quarta-feira, 5 de novembro de 2014

PSDB DERROTADO SOLTOU O MONSTRO DA DITADURA




ELES SOLTARAM O MONSTRO

"O PSDB cutuca a fera e descobre que ela está tão viva quanto sempre. Ao questionar o resultado das eleições, como fez o deputado Carlos Sampaio, dizer que a presidente reeleita Dilma Rousseff não tem condições de governar, a exemplo do que escreveu o vice-presidente do partido, Alberto Goldman, no lembrança do golpismo de Carlos Lacerda, emitido por secretário José Aníbal, e no sonoro "não ao diálogo" expressado pelo ex-candidato a vice Aloysio Nunes, os tucanos estimulam radicalização. Na esteira do microclima golpista, Reinaldo Tabosa Azevedo esbraveja pelo impeachment em horário nobre e estrelas cadentes como Lobão quebram promessa de sair do País para ver o circo pegar fogo. Triste, lamentável e muito perigoso. No sábado 1, em plena avenida Paulista, a fera foi dar uma voltinha para tomar sol. Passarinhos voaram. Unidade com Jair Bolsonaro, é o que eles constroem.

Por Marco Damiani, no "Brasil 247" 


Cutucaram o monstro – e ele deu sinal de vida. O primeiro a chegar perto da fera foi o ex-governador Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB. Em artigo, logo após a contagem dos votos de primeiro turno, Goldman insinuou que a presidente Dilma Rousseff, caso vencesse a segunda volta – o que acabou acontecendo, pela diferença de quase 3,5 milhões de votos sobre o tucano Aécio Neves – não teria condições de governar o País.

Também às vésperas do segundo turno, foi a vez do deputado licenciado José Aníbal disparar uma sequência de tuítes enviesados, que assim se encerrava:

Lacerda dizia de Getúlio:"Não pode ser candidato.Se for,não pode ser eleito.Se eleito,não pode tomar posse.Se tomar posse,não pode governar.

Para despistar, colocou a pensata como se fosse o ex-presidente Lula, mas o monstro gostou da reverberação causada pela mensagem.

No 'day after' da árdua e legítima vitória de Dilma, o ex-candidato a vice-presidente na chapa tucana Aloysio Nunes Ferreira espumou: "Não tem diálogo nenhum", orientou ele para quem nele acredita. Com as responsabilidades assumidas em campanha, 'Alô' sabe o peso de cada uma de suas palavras. Foi, sim, uma senha para isolar, ou muito mais que isso, a presidente eleita.

Na semana passada, quem testou a anomalia foi o coordenador jurídico do PSDB, Carlos Sampaio, ao entrar com pedido no TSE para auditoria nos resultados eleitorais. Detalhe: sem apontar um caso concreto para colocar em suspeição a democracia brasileira. Dele se encarregou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, considerando a iniciativa como feita para "comprometer a credibilidade do sistema eleitoral deste País".

Mas sempre há quem goste dos discursos de quebra da ordem, e sobre eles esfregue, ainda que grosseiramente, verniz jurídico. De plantão para situações como essa, coberto pela toga do privilégio, Gilmar Mendes, ministro do STF, foi o primeirão entre seus pares a buscar a mídia para mostrar todo o seu medo de que o Supremo se transforme, sabe-se lá por que, numa corte bolivariana. Deu na Folha. Na onda da grande festa democrática, Mendes agiu como uns tantos estraga prazeres que circulam por aí, querendo se juntar.

A esta altura, como um imenso crocodilo imóvel, o monstro já abria e fechava lentamente seus olhos lubrificados. Sim, mostrou que está vivo. E já balança o rabo, em sinal de aprovação, a cada vez que escuta o tucano de quatro costados Reinaldo Tabosa Pessoa, quer dizer, Azevedo, cornetear pelo impeachment da presidente recém-eleita, ao microfone de uma concessão pública chamada rádio Jovem Pan, em São Paulo.

Lenildo, ou seja, Reinaldo, que de fato em muito se parece com o antigo colunista do Jornal da Tarde, na década de 1970, ligado ao movimento Tradição Família e Propriedade (TFP) e ao estamento militar, tem entre seu fãs o ex-roqueiro Lobão, que prometeu, em vão, mudar de País em caso de vitória de Dilma. Ainda está por aqui, disse que não vai mais, mas a fera enjaulada, que parecia morta, deu a ele uma piscadinha de conivência.

Com tantos incentivos, alguém tomou para si a chave do cárcere do monstro e o levou para dar uma voltinha no sábado 1, pela avenida Paulista, numa passeata de derrotados pelas urnas. Lá estavam as faixas que pediam a volta do poder militar no Brasil, a quebra da segura rotina democrática, a aposta na volta ao passado de exceção, exclusão e dor.

Solto agora, até que novamente fique preso e esquecido, como merece, não há tucano que, o tendo cutucado – como fizeram, efetivamente, Goldman, Aníbal, Sampaio e outros - assuma o feito. Para todos os efeitos, eles com seu ar superior defendem a ordem democrática, mas essa atitude é absolutamente paradoxal frente as provocações que eles próprios, na condição de líderes, dispararam em texto, tuite, declaração e peça jurídica. Queriam o que? Que não houvesse repercussão positiva a suas lamentações? Pois estão colhendo o que semearam.

Melhor do que voar como passarinhos assustados fez o deputado tucano Xico Graziano, que pediu para que deixem o PSDB os filiados que investem na alternativa da ruptura da ordem. Como paga, ele vai aguentando críticas e xingamentos. Mais um pouco e ele próprio terá de sair.

Enquanto o PSDB, como partido político, não se manifestar claramente a favor da democracia e contra qualquer insinuação golpista, o monstro sabe que ali está cheio de amigos. Para, quando puder, também triturá-los."


FONTE: erscrito por Marco Damiani, no "Brasil 247"   (http://www.brasil247.com/pt/247/poder/159378/Eles-soltaram-o-monstro.htm).

2 comentários:

Unknown disse...

Ah, se lessem os livros de estória : Carlos Lacerda tinha a vã ilusão que os militares fariam eleições e entregariam o poder a ele...ficou bem frustradinho!!Ao Aécio leia a biografia do teu âvo

Unknown disse...

Paradoxo da democracia Brasileira.
É um parlamentar eleito pelo povo dizer para uma repórter que ela esta censurada durante entrevista.
http://www.youtube.com/watch?v=WYSkFXwdkuA&t=2m12s