“O jornal Estado de São Paulo saiu em defesa dos detratores da política econômica do Governo Lula. Em editorial na edição desta sexta-feira (23), o “jornalão” considera “destempero” o ministro da Fazenda, Guido Mantega, rebater as críticas ao BNDES.
Para o economista Lécio Moraes, da Assessoria Técnica da Liderança do PCdoB na Câmara, o texto é uma reprodução das teses do ex-presidente do BNDES, Luiz Carlos Mendonça de Barros, que comandou o processo de privatização do governo neoliberal de FHC.
A entrevista do ministro da Fazenda, Guido Mantega, no mesmo jornal, explicando as medidas que o governo pretende adotar para garantir o financiamento de grandes projetos para o país, despertou a fúria do “jornalão”. A principal queixa do editorial é com a declaração do ministro de que os críticos são “todos "ex-isso", "ex-aquilo", um é responsável por hiperinflação, outro por aumento da dívida pública, outro por crise cambial... Eles quebrariam o País de novo”, diz o ministro.
Para o jornal, “entre os críticos da relação promíscua do Tesouro com o BNDES há pessoas com um respeitável currículo”. Para Lécio Moraes, “o jornal, que está, como empresa e como mídia, em decadência, não deve jogar no governo e no ministro Mantega o amargor do fel que tem”.
E explica porquê: o Mendonça de Barros, por meio do editorial do jornal, acusa o governo de, ao transferir recursos do tesouro nacional para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio de emissão de dívida, estaria “quase” reproduzindo o caso da conta movimento entre o Banco Central e o Banco do Brasil, criada no período militar e extinta na segunda metade dos anos 1980.
“A diferença está no ‘quase’”, explica Lécio Moraes, lembrando que a conta movimento era sem limite e sem contabilização, enquanto a emissão de empréstimos do BNDES tem limites, condições estritas e são autorizadas por lei votada no Congresso Nacional. E os subsídios que são decorrentes desses empréstimos estão inscritos no orçamento. “Esse ‘quase’ é tudo”, ironiza.
Para rebater as críticas que o jornal faz ao fato do “BNDES apoiar, também com bilhões de reais, planos de expansão de empresas privadas previamente escolhidas”, o assessor do PCdoB lembra que quando o Mendonça de Barros era responsável pelo BNDES, o banco financiava a privatização com empresas previamente escolhidas pelo governo. “Porque eles escolheram a empresa do Daniel Dantas e não outra?” pergunta Lécio Moraes, e acrescenta: “Por que escolheram o Benjamin Steinbruch na privatização da Siderúrgica de Volta Redonda?
A diferença, segundo Lécio Moraes, é que o dinheiro da privatização não retornou em emprego e renda como as ações adotadas agora pelo governo. Segundo avaliação do economista, o editorial do jornal mistura a ação de financiamento do BNDES com a iniciativa do governo de emitir debêntures para os projetos de obras que serão feitas pela iniciativa privada na forma de concessão como a Usina de Belo Monte e o trem bala.
Segundo ainda Lécio Morais, com isso, o mercado de capitais vai servir para capitalizar as empresas e não para especulação e enriquecimento às custas de especulação, que foi estimulado nos anos 90, quando o Mendonça de Barros era responsável pela economia brasileira.
Ele ainda analisa as acusações feitas ao governo de que os recursos do BNDES são destinados a projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). E ironiza: “estranho é se quisesse que a iniciativa privada financiasse as iniciativas do governo”.
Para Lécio Moraes, “o editorial do jornal é um ataque à política de produção do governo por meio da ação do BNDES e obras do PAC, que trata de resolver problemas de infraestrutura e setores estratégicos da economia brasileira,” finaliza.”
FONTE: reportagem de Márcia Xavier publicada no portal “Vermelho”.
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