mais de 25% do PIB mundial. Estamos ainda nos acostumando a trabalhar juntos neste formato. Em particular, temos de coordenar melhor em questões de política externa e colaborar mais estreitamente na ONU. Mas quando os BRICS realmente for instalado e estiver funcionando, o seu impacto na economia mundial e da política será considerável.”
http://www.en.rian.ru/analysis/20120227/171547818.html
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