“O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse terça-feira (27) que o déficit das contas externas - que triplicou em relação a 2009 e está em US$ 23,7 bilhões no primeiro semestre de 2010 - é resultado do sucesso da economia brasileira e não ameaça o crescimento do país nem aumenta sua vulnerabilidade.
Diante da preocupação de analistas com a deterioração do quadro externo, Mantega fez questão de dizer que a situação é temporária e vai se equilibrar a partir do próximo ano. "Esse déficit é o reflexo de um fato positivo. É claro que eu preferia que isso não estivesse ocorrendo. Mas a única maneira de o Brasil não ter um déficit hoje seria estar crescendo 2% e não os 7% previstos para 2010", disse o ministro, destacando:
"É algo passageiro e se deve ao descompasso do Brasil em relação a outros países afetados pela crise. É o preço do sucesso."
Ele afirmou que o fato de a economia nacional estar mais aquecida que as de países europeus e dos Estados Unidos tem feito com que o Brasil aumente suas importações. Enquanto as exportações estão subindo a um ritmo de 27%, as compras do país crescem quase 40%. Isso fará com que a balança comercial - um dos componentes das contas externas - registre um superávit mais baixo este ano, em torno de US$ 15 bilhões.
Outro fator que explica o quadro, segundo Mantega, é o fato de os brasileiros estarem com mais renda e viajando mais para fora do país, o que provoca saída de dólares. Além disso, ele lembrou que muitas empresas tiveram problemas para fechar seus balanços no exterior por conta da crise e, por isso, tiveram que fazer remessas do Brasil, onde o câmbio proporcionou um lucro maior.
Segundo o ministro, se houvesse alguma preocupação concreta do mercado em relação às contas externas brasileiras, o real estaria sofrendo alguma desvalorização, o que não está ocorrendo. Ele destacou que embora o déficit externo deva fechar o ano entre US$ 45 bilhões e US$ 48 bilhões, o Brasil tem hoje reservas internacionais muito mais elevadas e uma dívida externa líquida negativa. Além disso, ainda vão entrar na conta brasileira IPOs de grandes empresas como a Petrobras, o que ameniza a quadro atual.
"A vulnerabilidade do Brasil é uma das menores já registradas. No passado, você tinha déficit externo também, mas a dívida externa era elevada e as reservas baixas. A situação hoje é muito sólida", disse ele.
Para Mantega, o quadro externo vai voltar a se equilibrar a partir do momento em que a economia mundial se recuperar da crise, o que deve começar a ocorrer mais fortemente em 2011. A partir daí, segundo ele, o Brasil vai exportar mais, especialmente commodities agrícolas, que estão com os preços valorizados.”
FONTE: publicado no “O Globo” e reproduzido no portal “Vermelho”.
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