"É curioso esse jogo. O jornalismo nos anos 90 foi marcado pela diversidade, pela possibilidade de colunistas até questionarem matérias do próprio jornal.
O pacto de 2005 - coordenado diretamente por José Serra e FHC com diretores de redação - montou uma articulação para derrubar Lula. E aí a diversidade seria fatal, porque factóides seriam desmontados pelos colunistas mais independentes de cada jornal. O preço foi um enorme desgaste da mídia, especialmente da Folha - que se permitiu andar à reboque da Veja, sem levar em conta o péssimo jornalismo da sua líder e o perfil de leitor totalmente diferente.
Só na semana passada completou o ciclo do jornal, de cair a ficha e perceber tardiamente o suicídio editorial cometido. Agora, tenta se equilibrar um pouco mais entre a campanha escancarada a contrapontos breves, que permitam reduzir o desgaste.
A matéria abaixo mostra essas duas coisas. Primeiro, a tentativa do contraponto.
Depois, a constatação de que toda essa maluquice midiática dos últimos cinco anos não resistiu às luzes trazidas pela Internet - e que, de quando em quando, rebrilha nos jornais, apenas como leves lembranças de outros tempos. Uma Farc aqui para compensar um Datafolha ali.
Da 'Folha':
"BRASIL É EXEMPLO DE COMO LIDAR COM FARC", DIZ GENERAL COLOMBIANO (da enviada a Santa Marta e Palomino (Colômbia)
O general do Exército colombiano, Freddy Padilla de León, 61, chefe das Forças Armadas da Colômbia, evitou ontem fazer críticas diretas à vizinha Venezuela, e insistiu em que há cooperação militar mínima na fronteira apesar do rompimento das relações diplomáticas.
O recado à Venezuela veio em forma de elogio ao Brasil. Disse que os militares brasileiros atuam rápido para capturar integrantes das Farc para não deixar a "erva daninha" crescer. "É o que queremos que todos façamos."
Folha - Com o anúncio da Venezuela de que suas Forças Armadas estão em "alerta máximo", o que o sr. disse a seus homens?
Freddy Padilla - O que pedi foi prudência, prudência. Somos países irmãos e não somos ricos a ponto de não dependermos da logística do outro na fronteira. Temos de identificar bem quem é o real inimigo: as Farc.
Em maio foi preso em Manaus um integrante das Farc, e a polícia brasileira fala de uma rota de tráfico passando pela fronteira brasileira. É um problema crescente?
Leu o "Pequeno Príncipe" [de Saint-Exupéry]? Pois o personagem morava sozinho num planeta e seu trabalho diário era detectar ervas daninhas. Era difícil, porque cresciam tão rápido que dominavam o planeta. O Brasil faz isso: encontra um [membro das Farc] e imediatamente o captura, de tal modo que não irá crescer. É o que queremos que todos façamos.”
FONTE: blog de Luis Nassif
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